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A espessura da sola do casco com dois diferentes tipos de casqueamento preventivo

POR RENATA DE OLIVEIRA SOUZA DIAS

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/06/2003

4 MIN DE LEITURA

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Atualizado em 28/09/2022

Vacas com solas finas e sensíveis são um dos maiores problemas dos grandes confinamentos. Existem várias causas para este problema, dentre elas a excessiva retirada de tecido córneo durante o casqueamento preventivo. Para avaliar os efeitos de dois diferentes tipos de casqueamento preventivo, pesquisadores de diferentes Universidades dos EUA (University of Tennessee, University Plaza (Atlanta), University of Flórida) avaliaram cascos de 204 vacas após o abate.

A taxa de desgaste da sola depende da resistência e da concentração de água no tecido córneo. Já a quantidade de água no tecido córneo, depende da estrutura do casco, do ambiente e do manejo dos animais. Suspeita-se que exista uma correlação entre a quantidade de túbulos no tecido córneo e absorção de água. Em condições ambientais com grande umidade foi demonstrado que o casco do membro anterior pode ter até 70% de água.

Nos sistemas intensivos de confinamento o casco é continuamente exposto à elevada umidade e, desta forma, altas taxas de desgaste podem ser esperadas. Os fatores que, particularmente, contribuem para altas taxas de desgaste no casco são:
 

  • Concreto: Vacas que percorrem grandes distâncias sobre um piso de concreto até a ordenha, principalmente nos casos de 3 ordenhas, têm maior desgaste do casco. Além disso, sabe-se que concretos ainda novos causam um maior desgaste do casco sendo cerca de 83% mais abrasivos.



  •  
  • Fatores sociais: A disputa social entre os animais, como por exemplo, entre vacas jovens e velhas; entre vacas recém colocadas em um lote, contribui para o desgaste da sola.



  •  
  • Baixo conforto animal: lotes com excesso de animais, instalações mal dimensionadas, insuficiente número de camas no "Free Stall" e o estresse térmico colaboram para a redução do período em decúbito e, consequentemente, para o desgaste da sola.



  •  
  • Qualidade do casco: a laminite está associada com o casco de baixa qualidade e mais frágil. Solas finas foram observadas, mesmo antes do parto, em novilhas acometidas com laminite.



  •  
  • Manejo: forçar os animais a se locomover rapidamente durante o manejo (ordenha, vacinação, etc.) é também fator importante para aumentar a taxa de desgaste da sola. Na grande maioria das vezes, a pessoa que conduz os animais para a ordenha sabe que os animais preferem andar em certos pontos do corredor, geralmente áreas menos abrasivas do piso; por isso, esta "preferência" dos animais deve ser respeitada.



  •  
  • Casqueamento: a remoção excessiva de tecido córneo durante o casqueamento pode tornar a sola mais frágil e predisposta à lesões.

 


Já foi observado que cascos com crescimento excessivo e solas espessas apresentam alteração na dinâmica de distribuição do peso. Quando o comprimento da pinça aumenta e a sola nesta região torna-se espessa, há um deslocamento do centro de apoio durante a locomoção, que irá se concentrar no talão do casco. Estas alterações predispõem a injúrias no tecido córium, principalmente na região abaixo do tubérculo flexor da terceira falange. Estes insultos no tecido córium podem levar à ocorrência de Hematomas de sola e até Úlceras de sola nos casos mais severos.

Um estojo córneo, de uma vaca holandesa adulta, que apresenta uma adequada proteção das estruturas internas (córium), possui em média:

 

 

 

  • 5 a 7 mm de espessura na sola

  • 7,5 cm de comprimento da muralha dorsal

 


Sabe-se que a espessura da sola na região próxima à pinça é um pouco menor que a espessura da sola na região próxima ao talão, considerando cascos normais sem alterações de conformação. Por exemplo, pesquisadores relataram em estudos com peças de casco uma espessura na sola de 5 à 10 mm próximo à pinça e 8 à 15 mm próximo ao talão.

No estudo abordado neste artigo, pesquisadores submeteram os cascos a três diferentes tipos de casqueamento, sendo eles:

- Grupo 1: Não foram casqueados

- Grupo 2: Foram submetidos ao casqueamento preventivo com 4 cortes, sendo

Corte 1 - Aparar as pinças das unhas maiores que 7,5 centímetros de comprimento

Corte 2 - Rebaixar a região da sola próxima à pinça para que o animal se apóie mais na sola do que na região do talão

Corte 3 - Abertura das unhas próximo à região do espaço interdigital: (facilita a saída de sujidades e previne gabarros, podridão de casco, verrugas de casco)

Corte 4 - Alinhar os talões (distribuindo melhor o peso do animal) (OBS. Os cortes foram detalhados no artigo sobre Casqueamento Preventivo publicado nesta seção em 2002)

- Grupo 3: Foram submetidos ao casqueamento preventivo similar ao do Grupo 2, com exceção do corte 2. Neste caso, a sola foi rebaixada até o momento no qual aparece o contorno total da Linha Branca na região próxima à pinça. (Observe o desenho da Figura 3).

Após os casqueamentos descritos acima, os cascos de todos os grupos foram seccionados aproximadamente 3 cm atrás da pinça, desta forma, a espessura da sola nesta região foi mensurada. No próximo artigo, serão apresentados os resultados da pesquisa e serão discutidas as vantagens e as aplicações dos dois tipos de casqueamento preventivo abordados acima. Até lá!

 

 

 


Figura 1- Casco com o comprimento da pinça aumentado e a sola, nesta região, mais espessa.

 


Figura 2- Casco com a conformação adequada.

 


Figura 3 - Esquema ilustrando o contorno da linha branca nos dois tipos de casqueamento preventivo. À direita a linha branca aparece em todo o contorno da sola próximo à pinça do casco.

Fonte:

VAN AMSTEL, S.R.; PALIN, F.L.; SHEARER, J.K.; ROBINSON, B.F.Anatomical Measurement of Sole Thickness in Cattle Following Application of Two Different Trimmimg Techniques. The Bovine Practitioner, v.36, p.136, 2002.

RENATA DE OLIVEIRA SOUZA DIAS

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MARCELO MACHADO DE SOUZA LIMA

OUTRO - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 08/06/2003

Em primeiro lugar parabenizar pelo artigo, que está muito bom.
Sou veterinário formado na Universidade de Viçosa e estou há 2 anos e meio nos EUA. Tenho trabalhado muito com casco aqui e no final de 2001 fiz um curso em Gainsville, na Universidade da Florida. Em março desse ano fiz uma prova para ter licença para casquear na mesma entidade, ambas com o Professor J. K. Shearer. É realmente um dos pontos que ele pegou muito foi nao retirar em excesso, principalmente nos 2 primeiros passos do casqueamento, `overtrimming`. Esse é um grande problema aqui principalmente porque os casqueadores sao autônomos e cobram por animal, por isso querem casquear todos os animais, sendo que muito desses não necessitam ser casqueados.

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