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Corrida contra o relógio - Parte I

POR MARCELO DE REZENDE

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 15/05/2014

15 MIN DE LEITURA

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Em meados dos anos 90, guiados pelo Prof. Jozivaldo Prudêncio de Moraes, um grupo de alunos do curso de Agronomia iniciava a estruturação de uma pequena unidade de produção de leite, dentro do campus da Universidade Federal de São Carlos, situado na cidade de Araras-SP, cujo objetivo era preparar técnicos com conhecimentos práticos na produção de leite. Éramos todos estudantes, recém apresentados a uma vaca de leite e, por isso, as discussões que tentavam identificar por qual caminho seguiria a atividade leiteira no Brasil nos diziam pouca coisa. O trabalho com o Prof. Jozivaldo e as conversas com o Prof. Hermann Hoffmann, produtor de leite da região de Descalvado, no interior de São Paulo, é que aos poucos iam nos colocando diante dos principais temas da época, e termos como leite cota, longa vida e granelização faziam parte de qualquer conversa sobre o mercado de leite naquele momento. Era necessário, portanto, que aqueles que imaginassem ter alguma aptidão para o setor tivessem na ponta da língua o significado de cada um deles.

Um outro tema ligado à atividade leiteira também era muito discutido: a iminente exclusão dos pequenos produtores de leite. Essa questão preocupante era tida como certa e era também recorrente a afirmação de que aquele que não crescesse estaria condenado à extinção, fora do mercado. Para muitos havia, inclusive, uma linha de corte: 500 litros/dia. Por essa lógica, não haveria escolha, era crescer ou desaparecer. Os argumentos eram muitos: os preços não mais controlados pelo governo seriam cada vez mais baixos para os pequenos, inviabilizando a continuidade do negócio; as fazendas teriam que ter tanque de expansão para o resfriamento do leite e o pequeno produtor não conseguiria arcar com o investimento (os equipamentos de resfriamento de leite eram importados e bastante caros na época); o pequeno produtor não teria leite de qualidade; o custo da coleta granelizada era inviável para pequenos volumes de leite, e assim por diante. Indiretamente, a produção de leite a pasto também estava com os dias contados. Muitos defendiam que a produção com o uso de pastagens era coisa de produtor pequeno. E se eles estavam condenados à extinção, logo não haveria mais produção de leite a pasto no Brasil.

Os anos se passaram e, realmente, muitos produtores deixaram a atividade. No excelente artigo “Quem desiste de produzir leite?”, escrito pelo Prof. Paulo do Carmo Martins, no Blog Observatório, de acordo com o IBGE, 470 mil produtores desapareceram do mapa leiteiro do país no período entre 1996 e 2006. O autor estima que, nesse período, a cada 11 minutos um produtor de leite tenha deixado a atividade. Mas, não sobrou somente para os pequenos. Em função das mudanças de extrato de produção, é difícil precisar quem exatamente saiu da atividade, mas muita gente conhecida na produção de leite em 1996 não produzia mais em 2006, inclusive muitos grandes produtores. O fato é que, guardadas as devidas proporções, produtor de tudo quanto é tipo saiu da atividade: grande, pequeno, com ordenha manual, com ordenha mecânica, com tanque de expansão, sem tanque nenhum, com vaca boa, com vaca ruim...saiu de tudo um pouco. Ainda de acordo com informações do IBGE, até 1996 o Brasil possuía 98,1% de seus produtores com produção até 200 litros/dia; em 2006, esta porcentagem subiu um pouco, para 99,0%; excluindo-se o fato, sem dúvida importante, de que a produção cresceu mesmo com a exclusão de uma multidão de produtores, pouca coisa mudou em relação à participação dos pequenos no processo produtivo. Somente 1% dos produtores brasileiros em 2006 produziam mais que 200 litros/dia, ou seja, os pequenos continuavam no negócio. Para a alegria de uns e tristeza de outros, a previsão de que os pequenos produtores de leite desapareceriam não se concretizou.

