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Pesquisa e Extensão: funções das instituições e preparo de dirigentes e técnicos

ESPAÇO ABERTO

EM 02/02/2012

6 MIN DE LEITURA

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Por Sergio Rustichelli Teixeira, William Fernandes Bernardo e Pricila Estevão

Falta Extensão Rural para o setor leiteiro

Fundada em 26 de outubro de 1976, a Embrapa Gado de Leite completou 35 anos em 2011, quando se realizou uma cerimônia com autoridades ligada ao setor leiteiro nacional. Durante as comemorações o ex-ministro da agricultura Alyson Paulinelli discorreu sobre a importância do café para o financiamento da indústria brasileira. Relembrou a grande migração da população rural para urbana nas décadas de 1950 em diante. Enfatizou que o Brasil rural não conseguia alimentar o Brasil urbano nas décadas de 1960 e 1970 e importava de 20 a 30% do que consumia. Cerca de 50% dos lácteos vinham do exterior.

Um tema levantado por Paulinelli e enfatizado por Eliseu Alves (o segundo presidente da Embrapa) foi a necessidade de valorizar e incentivar a extensão rural no país, uma vez que há muitas tecnologias simples e importantes à disposição dos produtores e que não são implementadas. Se postas em prática, muitos dos problemas tecnológicos atuais poderiam ser resolvidos. Uma extensão rural eficiente poderia ajudar o produtor a melhorar os indicadores técnicos e financeiros da propriedade.

Este tema não é novo, conforme pesquisa realizada pelo MilkPoint no ano 2000. Naquela ocasião o portal recebeu de 89 pessoas a opinião sobre quais eram os maiores limitantes para o crescimento da produtividade de leite no país, conforme Tabela 1. A pesquisa mostrou que, depois da melhoria do preço do leite, a extensão rural era o item de maior importância para incrementar a produtividade nas propriedades de leite. Uma pergunta vem em seguida: se não é um assunto novo e é de conhecimento de pessoas integrantes da cadeia do leite, porque a extensão não é incentivada no país? Para compreender esta questão, é preciso recorrer a alguns fatos históricos.



Preparo dos técnicos e funções das instituições do setor agropecuário



A partir da década de 1970 o "gigante pela própria natureza" começou a se desenhar como o país do futuro na agricultura. Aquele que estava "deitado eternamente em berço explêndido" - e expropriava os recursos naturais para fazer agricultura - começava a acordar. Para isso foram enviados para o exterior pesquisadores e recém graduados em ciências agrárias. Formou-se um grande contingente de Ph.Ds. A função deles naquele momento era copiar no curto prazo o que fosse aplicável, mas especialmente adaptar o que havia no hemisfério norte e aprender como se faz pesquisa agropecuária no médio e longo prazos. Muitas destas pessoas vieram para compor o Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNPA) e ensino, seja contratadas pela recém-criada Embrapa, seja pelas instituições de pesquisa agropecuária estadual. Na distribuição de funções idealizada, a Embrapa deveria se dedicar à pesquisa aplicada, a Embrater à extensão rural e as universidades à pesquisa básica. A extensão rural deveria funcionar como uma ponte entre pesquisadores e setor produtivo. Deveria gerenciar demandas para a pesquisa, integrar pesquisa com setor produtivo e retornar respostas das demandas para o setor, como ilustra a Figura 1. Posteriormente, na mesma década de 70, foi criada a Conpater (Decreto no 74.154, de 06/06/1974) para coordenar formalmente a Embrater e Embrapa (Olinger, 1996). O que faltou para que este trabalho articulado não acontecesse na prática? No Brasil a função da Conpater nunca foi cumprida. A decisão foi de cima para baixo, e a Embrapa e Embrater tinham mais força política do que a Conpater (Olinger, 1996). Por outro lado, tanto dirigentes de extensão, quanto parte dos extensionistas não foram preparados para a função desenhada. Por seu lado, a pesquisa também não estava aparelhada para aceitar a extensão como um segmento que lhe apontasse o que fazer.

