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Elevando a produtividade - prolificidade

POR DANIEL DE ARAÚJO SOUZA

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 19/01/2010

3 MIN DE LEITURA

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Prolificidade se refere ao número de cordeiros nascidos por ovelha, podendo ser calculado em função da quantidade de ovelhas paridas ou de ovelhas expostas à reprodução (ou ao carneiro), sendo mais um parâmetro de importância para o aumento da escala de produção de animais para abate dentro do ponto de vista de eficiência reprodutiva.

Podendo ser expressa na forma de fração decimal (ex: 1,2) ou como um percentual (ex: 1,2 X 100 = 120%), a prolificidade é uma característica diretamente proporcional e dependente da taxa de ovulação, e subsequentemente, do sucesso fisiológico a nível de fertilização, implantação, gestação e parto, representando o resultado final de todo o processo reprodutivo, desde o manejo pré-cobertura das ovelhas e reprodutores até o nascimento dos cordeiros.

Para se alcançar uma prolificidade economicamente satisfatória faz-se necessário, a priori, uma alta taxa de ovulação, resultando em taxa superior de concepção gemelar e baixas taxas de mortalidade embrionária e fetal. No entanto, diversos fatores, envolvendo grupo genético materno e paterno, condição genética individual, idade da ovelha, estação do ano e nível nutricional, afetam a taxa de ovulação.

Dentre os fatores com maior influência sobre a prolificidade se encontram a genética, por meio da identificação de fenótipos de característica gemelar com posterior seleção; do cruzamento com grupos genéticos ou linhagens mais prolíficas; e da introgressão de genes específicos de prolificidade como o FecB (BMPR-1b - Booroola), o FecX (BMP15 - Inverdale, Hanna, Galway, Belclare e Aragonesa) e o FecGH (GDF9) a partir de alguns grupos genéticos determinados.

A nutrição, por meio de práticas de manejo alimentar como o flushing e pelo atendimento adequado das exigências nutricionais da ovelha e do feto ao longo de toda a gestação, também possui uma importante função no incremento das taxas de ovulação e do nível de prolificidade em um lote de ovelhas.

Embora seja uma característica que possa impactar positivamente a taxa de desfrute de um rebanho, níveis excessivos de taxa de ovulação, invariavelmente, conduzem a um elevado tamanho de ninhada que, por sua vez, imprime aos cordeiros um baixo peso ao nascimento, afetando negativamente a maturidade fisiológica, o desempenho e a taxa de sobrevivência dos mesmos, de acordo com a Figura 1. Portanto, é necessário alcançar um equilíbrio biológico e econômico.

Figura 1. Relação entre taxa de ovulação e tamanho de ninhada aos 50 dias pós-parto.



Em geral, nos sistemas extensivos de produção comumente vistos no Brasil, os índices médios de prolificidade não superam 120%, embora com aplicação de tecnologia e níveis intermediários de intensificação do manejo reprodutivo possa se alcançar valores em torno de 145%, havendo potencial para 180% a partir de grupos genéticos naturalizados como a raça Morada Nova.

Tabela 1. Produtividade em rebanhos de baixa, média e alta prolificidade.



Como observado acima, a Tabela 1 simula a produtividade (em termos de número de animais abatidos por ano) em rebanhos ovinos com baixa (PL 120%), média (PL 145%) e alta (PL 180%) prolificidade, ressaltando o efeito significante do aumento nos índices de prolificidade sobre a quantidade anual de animais disponíveis para abate, com incrementos de 20,5% quando técnicas de manejo são incorporadas ao sistema base, podendo alcançar percentuais de até 49,5% quando, além da introdução de tecnologias, se trabalha com grupos genéticos mais prolíficos e sob continua seleção genética.

Da mesma forma que a idade ao primeiro parto e o intervalo de partos, o índice de prolificidade é um parâmetro reprodutivo primordial que pode ser manejado e incrementado para aumentar a escala de produção sem alterar o tamanho do rebanho ou a área de terra explorada, o que se traduz em níveis mais elevados de produtividade com redução dos custos de produção e aumento das margens de lucro, devido a maior diluição dos custos fixos totais com um maior número de cordeiros por ovelha e ao crescimento das receitas pela maior disponibilidade de produto para venda, respectivamente.

DANIEL DE ARAÚJO SOUZA

Médico Veterinário, MBA, D.Sc., especializado no sistema agroindustrial da carne ovina. Consultor da Prime ASC - Advanced Sheep Consulting.

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HAMILTON

ANCHIETA - ESPÍRITO SANTO - OVINOS/CAPRINOS

EM 06/04/2016

Bom dia Daniel

Comprei um lote de 30 Doorper pra começar criação de ovinos , veio um carneiro de 4anos de idade, tudo indica boa procedência pois tem registro, só que ñ está cobrindo as matrizes. Esta idade compromete a produtividade deste? O que sugere?

Agradeço

E parabéns pela matéria

Hamilton
DANIEL DE ARAÚJO SOUZA

FORTALEZA - CEARÁ

EM 27/02/2010

Olá Joel,

Obrigado pela participação e considerações!!

