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Resposta da produção de leite aos estímulos do mercado

POR SEBASTIÃO TEIXEIRA GOMES

ESPAÇO ABERTO

EM 07/05/2007

3 MIN DE LEITURA

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O mercado de leite está muito aquecido, com as indústrias laticinistas disputando, intensamente, os maiores produtores com seus concorrentes. Tal aquecimento é causado pelas forças dos mercados interno e externo. No interno, a falta de leite, no início do ano, pode ser explicada pelas seguintes razões: 1)Anormalidades climáticas, com muita chuva no final de 2006 e muito sol no início de 2007; 2) Baixo preço recebido pelo produtor de leite em 2006. O produtor está dando o troco em 2007; e 3) Temor do produtor em adiantar a suplementação volumosa e faltar alimentos no final da seca.

No mercado externo, o preço do leite em pó dobrou de novembro, do ano passado, para abril deste ano. O elevado preço no mercado internacional estimula a exportação, enxugando ainda mais o mercado interno.

Diante deste cenário de fortes demandas interna e externa, a pergunta é: quem poderá atendê-las? Em outras palavras, qual sistema de produção tem maior capacidade de resposta aos estímulos da demanda? Para responder a essa pergunta, serão utilizados os resultados da tese de Mestrado em Economia Rural, defendida na Universidade Federal de Viçosa, por Daniel Pacífico Homem de Souza, em junho de 2000, sob minha orientação.

Os dados utilizados na pesquisa referem-se a 255 produtores dos Estados de Minas Gerais, São Paulo e Goiás. Os produtores entrevistados foram estratificados segundo o genótipo de suas vacas, ou seja, de acordo com a raça e o grau de sangue dos animais. Ainda que a raça e o grau de sangue tenham sido a variável critério de agrupamento, o resultado expressa grupos de sistemas de produção em razão da correlação entre os fatores de produção que definem o pacote tecnológico. Foram estabelecidos três estratos de grau de sangue: até 1/2 HZ, de 1/2 a 7/8 HZ e acima de 7/8 HZ.

A pesquisa feita por Daniel testou a seguinte hipótese: "Sistemas mais primitivos que usam como fatores de produção, basicamente, terra e trabalho têm menor capacidade de resposta do que os mais intensivos em capital e administração".

A capacidade de resposta foi medida pela elasticidade-preço da oferta, resultante da divisão entre a variação percentual da quantidade ofertada de leite e a variação percentual do preço do leite. Todavia, mais relevante que os parâmetros da elasticidade é a relação que existe entre eles. Tomando-se como 1 a elasticidade do sistema de gado acima de 7/8 HZ, a elasticidade do sistema de 1/2 a 7/8 HZ é igual a 0,62 e a do sistema até 1/2 HZ, a 0,17.

Os resultados não rejeitam a hipótese de que a capacidade de resposta do sistema acima de 7/8 Hz seja maior que a do sistema de 1/2 a 7/8 HZ e a deste maior que a do até 1/2 HZ.

A maior capacidade de resposta aos estímulos da demanda do gado mais enraçado está associada à menor variação da produção de leite entre os animais e à maior persistência da produção das vacas em lactação.

Os resultados da pesquisa permitem antever crescente participação, na produção de leite, do gado de maior grau de sangue holandês. Análises dos dados de um passado recente já confirmam essa tendência.

O gráfico, a seguir, ilustra bem o comportamento dos preços do leite quando há aumento da demanda. Para atender à demanda Q1, o sistema de produção até 1/2 HZ oferece o leite ao preço P1; o de 1/2 a 7/8 HZ ao preço de P2 e o de mais de 7/8 HZ ao preço de P3. Ou seja, o sistema de produção que consegue atender ao menor preço é o de até 1/2 HZ, vindo a seguir o de 1/2 a 7/8 HZ e depois o de acima de 7/8 HZ.

Quando a quantidade demandada for Q2, a ordem dos sistemas se inverte. O que consegue atender com menor preço (P4) é o de acima de 7/8 HZ, vindo a seguir o de 1/2 a 7/8 HZ (P5) e, por fim, o de até 1/2 HZ (P6). Se a demanda Q2 fosse atendida pelo sistema de gado até 1/2 HZ, o consumidor iria pagar o preço mais alto. Por isto, no longo prazo, devem prevalecer os sistemas de produção com gado mais especializado na produção de leite.

SEBASTIÃO TEIXEIRA GOMES

Professor Titular da Universidade Federal de Viçosa

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AROLDO AUGUSTO MARTINS

EDEALINA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 20/05/2007

Hoje falamos do preço do leite como se isso fosse um paraíso para o produtor, mas esquecemos que o preço dos fertilizantes subiram mas de 40%. Logo teremos que fazer silagem de milho ou sorgo, daí iremos perceber que os preços do leite pago estão bem abaixo do que deveria estar.

