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Amamentação interrompida: estratégia na produção de cordeiros

VÁRIOS AUTORES

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 03/12/2010

4 MIN DE LEITURA

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A ovinocultura de corte têm se destacado dentro do cenário produtivo como uma das possibilidades para incrementar o desenvolvimento rural no Brasil. Na região Sul do país, onde pode haver disponibilidade de forragem o ano inteiro, a produção e terminação de cordeiros têm sido feita frequentemente em pastagens.

Entretanto, as parasitoses surgem como questão crucial da produção de ovinos neste sistema, e se tornam mais agravantes quando acometem animais jovens. Todavia, a manutenção do rebanho exclusivamente em confinamento representa custo elevado com alimentação, e acaba muitas vezes inviabilizando esse sistema. Além disso, devido à estacionalidade reprodutiva da espécie, nos métodos naturais de criação, as ovelhas realizam única parição durante o ano, com intervalo entre partos de 12 meses. Esses fatores têm acarretado, muitas vezes, índices zootécnicos indesejados e limitada eficiência produtiva na ovinocultura

Diante disso, a amamentação interrompida ou mamada controlada, utilizada com frequência na bovinocultura de corte, pode ser estratégia interessante a ser adotada também pelos produtores de ovinos.

O manejo consiste basicamente na separação dos cordeiros das mães diariamente em intervalo de tempo pré-determinado (6 a 12 horas), a partir do 15º dia de vida. Isto permite a amamentação sem que haja grande desgaste das matrizes, preserva os filhotes do forte estresse do desmame repentino, poupa os mesmos de longas caminhadas e principalmente dos prejuízos da verminose, pois não há contato com os helmintos na pastagem (principalmente nas épocas mais chuvosas do ano), além de propiciar condição nutricional favorável com a presença do leite materno.

É importante fornecer alimento sólido palatável aos cordeiros a partir do 10º dia de idade para estimular a ingestão, e assim beneficiar a adaptação à separação materna e melhorar o desenvolvimento ponderal destes animais.

Esse método de controle da amamentação já é bastante utilizado na Região dos Campos Gerais do Paraná, onde as ovelhas são recolhidas a tarde, pernoitam junto com as suas crias e durante o dia são conduzidas novamente ao pasto. Assim sendo, torna-se possível o fornecimento de alimentação adequada para ambas às categorias, ou seja, os cordeiros podem receber ração balanceada para crescimento e engorda no confinamento e as ovelhas podem ser suplementadas a pasto, quando houver necessidade. Dessa maneira, as mesmas podem alcançar condição corporal adequada mais rapidamente para entrar em monta novamente, pois deverá haver redução na demanda energética da lactação, e esta energia pode ser direcionada para estabelecimento de um novo ciclo reprodutivo.

Além da boa condição nutricional, outro fator positivo da técnica, do ponto de vista reprodutivo, é a redução do estímulo mamário. Em condições de amamentação contínua, esse estímulo altera a função ovariana e resulta em aumento do tempo de anestro das ovelhas (LEAL, 2007). Convém enfatizar que esse restabelecimento da atividade reprodutiva é possível mesmo em raças estacionais, desde que estas sejam submetidas a adequados protocolos de sincronização de cio.

Com isso, pode ocorrer grande redução no intervalo entre partos que é característica diretamente vinculada à rentabilidade da produção. Há aumento no número de cordeiros nascidos por ovelha/ano, aumentando assim a eficiência reprodutiva do animal e a produtividade do sistema. Pesquisas realizadas pela Embrapa Meio-Norte, com adoção da técnica de amamentação interrompida, encontraram redução considerável do período de anestro pós-parto de 120 para 74 dias em ovelhas da raça Santa Inês (LEAL, 2007).

De acordo com Pollot e Kilkenny (1994), um sistema racional de produção de carne deve englobar bom potencial de crescimento dos cordeiros e boa capacidade reprodutiva dos rebanhos que dão origem a estes. Assim, a técnica se mostra compatível com essa ideia, pois os resultados encontrados até o presente momento têm sido interessantes tanto no que diz respeito aos cordeiros quanto às mães.

