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Catingueira garante produção de caprinos e ovinos na seca extrema

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 27/08/2013

4 MIN DE LEITURA

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Por Ana Clara Cavalcante, Marco Bomfim, Fernando Henrique Albuquerque, Pesquisadores da Embrapa Caprinos e Ovinos.

É comum em época de seca, como a que está ocorrendo agora no semiárido, a vegetação da caatinga se mostrar seca, totalmente sem folhas, com uma aparência desoladora e sem qualquer esperança de mudança, que não seja o retorno das chuvas. No entanto, há mais de três anos sem chuvas consideráveis, agricultores familiares da região noroeste da Bahia encontraram, na mesma vegetação, uma planta que está sendo hoje não apenas a salvação, mas a base da alimentação de rebanhos de caprinos leiteiros e ovinos de corte, garantindo a geração de renda para famílias no semiárido.

A planta em questão é a Catingueira (figura 1), conhecida também como Caatinga de porco e Pau de Rato, uma árvore de múltiplas utilidades, usada como medicamento, madeira e forragem. Pode ser encontrada em altas densidades e, apesar da queda de folhas, pode ser manejada para aproveitar seu potencial de produção de forragem, tanto a partir da queda das folhas, quanto da fenação da folhagem, quanto antes que estas venham a cair.

Figura 1 - Árvore da Catingueira (Poincianella pyramidalis), município de Conceição do Coité (BA).
A fenação das folhas da Catingueira é um processo simples, que começa pelo raleamento das copas das árvores, com corte de apenas alguns galhos, de preferência aqueles mais periféricos, preservando os galhos centrais. Esse tipo de poda é um manejo conservacionista, permitindo que a planta se recupere da poda, sem danos. O nível de utilização da copa não deve ultrapassar 50%. Pesquisas têm demonstrado que o melhor valor nutritivo das folhas ocorre após 70 dias de rebrotação. 

Os galhos cortados são colocados para secar no campo mesmo. Isso reduz o custo de transporte e manejo do material, refletindo no custo final do produto. Após o corte, os galhos com folhas ficam dispostos em medas ou coivaras (galhos soltos no campo), que após três dias em média, são desfeitas, com o batimento dos galhos, para desprendimento das folhas, que são postas em sacos e armazenadas para serem utilizadas na alimentação dos animais, dispensando processamento prévio. O ponto do feno é aquele em que não há umidade ao torcer os caules e ao amassar as folhas. Outro ponto importante é observar que, ao serem torcidas, as folhas podem até se quebrar, mas não devem se desfazer em migalhas, o que indica que o tempo de secagem foi excessivo. Atenção deve ser dada para evitar que o material não passe muitos dias no campo, pois a permanência pode comprometer o valor nutritivo do feno, mesmo de plantas cortadas no mesmo dia (Figura 2). Para isso, se há dificuldade de mão de obra, deve-se escalonar o corte de planta, para viabilizar a colheita e armazenamento no ponto certo.

Figura 2 - Feno de Catingueira cortado no mesmo dia, porém colhido após oito dias de secagem (esquerda) e colhido com três dias de secagem (direita).



Nesse processo, não se utiliza lona. Algumas folhas são deixadas no solo para servirem de cobertura e podem ainda ser utilizadas para pastejo por animais que venham a passar pela área. Essa forma de fazer o feno tem sido apontada por agricultores familiares como a mais viável em termos de rendimento e uso da mão de obra. Segundo levantamento na região, com uma diária de serviço é possível produzir, em média, 25 sacos de feno com 7kg cada um (175kg), o que resulta em um feno produzido a R$ 0,14/kg. Em sendo bem armazenado, há experiências que demonstram um feno de excelente qualidade, após três anos da realização do processo de fenação.

O feno de Catingueira é um volumoso que contém alto teor de proteína, considerando tratar-se de uma forrageira (algumas análises relatam até 19% de proteína bruta) e digestibilidade da matéria seca em torno de 55%. Tem sido utilizado em misturas com o milho em uma proporção de 24% de feno de Catingueira e 76% de milho, totalizando uma oferta em torno de 250g/dia (1,5% peso vivo) dessa mistura por animal em crescimento. Para animais adultos, a proporção é de 29% feno e 71% milho e o fornecimento de 350g/dia (0,87% do peso vivo). Apesar de não existirem indícios de problemas, recomenda-se, como precaução, evitar o fornecimento do feno de Catingueira na fase de cobertura e de início de gestação das matrizes.

