No entanto, um aumento na demanda não implica apenas no crescimento do consumo, mas também na busca por produtos de maior qualidade, padronizados, inspecionados e saudáveis. Isto tem se refletido em uma elevação do patamar de exigência dos consumidores, o que tem levado a indústria frigorífica a estabelecer sistemas de pagamento de acordo com o perfil de animal fornecido pelo produtor, conforme a Tabela 1.
Tabela 1. Valor percentual para pagamento na indústria frigorífica ovina, de acordo com a categoria.
Como é possível observar na Tabela 1, para se atingir a cotação máxima, os animais devem apresentar pesos vivos de abate entre 30 e 35 kg com idade inferior a 5 meses, havendo, dessa forma, preferência por carcaças com peso entre 14 e 16 kg e com moderada cobertura de gordura (entre 2 e 5 mm) associados a uma conformação frigorífica que permita a elaboração de cortes homogêneos e padronizados.
Dessa forma, a valorização da carcaça ovina depende da relação entre peso vivo e idade, onde se buscam maiores pesos ou o peso mais adequado a menores idades, assim como, da conformação dessa carcaça, forçando a que o setor produtivo se re-estruture a fim de atender as novas exigências e ao mesmo tempo conseguir valores diferenciados.
Dentro desse processo e considerando os principais grupos genéticos utilizados como raças maternas no Brasil, como Santa Inês, Corriedale e SRD, dentre outras, duas ferramentas essenciais que podem ser utilizadas objetivando atender a demanda por produtos de qualidade superior são o cruzamento e o confinamento, naturalmente, associados a outras tecnologias de produção e/ou técnicas de manejo.
Figura 1. O cruzamento e o confinamento são ferramentas essenciais para a produção de carcaças de alta qualidade e para obtenção de preços diferenciados.
Por meio do cruzamento com raças especializadas de corte, de acordo com o sistema de produção, é possível explorar os benefícios da heterose e da complementaridade entre grupos genéticos, propiciando maior velocidade de crescimento e melhor conformação frigorífica, assim como, uma qualidade superior tanto da carcaça quanto da própria carne.
Por sua vez, a terminação de cordeiros em confinamento apresenta algumas vantagens em relação à terminação a pasto quanto ao nível de infecção parasitária (ecto e endoparasitas), estresse ambiental (calor, umidade e chuvas), economia de energia (baixo nível de locomoção) e controle nutricional (dieta adequadamente balanceada) que, em associação, proporcionam uma performance maximizada, um maior controle do processo produtivo, o abate precoce e a produção de carcaças em acordo com as exigências da indústria e do mercado.
Com isso, nos modernos sistemas de produção de carne ovina, buscam-se animais cruzados, com alto potencial genético para ganho de peso e um sistema de terminação eficiente, para obtenção de maior quantidade de carne com qualidade, no menor espaço de tempo e a custos competitivos, o que se reflete em melhores preços na comercialização e no encurtamento do ciclo produtivo com retorno mais rápido do capital investido.
Dessa forma, com a utilização adequada e coerente de ferramentas como o cruzamento e o confinamento, associada à incorporação de outras tecnologias, o setor produtivo será capaz de fornecer produtos de alta qualidade que, por sua vez, irá se refletir em aumento da rentabilidade do negócio e em um maior dinamismo do processo produtivo e do capital investido na atividade.