Sugestões para a articulação P&D x Extensão x Produtor

Acreditamos que a melhoria da articulação entre os tres segmentos passa pela mudança de postura destas três esferas. O produtor rural e suas organizações precisariam estar integrados e discutindo em que pesquisa aplicada e extensão públicas devem trabalhar com setor produtivo como servidores que são do governo, governo movido pelo dinheiro público. Neste caso os atores são estimulados a pensar, identificar seus problemas e o que querem da extensão e pesquisa. O educador brasileiro Paulo Freire defendia a valorização do indivíduo, no caso o produtor, como uma pessoa portadora de conhecimentos e para o qual as novas informações são instrumentos para a conquista de autonomia e liberdade. É necessário que o setor produtivo esteja organizado para influenciar o trabalho em que ele é o principal beneficiário. A organização social é uma das formas de buscar estes benefícios. Não é um trabalho de curto prazo e exige também mudança de postura e de atitude das instituições públicas envolvidas. Ou seja, se faz necessário mudar a cultura atual enraizada que valoriza mais a oferta de informações e conhecimentos escritos, muitas vezes os escritos em língua estrangeira.

Por parte dos pesquisadores, o modelo de fazer "pesquisa aplicada" deve ser reforçado, ou seja, a pesquisa se inicia e termina no problema real encontrado nos sistemas de produção. O pesquisador precisa mudar a sua postura de "produtor, monte o seu quebra-cabeças a partir da minha tecnologia" para "eu entendi o quebra-cabeças do produtor e posso adaptar a tecnologia ou desenvolver uma nova para esta situação". Esta postura deve acontecer com integração entre pesquisador, extensionista, setor produtivo e a educação. Sem profissionais formados com essa postura participativa muito do que foi proposto cai por terra e a situação atual se mantém. Este modo de proceder deveria ocorrer desde a idealização da pesquisa até o teste para verificar sua aplicabilidade nas propriedades rurais. Esta abordagem aumentaria as chances de utilização das soluções encontradas.

Como parte da solução, deveriam ser desenvolvidos mecanismos de comunicação dialógicos (presenciais e à distância) que promovessem maior contato com as realidades rurais, principalmente no que diz respeito à área de pesquisa. Neste sentido, os novos meios de comunicação trazidos pela internet podem ajudar. Como por exemplo, os sites de instituições de pesquisa e mesmo da extensão deveriam proporcionar a participação efetiva de seus públicos por meio de interações do tipo: "Como podemos te ajudar?". Os interessados poderiam expor suas ideias e questionamentos que seriam remetidos a pessoas preparadas as quais trabalhariam para discussão e identificação de demandas. Mesmo que o acesso inicial de produtores rurais não seja satisfatório, pode ser uma alternativa interessante, principalmente para extensionistas distantes da Embrapa Gado de Leite e outras das bases físicas das instituições.

Retomando o tema do início do artigo, - valorização da extensão rural, - algumas iniciativas estão em curso e não podem ser desprezadas, como as desenvolvidas dentro do Ministério do Desenvolvimento Agrário em organizar, ampliar e fortalecer a extensão, o que foi exposto com a nova PNATER (Política Nacional de Ater). Apesar dos esforços realizados dentro da Câmara dos Deputados, o presidente da Asbraer (Associação Brasileira das Entidades Estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural), Júlio Zoé de Brito, apresenta dados desanimadores. Segundo ele, "este ano [2011], havia uma previsão de R$ 150 milhões para o segmento, no entanto, apenas R$ 9,7 milhões foram assegurados". Ele defende a criação de uma instituição em nível federal para coordenação do Sistema Brasileiro de Assistência Técnica e Extensão Rural, atuando como interlocutor junto às empresas estaduais. Percebe-se que o caminho para a melhoria do conhecimento no campo (e o conseqüente aumento da produtividade) não é simples e nem fácil. Mas como diz o compositor mineiro Beto Guedes, "vamos precisar de todo mundo". Muito esforço, persistência e muitas mudanças de atitude em várias esferas da agropecuária nacional.

