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Romper com o passado e olhar para o futuro para fechar a conta

POR MARCELLO DE MOURA CAMPOS FILHO

ESPAÇO ABERTO

EM 01/09/2008

6 MIN DE LEITURA

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No artigo "A conta que não fecha", publicada no MilkPoint em 24/07/2008, Marcelo Carvalho e Marlizi Moruzzi mostram que frustrou-se a expectativa de aumento de preços ao consumidor, o que permitiria melhor remuneração de toda a cadeia produtiva e houve queda de preços aos produtores na "entressafra", e esta situação teria ocorrido pela conjugação de três fatores:

• aumento da oferta com a produção respondendo a um bom momento do mercado;

• aumento do custo da cesta básica para o consumidor da ordem de 24% de junho de 2007 para junho de 2008;

• apesar de aumento de volume, houve redução da atratividade das exportações, com as margens reduzidas em decorrência da valorização do real e do aumento do custo da matéria prima.

E os autores mostram que isso chegou para o produtor em um momento ruim. Em algumas regiões a queda foi da ordem de 10%; a conta não fecha, o que é ruim para o produtor e para a indústria, pois pode comprometer a oferta futura e levar matrizes para o abate. E que se a queda continuar, em 2009 pode faltar leite. E colocam "Fica a sensação de que, após um ano inteiro de euforia, nos deparamos com os velhos problemas".

Mas os autores dão pistas importantes sobre o que fazer para que possamos um dia fechar a conta:

• É preciso pensar na agenda de longo prazo, que irá sustentar o crescimento da cadeia independentemente dos picos. Marketing institucional, melhoria dos custos de produção, maior poder de barganha da indústria, maior representatividade do produtor são temas que precisam ser trabalhados.

• É preciso melhorar a transparência das informações na cadeia, melhorar a coordenação entre produtor e indústria e, com isso, criar as bases para um crescimento mais sustentado.

Concordamos plenamente com os autores sobre o que fazer para que um dia possamos fechar essa conta e ter um crescimento equilibrado e sustentável da cadeia produtiva.

O que precisamos é discutir como fazer isso!

Não conseguiremos resolver os velhos problemas e as frustrações cíclicas se a cadeia produtiva do leite não romper com o passado e olhar para o futuro.

Acreditamos que para fazer o que preconizam os autores, é preciso ter um planejamento e política para o setor leiteiro adequados, e entendemos que dificilmente irá acontecer se continuarmos usando a mesma sistemática usada no passado, com reuniões e eventos ocasionais para tratar da política e planejamento setorial. Precisamos de uma nova proposta de como fazer o planejamento e a política setorial do agronegócio leiteiro.

Gunnar Myrdal, prêmio Nobel de economia em 1994, afirmou, com muita propriedade, que nenhuma política ou nenhum planejamento é melhor que as premissas nas quais se basearam. Não basta formular políticas, estratégias e planos. É necessário acompanhar permanentemente as políticas, estratégias e planos, e sobretudo as premissas que os nortearam, para se fazer sempre em tempo oportuno os ajustes para se garantir o desenvolvimento e a competitividade setorial. Política e planejamento setorial são, pois, atividades que devem ser exercidas de forma organizada e permanentemente para que se possa otimizar o desenvolvimento e a competitividade do setor.

Baseados nesses conceitos, a Leite São Paulo apresentou no início de 2007 à Câmara Setorial de Leite e Derivados do MAPA a proposta de criação do Grupo Temático Permanente de Política e Planejamento do Setor Leiteiro, com as seguintes atribuições:

• analisar e fazer previsões do comportamento dos condicionantes que afetarão, a curto, médio e longo prazos, a demanda e a oferta de lácteos no mercado nacional e internacional;

• estudar os cenários de evolução do mercado nacional e internacional de lácteos, a curto, médio e longo prazos, e apresenta-los ao plenário da Câmara Setorial para definição dos cenários mais prováveis;

• em função dos cenários mais prováveis definidos, propor as premissas, políticas e recomendações para a política o planejamento do setor leiteiro a curto, médio e longo prazo, inclusive para execução das metas e ações propostas, para discussão e aprovação no plenário da Câmara Setorial;

• acompanhar a evolução dessas premissas, políticas e recomendações de planejamento, e apresentar para discussão e aprovação do plenário da Câmara Setorial os ajustes necessários;

• fornecer subsídios a todos os órgãos do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, relativos à política e planejamento do agronegócio do leite.