As experiências de produtores na região Noroeste da Bahia têm confirmado a planta como importante fonte de alimentação tanto para rebanhos caprinos leiteiros, quanto para ovinos de corte. Em termos de rebanho leiteiro, há registro de cabras produzindo até seis litros de leite por dia com o consumo do feno associado à palma e concentrados (Figura 3). No caso de ovinos, podem-se encontrar, em pleno período de seca, animais em fase de crescimento, criados em pasto nativo, com até seis meses de idade, apresentando escore corporal de 3,5 e conformação corporal adequada para abate (Figura 3) consumindo uma mistura do feno com milho em grão.

Figura 3 - Cabras leiteiras se alimentando do feno da Catingueira (esquerda) e cordeiros em boa condição corporal após consumirem feno da mesma planta.



Para finalizar, o uso da Catingueira na alimentação animal deve ser realizado de forma sustentável, com podas conservacionistas e, além disso, deve-se atentar para o balanceamento da ração de modo que não venha a comprometer a saúde e o desempenho dos animais. Dessa maneira, pode-se contar com uma planta de excelente valor para uso estratégico em períodos de seca prolongada.
 

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NADIR BATISTA ALVES DA SILVA

EM 13/02/2017

Obrigada pela dica fico feliz ,pois tenho muito esta planta em nossa propriedade,foi de grande ajuda para mim.
EDUARDO EMÍDIO DOS SANTOS

RIACHÃO DO JACUÍPE - BAHIA - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 04/05/2016

Aqui Barreiros de Riachão BA uso a caatingueira desde 2006 com muita desenvoltura e nunca tive problemas de reprodução tivi mesmo foi bons resultados reprodução de leite com até 10 kg em toneio
EDUARDO EMÍDIO DOS SANTOS

RIACHÃO DO JACUÍPE - BAHIA - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 04/05/2016

Aqui Barreiros de Riachão BA uso a caatingueira desde 2006 com muita desenvoltura e nunca tive problemas de reprodução tivi mesmo foi bons resultados reprodução de leite com até 10 kg em toneio
PAULO DECIO DAMASCENO

MACEIO - ALAGOAS - OVINOS/CAPRINOS

EM 21/09/2014

Tenho uma propriedade no sertão das Alagoas onde crio bovinos e ovinos(rebanho pequeno). A seca aqui é comum e a gente sofre muito para alimentar os animais. Porém, agora, com essa notícia, me animei. Aqui na região temos muita catingueira. Com certeza irei experimentar. Gostaria de saber se outra espécie  de nome VELAME, também serve de alimento para ovinos.
MIGUEL ANGEL PONS PASCUAL

CAXIAS DO SUL - RIO GRANDE DO SUL - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 15/02/2014

É tão importante para o Nordeste a pesquisa e divulgação das árvores (forrageiras), do bioma Caatinga que o CNPq financiou o projeto MCT/CNPq/MDA/INCRA-PRONERA, conforme divulgado pelo artigo: " Arbóreas forrageiras, pastagem o ano todo na Caatinga Sergipana ". Com tais subsídios o trabalho  ( a produtividade) e a vida dos agricultores do Assentamento Florestan Fernandes, aí no pujante Nordeste sem dúvida há de melhorar.  Este é meu desejo. Eng. Agr. Miguel A. Pons
EVERALDO FERNANDES

ANTAS - BAHIA - PRODUÇÃO DE CAPRINOS DE CORTE

EM 23/12/2013

na regiao de antas bahia existe esta planta mas, o conhecimento dos  criadores oua tecniçidade ainda e de pouco uso. uma pena.imagine que ussa-se somentea leucena,e poucos conheçem as gliriçideas,tampouco o nim indiano. que sao plantas adaptaveis no semi-arido.
VIRGÍLIO JOSÉ PACHECO DE SENNA

SANTO AMARO - BAHIA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 20/11/2013

Muito importante para o Semiárido a utilização da Catingueira - Poincianella pyromidalis-

outra muito importante é a Faveleira -Cnidoscolus quercifolius. Não sei o que seria da região do Semiárido da Bahia se não existissem estas plantas para alimentação dos rebanhos Ovinos e Caprinos. Estamos em uma Seca de já tres anos sem chuvas na região a perca dos rebanhos em quantidade e qualidade Genética se torna incalculavel.
HERNANDES MEDRADO FILHO

MARCIONÍLIO SOUZA - BAHIA

EM 08/09/2013

Tenho utilizado a catingueira ,conhecida aqui como "Catinga de Porco",tanto para alimentação de caprinos como tambem para Chá EXCELENTE para estomago em humanos.
BERNARDO DE CARVALHO AZEVEDO

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS

EM 07/09/2013

Bom dia,



Na reportagem é descrito que deve ser evitado o arraçoamento dos animais no período de cobertura e inicio de gestação, porque? Causa algum problema reprodutivo nos reprodutores? Qual substancia existente no feno da Catingueira que poderia causar aborto em início de gestação?