Mesmo em situação de grande dificuldade, os pequenos produtores têm resistido e, em muitos casos, conseguido virar o duro jogo de se manter na atividade. No prefácio do livro Sítio Esperança (Camargo, Artur Chinelato de. Sítio Esperança. Londrina, PR. Editora Midiograf, 2008. p. 09-11), o Prof. Vidal Pedroso de Faria, maior caráter e maior autoridade do país na área de produção de leite, e que ensinou muita gente boa a observar a atividade por outros ângulos, descreve de maneira singular a importância do pequeno produtor na evolução da atividade leiteira nos EUA: “Quem não acredita na possibilidade de inserir os pequenos no mercado competitivo ignora que, nos Estados Unidos, o maior produtor mundial, a fazenda média, em 1950, tinha 6 vacas e produzia 40 litros; em 1970, somente 31 vacas vendendo 250 litros, e na virada do século existiam 110 vacas e 2.500 litros por produtor. A redução no número de fazendas, de acordo com estudos, não foi somente devido ao fato de se produzir pouco, mas também a fatores como ampliação do setor de serviços nas cidades absorvendo mão-de-obra com escolaridade, dificuldade de adaptação às exigências do mercado, aparecimento de atividades mais rentáveis com pouco trabalho, como manutenção de hotéis para cavalos, e dificuldades na sucessão, porque os filhos formados em outras áreas não tinham interesse em continuar na atividade. O processo de mudança foi lento, impulsionado pela adoção de tecnologia; muitos produtores pequenos cresceram, e hoje a média por vaca do rebanho/ano é alta por causa de mudanças nos sistemas de produção, mas a área média continua por volta de 100 hectares. A análise do que ocorreu com a atividade leiteira ao longo do tempo revela que ninguém começou grande, a não ser por herança, e que negar ao pequeno produtor a possibilidade de crescer e contribuir para o desenvolvimento do setor é ignorar a história do desenvolvimento da pecuária leiteira no mundo, menosprezar um potencial latente e negar ao homem do campo, que vive ainda num estágio rudimentar de conhecimento tecnológico, a possibilidade de ser inserir no mundo moderno, e não sentir necessidade de migrar para os centros urbanos aumentando problemas sociais nas regiões em desenvolvimento”. Falou e disse Prof. Vidal! Certamente, poderíamos encerrar a conversa por aqui, mas como cada um de nós carrega um pouco do apóstolo Tomé (aquele que precisava ver para crer), sempre haverá alguém que dirá: “Isso é lá nos ‘states’, quero ver por aqui!”. Então, vamos analisar o caso de um produtor que nos ajudará a ilustrar um pouco de tudo o que foi dito até aqui em relação ao potencial produtivo da pequena propriedade e ao fato de tanta gente seguir acreditando na produção de leite como opção de negócio.

Grande parte dos produtores atendidos pelo trabalho técnico da Cooperideal está situada no sul do país, região onde 194 mil produtores abandonaram a atividade entre os anos de 1996 e 2006 (IBGE). A atividade leiteira nessa região é caracterizada por produtores pequenos, seja em relação à área disponível para a atividade, seja pela baixa produção diária. Em dezembro de 2004, visitamos uma pequena propriedade localizada no município de Bom Jesus do Sul, situado na divisa entre o Estado do Paraná e a Argentina. O município faz parte da região sudoeste do Paraná, que possui aproximadamente 28 mil produtores de leite, com predomínio da produção em pequenas propriedades (em média 19,0 hectares) e normalmente conduzidas pela família (Caracterização Socioeconômica da Atividade Leiteira no Paraná - 2009). Nessa propriedade, o Sítio Casa Feliz, com área total de 5 hectares, viviam e ainda vivem o produtor Rudi Mauro, sua esposa Teresinha e os filhos Eliseu e Valéria. A situação era de extrema dificuldade, na propriedade afloravam pedras por toda parte, sua área parte da base ao topo de um morro, mais de 50 metros de desnível. A situação econômica da propriedade era terrível, produzia-se ao redor de 30 litros de leite por dia a partir de 4 vacas emprestadas pelo vizinho. Pelas características e pela situação encontrada, essa seria a típica propriedade fadada ao desaparecimento, naquele momento talvez ela não tivesse mais que onze minutos de vida.