Esse Grupo Temático Permanente de Política e Planejamento Setorial seria constituído por um número limitado de representantes do setor público e do setor privado, com a missão de formular as propostas para discussão e aprovação do plenário da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Leite e Derivados do MAPA, e acompanhar a evolução das propostas aprovadas, sugerindo as ações e correções de rumos para que os objetivos que originaram as propostas possam ser alcançados.

Na sugestão original da Leite São Paulo esse grupo seria composto por 1 representante da Secretaria de Política Agrícola do MAPA, 1 representante da Embrapa Gado de Leite, 1 representante da CNA - Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, 1 representante da CBCL - Confederação Brasileira das Cooperativas de Laticínios, 1 representante da Indústria de laticínios, 1 representante do Setor de Varejo.

Naturalmente que, para realizar determinadas analises e estudos para o estabelecimento da política e planejamento do setor do leite, será necessária a contratação de serviços, devendo esse Grupo Temático Permanente apresentar ao plenário da Câmara da Cadeia Produtiva do Leite e Derivados o escopo e cronograma e orçamento dos mesmos, para discussão, aprovação e definição da origem dos recursos necessários.

Até junho de 2008 a Leite São Paulo insistiu junto a Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Leite e Derivados na discussão e aprovação desta proposta. O objetivo maior não era a aprovação da proposta apresentada, mas provocar a criação de um mecanismo que permitisse que a atividade da política e planejamento do setor leiteiro sejam feitos de forma permanente e organizada, através de uma estrutura ágil, envolvendo o setor público e privado, para levar ao plenário da Câmara propostas para discussão e aprovação, monitorar a implementação do que for aprovado e sugerir os eventuais ajustes e modificações que se façam necessários para que os objetivos que motivaram as propostas possam ser efetivamente alcançados.

Isso romperia com a tradição do setor da política e planejamento serem tratados apenas através de estudos e eventos ocasionais, e acreditamos que seria um grande avanço para o setor leiteiro. Naturalmente que política e planejamento não devem deixar de ser temas de estudos e eventos ocasionais no setor leiteiro, mas que suas recomendações deveriam ser encaminhadas como informações importantes para analise das estruturas permanente e organizadas da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Leite e Derivados, que seriam o Centro de Inteligência do Leite e o Grupo Temático Permanente de Política e Planejamento Setorial possam considerá-las no seu trabalho de monitoramento e formulação de propostas para aprovação relativas à política e planejamento do setor leiteiro.

Infelizmente até o momento na Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Leite e Derivados a proposta não foi aprovada e nem surgiu proposta alternativa na linha de criar mecanismos inovando a forma do setor estabelecer sua política e planejamento setorial.

A motivação desse artigo foi trazer o assunto para que o leitor possa refletir e se manifestar, contribuindo com idéias do que inovar no sentido de conseguirmos uma política e planejamento setorial adequados para resolver os nossos problemas crônicos e atender de forma sustentável não só o nosso grande mercado interno, mas para podermos ocupar o espaço que o mundo nos oferece para atender a demanda mundial por leite e lácteos.

Mas se não tivermos a coragem e a capacidade de romper com o passado, e inovar olhando para o futuro, muito provavelmente no fim desse século que se inicia, alguém escreverá um artigo dizendo que apesar da euforia com as perspectivas que o futuro nos oferecia ficamos apenas com os velhos problemas.

MARCELLO DE MOURA CAMPOS FILHO

Membro da Aplec (Associação dos Produtores de Leite do Centro Sul Paulista )
Presidente da Associação dos Técnicos e Produtores de Leite do Estado de São Paulo - Leite São Paulo

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MARCELO COSTA MARTINS

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 18/09/2008

Prezado Senhor Marcello,

Acabamos de sair da reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Leite e Derivados onde discutimos com o Governo Federal ações emergenciais para o setor. O encontro ocorreu na sede da CNA com a participação de representantes da cadeia produtiva do leite e do Ministério da Agricultura.

Estamos recebendo criticas de vossa senhoria. No entanto, tivemos um momento impar para tratar das questões prioritárias para os produtores. Infelizmente, o senhor que membro desta Câmara esteve ausente e não opinou sobre as necessidades dos produtores.

