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Relação de troca e estreitamento de margens no Ceará

POR RODRIGO GREGÓRIO DA SILVA

ESPAÇO ABERTO

EM 27/03/2008

2 MIN DE LEITURA

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Nos últimos anos os preços obtidos na comercialização do leite vêm se mantendo no patamar próximo aos R$ 0,50 por litro, patamar esse verificado desde meados de 2003/2004 (Ematerce). É bem verdade que se verificou incrementos nos preços médios pago aos produtores desde o final do ano de 2007, ficando esse valor ao redor de R$ 0,58 por litro para o mês de fevereiro de 2008 (Leite e Negócios).

Outro ponto bastante significativo para a realidade do estado do Ceará é a da mudança relacionada ao comportamento de preços. Em anos anteriores havia elevação dos preços no período seco do ano, comportamento esse não mais verificado em função das justificativas anteriores, como falta de chuvas e diminuição da produção, mas relacionados a outros fatores como elevação do patamar de preços praticados no resto do país. E o que se verificava anteriormente no Ceará (preços pagos superiores ao praticados aos nacionais) já não se aplica, além de ter tornando-se os preços mais estáveis ao longo do ano.

Nesse aspecto, resolveu-se realizar algumas comparações sobre a evolução do poder de compra desses produtores, haja vista o grande incremento observado nos principais insumos utilizados na produção de leite. Primeiramente, levantou-se a evolução dos preços dos insumos farelo de soja, milho, energia, PVC, fertilizantes (uréia), conjunto motobomba e mão-de-obra, no início de 2002/2004 em relação ao mesmo período do ano corrente (2008). Em seguida, estimamos a relação de troca desses insumos em relação ao leite.

Figura 1 - Evolução percentual nos valores dos insumos e do preço do litro de leite entre os anos de 2002/2004 em relação ao ano de 2008, para o estado do Ceará.


Verifica-se, por meio da figura 1, que o preço do leite, em reais por litro, foi elevado em aproximadamente 20% ao longo dos últimos anos, enquanto que os insumos foram elevados em torno de 100%, sendo as maiores altas referentes ao milho, uréia e energia elétrica. Esse comportamento tem sido fonte de grandes preocupações por parte da classe produtora, devido ao grande impacto nos custos operacionais dos sistemas, especialmente nos que utilizam maior quantidade de tecnologias, buscando a elevação dos índices de produtividade.

Esse comportamento poderá ser melhor entendido quando se realiza a avaliação por meio da relação de troca entre o leite e esses insumos, conforme poderá ser observado na figura 2.

Figura 2 - Relação de troca entre litro de leite e alguns insumos utilizados na produção de leite nas condições de estado do Ceará, entre os anos de 2002 e 2008.


Como pode ser observado na figura 2, a relação de troca entre o leite e alguns insumos utilizados em sua produção vem sendo alterada de maneira bastante significativa, ao ponto de o produtor já vir sentindo diminuição do seu poder de compra, especialmente para aqueles que vem mantendo seu nível de produção. Exemplificando, vê-se que para se adquirir a mesma unidade de insumo, o produtor tem destinado aproximadamente 75% a mais de produto (leite), estreitando sua margem bruta e/ou líquida.

Essa condição tem causado dois distintos comportamentos: desestímulo por parte de muitos e busca pela elevação da produção como forma de manter os mesmos valores absolutos de renda mensal por outros. Mas essa segunda opção já vem sendo questionada, especialmente por aqueles produtores que realizam controle de custos e tem observado esse comportamento.

Mantendo-se esse comportamento (diminuição das margens e perda de poder de compra), já no curto prazo haverá diminuição da atratividade desses negócios, especialmente para produtores de maior nível de conhecimento, permanecendo somente os desavisados, ingênuos e os praticantes de hobby. E nesse ambiente, quem sairá lucrando?

RODRIGO GREGÓRIO DA SILVA

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JOSE SERGE COUTO FEITOSA

JUAZEIRO DO NORTE - CEARÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/04/2008

Rodrigo,

Nunca consegui entender esta equação que determina a formação de preços no nosso Ceará. Se temos um custo de insumos (soja,milho e adubos quimicos) mais caros era de se esperar um pagamento ao produtor mais equilibrado com referidos custos. Mais indiguinados ficamos quando constatamos indústrias cearenses captando leite no agreste de pernambuco 10% mais caros que os registrados em nossa regiaõ(Cariri cearense) com custo de frete (distância de captação) muito maiores que em nossa região. Realmente é irracional.

<b>Resposta do autor</b>

Prezado José Serge Couto Feitosa, também venho observando tal comportamento, que derruba o raciocínio lógico, por meio de exemplos como o mencionado por você. Também não conseguimos compreender como o leite de outras regiões (RS) tem chegado aqui de maneira competitiva (talvéz seja por pouca eficiência da indústria local).

Entendemos que o produtor de leite é um tomador de preços, não interferindo de maneira proeminente na formação do seu preço de venda. Mas entendemos, ao observar que a sustentabilidade da produção depende desses ajustes, que o preço deverá ser suficiente para remunerá-lo, mesmo não sendo ele o definidor desse preço.

O que estamos vendo é regiões que tem menor custo de produção receberem mais pelo produto e regiõs como o Ceará, que tem maior custo de produção receberem menos por litro de leite.

Penso então que o desejo de quem comanda esse comportamento é de: manter o produtor na meséria e/ou sem condições de evoluir e/ou desorganizado e/ou desunido e/ou fragilizado, sugeito a esse comportamento oportunista por parte dos setores de insumos e da indústria, não sendo ele detentor de parte nenhuma das decisões do seu sistema, a não ser o de manter-se nesse jogo, ou para uns poucos ousados, deixarem o negócio.

Pode ser que no dia em que os produtores realizarem a contabilidade de seus custos, exerguem esse episódio, onde ele vem sendo a perte fraca, mantenedora desse complexo sistema de exploração.
CLEBER MEDEIROS BARRETO

UMIRIM - CEARÁ

EM 31/03/2008

Prezado Rodrigo,

Mais uma vez você demonstra destreza e domínio nesse universo do leite nordestino tão pouco estudado. A realidade nua e crua foi exposta e dissecada no artigo. O cintos já estão para lá de apertados e as perspectivas sombrias.

Com relação a quem sairá lucrando: no curto e médio prazo como sempre a indústria, com seu importante papel indutor de quanto mais produtores aos quais você se referiu melhor. Outra fatia que consegue criminosamente alguns trocados ano após ano aqui pelo Nordeste é a dos vendedores de gado nas feiras pronafianas da vida.
FELIPE COUTO UCHOA

JATI - CEARÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 28/03/2008

Caríssimo Gregório, muito pertinente foram suas colocações. Colaborando com os numeros acima mencionados gostaria de informar que na semana 13 do ano 2006 a saca de 60 kg de milho custava R$ 22,80, na semana 13 do ano 2007 R$ 27,42 e na semana 13/2008 (esta semana) R$ 34,80. Mais acentuado foi o que ocorreu com a soja grão a saca de 60 kg custava R$ 34,8 semana 13/2006, R$ 45,0 (semana 13/2007), R$ 65,40 (semana 13/2008). Aproximadamente 52% de aumento no milho e 87% na soja, enquanto o leite permaneceu praticamente estagnado com momentos efêmeros de alta.

Parabens pelo artigo, abraço.

Felipe Couto Uchoa
Leite Nordeste Consultoria.

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