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Sherlock Holmes continua investigando a fraude no leite e as preocupações do consumidor

POR MARCELLO DE MOURA CAMPOS FILHO

ESPAÇO ABERTO

EM 22/11/2007

4 MIN DE LEITURA

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Embora não fosse vaca, Sherlock Holmes continuava ruminando a questão da fraude no leite e as preocupações do consumidor. Estava tomando o café da manhã e despejava o leite na xícara quando Watson chegou. Watson, sabe quanto custa um litro de leite no supermercado?

Não - respondeu Watson.

Pois verifique o preço dos vários tipos de leite fluído, pediu Holmes. Verifique também o preço do leite de soja e o preço de suco de frutas.

Quando Watson voltou e entregou a lista, Sherlock acendeu o cachimbo e ficou algum tempo em silêncio poluindo o ar. Depois começou a pensar em voz alta.

Interessante, o litro de leite de soja custa nesse supermercado R$ 4,14 e o litro de sucos de frutas variam entre R$ 3,70 e R$ 5,20, enquanto o litro do leite fluido mais caro é vendido por R$ 2,86 e, portanto, o litro de leite é muito mais barato que leite de soja ou suco de frutas. O curioso é que quando o preço do leite aumenta toda a mídia comenta e quando o preço do leite de soja ou do suco de frutas aumenta ninguém fala nada.

Sim Holmes, mas isso talvez seja devido o leite estar na relação de produtos que compõem o índice de inflação e o leite de soja ou o suco de frutas não.

Mesmo assim não faz sentido essa fixação da mídia no aumento do preço do leite, primeiro porque mesmo quando o preço sobe bastante por razões climáticas e de mercado, esse preço é muito menor que o preço do leite de soja ou de sucos de frutas. Depois, não se observa que geralmente essas subidas do leite via de regra são recuperações de quedas no preço e/ou ajuste devido o aumento dos custos de produção custo. O fato é que a mídia e o consumidor deveriam se preocupar em verificar se é justificável essa disparidade de preços ou se o preço de leite de soja e sucos de frutas não está muito alto e o preço do leite muito baixo.

Mas para o consumidor não é bom o preço do leite bem baixo?

Se esse preço baixo for justo, permitindo margens justas para os produtores de leite e para a indústria, sim. Mas se esse preço baixo for decorrente de baixa qualidade ou mesmo fraudes, não é bom, pois essa economia pode acabar custando caro para o consumidor. O consumidor deveria se preocupar em verificar se paga um preço justo em função da qualidade do leite que compra.

Explique melhor, Holmes.

Vejamos o caso do leite pasteurizado, onde temos o tipo padrão (que substitui o leite tipo C), e os leites tipo B e A. O leite pasteurizado padrão de acordo com a Instrução Normativa 51 do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento é o padrão mínimo de qualidade para o leite pasteurizado, e os leites B e A tem padrão de qualidade superior. É por isso que na lista que você trouxe do supermercado o preço do litro do leite era de R$ 2,35 para o tipo A, R$ 1,93 para o tipo B e R$ 1,59 para o leite padrão. O que você acharia se encontrasse leite tipo A sendo vendido por R$ 1,59 ou mesmo por preço menor?

Ora, duvidaria da qualidade desse leite ou até mesmo desconfiaria que ele estava fraudado.

Elementar, meu caro Watson. Agora vejamos o caso do leite longa vida. Na lista que você me trouxe temos várias marcas de leite longa vida, com o preço variando de R$ 1,35 a R$ 2,86. O leite longa vida oferece a facilidade de poder ser conservado por maior prazo que o leite pasteurizado e sem refrigeração enquanto fechado, mas essa facilidade tem um custo alto, pois envolve uma embalagem cara, que custa cerca de 40 centavos, enquanto que o leite pasteurizado padrão com embalagem barriga mole a embalagem tem custo inferior a 5 centavos.

Desafio qualquer fabricante de longa vida a provar que no varejo de São Paulo seu produto possa custar menos que o leite pasteurizado padrão, principalmente se esse longa vida �� produzido em outros estados ou com leite cru vindo de outros estados. Pela minha avaliação, penso que o leite longa vida deveria custar pelo menos 15% a mais que o leite pasteurizado padrão. E nesse supermercado a sua lista mostra que o leite pasteurizado padronizado estava sendo vendido a R$ 1,59, o que me leva a pensar que o leite longa vida deveria estar sendo vendido pelo menos a R$ 1,83 por litro.

Mas Holmes, então as marcas de leite longa vida que estavam com preço abaixo de R$ 1,83 por litro, algumas até com 1,35 por litro estariam fraudadas?

Não se pode afirmar isso. O preço baixo pode ser função da fraude, mas também da baixa qualidade do produto ou pelo produto estar próximo da data de vencimento.

O telefone tocou e Holmes atendeu. Depois de desligar, disse: Watson, depois que você saiu para ir no supermercado mais próximo, liguei para um amigo que tem bons contatos no interior de São Paulo e pedi para que verificasse preços do leite, e pelo que ele acaba de me informar, pasme você, em vários supermercados se encontra leite longa vida por menos de um real o litro! É muito estranho isso.