Atenciosamente,

Marcelo Costa

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Marcelo Costa

Talvez vossa senhoria não saiba, mas fui, junto com alguns outros presidentes de outras entidades de produtores, pioneiro em pleitear a criação de uma câmara nacional do leite, ainda no final da gestão do Ministro Pratini de Moraes. Buscando apoio para a criação desta câmara nacional fiz vários contatos justificando sua criação, inclusive com Roberto Rodrigues que na ocasião era presidente da ABAG, e que pouco tempo depois veio ser Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Roberto Rodrigues criou as Câmaras Setoriais junto ao CONSAGRO, e creio que considerando nosso empenho pela criação da câmara nacional do leite e pelo fato de São Paulo representar cerca de 40% do consumo nacional de lácteos, convidou a Leite São Paulo para ser membro da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Leite e Derivados.

Participamos da reunião de instalação e de todas as reuniões dessa câmara, salvo duas reuniões.

Na reunião de 16 de abril de 2008, que foi agendada num prazo que não me foi possível transferir compromissos anteriormente assumidos, mas mandamos para a coordenação da câmara e-mail com todas as nossas sugestões para ser apresentada na reunião, e na reunião do dia 18 de setembro passado que tratava de questões emergenciais, mas mandamos em 10/09/2008 e-mail para João Antonio Fagundes Salomão da Secretaria de Política Agrícola do MAPA com as nossas considerações relativas à essa reunião e justificamos a nossa ausência por e-mail à coordenação das câmaras setoriais, estaríamos no exterior no período de 17/09/2008 a 07/10/2008.

Creio que vossa senhoria não estava informado que não participei dessas reuniões por absoluta imposibilidade de estar presente, fato préviamente comunicada à coordenação das câmaras setoriais, e e talvez por isso estranhado minha ausência.

No entanto mesmo nesses dois casos em que não foi possível nossa presença física, temos procurado participar, enviando através de e-mail as sugestões e propostasque temos discutido com produtores para que sejam consideradas na reunião.

Como vossa senhoria sabe na primeira reunião da câmara na gestão do Ministro Reinhold Stephanes fomos informados que seria limitado em 30 o número de membros e em 5 convidados permanentes. Foi nos dito que a Leite São Paulo seria um dos 5 convidados permanentes, mas apesar termos pedido a confirmação disso à coordenação das câmaras setoriais através de e-mail em 19/05/2008 e 23/06/2008, até o momento não tivemos a confirmação. Solicitaremos mais uma vez a confirmação, pois a participação nessa câmara, de forma ativa e permanente como temos feito representam gastos que presisam ser justificados junto a nossa entidade.

Temos procurado mostrar na Câmara Setorial da Cadeia produtiva de Leite e Derivados e através de artigos a necesidade de um mecanismo mais efetivo para que possamos ter uma política e planejamento do setor leiteiro mais eficaz e em nenhum momento fizemos crítica específica à CNA.

O que concordamos com a leitora Maria Lucia Andrade Garcia a CNA poderia representar melhor o produtor se ouvisse mais o produtor de leite.

Quando vossa senhoria mensiona que a visão geral dos produtores é que a CNA deveria resesolver todos os problemas, concordamos com a visão geral dos produtores, pois afinal pagamos à CNA para que ela defenda nossos interesses.

Concordamos com vossa senhoria que os produtores tem participado pouco, seja em palestras, congressos e reuniões nos sindicatos, muito abaixo da necessidade. Mas aí eu pergunto de quem é a culpa dessa alienação? Dos produtores ou dos dirigentes da CNA que não motivam os produtores a participar através do sistema capilar que dispõe através da federações estaduais e dos sindicatos rurais? Não caberia à CNA solicitar às federações e estas solicitarem aos sindicatos rurais a discussão com os produtores de temas importantes para definir a posição que deverá ser tomada para defesa dos interesses dos produtores? Não sei em outros estados, mas em São Paulo essas ações junto aos sindicatos rurais não tem acontecido, e isso pode explicar a alienação do produtor. Ora, se a CNA, que tem uma estrutura organizada e capilar não age no sentido trazer o produtor para participar das discussões e das decisões, como pode esperar que o produtor tome essa iniciativa face os obstáculos maturais decorrentes da sua distribuição geigráfica, da dificuldade de deixar sua propriedade e da falta de comunicação organizada? A CNA deve ter cadastrado o endereço de todos os produtores, e com certeza o produtor que estiver devendo à entidade receberá uma cobrança. Não seria o caso da CNA enviar aos produtores um questionário sobre determinada questão, ou uma convocação para participar no sindicato mais próximo de uma reunião para discutir essa questão, para definir a posição a ser tomada?

