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Um Selo Paulista para garantia da qualidade do leite

POR ROSANA DE OLIVEIRA PITHAN E SILVA

E NELSON PEDRO STAUDT

ESPAÇO ABERTO

EM 09/11/2007

5 MIN DE LEITURA

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A recente divulgação de fraude no leite longa vida (UHT) em Minas Gerais é um fato que gera reflexos no consumo de leite em geral. Mesmo que o decréscimo de consumo não afete completamente o setor, já que leite é alimento relacionado à saúde, há riscos de perda de mercado, pois o consumidor passou a estar mais atento à qualidade do leite.

A fraude do leite e seus derivados é assunto conhecido entre os que trabalham com este segmento. A preocupação com o fato tem sido levantada por alguns setores há algum tempo e foi pauta de discussão em várias reuniões da Câmara Setorial de Leite e Derivados.

O consumidor do leite longa vida está indeciso na hora da compra. Tem receio de tomar um produto perigoso à saúde. Sua primeira opção foi mudar de produto passando a consumir o tipo pasteurizado. As indústrias já nos primeiros dias conviveram um incremento de 10% nos pedidos de compra do varejo.

Este aumento está limitado pela capacidade das indústrias em atender o mercado com leite pasteurizado, pois nem todo laticínio ou cooperativa tem condições de transformar o leite UHT em pasteurizado, pois há diferenças no processamento. Além disto seria necessário uma mudança de logística no transporte e na cadeia do frio que não pode ocorre de uma hora para outra.

Outra possibilidade é a procura por marcas que não estão envolvidas nas denúncias de fraude, mas como a fiscalização sobre todas as marcas ainda está no início, há muita insegurança do consumidor na hora da compra.

Dados da Associação Brasileira de Leite Longa vida informam que o longa vida é o leite mais consumido no país (73,9% em 2005), principalmente pela sua praticidade. O consumidor que está habituado a levar para casa o leite do mês todo tem agora como opção o leite pasteurizado ou leite em pó. No entanto, o fato de ele não ter mais o hábito de ir à padaria e o receio de consumir um produto nocivo à saúde pode levá-lo a optar por produtos não lácteos como o leite de soja ou sucos, que têm apresentado um crescimento de consumo há alguns anos.

Isto pode representar o distanciamento irreversível do consumidor. Para que isto não ocorra é necessária uma reação mais contundente da cadeia de produção. O público deve ser mais bem informado através de ações de marketing que levem o consumidor a não abandonar não só o consumo de leite, mas de seus derivados.

É o momento de algum elo da cadeia coordenar o processo junto à cadeia produtiva com o intuito de reverter rapidamente o quadro negativo do momento.

A qualidade é um ponto primordial no mercado refletindo a preocupação da população e do mercado com a segurança do alimento.

Para Slack, qualidade é antes de tudo "fazer as coisas de maneira certa". É algo que o consumidor pode julgar com certa facilidade, constatado na comparação com que é oferecido e o que é obtido e tem grande influência na satisfação ou não do consumidor (SLACK et al, 2002).

Seu controle é fundamental para garantir a segurança do alimento e viabilizar a conquista e manutenção de mercados internos e externos.

No caso do leite as diferenças entre os produtos oferecidos no mercado não são conhecidas. O consumidor escolhe determinado tipo de leite (UHT, pasteurizado e em pó) normalmente por ser mais barato e/ou mais prático e não pela melhor marca ou sabor.

As novas necessidades e exigências do comércio internacional, com a introdução de barreiras sanitárias, a maior interação dos agentes, a maior dinamização das informações e as novas exigências dos consumidores, levaram a mudanças estruturais no mercado que geraram a necessidade cada vez maior de a agricultura fazer uso de certificações para garantir a qualidade de um produto e agregar valor ao produto.

Neste sentido a certificação é uma garantia de que o produto possui qualidade.

O uso de um selo que tenha como meta principal a qualidade do leite, poderá ter um efeito positivo se o consumidor estiver esclarecido sobre seus atributos e as diferenças em relação aos outros produtos encontrados no mercado.

Os produtos alimentícios em geral têm como fabricantes diversas empresas com diferentes níveis de grandeza, ou seja, desde as menores até as grandes organizações. Mas dentre estas existem as que são líderes de mercado ou referência de um tipo de produto.

No caso do leite, há diversas marcas de leite longa vida oriundas de centenas de laticínios e cooperativas. Normalmente, a população conhece a marca regional de referência de qualidade, mas via de regra o preço deste produto é um pouco superior aos demais.

Portanto, o preço dá abertura a que diversas outras marcas de leite adentrem ao mercado, principalmente porque o leite longa vida tem uma vida de prateleira de vários meses. Não há como o consumidor distinguir a qualidade só verificando e lendo o que diz a embalagem, portanto o preço é um fator importante na eleição do produto a ser adquirido.

Em São Paulo, o Governo do Estado abre a possibilidade de se ter um leite de qualidade por meio do Sistema de Qualidade de Produtos Agrícolas, Pecuários e Agroindustriais do Estado de São Paulo - Lei 10.481, de 29 de dezembro de 1999, com o uso Selo de Qualidade "Produto de São Paulo", que possibilita a certificação de produtos com qualidade diferenciada, indicando que o produto adquirido é oriundo de uma produção onde é feita uma ordenha correta, há um tratamento térmico adequado, não há adição de produtos estranhos ao leite que não seja os devidamente autorizados pela legislação em vigor, etc.