A realidade não está tão boa quanto os laticinios tentam pintar, isso é um jogo, e quem continua ganhando são os laticínios.
FRANCISCO HERCILIO DA COSTA MATOS

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 14/05/2007

Sou produtor de leite há 20 anos, e estou me dobrando a uma constatação: a migração da vaca mestiça para a mais "apurada", como se fala por aqui.

O meu mercado é diferenciado, pois tenho uma micro-usina, onde beneficio os 528litros/dia (produção de ontem), de 33 vacas em lactação. A taxa média geométrica de crescimento da produção dos últimos sete anos é 8,4% ao ano.

A persistência de lactação é, juntamente com a concepção, um extraordinário ganho na redução da sazonalidade da produção. Vou virar "garçon" de vaca e babá de bezerra "pura", não tem jeito!

Cumprimentos ao "notório saber", Prof. Sebastião.
ALUÍZIO LINDENBERG THOMÉ

FARIA LEMOS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 13/05/2007

Debater pelo Milkpoint é ótimo! Estou começando a ficar viciado nisso!

O artigo do Prof. Sebastião Gomes apresenta uma tese já conhecida e divulgada por ele mesmo em outras ocasiões.

A resposta do Joabe situa as colocações do prof. Sebastião Gomes em um contexto mais realista e condizente com a dura realidade de nós todos produtores de leite. Apenas isso, sem ôba-ôba e sem preconceito. Não vamos agora perder o juízo e achar que a hora é essa, sair dobrando nossa produção, em qualquer sistema que se acredite melhor.

A pergunta que o Guilherme faz ao Joabe, em sua réplica, pode ser até motivo de uma série interessante de artigos sobre o tema, mas não cabe aqui.

O Brasil é muito grande, e permite, graças à Deus, a convivência sem necessidade de enfrentamentos, de várias etnias, raças, cores, credos, humanos e animais.

Nosso foco deve ser outro: mais do que como produzir, hoje, é como vender cada vez mais e melhor. Vamos apoiar a CNA, a Láctea Brasil e todas as instituições que finalmente parece que estão convergindo as idéias em favor do grande desejo de todos nós, uma permanente campanha de promoção dos produtos lácteos.

Ah! Guilherme, o Joabe está concluindo seu Doutorado em Viçosa, vem de família de produtores de leite no norte de Minas, e provavelmente sabe sim do que está falando. Imagino que produzir leite em Juiz de Fora pode ser bem diferente do que produzir em outros locais do Brasil. E voce provavelmente leu a trilogia do Paulo Martins e as inúmeras cartas que o tema gerou. Se não fez, faça, voce vai gostar.

Abraços,

ALThomé.
GILSON GONÇALVES COSTA

GOIÂNIA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 13/05/2007

É muito difícil teorizar sobre produção de leite, chega a ser um serviço para videntes e mesmo assim não vou acreditar. No entanto, o inusitado que está ocorrendo agora, ou seja, uma recomposição de preços para que possamos trabalhar com lucro, aliás, o correto em qualquer negócio, é decorrente do descaso que o produtor foi e é tratado.

Acho que pode ainda piorar (relação produção/consumidor), pois os produtores especializados, cansados dos prejuízos estão sabiamente liquidando seus rebanhos, numa hora de procura e eu diria por grande parte, de aventureiros.

Para se produzir leite na atualidade é bastante difícil e há muitas exigências (muito bem determinadas) a serem cumpridas, além da concorrência com outras atividades agropecuárias, mormente a cana-de-açúcar.

Então, se houvesse uma lógica na produção de leite, eu diria que essa recomposição nos preços pagos aos produtores deverá continuar e/ou persistir por bom tempo. Mas continuo dizendo "tudo pode acontecer, inclusive nada".

Gilson G Costa, Engenheiro Agrônomo e Produtor de Leite em Itaberaí-Go.
MARCELO GODINHO MIAZATO

ITAJUÍPE - BAHIA - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 11/05/2007

Para suportar o "vai-e-vem" de preços e a falta de políticas públicas para o setor produtivo, os sistemas mais rústicos tem sobrevivido um pouco melhor do que os mais especializados. Alguém tem dinheiro para trocar seus rebanhos pé-duros por HPB? O mercado está ótimo!

Se a elasticidade dos sistemas mais tropicais é menor, isso é decorrente também da política econômica de superavits primários que expropria o setor produtivo. É o preço que pagamos por nos nivelarmos por tão baixo para suportar tantas crises que parecem não ter fim nem a menor piedade com um setor tão imprescindível para o país.

Eu também preferiria ter piquetes de tifton irrigados, silagens boas, ração concentrada, etc. Mas e se a maré de preços bons e forte demanda resolver nos abandonar novamente? Vamos soltar nossas misses PO, PC, POQ sem banhos carrapaticidas nas extensas pastagens degradadas Brasil afora?
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 08/05/2007

Prezado Joabe:

Por que será, então, que a maioria dos produtores profissionais de leite no Brasil, se utilizam de vacas holandesas em seus plantéis? Basta analisar o "Top 100" do Milk Point que você passa a entender esta realidade.