Foto 1: Área com pedras, entrada da propriedade (2004)


























Iniciou-se então um trabalho de estruturação da propriedade, priorizando sempre a geração de renda de maneira a suprir as necessidades da família e a geração de recursos para investimentos produtivos. Na maioria das propriedades, por mais que haja restrições em relação à capacidade de investimento do produtor, normalmente, se consegue fazer alguma receita com a venda de animais improdutivos (machos, vacas secas vazias e animais em crescimento), de maneira a priorizar investimentos que venham a beneficiar aqueles animais em condições de gerar renda na fazenda (vacas em lactação). Mas não era esse o caso do Sítio Casa Feliz que, por não possuir um rebanho próprio, necessitava buscar outras alternativas que pudessem viabilizar algum investimento na propriedade. Antes de mais nada, era necessário que pedras fossem retiradas das áreas onde se iniciaria o trabalho de produção de forragem, principal carência da propriedade naquele momento. O início da remoção das pedras foi um trabalho pesado e demorado, e enquanto ia sendo realizado, acompanhado pelo técnico da Cooperideal, Carlos Eduardo Freitas, que atendia a propriedade na época, o produtor foi conhecer a propriedade do produtor Sedimar Zanquettin (tema desta coluna na edição passada) e ver de perto detalhes sobre o estabelecimento e o manejo de uma área de pastejo intensivo, pois isso com certeza lhe daria confiança e segurança na execução das tarefas.

No final do ano de 2005, estava estabelecido o primeiro sistema de produção intensiva de pastagens da propriedade (0,8 ha de Tifton 68, formado por meio de mudas conseguidas sem custo junto a outros produtores assistidos na região). Um canavial também foi estabelecido, com 0,4 ha de cana-de-açúcar plantado no alto do morro, com o objetivo de suprir as necessidade de alimento do rebanho no período do inverno. O fato de estar no ponto mais alto da propriedade diminuía o risco de queima do canavial pelas sucessivas geadas que ocorrem na região no período de inverno. Todo investimento possível naquele ano de 2005 foi direcionado para estas duas áreas. Ao final deste primeiro ano de trabalho, os números mostravam o quão difícil tinha sido o período para a família. O fluxo de caixa anual (sobra) da atividade em 2005 foi negativo (R$ - 5.035,51), e o produtor teve que trabalhar para os vizinhos para complementar a renda necessária para a manutenção da família e para os investimentos necessários na propriedade, como a aquisição de algumas vacas e novilhas que seria feito no início de 2006. Apesar das dificuldades, a propriedade aos poucos começava a mudar.

Foto 2: Primeira área de pastejo (2005)


Foto 3: Vacas em pastejo




























Nos anos seguintes, novos sistemas de pastejo foram sendo estabelecidos e, com ajuda do crédito rural, animais e equipamentos foram sendo adquiridos. A propriedade investiu na fertilidade do solo, na irrigação de pastagens, na modernização da sala de ordenha e no resfriamento do leite. Eliseu, o filho mais velho, foi para o colégio técnico e, hoje, formado, trabalha em um banco da região e ajuda os pais nos finais de semana. A filha, Valéria, estuda e ajuda no dia-dia da propriedade. No ano de 2013, a família construiu uma casa nova na propriedade e a renda gerada pela atividade, finalmente, começa a ser suficiente para trazer o conforto que a família merece.

Foto 4: Casa antiga


























Foto 5: Casa Nova


Quanto aos números, eles podem detalhar quais foram as estratégias e as armas utilizadas, e que permitiram que esta propriedade pudesse resistir, crescer e se manter produtiva diante de tantas dificuldades. Vamos a eles:

Índices zootécnicos do Sítio Casa Feliz (2005 – 2013)



Os índices zootécnicos nos ajudam a compreender a evolução econômica da propriedade, porém um deles, em especial, resume um pouco de tudo o que foi feito e dos fatores que propiciaram a virada de jogo do Sítio Casa Feliz. O índice “Vacas em Lactação por hectare (VL/ha)” é composto pela participação de uma série de outros índices e seu valor encerra todas as perdas ou ganhos obtidos por eles, tendo grande impacto sobre o resultado econômico da propriedade. Por ser obtido de maneira simples (divisão do número médio de vacas em lactação no período pela área utilizada), esconde sua grande complexidade; em uma outra ocasião detalharemos os fatores que dão origem ao VL/ha; por hora nos atentaremos ao seu impacto no resultado financeiro da propriedade.