Visando o sistema de criação que é utilizado no semiárido da Bahia e em inúmeras outras regioes do nordeste, os animais são criados de forma extensiva e sem nenhum controle de cobertura por estação de monta ou outro método, como que o pequeno produtor rural vai utilizar o feno da Catingueira sendo que existe o risco reprodutivo para o seu rebanho?

Vamos realizar mais estudos para não acabar prejudicando os rebanhos, mesmo pensando no período de grande seca que ocorre nessas regiões.



OBS: Sou também criador de ovinos, e minha propriedade é na Bahia onde tenho grande quantidade da catingueira e sofro muito com a seca, espero poder utilizasa de forma segura no meu rebanho.

att,

Bernardo Azevedo
JOSÉ CARLOS RODRIGUES DA LUZ

SERRA TALHADA - PERNAMBUCO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 02/09/2013

Olá senhores!

Aqui no semiárido- São José do Belmonte, Pe., temos  esta espécie em grande quantidade na caatinga e  é muito apreciada pelas abelhas para produção de mel. Entretanto a utilização em forma de feno preparado pelo homem  e  servido aos animais ainda é muito tímido pelo fato de pouco conhecimento do seu uso e provavelmente pela mão de obra ; é sabido que os animais á consomem a pasto , e também que a sua vagem (bage) seca ao cair  se  consumida transforma-se em flepas muito afiadas e podem chegar a cortar órgãos  internos dos animais causando-lhes a morte (sempre ouvia dizer os velhos criadores de gado (meu avô) que quando a bage da catingueira começa amadurecer é hora de recolher o cado da caatinga !. Gostaria de  ouvir  se isto é verdade cientificamente ? E se é possível utilização da bage  triturada sem o risco de  causar danos aos animais?  . Agradeço a quem puder instruir-nos melhor sobre este assunto.  Abraço  José Carlos 01.09.2013 -Técnico em Zootecnia e Agroindústria  e futuro criador de caprinos e ovinos. (resposta para:josejcluz@hotmail.com) Gratos.
LOURIVAL ARAUJO DE SOUSA

SALVADOR - BAHIA - PRODUÇÃO DE CAPRINOS DE CORTE

EM 29/08/2013

Conhecemos o produto e as tecnicas de uso e produção de feno.Fazemos uso e sugerimos aos criadores de caprinos.
AILSON JOAO FILHO

FLORESTA - PERNAMBUCO - ESTUDANTE

EM 29/08/2013

Aqui na minha região temos um grave problema com essa árvore da caatinga logo após sua produção, é que as casca das vagem ficando dispersa pelo solo, sendo consumidas pelos ruminantes provocando empazinamento em alguns caso levando a morte.
JOSELINO COSTA LIMA

MACAÚBAS - BAHIA - PRODUÇÃO DE OVINOS

EM 29/08/2013

Boa dica pra regiao que tem esta planta nativa.

E viavel plantar plantar?

Como produzir mudas?

Garto.

Joselino.
ITIEL

JUAZEIRO - BAHIA - ESTUDANTE

EM 27/08/2013

venho da ragião de Uauá e lá os animais não aceitam essa plante nem no período seco que é quando mais sofrem com a falta de alimentos, exceto em um pequeno período que acontece quando caem as primeiras chuvas a a catingueira que estava totalmente seca rebrota, esses brotos costumam ser de coloração arroxeada, e nota-se que os animais experimentão mais como ha disponibilidade de outros tipos de forragem elas esquecem a catingueira. a outra situação é quando falta milho pra completar o silo então usamos a folha da catingueira, ao abrir o silo tudo esta misturado e deve ter o mesmo cheiro e talvez o sabor seja parecido.       
DANIEL PIMENTEL GOMES

FORTALEZA - CEARÁ - PRODUÇÃO DE CAPRINOS DE LEITE

EM 27/08/2013

NOTICIA BOA,ALIMENTAÇÃO ALTERNATIVA E NATURAL.PARABÉNS EMBRAPA
JOELMA

SÃO JOSÉ DO BELMONTE - PERNAMBUCO

EM 27/08/2013

Aqui no sertão nos se viramos como podemos a própria natureza se encarrega de nos ajudar a conviver com  a seca...

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