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Reflexão sobre o adiamento da implementação Instrução Normativa 51 |
ROSANA DE OLIVEIRA PITHAN E SILVA
Pesquisadora científica, Diretora da Unidade Laboratorial de Referência de Análise Econômica do Instituto de Economia Agrícola
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EUCLIDES DE SOUZAELDORADO DOS CARAJÁS - PARÁ - PRODUÇÃO DE LEITE EM 18/08/2011
Produzir leite com qualidade na verdade não é tão simples assim como vem de primeiro plano no imaginário. Pois, a meu ver não trata-se apenas de mudanças de hábitos do produtor. Afinal, em visita a algumas propriedades "leiteiras" é possível encontrar um filho indagando ao pai ao findar uma ordenha: "Pai, já arranquei o leite do gado!". A expressão "arrancar" torna-se muito nítida a imagem que temos desse curral. E na verdade é necessário um mínimo de investimento que para um produtor desse tenha condições de produzir leite com qualidade. Pelo menos aqui na minha região sudeste do Pará pelo menos 9 a cada 10 propriedades não tem água no curral de ordenha. Isso é um implicador. Outro ponto são as instalações que não tem sequer cobertura e quando a tem é no "chiqueiro" onde estão os bezerros. Então, a IN 51 para ser colocada em prática de verdade "pelo menos aqui na região norte do país", torna-se cada vez mais um grande desafio para a cadeia produtiva do leite no Brasil onde terá de ser feito um esforço extraordinário de autoridades, empresas, cooperativas, associações, sindicatos e entidades ligadas ao setor para que o produtor não tenha apenas acesso e conhecimento sobre a IN 51, más que possa aplicá-la.
Euclides de Souza - Chácara Guapeva |
EMERSON GONÇALVESSANTA RITA DO PASSA QUATRO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE EM 25/07/2011
Produzir leite de acordo com a IN 51 não é um bicho de sete cabeças, é coisa bem simples, na verdade.
Pela minha experiência, dois pontos são centrais. O primeiro é a refrigeração. Com ela, tudo é fácil, sem ela, a coisa complica e muito. O segundo é o pagamento por qualidade. O pagamento deveria ser o primeiro, mas ele só virá se o produtor tiver um tanque de expansão que conserve seu leite. Uma medida não pode ser dissociada da outra. Sim, há problemas estruturais, como acesso e falta de eletrificação. Nesses casos, infelizmente, a solução sai das mãos do produtor e do laticínio. Se o pagamento for feito de acordo com a qualidade do leite, e com a consequente penalização para quem não entregar dentro das condições mínimas, o próprio produtor irá atrás da assistência e fará pressão por ela, inclusive junto à empresa que compra seu leite. Aqui no sítio a CBT tem variado entre 3.000 e 8.000 UFC na maioria das amostras. Dias atrás veio uma com 19.000 e tomei um susto. Há alguns meses, uma teteira rasgada associada a feriados e coletas em rápida sequência, levaram-nos a uma média de 110.000 UFC! Um desastre, mas extremamente educativo. Nossas condições de ordenha são semi-primitivas. Meu barracão com fosso e coisa e tal não foi concluído, pois meu dinheiro acabou. Um vendaval, há ano e meio, destruiu a maior parte de seu teto. Ordenhamos num velho e pequeno barracão, mais um coberto que barracão, duas vacas de cada vez, apenas uma na ordenha, com uma velha ordenhadeira de balde ao pé. O tanque, em compensação, é moderno e bom e com boa capacidade. O iodo na pré-ordenha é obrigatório, assim como a toalha de papel. Na pós-ordenha, um iodo grosso, que confere maior proteção. Meu retireiro, infelizmente, não tem uniforme, trabalha com as suas roupas... de trabalho. Um dia hei de comprar-lhe um uniforme branco e bem bonitinho. Apesar das insistências dos vendedores, uso um único detergente para tudo, alcalino-clorado, de boa qualidade. Para que vou gastar com sanitizante e detergente ácido com os índices de CBT que temos aqui? Bobagem. A CCS vai bem obrigado, em torno de 200.000, apesar de ter parado de tratar as mastites subclínicas abaixo de 1 milhão. Não compensa, apesar do laticínio pagar 2 centavos por leite abaixo de 200.000. Assim mesmo, quando não recebo os 2 centavos, recebo 1,5 (de 200 a 300.000). Minhas vacas comem cana com ureia e sulfato de amônio - o pasto acabou - e ração na ordenha. O curral não é calçado, infelizmente. Enfim, produzir com qualidade não é difícil. Duro, mesmo, é ter dinheiro para comprar o tanque. Mais duro ainda é ter dinheiro para comprar mais vacas ou poder segurar bezerras e novilhas. |
CACIANO PANIS DE BRITOIJUÍ - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE EM 21/07/2011
Concordo com você Pedro, de nada vai adiantar prorrogar prazos, se o pais quer qualidade deve investir para que isso ocorra e principalmente fiscalizar as industrias para que deem assistência técnica a seus produtores, informando eles das mudanças que ocorrem em relação do leite. No meu ponto de vista acho que o MAPA, como órgão responsável, deve tomar medidas urgentes sobre esta questão, para que isso não se torne mais uma instrução que se tornou "NADA"!
