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Avaliação da interação retireiro-vaca no momento da ordenha

POR MARCELO SIMÃO DA ROSA

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 22/03/2010

4 MIN DE LEITURA

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A interação retireiro-vaca leiteira na ordenha influencia o comportamento, produtividade e bem-estar animal. Ela também é importante para o sucesso financeiro e o marketing da propriedade. Propriedade que oferta melhores condições para que seus animais tenham bem-estar adequado tem possibilidade de maior lucratividade e melhor imagem junto ao mercado consumidor de seus produtos.

A avaliação do bem-estar animal geralmente é realizada por técnicos especializados, tornando-a limitante financeiramente a uma boa parte dos pecuaristas. Para que todos os proprietários tenham condições de avaliar a qualidade da interação que é desenvolvida durante a ordenha, estamos propondo um sistema de avaliação que indicará qual é a qualidade da interação e, por consequência, a qualidade do retireiro e o nível de bem-estar das vacas na ordenha.

O nível de bem-estar na ordenha poderá ser bom, quando as vacas estão tranquilas, ou ruim, quando as vacas apresentam comportamentos indesejáveis. A qualidade da interação poderá ser classificada de acordo com as seguintes classes:

-Interação insignificante: os retireiros realizam a ordenha praticamente sem interagir com a vaca, não empregando nenhum, ou com baixa frequência relativa, os comportamentos considerados como fortes influenciadores no comportamento das vacas em lactação. Assim, a ordenha é realizada de maneira monótona e o comportamento do retireiro pode ser considerado neutro. O comportamento dos animais durante a ordenha também são pouco perceptíveis: baixa ocorrência de ruminação, baixa ocorrência de defecação e micção e baixa reatividade. Os animais se apresentam como se estivessem entediados. Entendemos que nessa situação o bem-estar animal está ruim.

-Interação desaconselhável: os comportamentos negativos exercem maior influência no comportamento da vaca, embora pudessem ocorrer comportamentos humanos positivos. Devido à maior influência dos comportamentos negativos, quando o comportamento positivo é realizado, os animais respondem negativamente, uma vez que já reconheceram o retireiro como aversivo. Os animais apresentam comportamentos indesejáveis. Esses são acentuados quando o retireiro direciona a ação, por meio do tato ("tatear", "bater", "torcer cauda" ou "empurrar") ou da voz ("conversar", "nomear" ou "gritar"), de maior frequência relativa. O bem-estar animal está ruim.

-Interação instável: os comportamentos negativos exercem maior influência no comportamento da vaca, embora possa ser maior a frequência relativa dos comportamentos positivos. Os retireiros são reconhecidos como aversivos. Os animais apresentam comportamentos indesejáveis, provocados pela inconsistência do retireiro em definir o tipo de ação durante a lida com os animais. O bem-estar animal está ruim.

-Interação aconselhável: os comportamentos positivos exercem maior influência no comportamento da vaca, embora possa ocorrer comportamento negativo. Este tipo de interação é um dos alicerces da ordenha sustentável. Os retireiros são reconhecidos como positivos e os animais apresentam comportamentos indesejáveis de forma pontual quando a ação aversiva é aplicada. O nível de bem-estar do animal está bom.

Para conhecer a qualidade da interação retireiro-vaca leiteira, os seguintes passos deverão ser realizados:

1) o observador (proprietário, supervisor dos retireiros ou qualquer outra pessoa que esteja habituada com as vacas e com os retireiros) deverá, em períodos regulares, acompanhar as ordenhas. Neste momento, registrará o comportamento dos retireiros durante a acomodação e liberação das vacas da sala de ordenha, por meio da ocorrência (ou não) das seguintes categorias comportamentais:

a) Conjunto de ações positivas: Conversar (Cv) - fala dirigida ao animal com timbre de voz suave; Tatear (Tt) - toque suave com as mãos; Nomear (Nm) - pronúncia do nome da vaca com timbre de voz suave.

b) Conjunto de ações negativas: Bater (Ba) - pancada que o animal sofre do retireiro; Gritar (Gr) - fala com timbre de voz acentuado; Empurrar (Em) - esbarro agressivo intencional; Torcer a cauda (Tc) - torção da cauda.

2)Após os dados colhidos, irá esquematizar dois blocos: o de ações positivas (Cv, Tt, Nm) e o de ações negativas (Ba, Gr, Em e Tc). Calculará a frequência relativa por ação (Cv, Tt, Nm, Ba, Gr, Em e Tc) e após, a freqüência relativa média do bloco.

3)Calcular a razão entre as frequências relativas médias do bloco positivo e do bloco negativo. Verificar em qual situação a razão se enquadra:

a)Menor que 0,25: interação insignificante
b)Entre 0,26 e 1,55: interação desaconselhável
c)Entre 1,56 e 6,45: interação instável
d)Maior que 6,45: interação aconselhável
e)Quando igual a 0,0 (zero):
e.1) se as frequências relativas dos blocos positivo e negativo forem iguais a 0,0 (zero), a interação é insignificante;
e.2) se a frequência relativa do bloco positivo for, no máximo, igual a 6,45%, a interação é insignificante;
e.3) se a frequência relativa do bloco positivo for maior que 6,45%, a interação é aconselhável;
e.4) se a frequência do bloco negativo for, no máximo, igual a 6,45%, a interação é insignificante e
e.5) se a frequência do bloco negativo for maior que 6,45%, a interação é desaconselhável.