Referências
FREIRE, P. Extensão ou Comunicação? Editora Paz na Terra, 10ª edição, São Paulo, 1992
MILKPOINT 2000, O que mais vem limitando a melhoria dos índices técnicos de produção de leite no Brasil? , www.milkpoint.com.br, acessado em 10 de novembro de 2000.
OLINGER, G. 1996, Ascensão e decadência da extensão rural no Brasil, Epagri, Florianópolis, Brazil.
Watts, L.H. 1989, ´The Organisational Setting for Agricultural Extension´, in FAO (ed.), Agricultural Extension: A reference manual, FAO, Roma, pp. 20-1.

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FELICIANO NOGUEIRA DE OLIVEIRA

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 23/02/2012

Prezados pesquisadores Sérgio, William e Priscila:


Parabéns pelo artigo! Pela lucidez das abordagens, pela isenção e pela necessidade do debate. Além, naturalmente, da riqueza do conteúdo apresentado, é muito salutar conhecermos, por meio dos comentários, a visão e as percepções de pessoas relacionadas ao tema, a respeito do nosso trabalho (pesquisa e extensão) e suas sugestões e proposições de possíveis soluções. Bem, sem fugir do debate, mas dado à complexidade do assunto, não vou me arvorar em tecer comentários ou emitir opiniões neste espaço. Mas me coloco interessado e à disposição para uma boa rodada de debates sobre o tema, com vistas ao encaminhamento efetivo de ações concretas. Naturalmente que nesta rodada precisamos contar com a participação de produtores, para que busquemos, de forma orientada, soluções coerentes e convergentes (sem receitas prontas e massificadas) às reais necessidades dos produtores de leite do Estado e, quem sabe, do nosso país.


Grande abraço e, mais uma vez, nossos cumprimentos pelo artigo!


Feliciano Nogueira de Oliveira


Emater MG
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 09/02/2012

Prezada Maria Helena Furtado Santiago: Não entendo que o produtor tenha acesso limitado às informações. Para dar um exemplo pessoal, minha propriedadde fica inserida em uma cidade pequena (pouco mais de 4000 habitantes), Olaria, MG, que, hoje, já possui um "Centro de Informática", da Prefeitura, aberto a todos, que podem acessar à Internet, gratuitamente. Além disso, muitos dos habitantes possuem computadores em suas casas e as redes de acesso ao conhecimento não são, de há muito, novidades intransponíveis. No tempo de meu avô, sim, pois nem energia elétrica havia. Hoje, escolas de primeiro e segundo graus já chegaram a este ambiente, antes hostil ao conhecimento. Sua cidade, mesmo, é um exemplo de evolução, desde os tempos da antiga Escola Técnica Agropecuária. Os grandes centros urbanos, que sempre foram polos de informação, estão, cada dia mais próximos do campo e, por esta e por outras tantas razões, não se pode mais conceber a ausência de divulgação de novas técnicas, mesmo que seja, ainda, pelo antigo rádio. As antenas parabólicas fazem, atualmente, parte indelével do ambiente campesino e a programação voltada para as técnicas agropastoris circula pelos diversos canais abertos, sem quaisquer restrições. Se ainda há "carência  dos pequenos produtores de leite da zona da mata mineira", como você argumenta, é porque alguma coisa está errada e aqueles que militam, nos diversos escritórios da EMATER (até em Olaria, temos um) e em outras instituições de extensão, não estão, perdoe-me, fazendo, com afinco, a sua parte na difusão de técnicas e do simples conhecimento agrário. Lembro-me que, em 2009, houve um surto de raiva na região da Zona da Mata/Sul de Minas Gerais. Muitos produtores perderam dezenas de animais. Os representantes do IMA deixaram por nossa conta a tarefa de aprisionar morcegos, administrar-lhes uma pasta venenosa, para conter a proliferação destes mamíferos. Ora, sem técnica, sem conhecimento e sem condições de operacionar estas ações, além da vacinação do rebanho, os produtores rurais nada puderam fazer no sentido de solucinar de vez ao problena, que, portanto, persiste. Os pesquisadores conscientes, como você, têm que deixar de ser o "beija flor da fábula contada pelo Betinho", para serem os condutores da necessária mudança, para serem, realmente, "parceiros nessa caminhada".