Foto 6: Vacas em pastejo
























Em 2005, o Sítio Casa Feliz trabalhou com 1,35 vacas em lactação/ha; foram em média 6,1 vacas em produção na área de 4,5 ha utilizados para a atividade. Em 2013, esse número subiu para 3,43 vacas em lactação/ha (15,4 vacas em lactação nos mesmos 4,4 ha). O acréscimo de 2,08 vacas em lactação/ha, foi obtido em 2013 pela melhoria na capacidade de suporte da propriedade, com a intensificação no uso da terra, pela adequação na estrutura do rebanho (68% de vacas no rebanho ante 49% de 2005) e melhoria na porcentagem de vacas em lactação (78,8% ante 61,5% de 2005). Aliado ao aumento da produção das vacas em lactação, em função da melhoria genética, alimentação e manejo do rebanho (17,7 litros/vaca ante 10,5 litros/vaca em 2005), este índice promoveu um impacto grande sobre o volume de leite produzido no ano (acréscimo de 60.470 litros) e sobre a renda gerada (acréscimo de R$ 55.027,95), mostrando que o trabalho realizado realmente potencializou a capacidade de geração de renda da propriedade. Esse acréscimo de renda foi calculado da seguinte maneira: acréscimo do número de vacas em lactação/ha x área utilizada na atividade x produção média por vaca em lactação x preço médio do leite no período x 365 dias.

Acréscimo de renda pela intensificação no uso da terra:

Acréscimo de Renda (2013) = 2,08 VL/ha x 4,5 ha x 17,7 litros/vaca x R$ 0,91/litro x 365 dias

Acréscimo de Renda (2013) = R$ 55.027,95

Índices econômicos do Sítio Casa Feliz (2005 – 2013)



Existe uma grande dificuldade para a definição do valor da mão-obra utilizada nas propriedades familiares pelo fato de, normalmente, o próprio proprietário executar as tarefas diárias da atividade, além de ser o responsável pela gestão do negócio. No caso analisado, o valor definido no item “salário do produtor”, refere-se a esta remuneração e foi definido levando-se em consideração a quantidade de vacas do rebanho e o custo mensal do manejo de cada vaca no sistema. Em 2005, foram em média 9,9 vacas com um custo mensal de R$ 30,00/vaca, definindo um valor mensal da mão-de-obra de R$ 297, equivalente a 32,3% do custo operacional efetivo ou R$ 0,155 por litro de leite produzido. Em 2013, o rebanho teve em média 19,8 vacas com um custo mensal de R$ 55,00/vaca, o valor mensal da mão-de-obra foi, portanto, de R$ 1.090, equivalente a 21,0% do custo operacional efetivo ou R$ 0,13 por litro de leite produzido. Outra possibilidade para a definição do valor da mão-de-obra familiar é deixar que o próprio produtor defina quanto vale seu trabalho na propriedade, sob o risco do valor não ser compatível com a capacidade de pagamento da atividade em determinado momento. Vale lembrar que o valor deste item possibilita a obtenção de índices que necessitam da remuneração da mão-de-obra para serem calculados; seu valor não limita o valor do ganho do produtor, na prática o fluxo de caixa é que determina a sobra de renda disponível após o pagamento de todos os compromissos operacionais e de investimentos relacionados à atividade.

Foto 7: Aveia irrigada. Na foto, Eliseu, filho do casal. 



























