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Efeito macho: induzindo o cio a custo baixo

POR DÉBORAH ASSIS BARBOSA

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/12/2006

5 MIN DE LEITURA

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Porque usar o efeito macho?

No Brasil, grande parte das raças utilizadas comercialmente tem estacionalidade reprodutiva, ou seja, em determinado período do ano não apresentam cio. Algumas mais estacionais ciclam a partir de março, enquanto outras menos estacionais já manifestam cio a partir de dezembro. Ovinos deslanados são tidos como não estacionais e tendem a apresentar cio durante todo o ano, apesar de relatos que confirmam que mesmo nessas raças há cios irregulares e silenciosos durante a primavera.

Antecipar a época da estação reprodutiva em 4 a 6 semanas ou induzir o cio na contra estação de monta (em raças menos estacionais) pode ser interessante dentro de um sistema de produção que visa atender ao mercado com regularidade de oferta de cordeiros. Além disso, pensando em manejo e mercado, é mais prático conseguir uma boa sincronização das parições e conseqüentemente do desmame, gerando lotes mais homogêneos de cordeiros e cabritos.

Quando se pensa em saúde pública, o efeito macho também tem sua importância por ser um método natural de indução de cio, não deixando nenhum tipo de resíduo na carne - atendendo aos consumidores mais exigentes do mercado mundial.

Devido ao seu custo irrisório, torna-se muito acessível, sendo uma das ferramentas mais usadas para indução do estro na contra estação reprodutiva, tendo grande importância dentro da fazenda.

O que é o efeito macho

É um dos mecanismos naturais de indução do cio, e consiste na introdução de um macho no lote de ovelhas que estava sem contato com nenhum macho púbere a algum tempo. O tempo que os machos devem ficar separados das fêmeas para provocar o efeito macho é pouco estudado e divergente entre os trabalhos. Recomenda-se que este isolamento seja de no mínimo 2 semanas, apesar de alguns trabalhos apresentarem bons resultados sem qualquer isolamento prévio. O isolamento deve ser total - físico, auditivo, olfativo e visual.

Esse fenômeno ocorre na natureza, onde há segregação dos animais em fêmeas com crias e machos, durante grande parte do ano. Nesses rebanhos selvagens, chega a época de monta e os machos juntam-se às fêmeas para mais um ciclo reprodutivo se cumprir, ocorrendo um efeito macho naturalmente. O efeito macho não é uma característica exclusiva dos pequenos ruminantes, tendo sido observado também em algumas espécies de veado e até mesmo em bovinos.

Carneiros e ovelhas, bodes e cabras secretam os feromônios (substância hormonal que estimula o indivíduo do sexo oposto) através da pele, sendo principalmente ao redor dos olhos nos carneiros. Esses hormônios são captados pelo aparelho vômero nasal (Figura 1). No macho, essa captação é bem visível pelo reflexo de Flehmen (Figura 2). É através desses estímulos do feromônio, da visão do macho e do contato físico com ele que se dá a retomada de atividade hormonal na fêmea, com o aparecimento do cio.


Figura 1. Aparelho vômero nasal


Figura 2. Reflexo de Flehmen

Como se dá a indução do cio

A resposta da ovelha à presença do macho depende da força do estímulo e da responsividade da ovelha ao mesmo. Algumas ovelhas não responderão ao maior estímulo que for (mais estacionais), enquanto outras responderão a um leve estímulo (não estacionais ou próximas ao início da estação de estro). Entretanto, outros estímulos sociais são importantes e podem formar uma reação em cadeia - como a presença de ovelha em cio que induz o macho a aumentar o estímulo às outras, ou o próprio estímulo da fêmea no cio induzir o cio em outras (efeito fêmea-fêmea). Ovelhas com experiência sexual são mais responsivas quando comparadas a borregas inexperientes.

O hormônio responsável pela ovulação é o hormônio luteinizante (LH), que é liberado em pulsos, sendo esses pulsos menos freqüentes durante a contra estação reprodutiva e mais freqüentes no outono. Após 20 minutos da introdução de um macho em um grupo de ovelhas que não estão ciclando, a freqüência e o nível dos pulsos de LH aumentam consideravelmente.

O que vale a pena lembrar é que essa técnica é mais comumente usada - e terá maior sucesso - se empregada no período de transição (a partir de dezembro), quando as ovelhas ainda não estão ciclando, mas já estão quase prontas para ciclar - daí o efeito macho ser um "catalizador".

As primeiras ovulações decorrentes dessa técnica ocorrem 2 a 3 dias após o contato inicial com o macho (carneiro ou rufião), entretanto muitas vezes ela aparece como um cio silencioso, que não será fértil, mas irá despertar o relógio biológico da fêmea. Metade das ovelhas já terão um cio fértil após 17 dias, e a outra metade ainda terá outro cio silencioso após 6 a 7 dias para então apresentarem cio fértil no terceiro ciclo, que será aproximadamente 24 dias após a introdução do macho.

