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Como reduzir o intervalo entre partos - Parte 2

POR MARIA EMILIA FRANCO OLIVEIRA

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 17/02/2009

8 MIN DE LEITURA

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Efeitos da lactação e amamentação

Em continuação ao artigo anterior (Como reduzir o intervalo entre partos - Parte 1) abordaremos agora os efeitos da lactação e amamentação no período de anestro pós-parto, e os manejos a serem adotados a fim de reduzir o intervalo entre partos das matrizes, possibilitando executar as estações de monta a cada oito meses e obter um maior número de cordeiros/cabritos produzidos por fêmea/ano.

Após o parto, uma seqüência de alterações endócrinas deve ocorrer para que a atividade cíclica seja retomada. Neste processo, a adequada liberação de gonadotrofinas é influenciada por fatores fisiológicos e patológicos associados ainda, à condição nutricional nos períodos pré e pós-parto. O aumento na liberação de hormônio folículo-estimulante (FSH) inicia-se na primeira semana pós-parto, determinando crescimento folicular seguido de atresia devido à insuficiente liberação de hormônio luteinizante (LH). Logo após o parto, os pulsos de LH apresentam baixa amplitude e freqüência, enquanto que para ocorrer à ovulação são necessários pulsos em alta freqüência. Desse modo, embora ocorra crescimento folicular, estes folículos não atingem o tamanho pré-ovulatório e tão pouco ovulam, determinando este período como anestro pós-parto. Entre 15 e 30 dias pós-parto, há o restabelecimento da quantidade de LH que se apresentava reduzida ao parto devido à inibição causada pelos altos níveis de esteróides no final da gestação. No entanto, em decorrência da lactação, amamentação e da condição corporal entre outros fatores já comentados no artigo anterior, há inibição dos pulsos de GnRH e, conseqüentemente, de LH durante o pós-parto.

Assim, diversos estudos postulam que a lactação e a amamentação influenciam na duração do anestro pós-parto, sendo que a intensidade da amamentação, em si, parece ser mais importante que a própria lactação. Pois, a amamentação suprime o retorno dos pulsos de LH pela estimulação tátil do úbere ou tetos pelo cordeiro/cabrito, entretanto outros fatores como a visão e o olfato também têm ação inibitória na liberação do LH. Desse modo, a presença física do cordeiro/cabrito modula o efeito supressivo da amamentação na ovulação pós-parto, por afetar sinais somatossensoriais.

Na prática, é muito difícil separar os efeitos relacionados com o estádio de lactação dos efeitos resultantes da sucção dos tetos ou do ato da amamentação como um todo. Ao que sabemos, o início da lactação pode afetar negativamente a duração do período de anestro pós-parto, uma vez que a produção de leite se eleva rapidamente após o parto, graças a um rápido aumento da secreção de prolactina. Como já foi relatado na sessão anterior, o desenvolvimento mamário se inicia no final da gestação, ao redor de 30 dias antes do parto, sendo considerada a primeira fase da lactação, a qual está relacionada com a alimentação adequada da ovelha. A segunda fase da lactação é quando se estabelece o fluxo normal do leite, isto é, no período pós-parto, ocorrendo a maior produção de leite da ovelha até a 4ª semana.

E conforme discutido na sessão anterior, no início deste período, as exigências nutricionais das ovelhas sofrem grande aumento, principalmente se ela estiver amamentando dois ou três cordeiros/cabritos. Desse modo, é necessário empregar manejos nutricionais adequados, evitando o balanço energético negativo.

E de que forma a amamentação, propriamente dita, influencia no desenvolvimento folicular e no restabelecimento da atividade cíclica ovariana? De modo bem simplificado, o estímulo de sucção eleva os níveis circulantes de oxitocina e com conseqüente estimulação da síntese de prolactina. Os fatores inibidores da síntese de prolactina, inclusive a dopamina e o peptídeo associado ao GnRH ( GAP ), precisam ser suprimidos para que a síntese de prolactina ocorra.