Como visto anteriormente, a propriedade passou por muitas dificuldades financeiras nos primeiros anos de trabalho mas, com a aplicação cuidadosa de estratégias que visavam à melhoria da renda na propriedade, os resultados econômicos apareceram. O fluxo de caixa, valor efetivamente embolsado pelo produtor, no ano de 2013, foi de R$ 45.639,87 (R$ 3.803,32/mês), permitindo que a família começasse a usufruir dos benefícios gerados por tanto trabalho. Para efeito de comparação, segundo a pesquisa mensal de emprego do IBGE, a renda média das pessoas ocupadas no setor privado na região metropolitana de São Paulo, onde o custo de vida é o mais alto do país, foi de R$ 1.924,00, no mês de dezembro de 2013. Com a sobra mensal obtida no leite, o produtor poderia contratar um paulistano para trabalhar em sua propriedade e ainda teria como sobra um ganho superior ao salário médio de R$ 1.847,80 de um carioca. Vale lembrar que, além do valor embolsado com o fluxo de caixa, em 2013 a família teve como ganho outros R$ 10.180,00 que foram investidos no pagamento de financiamentos obtidos durante o processo de estruturação da fazenda, principalmente para aquisição de animais e equipamentos. Como costuma dizer o técnico da Cooperideal, Juliano Alarcon, que atualmente assiste a propriedade, em 2013 a fazenda teve de receita por mês (R$ 8.768,85), aquilo que em 2005 tinha por ano (R$ 8.351,96). O patrimônio cresceu 254%, saindo de R$ 85.885,00, em 2005, para R$ 218.115,00 em 2013. Mesmo com uma evolução patrimonial tão significativa, a remuneração sobre o valor do patrimônio ainda foi de 12,5% no ano. A propriedade que, em 2005, utilizava quase a totalidade de sua renda para o pagamento de despesas de custeio, 94,8%, atualmente trabalha com muito mais segurança, gastando somente 47,0%. A margem bruta por área, obtida pela diferença entre a margem bruta anual (R$ 55.819,87) e o salário anual do produtor (R$ 13.090,00) e dividida pela área utilizada na atividade (4,5 ha), está em R$ 9.495,53 /hectare/ano, demonstrando o potencial de geração de renda do leite em áreas de produção intensificada. O que mais impressiona, neste caso, é que a propriedade ainda pode dobrar a sua renda, uma vez que possui potencial para a produção média diária de 500 litros/dia. Cabe ressaltar que, apesar de pequena, esta propriedade tem objetivos econômicos claros, o produtor inclusive paga do próprio bolso pela consultoria que recebe.

Foto 8: Rudi Mauro, sua esposa Teresinha e os filhos Eliseu e Valéria



























O caso do Sítio Casa Feliz nos mostra o quanto é difícil tentar prever o futuro da atividade leiteira no que se refere ao perfil de produtores que ficarão e que deixarão a atividade, mas uma coisa parece clara: para aqueles que estiverem dispostos a trabalhar com eficiência, aceitando as mudanças necessárias e aplicando conceitos tecnológicos naquilo que fazem, o futuro é promissor. A evolução técnica dos pequenos produtores poderá transformar em solução aquilo que anunciadamente seria um grande problema para o país, pela extinção da estrutura produtiva da pequena propriedade. O limão poderá ser transformado em uma bela limonada. Não se trata aqui de defender pequenos, médios ou grandes produtores, e muito menos de colocar a questão social na dianteira da discussão, o objetivo é demonstrar o potencial produtivo das fazendas, e que há espaço para todos na nova pecuária leiteira do Brasil. Nas próximas edições apresentaremos casos de propriedades consideradas grandes que aplicam os mesmos conceitos discutidos aqui. Até breve!


 

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MARCELO DE REZENDE

Eng.Agrônomo, Diretor e Técnico da Cooperideal - Cooperativa para a Inovação e Desenvolvimento da Atividade Leiteira.

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MARCELO DE REZENDE

LONDRINA - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 20/05/2014

É isso aí, Baratta! Para o produtor, a qualidade do trabalho de um técnico pode ser o fiel da balança entre uma vida tranquila no campo ou um futuro de incertezas na cidade. Um abraço.



É isso mesmo Maria Thereza, existe um grande distanciamento entre as necessidades dos produtores e as soluções oferecidas pela pesquisa e como não se valoriza a extensão rural no país, esta distância se torna maior ainda. O Jozivaldo fez um grande trabalho preparando técnicos que pudessem atuar de maneira responsável junto aos produtores de leite, fui um beneficiado por este trabalho e me orgulho disso. Um abraço.



Delio, obrigado pelo comentário. Temos que cobrar com mais intensidade nossos direitos, a violência que hoje atinge o campo a muito tempo está nas cidades, como nada é feito a situação se alastra e só piora.