Nas cabras de raças leiteiras européias é recomendado o uso do efeito macho na pré estação de monta (dezembro a fevereiro), e nas Anglo Nubiana e fêmeas mestiças leiteiras a partir de outubro. O aumento do LH se dá cerca de 10 horas após a introdução do bode ou rufião no rebanho das cabras, e atinge seu nível máximo 56 horas após o contato inicial. Assim como nas ovelhas, esse primeiro pico de LH pode gerar um cio sem ovulação, recomendando-se o acasalamento ou inseminação a partir da manifestação do segundo cio.

Como usar o efeito macho (adaptado de Otto de Sá, 2006):

- Durante a estação de monta (EM), para sincronizar cio e concentrar as parições na primeira e terceira semana da estação de nascimentos:
  • 2 meses antes - isolamento físico, visual, olfativo e auditivo do macho

  • 15 dias antes da EM: colocar os rufiões com as ovelhas

  • início da EM: colocar os carneiros com as ovelhas
- Antecipando a estação de monta para ter nascimentos em abril:
  • julho: estação de nascimentos

  • setembro: desmame e isolamento físico, visual, olfativo e auditivo do macho

  • 15 a 31 de outubro: colocar os rufiões com as ovelhas

  • novembro: colocar os carneiros com as ovelhas


Agradecimentos: Dra. Anneliese S. Traldi

Referências bibliográficas

A.E.M. Horta e S. Cavaco Gonçalves. Bioestimulação pelo efeito macho na indução e sincronização da actividade ovarica em pequenos ruminantes. XVI Congresso de Zootecnia "Saber produzir, Saber transformar" - Esc. Sup. Agrária de Castelo Branco - 1 a 4 de Novembro de 2006.

J. D. Bobb, D.V.M. International SheepLetter. Vol. 19 No. 5, July 1999.

L. Zarco, E.F. Rodriguez, M.R.B. Angulo, J. Valencia. Female to female stimulation of ovarian activity in the ewe. Animal Reproduction Science - Vol.39, p.251-258 - 1995

Otto de Sá,C. e Sá, J.L. Efeito Macho - ww.crisa.vet.br/exten_2001/reproducao.htm.- acesso em 11/2006

R. Ungerfeld, M. Forsberg, E. Rubianes. Overview of the response of anoestrus ewes to the ram effect. Reproduction, Fertility and Development - Vol. 16, p.479-490 - 2004.

Traldi, A.S. Biotecnologia da Reprodução de Pequenos Ruminantes. FMVZ -USP, VRA 447 - 2003.

W. T. Cushwa, G. E. Bradford, G. H. Stabenfeldtt, Y. M. Berger, and M. R. Dally. Ram Influence on Ovarian and Sexual Activity in Anestrous Ewes: Effects of Isolation of Ewes from Rams Before Joining and Date of Ram Introduction. Journal of Animal Science - Vol. 70, p.1195-1200 - 1992.

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JESUE MATEUS VILELA RABELO

CARMO DO CAJURU - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 31/10/2023

👏👏👏👏
DÉBORAH ASSIS BARBOSA

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 29/10/2008

Prezado João Bosco Loiola Filho,

Ficamos felizes em saber que os temas estão agradando aos leitores!
Infelizmente não tenho conhecimento desse tipo de trabalho, porém geralmente usa-se o rufião para confirmar o cio nos protocolos de IATF, o que provavelmente acaba fazendo um efeito macho!

Continue participando dos nossos debates!

Um abraço,
JOÃO BOSCO LOIOLA FILHO

SALVADOR - BAHIA - ESTUDANTE

EM 01/09/2008

Oi Doutora Déborah, parabéns pelo trabalho!

Sou estudante de Med. Veterinária e fiquei muito atraído pelo tema de sua publicação. Eu gostaria de saber se existe algum trabalho de seu conhecimento utilizando o efeito macho na sincronização de estro para IATF? e se jah existe algum protocolo utilizando o efeito macho como subistituto do LH?

Desde já agradeço!
ALAN PEDREIRA

SALVADOR - BAHIA - PRODUÇÃO DE OVINOS

EM 30/07/2008

Olá Doutora, muito bom o seu trabalho. Parabéns!

Em regiões onde os animais são poliéstricos contínuos, alguns citam como desvantagem da estação de monta o aumento do intervalo entre os partos. Não tenho observado isso na minha propriedade, onde os intervalos são de 8,4 meses sem qualquer tipo de seleção.

Em condições ideais de nutrição, luz... gostaria de saber se é o efeito macho que influencia na redução do intervalo entre partos?

Muito obrigado,
MARIA GORETEFLORES SALLES

FORTIM - CEARÁ - TRADER

EM 11/12/2007

Uso o efeito macho num rebanho de cabras leiteiras confinadas há 8 anos com excelentes resultados de fertilidade ao parto, por isso recomendo sua utilização, já que se consegue induzir e sincronizar bem o estro a um baixo custo, com eficiência e simplicidade, sem deixar resíduos farmacológicos em nenhuma etapa da produção.

Maria Gorete Flores Salles
Médica Veterinária do Lar Antonio de Pádua - CRMV-CE: 1215
Doutoranda do PPGCV-UECE

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