Sabemos que a CNA, apesar da falta de uma participação mais efetiva da massa dos produtores, tem conseguido pontos importantes para o produtor de leite. Mas acreditamos que a CNA poderia fazer mais, e dentro dessa crença esperamos que possa dar respostas às perguntas que Maria Lucia formulou e às perguntas que aqui formulei, que são importantes para os produtores de leite, no sentido de aumentar a participação do produtor nas decisões bem como dar mais força à CNA para defender os interesses do produtor dentro da cadeia e contribuir para que os velhos problemas que temos enfrentado no agonegócio do leite não contiuem crônicos.

As criticas quando tem sentido construtivos são muito mais importantes para o crescimento de uma entidade do que os aplausos. Se a CNA tem entendido nossas colocações como críticas, deve entender que elas tem sido no sentido construtivo e no sentido de fortalecimento da CNA.

Com relação ao artigo que escrevemos, acreditamos que a proposta para que possamos ter um mecanismo mais efetivo para estabelecer a política e o planejamento do setor leiteiro, é um caminho importante para a solução de nossos problemas crônicos e para o fortalecimento do segmento dos produtores de leite dentro da cadeia leiteira. e que seria muito bom a CNA empunhar essa bandeira.

Marcello de Moura campos Filho
Presidente da Leite São Paulo
MANOEL MOREIRA CAMPOS

OLARIA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 17/09/2008

Sr. Marcelo acho muito oportuno suas colocações, entendo que um conjunto de medidas deva ser tomado para que consigamos pelo menos enxergar o horizonte.

Em se tratando do leite, desconheço um outro produto em que o produtor entrega para a indústria e só decorridos 40 - 50 dias é que o produtor vai saber por quanto vendeu. Até quando vamos assistir a este triste filme?

A indústria paga todas as despesas de fabricação, desconta a sua margem de lucro e o que sobra desta conta, que é o pagamento do produtor.

Se a legislação trabalhista impede que o salário do empregado seja rebaixado e por que então o ganha pão de inúmeros produtores, esta entregue a própria sorte?

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Manoel Moreira Campos

Em função de ter viajado para o exterior na ocasião que foi publicado o artigo, sua carta ficou sem resposta, o que só agora percebi. Agradeço seu comentário e me desculpo pela demora da resposta.

Penso que o fato do produtor "entregar o leite" sem saber préviamente o preço que vai ser pago e as grandes oscilações de preços ao produtor sem variação semelhante ao consumidor, que muitas vezes não entendemos, são questões que só podem ser resolvidas com um mecanismo adequado e permanente para estabelecimento da política e planejamento do setor leiteiro, envolvendo o setor público e privado, o que na minha opinião não temos ( nem o mercado conhecemos com confiabilidade ). Por lutamos pela proposta de se criar um grupo temático permanente para política e planejamento do setor leiteiro junto a Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Leite e Derivados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
MARCELO COSTA MARTINS

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 17/09/2008

Prezada Senhora Maria Lúcia,

Esclarecemos que a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), por meio da Comissão Nacional de Pecuária de Leite, ao longo dos anos, vem desenvolvendo ações com o objetivo de defender os interesses políticos e econômicos dos produtores. Enfrentamos um cenário difícil, mas já é possível contabilizar ganhos que não podem ser desconsiderados. Cabe lembrar que, até recentemente, o País figurava como um dos maiores importadores de lácteos do mundo. As importações, com práticas desleais de comércio, aviltavam substancialmente o preço pago ao produtor.

Mas, graças à CNA, o Governo brasileiro aplicou medidas antidumping nas importações de leite em pó da Argentina, Uruguai, Nova Zelândia e União Européia. Essa ação, somada à inclusão de leite em pó, queijos e soro na lista de exceção da Tarifa Externa Comum do Mercosul (TEC), com alíquota de 27%, levou o País a sair da cômoda posição de grande importador líquido a superavitário na balança comercial a partir de 2004.

Com o objetivo de acabar com as fraudes econômicas que reduzem a demanda por leite in natura, a CNA firmou um Termo de Cooperação Técnica com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Participou, também, ativamente da criação/atualização de regulamentos técnicos da bebida láctea, do leite em pó modificado e do composto lácteo, a fim de impedir que esses produtos sejam comercializados como leite.