Um abraço,

GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG
MARIA HELENA FURTADO SANTIAGO

RIO POMBA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 07/02/2012

O temática foi abordada de forma a nos instigar. Parabéns !!!

Vocês tocaram no ponto crucial união e troca entre pesquisador, extensionista, setor produtivo e a educação.

Essa relação dialógica tão proclamada precisa ser a cada dia incorporada em nosso fazer. Acredito que as informações veiculadas em espaços como MilkPoint fazem a diferença, mas  o pequeno produtor ainda tem acesso limitado, apesar de ter avançado significativamente, não é Sr. Guilherme ?!

Na minha dissertação - Extensão Rural UFV - está explícito a carência dos pequenos produtores de leite da zona da mata mineira.

Atuando na Extensão do IF Sudeste, estamos feito o beija flor da fábula contada pelo Betinho. Com aquela certeza que incomoda somos parceiros nessa caminhada.

RONALDO MENDONÇA DOS SANTOS

UBERABA - MINAS GERAIS

EM 07/02/2012

Fico furioso por saber que há tanta gente de muito conhecimento e a mesma ladainha. Ninguém dá conta de melhorar nada. Adquirimos conhecimentos, trabalhamos sol a sol estamos no dia a dia com o produtor e vejo que a situação está cada dia pior... É monótono ouvir isso no dia a dia de norte a sul do país. Muito pertinente a explanação do Sr. Guilherme que conseguiu passar  toda a realidade de forma amigável. O Brasíl é o 5° país de maior economia. Sendo que o PIB é representado grande parte pela agropecuária e na "fritada dos ovos" o produtor e demais integrantes da área que é o elo de tudo isso não ter reconhecimento. Por quê ao invés de Ronaldinho na mídia não ser um produtor que produz a comida ingerida pelo presidente e o sustento da nação?
RONALDO MENDONÇA DOS SANTOS

UBERABA - MINAS GERAIS

EM 07/02/2012

Excelente explanação do Sr. Guilherme. Concordo plenamente com você.

Grato,

Ronaldo.
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 03/02/2012

Prezados Sérgio Rustichelli Teixeira, Willian Fernandes Bernardo e Priscila Estevão: Parabéns pelo artigo. O grande problema da pesquisa agropecuária (muito mais da pecuária do que da agricultura) é que, apesar dos expoentes que temos neste campo, no Brasil, os resultados dela, via de regra, não chegam aos mais interessados, os produtores, ficando adstritos à vida acadêmica e aos arquivos das instituições que patrocinaram o estudo.

Infelizmente, a falta de organização e de pessoal suficiente para esta divulgação vem sendo o "nó górdio" do desenvolvimento campesino pátrio, perdendo-se, não rara vez, material precioso e indispensável para o nosso desenvolvimento agropastoril (revolta saber que, em outras esferas, o excesso de funcionários - muitos, fantasmas - infla os gastos do erário público, sem quaisquer retornos técnico ou de força de trabalho).

Não há como, sozinhos, nós, os produtores, "montarmos os nossos quebracabeças", porque não possuímos as peças que o compõem, eis que as mesmas estão em poder das instituições de pesquisa.

Malgrado toda a boa vontade daqueles que, realmente, se preocupam mais com o desenvolvimento da pecuária leiteira que com a mantença de seus cargos, o que se tem é um quadro monalísico, enigmático, velado ao extremo, que nós não conseguimos desvendar.