No Laboratório de Produção e Pesquisa em Ovinos e Caprinos - LAPOC/UFPR, após constatação da importância das mães nos sistemas de produção nos estudos previamente realizados, buscou-se avaliar o desempenho de cordeiros Suffolk sob a condição de amamentação controlada em comparação a cordeiros desmamados e terminados em pastagem de azevém e a cordeiros desmamados e terminados em confinamento. Na pastagem, os animais receberam suplementação concentrada a 2% do PV/dia e no confinamento foram alimentados à vontade, com dieta de elevada densidade energética composta por 60% de ração concentrada e 40% de silagem de milho.

Observou-se que, mesmo no confinamento, a presença da mãe influenciou muito positivamente o desempenho dos cordeiros, que atingiram peso de abate (36 kg) aos 79 dias de idade, com ganho de peso médio de 445 gramas/animal/dia. Esse resultado foi 46,5% superior aos encontrados com os animais desmamados e terminados na pastagem (238 gramas/animal/dia) e 17,5% em relação aos desmamados em confinamento (367 gramas/animal/dia). Após o abate, os animais criados em amamentação controlada apresentaram também carcaças com maior grau de conformação, e maiores pesos e rendimentos de carcaça (Fernandes et al., 2007).

A estratégia de amamentação controlada apresenta potencial para se tornar importante ferramenta na ovinocultura, pela sua eficácia na terminação de cordeiros confinados e na melhora da eficiência reprodutiva das fêmeas. Seria importante efetuar análise do resultado econômico para verificar a viabilidade da adoção da técnica, principalmente no caso de necessidade de utilização de protocolos de indução de cio, em raças estacionais. Vale ressaltar também que, com pequenos ajustes, muitas das informações aqui discutidas podem ser aplicadas também no manejo dos rebanhos caprinos.

Referências Bibliográficas

FERNANDES, S.R.; MONTEIRO, A.L.G.; NATEL, A.S.; et al. Desempenho, Condição Corporal ao Abate e Medidas Quantitativas e Objetivas da Carcaça de Cordeiros em Três Sistemas de Terminação. In: 44ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2007, Jaboticabal-SP. Anais... Sociedade Brasileira de Zootecnia. Jaboticabal-SP, 2007.

LEAL T. M.; Retorno ao estro pós-parto em ovelhas da raça santa Inês e desempenho ponderal dos cordeiros: influencia do manejo da alimentação e da amamentação. 2007. Faculdade de Veterinária: Universidade Estadual do Ceara, 2007. (Dissertação de mestrado).

MONTEIRO, A.L.G.; SILVA, C.J.A.; FERNANDES, S.R.; et al. Criação e terminação de cordeiros a pasto - implicações econômicas e qualidade do produto final. In: V Simpósio Mineiro de Ovinocultura, 2009, Lavras. Anais... Lavras: Editora da UFLA, 2009. v. 5. p. 89-146.

POLLOT, G.E.; KILKENNY, J.B. Carne. In: Nuevas tecnicas de producción ovina, 1994. p.13-28.

EDSON F EVARISTO DE PAULA

Zootecnista (UFPR),
Mestre em Ciências Veterinárias (UFPR)
LAPOC - Laboratório de Produção e Pesquisa em Ovinos e Caprinos da UFPR

ALDA LÚCIA GOMES MONTEIRO

Coordena o Laboratório de Produção e Pesquisa em Ovinos e Caprinos (LAPOC) da UFPR

DAMARIS FERREIRA DE SOUZA

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MARITA VIDAL

ARAPARI - PARÁ - PRODUÇÃO DE OVINOS

EM 03/12/2010

Bom dia. Gostei bastante do artigo porém tenho uma dúvida. Vocês não acham que separar as mães dos seus filhotes (mesmo um período do dia) não gera um estresse? E estresse dificulta a engorda e causa outros problemas. Obrigado e parabéns!

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