Misael, obrigado pelo comentário. Concordo com você, um pouco de bom senso resolveria grande parte dos problemas do nosso país.
MISAEL DELIO DA SILVA

UNAÍ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 20/05/2014

- Muito oportuno o artigo. Nossos governantes deveriam priorizar a atividade rentável, seja ela rural ou urbana. Deslocar o individuo do seu meio, é no mínimo, sociologicamente incorreto, demonstrando políticas públicas mal elaboradas. O ser humano deve viver em seu habitat natural, seja ele urbano ou rural. Se nossos governos aplicassem nossos impostos de forma correta, poderíamos ajudar ainda mais o desenvolvimento de nosso país, não precisamos de medidas mirabolantes para produzir, temos tudo em nossas mãos, falta apenas, meios técnicos, politicas econômicas sérias, e impostos condizentes com nossa atividade, e crédito acessível a todos.
DELIO

GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 19/05/2014

Esse seria o sonho de todo pequeno produtor rural se a situação nao fosse trágica e por outro motivo. Pelo menos aqui em nossa região e acho que em todo o estado de Goiás, o que esta' acontecendo e' que os produtores nao podem mais morar na zona rural devido a violência. Isso mesmo a violência no meio rural esta' expulsando as famílias para as cidades pois o risco de ser atacado a noite por quadrilhas de marginais e' muito grande. Porisso na mina região ha vários sítios onde o produtor trocou a atividade leiteira pelo arrendamento para produção de soja, nao por questões económicas mas sim de segurança.
MARIA THEREZA REZENDE

CAMPOS ALTOS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/05/2014

Fantástico Marcelo Rezende!! Conheci o Jozivaldo em 2004 e ele sempre reforçava que as pesquisas precisavam alcançar os produtores. Ele lutava para termos mais técnicos extensionistas em campo, pois só assim conseguiremos replicar histórias de sucesso como essa, um verdadeiro resgate da cidadania!
VILSON FERNANDO CUBO BARATTA

LARANJEIRAS DO SUL - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 18/05/2014

Sair ou não de uma atividade que nos garantam um rendimento econômico positivo em alguns casos e neste caso é o leite, para produtores com maior poder aquisitivo essa decisão pode ser desde uma aventura fracassada em território desconhecido (falência) ou até mesmo quando as vacas já não fazem parte de seu hobby. No caso de pequenos produtores de leite a situação é outra. Cada centavo investido no sitio tem um peso muito grande e deve ser muito bem planejado, garantindo assim uma renda para que se possa viver.

Imagine-se um produtor desmotivado, sem renda e sem o amparo de um técnico comprometido em mudar a realidade da propriedade e da família...seria exclusão do sistema na certa! Parabéns ao Rudi e família e também aos técnicos que o ajudaram a ultrapassar os 11 minutos na atividade leiteira.
MARCELO DE REZENDE

LONDRINA - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 17/05/2014

Olá Anderson, segue as soluções das suas questões:



O custo operacional efetivo (com salário) foi calculado da seguinte maneira:



A)     Despesas com custeio em 2013      = R$ 49.406,69 (ano) ou R$ 4.117,22 (mês)

B)     Salários em 2013                = R$ 1.090,83 (mês) ou R$ 13.089,96 (ano)

C)     Produção mensal de leite em 2013      = 98.915 litros/ano



Custo operacional efetivo = (A+B) / C

Custo operacional efetivo = (R$ 49.406,69 + R$ 13.089,96) / 98.915 litros

Custo operacional efetivo = (R$ 49.406,69 + R$ 13.089,96) / 98.915 litros

Custo operacional efetivo = R$ 0,63 por litro



No custo total, além das despesas de custeio e do salário, são acrescentados os custos com depreciações de máquinas, equipamentos e instalações, além da remuneração do capital total investido na atividade (6% sobre os valores investidos em máquinas, equipamentos, instalações, animais e terra). Assim, o custo total (com salário) foi calculado da seguinte maneira:



A)     Despesas com custeio em 2013 = R$ 49.406,69 (ano)

B)     Salários em 2013 = R$ 13.089,96 (ano)

