Introdução
A brucelose ovina é uma doença infecciosa causada por bactéria da família Brucellaceae, gênero Brucella, espécie Brucella ovis que causa infecção caracterizada por redução da fertilidade e aborto nas ovelhas, aumento da mortalidade perinatal de cordeiros e principalmente epididimite nos carneiros.
Além de infectar os ovinos, também pode atingir cabras, veados e o homem. No entanto, não possui caráter zoonótico.
Epidemiologia
A brucelose dos ovinos por muito tempo estava amplamente difundida e já foi relatada em todos continentes e países onde há a criação de ovinos. Já foi comprovada a presença na África, Europa, Austrália, Nova Zelândia, Argentina , Chile, Peru, Uruguai, Estados Unidos, Canadá e Brasil (especialmente Rio Grande do Sul), observando-se índices de 60%-75%.
A partir da década de 90, ocorreu uma ascensão da ovinocultura de carne em relação à destinada a produção de lã. Em especial, houve um aumento da criação de ovinos da raça Santa Inês, principalmente nos Estados do Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste.
O rebanho nacional possui aproximadamente 14 milhões de ovinos distribuídos da seguinte forma:
Tabela 1. Demonstrativo do rebanhos principais Estados criadores de ovinos
No Brasil não existem programas destinados a atender a sanidade das criações de ovinos, pois a brucelose ovina é considerada uma doença sem importância, somente é dada ênfase quando surgem casos de epididimite dos carneiros.
Transmissão
A via de transmissão entre os machos é preferencialmente venérea, podendo também ocorrer de forma passiva dentro do rebanho ou através do contato ativo entre os carneiros e as ovelhas. A infecção no grupo de machos também pode ocorrer através das vias aéreas, saliva e pelo hábito homossexual.
Aparentemente as ovelhas são menos atingidas do que os carneiros, e o sintoma clínico é manifestado durante o período de reprodução, quando a infecção progride resultando em morte embrionária ou nascimentos de cordeiros débeis e fracos. Nas ovelhas abortadas, as brucelas podem estar presentes por período de até 60 dias, sendo eliminadas gradativamente pelas descargas uterinas, placentárias e no leite.
Apesar da doença se manifestar com o aborto nas fêmeas, é pouco considerada nas mesmas, pois a ovelha produz uma "autocura temporária", caracterizada pela migração das brucelas para linfonodos e desse modo, pode a doença manifestar novamente em outra estação reprodutiva.
A via de infecção nos machos é preferencialmente através da contaminação bacteriana da mucosa do prepúcio. Deve-se considerar também a infecção via conjuntival e oral.
Aspectos econômicos
Em rebanhos endêmicos há aumento na reposição de machos, que pode chegar à 30% aproximadamente e, em rebanhos recém infectados, a faixa de reposição varia de 15 a 20%.
Os custos de um programa de controle estão relacionados com alguns fatores, dentre eles:
- Consultoria de um Médico Veterinário
- Exames laboratoriais rotineiros
- Reposição de machos no plantel
- Abortos nas ovelhas, mortes de cordeiros no período perinatal
Patogenia
A penetração das brucelas ocorre principalmente pela mucosa prepucial ou ocular no macho e vaginal na ovelha. Nesses locais, as bactérias são capturadas pelos macrófagos, devido a uma importante propriedade das brucelas associada à virulência, na qual detém a habilidade de sobreviver e multiplicar no interior das células fagocitárias (impedir fusão do lissosomas com o fagossoma). Este fator está ligado principalmente às estruturas da parede bacteriana. Em seguida, as brucelas reproduzem e são transportadas até o linfonodo regional, onde reproduzem novamente e causam uma bacteremia que culmina pela colonização dos órgãos alvos (útero grávido da ovelha e epidídimo dos carneiros).
Sinais clínicos
O primeiro sinal clínico nos machos é a deterioração da qualidade do sêmen. São também observados: reação inflamatória na bolsa escrotal e reações sistêmicas como febre, taquipnéia e depressão. Quando a síndrome desaparece, é possível verificar através da palpação, alterações no epidídimo, testículos com tamanhos diferenciados e aumento do tamanho da bolsa escrotal.
Nas ovelhas, observa-se: aumento do período da estação de monta com repetição de cios (superior a 45 dias), aumento do número de abortos, aumento do número de nascimentos de cordeiros fracos/débeis e nos cordeiros, mortalidade perinatal.
Referências
BLOOD, D.C., RADOSTITS, O.M., ARUNDEL J.H. Clinica veterinária.7 ed. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 989, p. 637-646.
OFFICE INTERNACIONAL DES EPIZOOTIES- Manual of standards for diagnostic test and vaccines. 3ºed., Paris: OIE,1996, p 346-362.
MORAIS, O. O Melhoramento Genético dos Ovinos no Brasil: Situação Atual e Perspectivas Para o Futuro. www.ovinocultura.com.br/artigo3.htm