Há 15 anos os produtores de leite paulistas tiveram fortes motivos para comemorar uma das maiores vitórias capitaneadas pela Leite Brasil, naquela época Leite B. O nascimento de um programa paulista de distribuição de leite.

Com o prestígio de João Saad, então presidente da TV e Rádio Bandeirantes, foi marcada uma audiência no Palácio dos Bandeirantes com o Governador Antonio Fleury Filho no dia 30 de setembro de 1992.

A proposta do programa que saiu da cabeça de um grupo formado por lideranças do setor obteve aprovação e até um agradecimento do Governador, pois se tratava de uma promessa de campanha.

Tive a honra de participar daquela data histórica juntamente com Nelson Mancini Nicolau, representando a FAESP, Lair Antonio de Souza, produtor de leite A, Pedro Camargo Neto, da Sociedade Rural Brasileira e Waldir Ferreira Bastos, então presidente da Leite Paulista, hoje CCL. Honra seja feita a Almir Meireles que desenhou o primeiro esquema de funcionamento do programa.

Tudo começou devido a uma crise de oferta de leite produzido no Estado de São Paulo que ameaçava por em risco o emprego nas propriedades leiteiras e a sobrevivência dos produtores de leite, principalmente os pequenos.

Em toda a trajetória do programa o governo comprou e distribuiu mais de 1,5 bilhão de litros de leite às crianças carentes, 10% da produção de leite do estado.

Todos ganharam, o governo que cumpriu o seu papel social e implantou uma eficiente política agrícola, as crianças carentes e suas mães que puderam fornecer a seus filhos um alimento saudável e gratuito, os produtores de leite que puderam escoar o excedente de produção e as indústrias de laticínios que faturam com a venda ao estado que se tornou um dos maiores compradores de leite do Brasil.

Lembro-me de minhas reflexões sobre as iniciativas daqueles lideres que propiciaram a sobrevivência do produtor de leite: "Se tivéssemos ficado de braços cruzados, esperando que outros resolvessem os problemas da classe que representam, nada disso estaria acontecendo". A verdade daquela época, quando o programa foi implantado, ainda vale na atualidade.

A experiência adquirida pela Secretaria da Agricultura é única e permitiu a evolução e o aperfeiçoamento do programa. Entre elas a mudança do tíquete para distribuição direta pelas entidades, a introdução do enriquecimento com ferro e vitaminas, a inclusão dos idosos como beneficiários e mais recentemente a utilização do pregão eletrônico nas licitações.

O Vivaleite é o maior programa governamental brasileiro de proteção à renda do produtor de leite, ao mesmo tempo em que atende a área social pela distribuição de leite à população carente. É inimaginável viver sem ele e assusta muito saber que sua ausência pode causar uma crise sem precedentes na pecuária leiteira paulista.

Por isso é imprescindível que nos congratulemos com a Secretaria da Agricultura para que o programa permaneça lá no órgão que adquiriu experiência em anos de atuação e formou uma competente equipe que faz o programa funcionar.

Parabéns a São Paulo por mostrar e servir de exemplo a outros estados, como é o caso do Paraná, de como combinar num mesmo instrumento uma bem sucedida política agrícola e uma eficiente política social.