Abraços,

Daniel
JOEL MARCOS PEREIRA

TANGARÁ DA SERRA - MATO GROSSO

EM 26/02/2010

Olá Daniel, também concordo que os produtos gemelares mesmo sendo mais tardios, a lucratividade e maior. Mas percebo que quando associado a nutrição na gestação das matrizes com qualidade, esta diferença de tempo de 25 a 30 dias a mais no confinamento se torna compensadora. pois se tem dois produtos e não apenas um. Lembrando que isto será possivel somente se as matrizes e reprodutores tiverem qualidade genética.
Um abraço.
Joel
DANIEL DE ARAÚJO SOUZA

FORTALEZA - CEARÁ

EM 05/02/2010

Olá Silvia,

Realmente, o alicerce de qualquer sistema de produção é o seu rebanho de fêmeas, pois o produto final do processo produtivo - o cordeiro - é fruto direto do desempenho das fêmeas quanto ao crescimento, reprodução, gestação e lactação, e por isso, elas são uma das maiores responsáveis pelo sucesso da empresa pecuária, além de concentrar uma grande parte do capital investido na atividade

Obrigado por sua participação e palavras de apreço.

Abraços,

Daniel
DANIEL DE ARAÚJO SOUZA

FORTALEZA - CEARÁ

EM 05/02/2010

Olá Érique,

Os resultados que são obtidos dentro da fazenda são valores médios daquele determinado ciclo produtivo, como um balanço final entre alta, média e baixa eficiência em algum aspecto do sistema de produção.

Quando se comercializa cordeiros no mercado formal, ou seja, vende-se para frigoríficos, os mesmos exigem um determinado peso de abate para não ocorrer penalizações. Esse peso tem variado, atualmente, de 30 a 35 quilos, a depender do sexo (mais leve para fêmeas e mais pesado para machos). O mesmo padrão tem sido usado no mercado informal ou clandestino.

Sob terminação em confinamento em um sistema precoce de produção, por exemplo, cordeiros únicos (cruzados de Santa Inês com Dorper, Dorset, Texel ou Ile de France) podem atingir os 35 kgs de peso vivo antes de 110 dias, enquanto, cordeiros gemelares por volta dos 130 dias, no entanto, em média fica por volta dos 4 meses de idade. No entanto, todos vão render uma carcaça de 16 kgs, só que alguns mais cedo e outros mais tarde. Mas o que interessa é o resultado final médio daquele lote de cordeiros.

Da mesma forma funciona com outras características produtivas. Por exemplo, a prolificidade. Apenas um determinado número de ovelhas irá desenvolver uma gestação gemelar (vamos supor 40%), e muito menos poderá desenvolver uma gestação trigemelar (5%).

Você pode até perder em desempenho individual com os cordeiros gemelares, mas poderá ganhar em produtividade geral. Você ganha 16 kgs (1 cordeiro de 35 kgs) de carcaça em 110 dias com um cordeiro único e ganha 32 kgs (2 cordeiros de 35 kgs) de carcaça em 130 dias com cordeiros gemelares. Colocando em valores hipotéticos e considerando o quilo da carcaça a R$ 6,00, o custo por dia no confinamento de R$ 0,70 (instalações e alimentação) e desmame aos 60 dias em creep feeding (0,60 por kg de ração X 60 dias = R$ 9,00), segue o exemplo:

Cordeiros únicos = 16 kgs de carcaça X 6,00 = R$ 96,00 de Renda; mais 50 dias (confinamento) X 0,7 = 35,00 + 9,00 (creep) = R$ 44,00 de Custos (R$ 2,75 por quilo de carcaça). LUCRO = 96,00 - 44,00 = R$ 52,00.

Cordeiros gemelares (2 cordeiros) = 32 kgs de carcaça X 6,00 = R$ 192,00 de Renda; e 140 dias (confinamento) X 0,7 = 98,00 + 18,00 = R$ 116 de custos (R$ 3,62 por quilo de carcaça). LUCRO = 192,00 - 116,00 = R$ 76,00.

Como é possível observar nesse exemplo hipotético e grosseiro, os cordeiros gemelares, embora tenham um custo superior de 32% me dão um LUCRO 46% maior em relação aos cordeiros únicos, o que me garante resultados econômicos finais melhores. O limite desse equilíbrio é o econômico, ou seja, até onde é possível incrementar o índice de prolificidade sem reduzir o desempenho dos cordeiros ao ponto de causar prejuízo ou empatar o resultado final. No exemplo, esse limite seria quando os cordeiros gemelares me dessem um lucro igual ou inferior aos cordeiros únicos, ou seja, R$ 52,00.

Espero ter ajudado a compreender melhor a situação.