Por exemplo, na observação de 100 vacas na fase de acomodação e liberação da ordenha, ocorreram as seguintes ações positivas:10 de conversar, 14 de tatear e 1 de nomear, perfazendo as frequências relativas de 10%, 14% e 1%, respectivamente. Em termos de ações negativas, foram identificadas, hipoteticamente: 5 de bater; 20 de gritar; 1 de empurrar e 2 de torcer a cauda, resultando nas respectivas frequências relativas de 5%, 20%, 1% e 2%. Empregando média aritmética dos dois grupos, chega-se a uma frequência média relativa de atitudes positivas de 8,33% e das negativas de 7%. A partir daí, calcula-se a razão entre elas (8,33/7,00) atingindo-se o valor de 1,19, que de acordo com a classificação acima significa uma interação desaconselhável.

Referência:

ROSA, M. S. Ordenha sustentável: a interação retireiro-vaca. 2004. 83 f. Tese (Doutorado em Zootecnia) - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 2004.

MARCELO SIMÃO DA ROSA

Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais - campus Muzambinho. Atua na área de Etologia/Bem-Estar Animal e Bovinocultura Leiteira e Bovinocultura de Corte.

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DEYSE CAROLINA DE SOUSA

BLUMENAU - SANTA CATARINA - ESTUDANTE

EM 04/11/2013

Boa noite Marcelo, tudo bem? O seu texto é ótimo e me ajudou muito. Estou a procura do artigo que você usou como referencia.

ROSA, M. S. Ordenha sustentável: a interação retireiro-vaca. 2004. 83 f. Tese (Doutorado em Zootecnia) - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 2004.



Você sabe como eu posso consegui? Ja procurei muito e não o encontro

Obrigada

Deyse C. de Sousa

de_carol@hotmail.com
JOSÉ CARLOS SILVA JÚNIOR

PASSOS - MINAS GERAIS - ESTUDANTE

EM 29/09/2010

Parabéns pelo artigo Marcelo, e pelas dicas de sites estão sendo de muita importancia no meu crescimento proficiona!
Sucesso!
GILBERTO BERRINGER DE ASSUMPÇÃO

CRUZEIRO - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 01/04/2010

Marcelo,

Muito bom o seu texto. Gosto muito dessa area de bem-estar, nós técnicos temos que nos preocupar com produção e um dos pilares é o bem-estar animal.

Abraços
MARCELO SIMÃO DA ROSA

MUZAMBINHO - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 26/03/2010

Prezado André Luis!

A fala humana é de extrema importância durante a lida com os animais, seja de produção, silvestre ou de companhia. Quando o ordenhador chama as vacas e elas realizam o deslocamento por vontade própria, o que ele está praticando é o condicionamento operante, ou seja, as vacas vão espontaneamente porque sabem que serão ordenhadas naquele momento (reforço positivo). A ordenha é uma recompensa para o animal, pois alivia a pressão negativa do úbere. Bovinos escutam sons mais altos e mais baixos em comparação à nossa audição. A altura da fala humana a ser dirigida ao animal deverá ser a mesma que empregamos numa conversa normal, entre nós (pessoas). Pelo comentado, o ruído da sala de máquinas é alto, o que faz com que o ordenhador emita um som mais alto ao chamar as vacas. Mesmo este som sendo alto, as vacas não estão o reconhecendo com um grito agressivo, provalvelmente, porque a entonação é diferente e também pelo fato do som está sendo abafado pelo ruído. Ruídos altos nos estressam e também estressam as vacas, podendo haver perda auditiva de ambos (ordenhador e vaca). Pessoas estressadas tendem manifestar ações negativas com maior frequência e consequentemente desenvolverem a interação desaconselhável ou a instável. Não temos informação precisa sobre o prejuízo na produção leiteira quanto ao ruído. O que sabemos, nesse sentido, é: 1) a ação "gritar" pode provocar uma queda de até 2,8 kg de leite/vaca/ordenha (média rebanho igual a 22 kg de leite/vaca/dia); 2) música durante a ordenha, numa altura não estressante, acalma o retireiro e consequentemente a vaca e 3) ruidos altos na sala de ordenha fazem com que as vacas permaneçam no fundo da sala de espera, dificultando a entrada na sala de ordenha.
Atenciosamente.
Marcelo
ANDRÉ LUIS

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - ESTUDANTE

EM 22/03/2010

Boa noite,

na minha propriedade o meu ordenhador ´conversa"muito com as vacas. por exemplo, ele chama todas as vacas pelo nome, do curral e elas entram na ordenha, com rarissimas excessões, necessitam ser buscadas, porem ele grita ao chama-las, isso tem algum efeito negativo. Outro ponto que me chama muito atenção é o ruido provocado pela ordenhadeira, que é bastante alto, e ele ainda escuta som mais alto, para poder compensar o alto ruido promovido pela ordenha. Qual o impacto disso para a produçao de leite?

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