C)     Depreciações de máq. e equipamentos + Rem. Cap. Maq. e Equip. = R$ 3.721,90 (ano)

D)     Depreciações de Instalações + Rem. Cap. Instalações = R$ 2.080,53 (ano)

E)     Remuneração do capital investido em animais = R$ 5.124,00 (ano)

F)     Remuneração do capital investido em terra = R$ 4.590,00 (ano)

G)     Produção mensal de leite em 2013 = 98.915 litros/ano





Custo Total = (A+B+C+D+E+F) / G

Custo Total = (R$ 49.406,69+R$ 13.089,96+R$ 3.721,96+R$ 2.080,53+R$ 5.124,00+R$ 4.590,00) / 98.915

Custo Total = R$ 78.013,08 / 98.915

Custo Total = R$ 0,79 por litro



No item 14 (R$ investidos por litro de leite produzido), o valor R$ 804,35 está correto, porém a indicação da fórmula está errada. Está indicado como fórmula de cálculo o item 15 dividido pela produção diária, quando o correto é o item 16 pela produção diária. O cálculo do item 14 é feito dividindo-se o patrimônio (item 16) pela produção diária média do ano (271 litros). Neste caso o cálculo seria R$ 218.115,00 (patrimônio) dividido por 271 litros (produção média diária no ano) e o resultado é o que está indicado na tabela (R$ 804,35).



O item 18 (Retorno sobre capital investido) é calculado dividindo-se o lucro da atividade pelo patrimônio, da seguinte maneira:



Lucro = Renda Total - Custo Total

Lucro = R$ 105.226,56 - R$ 78.013,08

Lucro = R$ 27.213,48



Retorno sobre capital investido = (Lucro / Patrimônio) x 100

Retorno sobre capital investido = (R$ 27.213,48 / R$ 218.115,00) x 100

Retorno sobre capital investido = 12,48 %
MARCELO DE REZENDE

LONDRINA - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 17/05/2014

André Costa, obrigado pelo comentário.



Thiago Golega, obrigado pelo comentário. Concordo com você, a atividade possui um enorme potencial de geração de renda em áreas intensificadas.



Obrigado, Fernanda Secchin. Você tem razão, em situações como estas é que evoluímos tecnicamente.



Realmente, Santiago, eficiência da porteira para dentro e organização da porteira para fora, isso resume tudo. Parabéns pela análise.



Olá Carlos Sampaio, obrigado pelo comentário. Boa sorte aí no MS. Um abraço.



Carlos Eduardo Freitas (Ganso), seu grande trabalho é um dos pilares do sucesso desta e de muitas outras propriedades. Um grande abraço.



Jeferson Piroli, obrigado por seu comentário.



Valeu, Wisner Castilho. Um abraço.



Caro amigo Becão (Fernando Garcia Leal), obrigado pelo comentário. Um grande abraço.



Airton Mochko, obrigado pela seu comentário. Temos que levar este trabalho para muita gente ainda. Um abraço.



Helder Daniel, é preciso acreditar sempre. Um abraço e obrigado e obrigado pelo comentário.



Isa Maria, obrigado pelo comentário. Você tem toda razão, a solução existe também para os pequenos, é preciso buscar conhecimento e trabalhar duro. Um abraço e obrigado pelo comentário.
KLÉBER RESENDE

BOM SUCESSO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 17/05/2014

Muito bom, parabéns a todos os envolvidos.


ANDRÉ MARCEMINO HAMPF

CASTRO - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 17/05/2014

Parabéns Marcelo, muito boa publicação.



Acredito que iniciativas e muito trabalho conforme o relato são bem vindas em muitas propriedade, na maioria na verdade dos casos.



Fantástico trabalho e evolução se metade dos produtores do nosso país fizessem esforços semelhantes, respeitando as características regionais, acredito que seriamos o maior produtor de leite do mundo, com qualidade, eficiência e gerando riquezas para cada elo do complexo produtivo leite.
WILDOMAR JOSÉ DE OLIVEIRA

UBERABA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 17/05/2014

Parabéns ao Marcelo pelo excelente artigo. Isso faz com que nós, pequenos produtores, sintamos-nos estimulados em continuar.