Abraços,

Daniel
ÉRIQUE COSTA

PORTO VELHO - RONDÔNIA - PRODUÇÃO DE OVINOS

EM 02/02/2010

Daniel,
Muito obrigado pela resposta, como sempre educado e atencioso em responder nossas simplórias indagações e comentários, como também tenho visto em outras postagens.
Porém, quando diz "Do ponto de vista de produção animal, é preferível ter uma ovelha desmamando 2 cordeiros com peso total de 28 kg de peso vivo do que apenas 1 cordeiro com 16 kg à mesma idade de desmame.", sou obrigado a comentar novamente. Acompanhe meu raciocínio e me diga se estou errado:
Do ponto de vista experimental, tabelas e gráficos são lindos com grande número de animais e principalmente "produtividade: kg/UA, UA/ha, etc", falo isso pois faço Zootecnia e o que mais se vê é isso.
Porém, do ponto de vista comercial e prático, prefiro obter uma carcaça pesando 15-18kg que duas pesando 7,5-9 kg, pois não tenho venda pra isso...
Att.,
SILVIA LEUCH

CASTRO - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 29/01/2010

Gostei muito do seu artigo, pois ele me mostrou que estou certa de escolher bem as matrizes para ter sucesso na produção.
Muitas vezes a gente vê projetos de ovinocultura para abate que não dão importância na qualidade reprodutiva da mãe.
Eu escuto muito que o importante é apenas o reprodutor e que qualquer ovelha serve.
DANIEL DE ARAÚJO SOUZA

FORTALEZA - CEARÁ

EM 25/01/2010

Caro Érique,

Primeiramente, obrigado por sua participação e colocações!!

Bem, prolificidade, intervalo de partos e idade ao primeiro parto são parâmetros que podem ser manipulados via manejo e tecnologia para incrementar a taxa de desfrute de um ponto de vista de eficiência reprodutiva.

As simulações feitas nessa série de artigos teve como base uma taxa de reposição anual de 20% e além disso, a reposição ocorre em qualquer rebanho, em maior ou menor grau, com menor ou maior eficiência. Além disso, a fase de maior produtividade quando consideramos a característica quilos de cordeiro por ovelha se dá entre os 4 e 8 anos de idade da ovelha, e é essa característica que interessa empresarialmente. Do ponto de vista de produção animal, é preferível ter uma ovelha desmamando 2 cordeiros com peso total de 28 kg de peso vivo do que apenas 1 cordeiro com 16 kg à mesma idade de desmame.

O nascimento de cordeiros leves o suficiente para comprometer economicamente o empreendimento é decorrência de altíssima taxa de ovulação, resultando no nascimento freqüente de 3 ou 4 cordeiros por ovelha, o que não ocorre nos rebanhos brasileiros.

Fora essa questão, normalmente, o nascimento de cordeiros com peso insatisfatório é decorrência de crescimento útero-placentário retardado, crescimento fetal retardado nos primeiros 3 meses de gestação, assim como, a um reduzido crescimento mamário da mãe e do feto nos últimos 50-60 dias de gestação. E tudo isso tem a ver com nutrição e manejo alimentar desde a fase de recria das borregas até o parto das matrizes, passando pelo manejo pré-cobertura e pós-concepção.

Para a implementação bem sucedida de qualquer tecnologia que direcione o sistema para intensificação da produção é necessário ter planejamento, infra-estrutura, gerenciamento e domínio sobre as técnicas a serem aplicadas. Assim, reduzir a idade ao primeiro parto pode ser tão desastroso quanto aumentar o índice de prolificidade de um rebanho ou a taxa de lotação das pastagens, se a empresa e sua equipe não está preparada tecnicamente para tal.

A decisão por implementar ou não uma determinada tecnologia deve ser predominantemente econômica e se sua experiência não foi boa aumentando a prolificidade de seu rebanho, você deve rever todo o processo, analisar os pontos falhos e corrigi-los.

Att.,

Daniel
ÉRIQUE COSTA

PORTO VELHO - RONDÔNIA - PRODUÇÃO DE OVINOS

EM 21/01/2010

Olá Daniel, parabéns pelo artigo!
Mas acho mais interessante seu complemento no ultimo parágrafo sobre reduzir a idade ao primeiro parto do que aumentar o número de partos gemelares.
Uma vez que em a maior parte dos rebanhos brasileiros são "envelhecidos", encontrando grande número de animais com mais de 6 anos; os partos gemelares tendem a produzir animais muito pequenos e com problemas de saúde. As ovelhas também não produzem leite em dobro, tendo uma aumento de no máximo 30% na sua produtividade, o que acarretá em animais desmamados mais leves também.
Pelo que vi até hoje, tem sido mais interessante NÃO fazer flushing e fazer uma suplementação adequada e pontual no terço final da gestação. Assim somente algumas tem partos gemelares e são na grande maioria bem mais pesados. Falo isso pq na 1ª estação que fiz segui a literatura e tive quase 50% partos múltiplos, uma mortalidade elevadíssima, problemas nas ocupações das baias (pq nasceram mais que o esperado) e de quebra demorou uma eternidade para os animais atingirem peso de abate em comparação aos de parto simples.
DANIEL DE ARAÚJO SOUZA

FORTALEZA - CEARÁ

EM 20/01/2010

Olá Pedro,

Obrigado pelo comentário e participação!!

Abraços,

Daniel
PEDRO NACIB JORGE NETO

CAMPINAS - SÃO PAULO

EM 19/01/2010

muito bom artigo, toca num item de grande importância

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