O início da implementação das medidas de biosegurança em um rebanho passa pelo conhecimento e avaliação das portas de entrada da doença no rebanho. Seguindo-se a esta etapa, procure organizar esquematicamente as faixas etárias presentes na propriedade e estabelecer um fluxograma da movimentação dos animais.
Feito isto, o próximo passo é identificar as doenças presentes no rebanho, sendo então de fundamental importância o conhecimento das principais doenças infecciosas e sua forma de transmissão.
Assim sendo, observe abaixo uma tabela detalhada com algumas das principais informações que tornam mais simples avaliar quais as doenças e quais os métodos de controle mais adequados a cada situação, em cada rebanho.
Seguindo-se à avaliação das doenças presentes no rebanho, é importante reconhecer que o manejo do esterco é um relevante fator de biosegurança, já que muitas doenças podem ser disseminadas através do contato com as fezes.
O esterco pode contaminar a água, a pastagem, o feno e os demais alimentos na propriedade. Dentre os patôgenos que podem ser disseminados pelo esterco, destacam-se principalmente: BVD, Coccidium (Eimeria), Criptosporideo, Salmonella, Campylobacter fetus, Escherichia coli, Mycobacterium paratuberculosis, Listeriose. Por isso, é necessário ter muita atenção com os equipamentos que são utilizados para manejar o esterco, os quais devem ser lavados com água sob pressão após o uso e nunca devem ser utilizados para manejar a dieta ou ingredientes da dieta dos animais, independente da faixa etária.
Vale lembrar que os veículos que vêm de fora da propriedade não devem entrar na área onde os animais são mantidos. Entretanto, caso seja inevitável a entrada, os pneus devem ser lavados.
Um outro ponto associado a biosegurança e que merece atenção é a forma de eliminação das carcaças dos bovinos mortos. Na maioria dos casos enterrar os animais é a melhor opção, sendo o método mais simples e mais barato. Todavia, alguns cuidados merecem ser destacados. A escolha do local é um importante fator, já que as covas devem ser feitas pelo menos à 50 metros de distância das instalações e das pastagens. Deve-se ponderar que após a decomposição da carcaça, não pode ocorrer a contaminação do lençol d'água e, por isso, as covas devem ficar pelo menos a 3 metros do lençol d'água. Evitar principalmente a proximidade com áreas que podem ser alagadas em algum período do ano, rios, riachos e nascentes.
Depois de enterrados os animais, as covas devem ser cobertas com atenção para que cachorros ou outros animais não tentem cavar e retirar fragmentos da carcaça. Depois de coberta as valas onde jazem os animais mortos é recomendável cercar a área e manter o local identificado para alertar as pessoas.
Por fim, mas não menos importante, as medidas de biosegurança abordadas nestes artigos representam uma abordagem geral sobre o tema, mas já oferecem informações que direcionam o produtor rumo ao caminho da biosegurança. Deve-se salientar que cada propriedade rural é um caso diferente e por isso merece um conjunto de regras específicas para cada caso.
Neste sentido, deve-se ressaltar que as medidas de biosegurança são fundamentadas no manejo diário do rebanho e por isso é essencial a motivação dos funcionários e a compreensão dos mesmos sobre a importância e seriedade da biosegurança para a sanidade do rebanho, para que assim as tarefas sejam executas com a atenção merecida.
Fonte:
Haskell, S. R. R. Biosecurity Practices: Facility Cleaning and Disinfection. Disponível em https://www.milkproduction.com. Acesso em: 14 setembro 2004.
Morley, P. S. Biosecurity of veterinary practices. Vet. Clin. Food Anim., v.18, p.133, 2002.
Suttmeier, J. C. Carcass Disposal. Disponível em https://www.milkproduction.com Acesso em: 14 setembro 2004.