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150 ou 600 matrizes. Qual impacto no custo de produção?

VÁRIOS AUTORES

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 15/12/2009

5 MIN DE LEITURA

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Nos textos anteriores "Quanto custa produzir cordeiros?" e "Qual o lucro da produção de cordeiros?" foram discutidos os aspectos de organização de dados e experimentos de campo realizados no Laboratório de Produção e Pesquisa em Ovinos e Caprinos (LAPOC) da Universidade Federal do Paraná para um módulo de 150 ovelhas. Os custos e resultados da atividade foram apresentados, mas muitos devem ter se perguntado: E se tivessem mais matrizes, não seria mais lucrativo? Antes de responder essa pergunta temos que pensar em qual será o impacto no custo de produção se aumentarmos o número de matrizes.

Então vamos apresentar o que obtivemos a respeito do custo de produção para 600 matrizes:

Relembrando os módulos que foram apresentados:

1 Cordeiros terminados ao pé da mãe em pastagem, sem o desmame.

2 Cordeiros desmamados precocemente (45 dias) mantidos em pastagem e suplementados com concentrado com 20% PB em 2% do seu peso por dia.

3 Cordeiros desmamados precocemente (45 dias) mantidos em pastagem e suplementados com concentrado com 20% PB à vontade.

4 Cordeiros desmamados precocemente (45 dias) e confinados em aprisco suspenso com dieta composta por 60% de silagem de milho e 40% de concentrado com 20% PB.

A pastagem utilizada foi de Tifton 85 e azevém no inverno.

Vamos detalhar os custos obtidos nos módulos e comparar com 150 ovelhas que já foi apresentado anteriormente.

Alimentação, Pastagem e Medicamentos

Os gastos com esses dois itens sofreram aumentos proporcionais com o número de animais. No entanto, o aproveitamento da pastagem foi melhor em cerca de 20%.

Desses três itens, o que promoveu mesmo a diferença entre esses sistemas foi a alimentação. Observe que o menor custo foi observado no sistema de terminação de cordeiros ao pé da mãe, já que para esses, o custo com alimentação dos cordeiros foi apenas o pasto, eles não foram suplementados. Nos demais sistemas foi o concentrado ofertado aos cordeiros o responsável pela elevação no custo.

Gráfico 1. Gastos em reais com alimentação, pastagem e medicamentos nos quatro sistemas de terminação de cordeiros.



Conservação e reparos/Depreciação

Não houve muita diferença na quantidade de máquinas e equipamentos necessários. O item que mais influenciou no aumento desse custo de conservação foi a cerca. Como a área foi maior que a necessária para 150 animais, houve necessidade de mais cerca para a área, o que foi responsável pelo aumento do custo.

O mesmo ocorreu para a depreciação, já que a mesma incide sobre os mesmos itens.

Veja que a diferença principal entre os sistemas ocorre no confinamento. Nesse sistema há necessidade de instalação para manutenção de cordeiros, o que encarece, lembrando que nesse caso temos cerca de 680 cordeiros a serem terminados.

Gráfico 2. Gastos em reais com conservação e reparos de máquinas, equipamentos e benfeitorias, e com depreciação dos referidos itens além da pastagem.



Mão-de-obra

Tem grande importância na formação do custo de produção. Quanto mais otimizada e eficiente for a mão-de-obra, menos funcionários serão necessários, o que tem impacto no custo de produção. Nos moldes como foram feitos os sistemas houve necessidade de mais um funcionário para 600 ovelhas em relação à 150, o que dobrou o custo. Além da mão-de-obra permanente, algumas contratações diárias eventuais foram realizadas para auxiliar em algumas atividades.

O sistema de terminação não influenciou no valor da mão-de-obra nos módulos como foram realizados.

Gráfico 3. Gastos em reais com mão-de-obra permanente e temporária nos quatro sistemas de terminação de cordeiros.



Impostos e taxas

Sofreram aumento proporcional, pois ao aumentar o volume produzido os impostos pagos também aumentaram. Houve diferença na mortalidade de cordeiros, sendo que nos sistemas 1 e 4 morreram sete animais a mais que nos sistemas 2 e 3. Portanto, os sistemas com menos animais produzidos geraram menos impostos.

Gráfico 4. Valores em reais referentes à juros sobre o capital de giro e custo de oportunidade do capital investido em terras, benfeitorias, máquinas, equipamentos e rebanho.



Juros e Custo de oportunidade do capital investido

Como o capital investido e o capital de giro foram maiores para manter o módulo de 600 ovelhas, os juros sobre o capital também foi maior.

Gráfico 5. Valores em reais referentes à juros sobre o capital de giro e custo de oportunidade do capital investido em terras, benfeitorias, máquinas, equipamentos e rebanho.



Demais custos

Também aumentaram os gastos com a energia elétrica com relação ao módulo de 150 ovelhas porque o consumo foi maior. O confinamento exigiu gasto um pouco maior devido ao uso de lâmpadas e lavagem do aprisco, mas sem muito efeito no custo total.