Este selo criado pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo é de adesão voluntária e dirigido "aos produtores rurais e agroindustriais, cujo produto tenha sido produzido no âmbito geográfico do Estado de São Paulo".

É uma iniciativa da Secretaria, que não segue normas e padrões oficiais, mas define-as, com auxílio de especialistas.

Para obtenção do selo é necessária a criação de normas técnicas para certificação do produto, sendo necessário um processo de auditoria na empresa feito por Organismo Certificador habilitado pelo INMETRO.

Segundo a ABNT, a certificação é uma vantagem que atende não só o consumidor, que pode ter maior confiança nos produtos e passa a ter a garantia de uma relação favorável entre qualidade e preço, mas é benéfica para o fabricante que terá assegurado a implantação eficaz de sistema de controle e garantia da qualidade nas organizações, diminuindo a perda de produtos e os custos de produção, ganhando competitividade com o aumento da satisfação do cliente, com facilidade na venda de seus produtos e a entrada em novos mercados.

Neste momento desfavorável para o setor o uso de um selo é um instrumento viável e oportuno para dar mais credibilidade ao produto no mercado. Com ele o leite terá uma qualidade superior auditada por certificadoras e laboratórios independentes credenciados pelo INMETRO. Com isto o consumidor que optar pelo leite paulista se sentirá mais seguro.

O leite longa vida, por ser o produto que está com a credibilidade afetada seria o primeiro produto indicado para ganhar o selo. Isto seria uma garantia de qualidade e traria confiabilidade.

Referências Bibliográficas:

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Certificação. Disponível em: . Acesso em: 6 mar. 2006.

SLACK, N. et al.; Administração da produção. São Paulo: Atlas S.A 2002. 747p.

ROSANA DE OLIVEIRA PITHAN E SILVA

Pesquisadora científica, Diretora da Unidade Laboratorial de Referência de Análise Econômica do Instituto de Economia Agrícola

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SAI - ARARAQUARA

OUTRO - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 26/11/2007

Prezados Rosana e Nelson,

Será que precisamos de um selo para dizer que o leite é leite? Ou é leite, ou não é!

Será que precisamos de um selo para dizer que café é café? Ou é café, ou não é!

Se um produto vai para a prateleira, isto significa que ele já possui um padrão pré-determinado de qualidade. Caso isto não aconteça, cabe aos órgãos controladores adotarem as medidas cabíveis (multa, fechamento) aos laticínios irregulares.

O que não podemos admitir é que ocorra o que cansamos de ver nos postos de gasolina, onde o produto oferecido nem sempre é confiável, uma vez que seus órgãos controladores não são eficazes. Tolerância zero aos fraudadores.

Abraço,
Marcelo, Produtor de LEITE
MARCELLO DE MOURA CAMPOS FILHO

CAMPINAS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 10/11/2007

Prezados Nelson e Rosana,

Parabens pelo artigo. Acho que um selo de qualidade para o leite, se conseguirmos viabiliza-lo, pode ser uma boa idéia (já discutimos isso na Câmara e não se conseguiu implantar).

Mas temos que distinguir medidas para estimular a melhoria de qualidade de medidas para combater a fraude, pois quem frauda lucra vendendo como leite um produto que não é leite.

Para combater fraude no leite, que é praticada por minoria e prejudica a tantos, precismos melhorar a fiscalização, mas principalmente de legislação que puna severamente empresas e pessoas físicas envolvidas em fraude de leite e lácteos, tornando-se assim o grande fator inibidor da fraude, pois ficará claro que quem for pego pela fiscalização pagará caro pelo crime cometido.

Com relação à preocupação que vocês manifestaram de face o leite longa vida representar mais de 70% do leite fluído e o consumidor estar desconfiado com relação a esse leite, haver perda de mercado para produtos não lácteos como o leite de soja ou sucos, creio que os preços desses produtos não lácteos eliminam essa preocupação.

Para comparar, entrei num supermercado e constatei que o litro de bebida a base de soja era vendido a R$ 4,14 e o litro de suco de frutas variava de R$ 3,70 a R$ 5,20, muito superior ao preços do litro de leite mais caro que estava sendo vendido, que era do tipo A a R$ 2,35 o litro, sendo que estava sendo vendido litro de leite tipo B a R$ 1,93 , de leite tipo C a R$ 1,59 e leite longa vida variando de R$ 1,35 a R$ 1,65.

Para o leite longa vida a embalagem custa cerca de 40 centavos e a do leite C barriga mole cerca de 5 centavos, havendo um custo de embalagem a maior para o longa vida da ordem de 35 centavos. Se os custos industriais e de distribuição fossem os mesmos, o longa vida não poderia estar sendo vendido a menos de R$ 1,84 o litro.

Se considerarmos que os fabricantes de longa vida possam ser todos os mais eficazes do mercado e terem custos industriais e de distribuição menores do que quem fabrica leite C, acredito que esses custos menores não representem mais de 10 centavos, o que significaria que o longa vida não poderia estar sendo vendido a menos de R$ 1,74 o litro.

Por isso acho que o selo de qualidade se for implantado pode ser um orientador para o consumidor, mas primeiro orientador para o consumidor deve ser o preço do leite muito baixo, principalmente do longa vida. Se o preço do longa vida não estiver com pelo menos 10 a 15% acima do leite C, o consumidor tem razão de desconfiar que esse leite ou é fraudado ou de baixa qualidade, pois quanda a esmola é muita, até santo desconfia.

Abraço

Marcello de Moura Campos Filho
Presidente da Leite São Paulo

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