Quanto à tributação, a CNA conseguiu junto ao Legislativo desonerar adubos e fertilizantes de PIS/COFINS (9,25%). Também ficaram isentos desse tributo o leite in natura resfriado e os principais produtos lácteos.

Em relação a instrumentos de apoio à comercialização, que permitam retirar do mercado leite nos momentos de excedente, a CNA conseguiu junto ao Governo Federal implantar o EGF (Empréstimo do Governo Federal), NPR (Nota Promissória Rural) e DR (Duplicata Rural).

Mais recentemente, em virtude da elevação do preço do sal mineral, a CNA conseguiu junto à Câmara de Comércio Exterior (Camex) zerar a alíquota de importação da TEC para fosfato bicálcico (10%), ácido fosfórico (4%) e ácido sulfúrico (4%).

Estamos trabalhando há três anos para viabilizar o Programa de Marketing institucional para o leite, fundamental para evitar a queda de preços nos momentos desfavoráveis como o que o setor vive atualmente. Não contamos, ainda, com o respaldo do setor industrial, que é parte indispensável no processo. Diante disso, vale questionar até quando o setor vai trabalhar para ampliar a produção sem contar com ações que estimulem o aumento do consumo interno e as exportações?

No Legislativo, a CNA acompanha ativamente mais de 500 projetos de lei com alto impacto à pecuária de leite, em tramitação na Câmara e no Senado, além das questões trabalhistas, fundiária e ambiental, entre outros.

A Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA realizou mais de 200 palestras, nos últimos seis anos, em Congressos, Seminários ou mesmo em eventos menores no interior do País. Em todos os eventos abordamos a importância da organização dos produtores como ferramenta indispensável ao sucesso da atividade. Quantos produtores participam de reuniões em seus sindicatos? Quantos deixam de fornecer leite às cooperativas por interesses próprios em momentos pontuais? Embora a visão geral, quase sempre, seja de que a CNA tem que resolver todos os problemas, é bom lembrar que a participação dos produtores nem sempre é do tamanho da necessidade.

A CNA está aberta às críticas inclusive no seu site. A interação do produtor com a Comissão Nacional de Pecuária de Leite é fundamental para o andamento dos trabalhos. Gostaríamos muito que, nesse mesmo site, figurassem apoio e propostas de tantos que parecem ter as soluções.

A Comissão reúne representantes dos produtores de leite de todo o País. Não foi procurada quando o preço estava em alta, no entanto é criticada nos momentos em que mercado é desfavorável. Hoje, dia 17 de setembro, teremos audiência com o Ministro da Agricultura e, amanhã, faremos uma reunião emergencial da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Leite e Derivados para tratar da crise de preço. O momento é oportuno para o encaminhamento de suas sugestões.

Outras conquistas da CNA para o leite estão citadas em folheto anexo à cobrança sindical, que a senhora disse pagar assiduamente!

Atenciosamente,

Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA.


<b>Resposta da leitora Maria Lúcia:</b>

Prezado Sr. Marcelo Martins

Obrigada pelo envio da resposta da confederação que me informou sobre o que já sabia pois acompanho suas iniciativas. Entre elas, como foi relacionado, a medida anti-dumping que deu origem à alíquota de 27% para importação; a coibição de fraudes do leite in natura; a regulamentação técnica de produtos lácteos; a desoneração de impostos dos principais lácteos; o projeto do marketing institucional do leite; o aperfeiçoamento das legislações trabalhista fundiária e ambiental, a implantação de instrumentos creditícios de retenção de estoques e safras. Só que é bom lembrar aqui, a safra de leite se colhe todo dia e não tem como estocar...

Todas essas medidas relacionadas visaram diretamente à indústria e o comercio de lácteos, e não tenho como não aplaudi-las já que resultaram em benefício indireto para o produtor na medida em que fortaleceram o setor de leiteiro.

Entre as iniciativas da confederação que beneficiaram diretamente o produtor de leite, contabilizaria aquelas que se referem à desoneração dos fertilizantes do Pis/Cofins e a alíquota de importação zero (Tec) de químicos utilizados pela indústria de insumos agropecuários; as iniciativas voltadas para mudanças na legislação trabalhista, fundiária e ambiental; a educação e a informação, através de cursos, seminários, boletins e consultas.