O estímulo sensorial da amamentação suprime a produção desses fatores inibidores da prolactina. Como a dopamina e o GAP são essenciais para a síntese de gonadotrofinas, seu débito reduzido acarreta queda da atividade ovariana, devido à diminuição da síntese e da liberação de gonadotrofina. Além disso, outro fator que pode contribuir para a baixa freqüência de liberação do LH e diminuição da resposta ao GnRH pode ser a quantidade de LH disponível para liberação, tendo em vista que durante a gestação e início do pós-parto, o armazenamento desta gonadotrofina pela pituitária é baixo. Em vacas no pós-parto, estudos demonstraram efeito supressor da amamentação na liberação de LH pulsátil, o qual é modulado pelo estrógeno dos ovários, isto é, a amamentação aumenta a sensibilidade do suposto gerador de pulsos de GnRH ao feedback negativo das baixas concentrações de estradiol. Isso acarreta redução dos pulsos de LH e ausência do crescimento folicular final, além de impedir a ovulação.

Neste sentido, manejos baseados no controle da amamentação, possivelmente atuam na diminuição das constantes liberações de prolactina, favorecendo dessa forma, o reinício da atividade ovariana. Manejos simples como a amamentação controlada, tem apresentado resultados satisfatórios, observando redução no intervalo médio do parto ao primeiro estro pós-parto nos grupos de amamentação controlada em relação à amamentação contínua. Além disso, os estudos têm comprovado que o controle da amamentação também tem promovido efeito positivo sobre a ovulação no primeiro estro pós-parto, observando maior percentual de estros férteis, ou seja, com ovulação.

Na prática, a forma de realização do controle da amamentação deve ser baseada nas condições de manejo já realizadas na propriedade. Em sistemas de manejo semi-intensivo, em que o rebanho permanece durante o dia em regime de pasto e no período noturno nos apriscos, uma opção seria manter, nos 5-10 primeiros dias após o parto, a fêmea em tempo integral com o(s) cordeiro/cabrito(s). Essa fase é importante para permitir a ingestão total do colostro e garantir uma boa alimentação para o(s) cordeiro/cabrito(s), garantindo maior sobrevivência. Passado este período, a fêmea retorna ao manejo comum do rebanho, sendo que seu(s) cordeiro/cabrito(s) permanecem durante o tempo todo no aprisco, limitando assim, o número de amamentações, visto que pode-se controlar o número de retornos da fêmea ao aprisco. Neste manejo a realização de creep-feeding é uma prática interessante para estimular o desenvolvimento dos cordeiros/cabritos.

O desmame é outro método que tem sido amplamente utilizado com o objetivo de solucionar os problemas do pós-parto. Seu uso tem sido amplo em bovinos, e nos pequenos ruminantes sua utilização depende principalmente do sistema de criação, seu manejo e objetivo da produção. Em rebanhos leiteiros seu emprego e viabilidade são maiores. Os métodos de desmame que têm sido utilizados são: separação total e definitiva dos cordeiros/cabritos, conhecido como desmame precoce, ou por separação total temporária dos cordeiros/cabritos, variando o tempo de afastamento, entre 48 a 96 horas. As práticas de desmame precoce ou temporário apresentam custos de implantação elevados e variados, dependendo das condições de manejo, mão-de-obra e instalações da propriedade.

A amamentação controlada ou mesmo as práticas de desmame pode também ter efeitos benéficos ao desempenho dos cordeiros/cabritos, pois, prolongar a lactação desnecessariamente, pode não ser uma boa medida, visto que a conversão de leite em carne pode ser menos eficiente que de pasto em carne, podendo isto ser minimizado pela diminuição da amamentação ou utilização do desmame. Além de a lactação prolongada retardar o aparecimento de estro pós-parto com já comentado, esta pode atrasar o desenvolvimento do estômago do cordeiro/cabrito com relação à capacidade digestiva de forragens.

Outra alternativa utilizada para desencadear a retomada da atividade cíclica no pós-parto é o emprego de terapias hormonais. As técnicas de indução e/ou sincronização hormonais são utilizadas em associação ou não as práticas de amamentação controlada, desmame precoce ou temporário. Esses protocolos preconizam a utilização de progestágeno/progesterona, aliado a outros hormônios, como as gonadotrofinas, que possibilitam uma ação em conjunto, realizando modificações da regulação endócrina, simulando os acontecimentos fisiológicos da fêmea e possibilitando, dessa maneira, que as fêmeas em estado de anestro pós-parto retornem a sua atividade cíclica e antecipem sua concepção na estação reprodutiva. Os progestágenos/progesteronas atuam desensibilizando o hipotálamo ao feedback negativo do estradiol, e assim, induzindo a ciclicidade.