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MARCELO CARLOS FAVARONFRANCA - SÃO PAULO - REVENDA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS EM 21/07/2011
Acredito que fazer com que a noticia sobre a entrada em vigor da IN 51 chegue ao conhecimento do produtor não é tão dificil assim, afinal todos tem conhecimento da lei seca ou da lei anti fumo que foram amplamente divulgadas pela midia, inclusive as fiscalizações e autuações realizadas na ocasião em que estas leis vigoraram. Pois bem, digo ser relativamente simples, porque se cada elo da cadeia lactea cumprisse sua parte, hoje ja estariamos com a lei vigorando e com certeza a qualidade do leite brasileiro seria outra, bastando para isso que o agente fiscalizador (MAPA) fiscalizasse, autuasse e divulgasse em midia nacional os receptadores de leite de qualidade duvidosa (Industria). Estes por sua vez investiriam assistencia tecnica aos seus fornecedores da materia prima (leite) evitando sansões e penalizações. Por sua vez, os produtores que não se dispusessem a adequação, e acredite, eles existem em grande numero, deveriam ser excluidos do quadro de fornecedores da industria, porem voltamos ao inicio da cadeia, se nao houver fiscalização, este fornecedor transfere sua produção para industrias sem comprometimento com a IN 51 e a coisa continua como está. Portanto, nao adianta prorrogar, pois ja se passou quase um mes da prorrogação, e até agora nada foi feito para que os quase 70% citados na materia que estariam fora, se adequem aos padroes da IN 51. Não é tao dificil assim conseguir melhorar a qualidade do que se produz nos estabulos brasileiros, nem demanda altos custos, é realmente uma questao mudança de habitos e só conseguiremos isto se houver comprometimento de todos, porém é fato que neste país nada acontece sem que alguma ação drastica seja tomada, portanto é de inteira responsabilidade do MAPA e orgãos agregados a implementação de maneira seria da IN 51. Só para finalizar seguem alguns questionamentos para reflexão: 1- O que foi feito depois da prorrogação até agora para divulgar a IN 51; 2- Depois da prorrogação, qual a industria que se mobilizou para melhorar a qualidade do leite adquirido de seus fornecedores; 3 - O que se pretende fazer ao final do prazo da prorrogação, pois fato é que o tempo está passando e nada esta sendo feito, portanto ao final do prazo tudo estará exatamente como hoje e os 70 % serão eliminados, ou não, e continuaremos nessa novelinha mexicana.
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PEDRO HENRIQUE L. DE AMORIMPIRES DO RIO - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE EM 21/07/2011
Eu acredito que o adiamento só vai adiar o inevitável, vai acabar o prazo novamente e o governo terá de prorrogar a IN 51 ou a maioria dos produtores ficarão ilegais. O governo e muitas industrias querem um leite de qualidade mas ningúem está divulgando nada, dando assistência técnica, orientando os produtores sobre o que fazer exatamente. A maioria nunca ouviu falar na IN 51 e os que ouviram estão perdidos assim como eu, somente uma pequena parte está por dentro da IN 51, desse jeito de nada vai adiantar a prorrogação da medida para depois ou se faz um trabalho sério de profissionalização com o produtor ou vai faltar leite para os laticínios e consumidores.
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