Chegamos agora ao ponto que me interessaria diretamente e imagino, a classe dos produtores de leite: por que a confederação não estuda e propõe medidas que compensem a assimetria de poder do produtor face à indústria e ao comercio de lácteos? Por que a confederação não entra nesse descalabro que se repete periodicamente, como conseqüência da pratica abusiva de precificação unilateral do leite in-natura pela indústria? Não vale o argumento do mercado soberano e a pressuposição de que todos que estão nele dispõem de condições de comercio equivalentes. Todo mundo sabe que o setor industrial lácteo vira e mexe combina para estabelecer preços e da mesma forma os supermercados.

Outra pergunta: por que a confederação não encaminha esse problema da defesa da economia do produtor de leite, sabidamente o elo frágil (por suas condições de dispersão, isolamento, etc.) da cadeia do leite? Por que um problema de tal magnitude, que afeta milhares de produtores, não teve até hoje a atenção da confederação? Por que só afetaria o pequeno e médio patronato? Um problema de democratização institucional limitada? Gostaria de ter esperança de respostas para essas indagações.

E finalmente estranhei o fato da confederação esperar que fosse procurada quando o preço do leite estivesse alto - seria surpreendente que assim fosse... Sindicato, federação e confederação têm como objetivo a representação e a defesa econômica das categorias laborais e patronais. E essas só se configuram como indispensáveis, quando os preços caem, as rendas despencam em virtude de quaisquer desequilíbrios das "forças do mercado".

Aproveito para informar que pago a confederação todo ano, leio seus folhetos, consulto seu site e acompanho pelo MilkPoint, jornais e revistas, suas iniciativas, muitas das quais como já disse, aplaudo.

Atenciosamente, Maria Lúcia A. Garcia.





MARIA LUCIA ANDRADE GARCIA

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 12/09/2008

O problema maior do produtor de leite é se fazer representar de fato pela CNA, conseguir dela o compromisso de ser seu porta voz como é de outras categorias do agronegócio. Precisamos ter nossos interesses econômicos por melhores condições de produção e comercialização primária do leite, defendidos por essa entidade a quem pagamos uma taxa anual a título de contribuição constitucional. Periodicamente nosso faturamento é afetado intempestiva e unilateralmente por decisão das captadoras, sem que disponhamos de qualquer canal de reclamação e intermediação para colocar nossos custos de produção na mesa de uma negociação.

Exemplos recentes de fixação unilateral de preços do leite na Alemanha e na França pelo comercio e a industria mostram não apenas a mobilização dos produtores através dos sindicatos, como a atuação das confederações através de seus presidentes junto aos ministros da agricultura no sentido de encaminhar normas mais civilizadas para a fixação dos preços do leite.

A sua proposta de de um grupo permanente de planejamento e politica para o setor leiteiro junto à Camara Setorial do Leite é digna de aplausos e apoio, porém penso que seria mais mais urgente nossa "representação legal" intermediar nossos interesses, como faz para outras categorias patronais do setor agropecuário.

<b>Resposta do autor:</b>

Maria Lucia Andrade Garcia

Agradeço seu comentário.

Para que nossos "representantes legais" possam intermediar nossos interesses é preciso que esses representantes legais sejam legitimos e ouçam os produtores, o que de forma geral parece que não tem ocorrido com frequência, até mesmo na CNA. Precisamos lutar para que essa mudança na representação dos produtores ocorra, mas não é um processo fácil e nem rápido, pois envolve uma mudança cultural tanto dos dirigentes e como dos produtores.

Mas no meu modo de ver a luta por mudanças na representação dos produtores (ela não cairá do céu) não tira a necessidade e a urgência de se criar um mecanismo adequado para que representantes do poder público e da iniciativa privada possam discutir e estabelecer política e planejamento setorial adequados, contemplando e harmonizando os interesses dos vários elos da cadeia produtiva, e permitindo ao Brasil não só resolver velhos problemas internos crônicos do setor, mas também ocupar um espaço de destaque no mercado internacional de lácteos.

Abraço

Marcello
HELVECIO OLIVEIRA

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 08/09/2008

Parabenizo ao presidente da leite SP por suas acertadas convicções. Em Minas há espaço para o mesmo. O café com leite já trocou muitas figurinhas no passado. Podíamos agora fazer o leite com leite. Penso nisso para valorizar suas idéias pois as medidas que Vc sugere cabem bem no Brasil inteiro.

<b>Resposta do autor:</b>

Helvécio Vaz Oliveira

Agradeço o comentário.

Marcello

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