Opiniões como a sua considero como mero preconceito a uma raça, sem preparo científico sobre o caso, ao contrário do Professor Sebastião, que é expoente em sua área. Outra aversão que você parece ter é em relação ao confinamento, de igual sorte, utilizado por grande parte dos maiores produtores de leite do país (e - interessante - pelos de gado de corte, também).

Não sou um dos cem maiores produtores de leite do Brasil, deixo claro, porque meu rebanho é reduzido e não tenho capacidade capital para ampliá-lo, por enquanto. Mas duvido que alguém, com vacas girolando ou de outra composição sintética, possa obter de seus animais lactações tão altas (média de 46,5 litros/animal/dia) e, o mais importante, persistência nas mesmas, como a que alcanço no meu "errado" sistema de confinamento, de minhas vacas holandesas PO e PC.

O mundo inteiro se rende ao grau de produtividade do Gado Holandês. Mas, nós - todos nós - devemos estar redondamente enganados.
Um abraço,

GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
JOABE JOBSON DE OLIVEIRA PIMENTEL

VIÇOSA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 07/05/2007

Já é de conhecimento público que a produção de leite no Brasil cresce muito mais que o consumo, o que trará muito em breve um grande excedente de produção. A ocorrência de excedente é a negação do aumento da demanda.

Portanto, a fundamentação do vosso artigo na demanda por leite parece não ter consistência, pois o aumento de demanda é uma situação que sabemos todos ser passageira. O crescimento verificado nos últimos 20 anos não está sendo levado em conta por vossa senhoria que está analisando apenas o momento atual.

Na tese do SOUZA, também é detectado que o preço de leite que permite a continuidade de operação dos sistemas que utilizam gado mais enraçado é mais elevado, sendo estes os primeiros a se inviabilizarem no caso de redução dos preços. Este cenário aproxima-se muito mais da realidade do setor, já que nos últimos 40 anos estamos assistindo uma redução constante no preço do leite. Segundo artigo recente, o preço do leite em Minas Gerais caiu 35%.

O Sr. Paulo do Carmos Martins relata em artigo neste mesmo site, que os economistas da EMBRAPA, encontraram que o custo dos alimentos concentrados cresceu 15% acima do preço do leite, nos últimos meses. Outros insumos como combustíveis, fertilizante, energia elétrica entre outros, também vem tendo reajustes acima dos ocorridos para o leite.

Diante deste quardro, o que se pode esperar é que sistemas de produção que utilizem grandes quantidades destes insumos, que são os sistemas que utilizam gado mais enraçado, enfrentem cada vez mais dificuldades em encontrar lucratividade.

Com o aumento dos custos de todos os fatores de produção, é lógico que atualmente o produtor de leite precisa de um maior volume de produção para obter a mesma rentabilidade de anos atrás. Porém, alto volume de produção pode ser conseguido com diferentes tipos de animal, não somente com animais de elevado grau de sangue holandês.

É sabido que o retorno em produção de leite com investimento em adubação é maior do que investindo o mesmo valor em concentrados. Enquanto os concentrados permitem maior produção por vaca, os fertilizantes permitem maior proudução por área, que tem maior correlação com lucratividade.
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 07/05/2007

Prezado Professor Sebastião:

Mais uma vez, parabéns pelo sempre brilhantismo de suas teses. Como criador de Gado Holandês puro, na região da Zona da Mata/Sul de Minas Gerais, concordo com o senhor no aspecto de que animais mais especializados são os que melhor resposta econômica apresentam.

Já criei gado mestiço, em todos os graus de girolando. Há três anos, reiniciei a seleção que meu avô efetivou por mais de cinqüenta anos, e hoje, possuo um rebanho de vinte vacas holandêsas PO e oito holandesas PC, com média diária de quarenta e seis litros e meio de leite por animal (1302 litros/dia; 39060 litros/mês). Meu sistema é de confinamento total ("tie stall"), ou seja, as vacas só vão a pasto à noite, após a terceira ordenha, alimentadas em cinco refeições diárias.

Já operei em sistema de leite a pasto (puro) e semi-confinamento (pasto mais suplemento) mas, o confinamento total, como adoto hoje, foi o que mais respondeu economicamente. As altas lactações - com expressiva persistência (305 dias) - somente consegui através do gado holandês puro, não com girolando ou outras composições raciais que, se chegavam a atingir grandes volumes de produção, não era por muito tempo (no máximo até cem dias de paridas).

Meu sistema reprodutivo é efetivado através da inseminação artifical, o que garante, cada vez mais, a pureza racial, com touros holandeses "top" de linha. Com minha produção e qualidade de leite, consigo preços além da média regional, justamente porque os laticínios disputam meu produto e posso exigir preço mínimo.

Portanto, correta, pelo menos para mim, a sua tese da especialização do rebanho, aliás, pensamento que venho sempre levantando como bandeira neste "site", há longo tempo.

Um grande abraço e, novamente, parabéns por suas lições.

GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

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