Como foram descartados mais animais, o custo de compra de novos animais aumentou. Entretanto, entre os sistemas não houve diferença.

O imposto(ITR) foi o igual em todos os sistemas, já que a área em questão era do mesmo tamanho.

As despesas gerais foram calculadas com base no percentual sobre o custo variável, portanto, quanto maior o custo variável, maior as despesas gerais.

Custo total de produção nos sistemas

Nos gráficos abaixo pode-se verificar os componentes do custo em cada sistema. Observe que em todos os sistemas os custos mais importantes são: alimentação, juros e custo de oportunidade do capital investido e mão-de-obra.

Gráfico 6. Composição do custo total de produção do sistema 1.



Gráfico 7. Composição do custo total de produção do sistema 2.



Gráfico 8. Composição do custo total de produção do sistema 3.



Gráfico 9. Composição do custo total de produção do sistema 4.



O resumo do custo total de produção em cada sistema pode ser observado no gráfico abaixo. Observe que o confinamento foi o sistema "mais caro", com um custo anual 40% maior que o sistema de mais baixo custo (cordeiros ao pé da mãe em pastagem).

Gráfico 10. Custo total de produção para um ano nos quatro sistemas.



Ressalta-se que os dados apresentados neste trabalho tiveram como base o sistema produtivo adotado e executado no LAPOC-UFPR, localizado em Pinhais, região metropolitana de Curitiba, PR, tendo a produção de cordeiros como única atividade. Esses valores não devem ser extrapolados para outras propriedades, já que cada uma tem suas particularidades (valor da terra, benfeitorias, outras atividades agropecuárias) e exige a realização de cálculos específicos.

Neste estudo, o sistema de terminação sem desmame dos cordeiros apresentou melhor retorno econômico, assim como ocorreu para 150 ovelhas. Dessa forma, mudanças em alguns custos podem facilmente mudar o cenário aqui apresentado, o que é bastante interessante.

Com base nesse custo de produção para um módulo de 600 matrizes, no próximo artigo apresentaremos os resultados obtidos: receitas, margens, lucratividade, entre outros indicadores.

Referências bibliográficas

BARROS, C.S.; MONTEIRO, A.L.G.; PRADO, O.R. CUSTARE.1 CD-ROM. custare@gmail.com.

CANZIANI, J. R. F. Uma abordagem sobre as diferenças de metodologia utilizada no cálculo do custo total de produção da atividade leiteira a nível individual (produtor) e a nível regional. In: SEMINÁRIO SOBRE METODOLOGIAS DE CÁLCULO DE CUSTO DE PRODUÇÃO DE LEITE, 1., 1999, Piracicaba. Anais... Piracicaba: USP, 1999.

CARINA BARROS

Médica veterinária
Mestre em Ciências Veterinárias UFPR
Doutora em Nutrição e Produção Animal FMVZ-USP
Pós-doutorado FMVZ-USP
Atuação na avaliação econômica e modelagem

ALDA LÚCIA GOMES MONTEIRO

Coordena o Laboratório de Produção e Pesquisa em Ovinos e Caprinos (LAPOC) da UFPR

MARIA ANGELA FERNANDES

Médica Veterinária pela UFPR
Doutoranda do Programa de Ciências Veterinárias da UFPR
Integrante do LAPOC - Laboratório de Produção e Pesquisa em Ovinos e Caprinos da UFPR

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RUBENS DE CARVALHO MONTENEGRO

MACEIO - ALAGOAS - PESQUISA/ENSINO

EM 28/09/2020

Preciso do whatsapp da senhora
FRANCISCO DE ASSIS DE CARVALHO PIRES

MIRANDIBA - PERNAMBUCO - OVINOS/CAPRINOS

EM 31/03/2010

Bastante interessante o trabalho desenvolvido pelas doutoras Alda e Carina.
Mesmo em uma região bastante diferente na qual foi realizada a pesquisa, da para termos uma ideia e fazermos adaptações ao nosso semi-arido nordestino. Aguardo o próximo artigo para verificarmos a questão da receita e lucratividade.
Continuem nos dando informações valiosas, pois são de muita importância para nós todos.
CARINA BARROS

OSASCO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 18/12/2009

Prezado Wagner,
Após muitos anos de pesquisa da atividade temos resultados para apresentar aos produtores, técnicos e interessados na área. Estamos sempre divulgando nossos estudos de modo a contribuir para o crescimento das atividades.
Desejamos despertar o interesse de todos por cálculos de custos e avaliação econômica da atividade!!!
WAGNER MATHEUS

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE OVINOS

EM 15/12/2009

Caras Doutoras Alda e Carina,

Para uma pessoa que a cada dia mais apaixonado, mas com uma parcela enorme de racionalidade, por esta atividade e por tentar certeza de iniciar de forma absolutamente correta, as informações contidas nos dois estudos para mim são de enorme relevancia e foram abordadas de forma extremamente claras.

Muito obrigado por vocês nos brindarem com uma qualidade fantástico de informações.

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