Essas práticas de manejo associadas ou não têm sido utilizadas em distintas situações, apresentando variações nos resultados, pois interagem com a condição corporal, sendo dessa maneira dependentes das condições climáticas, nutricionais e sanitárias do rebanho. A condição corporal é altamente relacionada com o funcionamento fisiológico do sistema reprodutor e o escore de condição corporal ao parto e em vários estágios da lactação tem sido usado com sucesso para predizer o desempenho reprodutivo no pós-parto.

Contudo, a escolha de qual prática ou associação de métodos deve ser utilizada depende das características do rebanho e da propriedade. O importante é utilizá-las dentro das possibilidades, pois assim a relação custo-benefício será favorável, e se alcançará a otimização da reprodução e produção do rebanho.

Literatura consultada:

Wiltbank, M. C.; Gtimen, A.; Sartori, R. Physiological classification of anovulatory conditions in cattle. Theriogenology, v. 57, p.21-52, 2002.

Jackson, D. J.; Fletcher, C. M.; Keisler, D. H.; Whitley, N. C. Effect of melengestrol acetate (MGA) treatment or temporary kid removal on reproductive efficiency in meat goats. Small Ruminant Research, v.66, p.253-257, 2006.

Yavas, Y.; Walton, J.S. Induction of ovulation in postpartum suckled beef cows: a review. Theriogenology, v.54, p.1-23, 2000.

Falcão, D. P.; Santos, M. H. B.; Freitas Neto, L. M.; Neves, J. P.; Lima, P. F.; Oliveira, M. A. L. Uso da PFG2α no puerpério para reduzir o anestro pós-parto de cabras em aleitamento contínuo e controlado. Ciência Animal Brasileira, v. 9, n. 2, p. 512-518, abr./jun. 2008.

Rabassa, V. R.; Pfeifer, L. F. M.; Schneider, A.; Luz, E. M.; Costa, E. R. M.; Côrrea, M. N. Anestro pós-parto em bovinos: mecanismos fisiológicos e alternativas hormonais visando reduzir este período - uma revisão. Revista da FZVA. Uruguaiana, v.14, n.1, p. 139-161. 2007.

Azevedo, J. M.; Correia, T. M.; Almeida, J. C.; Valentim, R. C.; Fontes, P.; Mendonça, A. L. Anestro pós-parto em ovelhas de diferentes raças - Efeitos do regime de amamentação. Revista Portuguesa de Ciências Veterinárias, v. 97 (543) p. 129-134, 2002.

Borges, J. B. S.; Gregory, R. M. Indução da atividade cíclica ovariana pós-parto em vacas de corte submetidas à interrupção temporária do aleitamento associada ou não ao tratamento com norgestomet-estradiol. Ciência Rural, Santa Maria, v.33, n.6, p.1105-1110, nov-dez, 2003.

Hayder,M.; Ali, A. Factors affecting the postpartum uterine involution and luteal function of sheep in the subtropics. Small Ruminant Research, v. 79, p.174-178, 2008.

MARIA EMILIA FRANCO OLIVEIRA

www.mariaemilia.vet.br

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MARIA EMILIA FRANCO OLIVEIRA

JABOTICABAL - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 27/08/2009

Prezado Adilson Carvalho da Fonseca,

As ovelhas lanadas apresentam uma maior estacionalidade que as deslanadas. Em nossa região (Sudeste) a estacionalidade é menos marcada, entretanto dependendo da raça de ovelhas ela é presente. Desse modo, eu indico fazer algum programa de indução de estro. Os protocolos de sincronização com base em progesterona são eficientes nesses casos.

Caso precise de mais informações entre em contato.

Obrigada por sua participação.

Maria Emilia Franco Oliveira
ADILSON CARVALHO DA FONSECA

SÃO MANUEL - SÃO PAULO

EM 25/08/2009

Prezada Maria Emília!

Meu nome é Adilson sou formado em zootecnia e aprecio muito seus artigos.

Gostaria de saber sua opinião no caso de uma ovelha lanada (que apresenta cios estacionais) que é coberta em janeiro, fevereiro e vai parir em junho e julho, se for adotado o manejo de mamadas controladas e desmame aos 60 dias, é possível essa ovelha entrar em cio em outubro por exemplo, sem fazer o manejo de luz?
Grato
Adilson

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