Grande parte dos produtores está atenta a algumas práticas de manejo que se tornam essenciais quando se verifica estresse por calor, porém há algumas práticas de ordem nutricional que podem ser adotadas. Neste texto, serão apresentadas mais algumas medidas que podem amenizar os danos causados pelo estresse.
Estresse de Calor
Para se medir a severidade do estresse por calor, utiliza-se uma correlação entre a temperatura e a umidade (figura 1). A zona de conforto térmico bovina é entre -13ºC a +25ºC. Dentro deste intervalo de temperatura, o conforto animal está ótimo, com uma temperatura corporal entre 38.4ºC e 39.1ºC. Para alguns autores, 25ºC e até mesmo 20ºC a vaca sofre de tensão de calor: seu estado de saúde e desempenho zootécnicos são afetados.
Figure 1. Índice de Temperatura-umidade. Cada índice corresponde a um nível de tensão térmica.
Fonte: Modificado de F. Wiresama. Universidade de Arizona. 1990.
Como avaliar tensão de calor?
- Temperatura corpórea (retal)> 39.4ºC
- Freqüência respiratória >100/min
- Ingestão de matéria seca reduzida em: 10% = estresse alto. Redução de 25% = estresse severo
Equilíbrio de energia alterado
Bovinos têm dois modos principais de manter o equilíbrio térmico:
1. Dispersão de calor através principalmente da evaporação, aumentando fluxo de sangue subcutâneo, arquejando, babando etc. Estas atividades aumentam a energia de manutenção. Estima-se que o aumento pode chegar até 20%. No caso da vaca leiteria, significa que parte de sua energia de produção será redirecionada para a regulação térmica.
2. Limitar a produção de calor, reduzindo toda a atividade e mudando seu padrão de alimentação. A ingestão de matéria seca pode ser reduzida de 10-30%, a ruminação, que também produz calor, pode diminuir drasticamente. A vacas tendem a comer menos durante o dia, porém mais freqüentemente e em quantidades pequenas. Tenderão a consumir mais alimento à noite quando está mais fresco e maior relação concentrado:volumoso, pois a fermentação da forragem pode aumentar a quantidade de calor produzida.
Riscos de acidose
Em períodos de estresse de calor, os riscos de acidose são aumentados. Fatores que podem contribuir a problemas de acidose ruminal são: diminuição da ingestão de matéria seca com mais baixa proporção de forragem e níveis mais altos de carboidrato, diminuição da ruminação, da saliva (Figura 2). Adicionalmente, o pH de rúmen diminuído a digestão de fibras será prejudicada: bactérias celulolíticas do rúmen são as mais afetadas quando pH de rúmen diminui (à baixo de 6.0).
Figura 2. Estresse por calor, com suas conseqüências fisiológicas e de comportamento, aumentando os riscos de acidose ruminal.
Estresse e manejo
Existem algumas práticas que podem ser adotas nas propriedades sem causarem grandes alterações no manejo diário dos animais como:
- Oferecer água limpa toda hora
- Distribuir mais freqüentemente o alimento
- Alimentar nos tempos mais frescos do dia.
Recomendações de ordem nutricional
Para limitar os danos provocados pelo estresse, em particular a acidose ruminal, a ração pode ser ajustada. Os seguintes itens podem ser seguidos sem causar grandes alterações na rotina da propriedade:
1. Elevar o nível de energia da dieta
2. Procurar oferecer ingredientes palatáveis e que produzam pouco calor ao serem fermentados
3. Utilizar forragens de alta qualidade e palatável
4. Utilizar produtos com ação antioxidantes como o Selênio e a vitamina E, pois animais com estresse por calor tendem a aumentar as taxas de oxidação, com isso mais radicais livres podem ser formados, o que é prejudicial a saúde dos animais.
5. Mais recentemente, alguns probióticos vêm sendo lançado no mercado, indicando que seu uso em caso de animais sob calor pode vir a amenizar os efeitos do estresse.
Enfim, existem sim técnicas que podem amenizar os danos causados pelo estresse produzido pelo calor, mas cabe a nós técnicos e aos produtores que evitem este quadro em suas propriedades. Procurando colocar a disposição do animal o mínimo possível de infra-estrutura (água, sombra etc...) para que o mesmo tenha suas exigências supridas.