Então, Holmes, a conclusão é que o consumidor deveria pôr "a barba de molho" ao encontrar o leite longa vida com preço muito baixo comparativamente ao leite pasteurizado.

Elementar, meu caro Watson, pois quando a esmola é demais até santo desconfia. O consumidor deve desconfiar sempre quando o preço do leite, qualquer que seja o tipo, for muito baixo, pois qualidade tem preço e nenhum lacticínio pode fazer milagre. E como o longa vida é um produto que tem um custo de embalagem muito alto, com mais razão deve desconfiar de leite longa vida com preço baixo se comparado com o preço do leite pasteurizado.

MARCELLO DE MOURA CAMPOS FILHO

Membro da Aplec (Associação dos Produtores de Leite do Centro Sul Paulista )
Presidente da Associação dos Técnicos e Produtores de Leite do Estado de São Paulo - Leite São Paulo

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ADIMAR LEONEL SOUTO

MINAS GERAIS - REVENDA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS

EM 12/12/2007

Comparações lógicas e raciocinínio correto. Porém, talvez seja importante considerar que o produto leite possui uma característica muito peculiar, visto ser perecível a curtissímo prazo, não sendo industrializado e ao mesmo tempo há uma variação de volume de produção muito rápida, dependo do clima ou da qualidade e volume da alimentação oferecida aos animais.

Sendo assim, se o preço é atrativo, os produtores investem e naturalmente ocorre um aumento significativo na produção, o mesmo acontece quando inicia o período das chuvas com a abundância das pastagens; resultado: o mercado não absorve e os preços caem bruscamente.

Seria interessante que houvesse um esforço dos órgãos competentes no assunto no sentido de elaborar um projeto para o produto considerando todas as particularidades envolvendo a cadeia produtiva as industrias, as esportações e mercado interno para que encontre um parâmetro de maior uniformidade de preços, onde produtores e indústrias pudessem trabalhar dentro de um projeto confiável pelo menos a medio prazo nas suas atividades.

Adimar Souto
MARIO PINTO FILHO

ITAÍ - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 23/11/2007

Mais uma vez, parabéns Marcello!
O leite "longa vida" esta sendo utilizado como moeda de promoção em uma grande rede de supermercado. Como "chamariz" a R$ 1,37 e de uma marca bem conhecida. Como sempre, o custo baixo irá recair sobre o pobre produtor. A ponta de venda vai insistir tanto que acabaremos tendo que importar leite num período não muito longe, por falta de quem produza.

Peça ao Sr. Holmes, investigar quais indústrias que comercializam leite de soja e os sucos de frutas, que o dr. Watson entenderá o porque dos preços melhores que o leite fluído.

Elementar.
L. AGUIAR

ARAXÁ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 23/11/2007


23.11.2007

Elementar meu caro Marcelo, milagre não existe. Tem um ditado aqui no meu estado de Minas Gerais que diz que "economia é à base da porcaria". Quem acredita que existe leite barato, pode ter certeza que não esta comprando um produto de boa qualidade. Vaca não produz leite com soda, água oxigenada e soro de queijo.
A qualidade do leite de vaca depende da raça e alimentação, o ingrediente básico é água, proteína, gordura, vitaminas e minerais. Se a indústria compra o leite do produtor por R$0,81 o litro, com no mínimo 3,20% de gordura e 2,90% de proteína, faz uma analise de rotina na coleta, mais duas análises mensais em laboratórios oficiais. E esses exames detectam água, antibiótico, níveis de gordura, proteína, contagem bacteriana e contagem de células somáticas. O produtor que não consegue produzir com esses parâmetros tem dificuldades em comercializar seu produto, apesar de sempre existir alguém disposto a ganhar dinheiro fácil e comprar esse produto por um preço baixo. O produtor não é responsável por fraude no leite a indústria quando compra sabe o que está comprando. Se alguém vai ao supermercado e compra um litro de leite a R$1,39 e acredita que R$0,58 vai cobrir os custos da embalagem que custa R$0,40 e o lucro do laticínio que faz a coleta, impostos, frete e ainda ter lucro está mal informado ou acredita em mula sem cabeça e com certeza também em Papai Noel.


Lucas Ferreira de Aguiar.
VICENCIO LOMBA LIMA

RIO DE JANEIRO - RIO DE JANEIRO

EM 22/11/2007

GENIAL! Parabéns ao autor.
FERNANDO JOSÉ RIBEIRO KACHAN

NOVA GRANADA - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 22/11/2007

Sherlock Holmes continue investigando e denunciando!
O leite longa vida caiu no gosto popular pelas facilidades que proporciona. Não é necessário, contudo, ser versado em ciências econômicas para constatar a impossibilidade de que um litro de leite longa vida custe por volta de R$ 1,00. Se apenas a caixinha, ou seja, o continente, custa aproximadamente R$0,40, significa que sobram R$ 0,60 para remunerar o leite que contém, o transporte da fazenda ao laticínio, todos os custos industriais, as comissões de venda, o transporte até o varejo, os lucros da indústria e do varejista os impostos e etc.. A conta não fecha se não houver o milagre da multiplicação do leite.
A sociedade brasileira precisa deixar o cinismo de lado e assumir que definitivamente não é possível ter leite com qualidade a preços módicos sem que se leve o produtor à falência.

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