Obrigado Marcelo pelo estímulo!

Tomara que outros pequenos também sintam aquilo que senti ao ler este artigo.
RAFAEL NARLOCH DE ARAUJO

PALMAS - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 16/05/2014

Parabéns ;pelo trabalho isso é o resultado de um bom manejo de pastagem e administração financeira.em resumo = a eficiência.  
GEAN CARLOS MALDANER

PINHALZINHO - SANTA CATARINA - ESTUDANTE

EM 16/05/2014

Parabéns pelo artigo. Demonstra que pequenas propriedades, sobretudo aquelas da agricultura familiar possuem capacidade de geração de renda e de bem-estar. O artigo apresenta justamente o tema que estou desenvolvendo no meu TCC, onde busco apresentar respostas frente ao desenvolvimento da cadeia do leite no município que vivo, com características muito semelhante a região mencionada nesse artigo, e vejo aqui uma grande mola precursora do sucesso da cadeia do leite, principalmente para os agricultores familiares, o acesso ao crédito rural, com condições acessíveis e uma verdadeira política de desenvolvimento rural sustentável.

Mais uma vez parabéns.
ISA MARIA L. FERREIRA

RIO DE JANEIRO - RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 16/05/2014

Parabéns...pelo o artigo é muito bom como exemplo ,para que os pequenos produtores ñ caiam na armadilha de sair de sua terra ,achando que vai mudar, ñ precisamos sair onde estamos ...digo do interior....e sim achar soluções. É uma questão de aceitar  que precisamos sempre de um técnico ,

Muito Obrigada...
ANDERSON

ROLIM DE MOURA - RONDÔNIA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 16/05/2014

Boa tarde Sr. Marcelo, no item 14 da tabela resultados econômicos, (item 15/ 243 litros/dia)  o valor de 804,35 está correto ??



E o item 18, o valor de 12,5% de retorno em relação a valor do patrimônio ??



Desculpe as perguntas



Grato pela atenção
HELDER DANIEL DA SILVA

GOIÂNIA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 16/05/2014

Parabéns pelo artigo, comento sempre que a natureza é bela, só que tem regras você prepara o solo, planta, a árvore cresce e depois dá o fruto, porém muitos pensam no curto prazo, esta história é um grande exemplo que mesmo sem muitos recursos mas com vontade de "trabalhar" a pessoa honesta concretiza seus sonhos.
ANDERSON

ROLIM DE MOURA - RONDÔNIA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 16/05/2014

Parabéns pelo trabalho Sr. Marcelo, a pecuária leiteira terá que seguir este caminho EFICIÊNCIA.

Mas gostaria de tirar uma duvida? como o Sr. s chegou no valor do Custo Operacional Efetivo (com salário)  R$ 0,63 ???

E o Custo Total (com salário) R$ 0,79 ???



Grato pela atenção
AIRTON MOCHKO

ROLIM DE MOURA - RONDÔNIA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 16/05/2014

parabéns a cooperideal pelo excelente trabalho desenvolvido, esse é um dos exemplos de sucesso utilizando o balde cheio da embrapa sudeste, e mais ainda a importância da assistência técnica eficiente, aliás é o objetivo do balde cheio formar técnicos locais para prestar assistência técnica de qualidade, quanto ao artigo penso que em todas as atividades existem bons e maus produtores e quando se utiliza tecnologias testadas e aprovadas o resultado aparece.
FERNANDO GARCIA LEAL

BATATAIS - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 16/05/2014

Marcelo, parabéns pelo trabalho e que a cooperideal continue ajudando o desenvolvimento da cadeia produtiva de leite do Brasil.
WISNER CASTILHO

TATUÍ - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 16/05/2014

Parabéns Marcelo e colegas da Cooperideal e tambem aos produtores comprometidos com a propriedade e atividade.
JEFERSON PIROLI

VIDEIRA - SANTA CATARINA - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 15/05/2014

Parabéns Marcelo e aos produtores que juntamente com seus técnicos orientadores e a vontade de investir naquilo que muitos haviam desistidos pelas dificuldades enfrentadas com relação a estrutura do terreno. Sucesso!!

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