Daí, percebemos que algo, realmente, está equivocado nesta parte tropical do globo terrestre, porque, em outras paragens (até muito menos desenvolvidas que as nossas), a administração do conhecimento tem tido bons resultados, o que demonstra estar o mesmo sendo bem direcionado.

Finalmente, entendo que o grande equívoco é tratar o produtor de leite brasileiro como sendo um pobrezinho, ignorante, incompetente, que não tem condições de assimilar boas e novas técnicas, que tem que ser ensinado só a sair de seu estágio de cinquenta litros/dia para atingir a duzentos, a só ter mais dignidade, ao invés de fomentar seu real desenvolvimento, de pretender que o corriqueiro seja produzir mais de dois mil litros/dia, com qualidade irretocável e com alegria.

O Brasil é, realmente, grande, mas não precisa ser, igualmente, ineficiente.

A pobreza de ensino é muito maior que a financeira, acreditem. Há mentes brilhantes que nunca foram aos bancos da Escola, muito menos ocuparam cadeiras nas Universidades e que têm muito a dizer.

Não se pode ver mais o campo e o produtor pátrios como sendo aquela antiga "roça" e o famoso "Jeca Tatu", de Lobato. A "internet" já está em faces do planisfério que nós nunca imaginaríamos que estivesse, há trinta e cinco anos atrás, quando foi criada a EMBRAPA.   O produtor, de há muito, trocou o rádio de pilha pelo computador, o telefone pelo "facebook", a carta pelo "e-mail". Ele não é mais um alienado do mundo, eis que o mundo já chegou ao seu quintal.

Mister se faz adequar a realidade acadêmica à realidade popular e fazer valer o trabalho de nossos pesquisadores.


Um abraço,

GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG
SIDNEY LACERDA MARCELINO DO CARMO

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 03/02/2012

Prezados colegas,

O grande problema  é que nos anos anteriores os recursos financeiros do governo federal vão só para a pesquisa e a extensão foi deixada de lado, ou seja, o governo federal parou de dar apoio ao setor da extensão. Podemos dizer isto em todos os âmbitos de salário aos extensionistas até apoio técnico. Desse modo a extensão para suprir as necessidades financeiras teve que buscar apoio em outros pilares abrindo o leque de trabalho. ´Trabalho na Emater-MG até cadastramento de Luz para todos fazemos para as concessionárias de energia elétrica, ou seja, a minha formação profissional de engenheiro agrônomo/mestre em genética é dividida com os outros setores e não somente direcionada para a pecuária leiteira. Além disto devemos ressaltar a desvalorização salarial para os extensionistas quando comparado com os pesquisadores que no meu é um elo e  todos têm a mesma importância. Desse modo reitero se a pesquisa não olhar para o primo pobre, a extensão rural, com carinho a mesma perderá a sua função em visto que os resultados não alcançarão o seu objetivo, que é a melhoria da qualidade de vida do produtor, e apenas concederá renome ao pesquisador com mais um artigo que será publicado em revista e colocado no curriculum vitae do mesmo.
FERNANDA HVALA DE FIGUEIREDO

CAMPO GRANDE - MATO GROSSO DO SUL - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 02/02/2012

O artigo retratou perfeitamente todo o cenário atual na questão pesquisa X extensão.

Como estudante de Medicina Veterinária vejo que a "pesquisa aplicada" dentro das ciências agrárias vêm sendo ignorada, sendo que deveria ser o setor de pesquisa que mais teria de difundir suas pesquisas na prática pecuária.

Na minha opnião o elo, para unir as Universidades e Centros de pesquisa com o campo, terá que partir das grandes empresas multinacionais, como os laticínios.

Já que a implantação de grandes laticínios em algumas regiões, como exemplo o laticínio da BR Foods no Mato Grosso do Sul, só terá sua capacidade atendida se houver um investimento maciço no desenvolvimento da pecuária leiteira local, caso contrário o estado não terá como atender a grande demanda que o laticínio requer.

Portanto, acredito que a pesquisa precisa do campo para o fornecimento de dados e o campo precisa da pesquisa para seu desenvolvimento econômico. Então para a união da pesquisa com a extensão, essa questão precisa estar muito explícita na mente da maioria dos profissionais atualmente.
CAROLINA CASTELLO BRANCO BARROS

VALENÇA - RIO DE JANEIRO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 02/02/2012

Brilhante artigo !!!


É disso que o Brasil precisa !!! E não de pesquisas que só servem para crescer o ego de alguns pesquisadores. Trabalho no campo e vejo a sede informação de alguns  produtores e o quanto um trabalho de extensão bem feito faz bem a essa classe.


Mais uma vez temos que parabenizar o idealizador do Projeto Balde Cheio, o Dr Artur Chinelato de Camargo, pelo brilhante trabalho que vem realizando ao longo desses anos, "resgatando dignidade do produtor de leite".  Os governos têm que apoiar mais projetos como esses, que ensina o povo a trabalhar com tecnologias básicas e corretas, dando um guinada na pecuária leiteira brasileira.


Um grande abraço à todos,


Carolina.
PEDRO AUGUSTO CARVALHO PEREIRA

GUARATINGUETÁ - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 02/02/2012

Excelente a abordagem dos autores !


Acredito que a evidente desconexão entre pesquisa x extensão x necessidades do produtor possui causas multifatoriais. No campo da pesquisa parece que o mais importante é ser "high tech". Em terras onde 95% das amostras de leite analisadas pela Embrapa apresentam-se fora dos padrões estipulados por "lei", descobrir quantos "dedos" um vírus tem e o "genôma do gênoma" da Leptospira Interrogans tarasovi possui maior relevância que um programa fome zero para vacas leiteiras, como já proposto pelo Dr. Ademir de Moraes Ferreira, pesquisador aposentado da Embrapa Gado de Leite.


A pesquisa básica deve ser estimulada pois recursos aqui não faltam e o mundo gira, contudo, um maior volume de trabalhos aplicados em sintonia mais próxima com as reais necessidades da grande massa de produtores brasileiros deveriam receber o apoio semelhante. Na busca por recursos em órgãos de fomento, atualmente é muito mais fácil aprovar um projeto "high tech" que uma pesquisa aplicada. Talvez isso explique a atuação de pesquisadores da Embrapa Pecuária Sudeste na linha de frente do excelente projeto de extensão denominado Balde Cheio.


Para a reversão do quadro seria importante a formação de mais professores universitários e pesquisadores com alma extensionista e extensionistas mais valorizados para calçar suas botinas, engolir poeira e levar tecnologia gerada pela pesquisa através das péssimas estradas rurais do Brasil.
GABRIEL RENÓ DE OLIVEIRA

VIÇOSA - MINAS GERAIS

EM 02/02/2012

Muito bom o artigo, realmente mostra que existe uma distanciamento entre o Produtor e as Instituições de pesquisas.

Estudo da UFV e participo do Programa de Desenvolvimento da Pecuaria Leiteira (PDPL-RV), que é um estagio de extenção, e tendo contado frequentemente com os produtores, sentimos sim que existe muita carencia em obter as respostas , ou como o proprio artigo diz, solucionar o "quebra-cabeça" que os produtores possuem.

Somos frequentemente questionados por eles se existe alguma pesquisa na Universidade comparando isso ou aquilo, isso mostra que eles sabem da importancia da instituição , mais o que é ruim é que muitas dessas perguntas que eles fazem é voltado diretamente pra pratica do dia a dia, o que muitas vezes não é o foco das pesquisas.

O que eu gostaria de questionar, é se essa falta de pesquisa para subrir as duvidas dos produtores, ´solucionar o quabra-cabeça´, é devido a falta de contato dos pesquisadores com os produtores, ou devido a falta de incetivos , muitas vezes financeiros, para a realização de tais pesquisas por parte do governo ou instituição privada?

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