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Oportunidades na China para a cadeia de leite do Brasil

POR LEO LOEWENSTEIN

ESPAÇO ABERTO

EM 15/04/2015

6 MIN DE LEITURA

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A China vem sendo, já há alguns anos, o maior parceiro comercial do Brasil, e são muitas as oportunidades nesse país para o setor lácteo brasileiro. Nas minhas constantes idas à China eu tenho visto e presenciado grandes oportunidades para importação de maquinários, soluções de automatização e de melhoria do desempenho e da produtividade, tanto para as fazendas produtoras de leite, como para as indústrias de processamento do leite e seus derivados.

Isso se dá porque a cadeia láctea chinesa vem seguindo o mesmo caminho trilhado pela sua indústria de carne, que criou um imenso e variado parque industrial, com milhares de fábricas e distribuidores de produtos relacionados à produção animal e sua industrialização, tanto para a carne, como para o leite e seus derivados. Carente de tecnologia própria, o governo Chinês estimulou, a partir dos anos 90, que empresas estrangeiras abrissem unidades de produção dentro da China, desde que utilizassem mão de obra local. Isso criou uma indústria doméstica enorme, pronta para suprir os produtores rurais, tanto chineses como do resto do mundo, com todo e qualquer tipo de equipamento para melhorar e automatizar a produção animal.

Isso tudo levou a China a ser atualmente o 3º maior produtor mundial de leite, embora não exporte quase nada, pois sua produção não atende a sua própria demanda interna, que é de 45 bilhões de litros ou de 30kg/pessoa/ano. Para se ter uma ideia do potencial de crescimento do consumo de leite e derivados na China, no seu país vizinho, a Coréia, consome 70 litros e no Japão 80 litros por habitante/ano. Para suprir as necessidades da sua nova classe média, que se muda rapidamente do campo para as cidades, pois lá encontra melhores condições de vida e salários maiores, o que lhes proporciona consumir mais e ter acesso a produtos que não conheciam e nunca haviam consumido, o governo chinês importa de 10 a 15 bilhões de litros/ano de países como Nova Zelândia, Austrália, Alemanha, Irlanda e França.

Embora nesse começo de 2015 tenha havido diminuição das importações em comparação aos anos anteriores, a demanda por consumo de leite e derivados na China só cresce. E, um dos fatores mais marcantes, e que poderia ser mais bem aproveitado pela cadeia leiteira do Brasil, é o fato da população chinesa preferir consumir, mesmo sendo mais caro, o leite e derivados importados. Os preços de leite cru e em pó na China são os mais caros do mundo e mesmo assim eles preferem os importados, pois não confiam na segurança e qualidade dos seus próprios alimentos.

Isso se deve aos vários escândalos de contaminação do leite, sendo a mais famosa a que aconteceu em 2008, quando adicionaram propositalmente, melamina, contaminando mais de 300 mil pessoas, hospitalizou umas 54 mil crianças e causou a morte de pelo menos umas 8 pessoas. Esse escândalo tomou proporções mundiais e obrigou o fechamento de mais de 18 indústrias chinesas e a condenação de vários dirigentes das indústrias envolvidas. Alguns foram condenados a pena de prisão perpétua e dois deles fuzilados.

A pecuária leiteira chinesa também vem sofrendo mudanças significativas nas últimas décadas e apesar de hoje em dia 60% da produção ainda vir de pequenas propriedades com até 100 vacas, estudos mostram que os pequenos produtores familiares estão vendendo seus animais e saindo do mercado, pois não conseguem acompanhar a produtividade e os custos dos grandes grupos que estão entrando no mercado. O governo vem incentivando a produção leiteira em larga escala, convidando, dando crédito e incentivos para os grandes grupos industriais chineses, alguns com nenhuma experiência prévia no setor leiteiro, para criarem fazendas leiteiras de grande porte. É comum ver grandes grupos chineses criarem fazendas leiteiras do nada, algumas com mais de 100 mil animais e totalmente automatizadas, importando de uma única vez mais de 10 mil animais de alto padrão genético, para povoar suas recém criadas plantas produtoras de leite.

O grupo Huishan é um bom exemplo desse gigantismo chinês, possuindo 128 mil vacas, distribuídas em 54 propriedades (e mais 12 em construção), todas totalmente automatizadas. Para alimentar seus animais tem a maior plantação de alfafa da China, com 9,4 mil hectares (do tamanho da ilha de Hong Kong) e está conseguindo, junto ao governo, permissão para utilizar outra área, também para plantio de alfafa, que é quase 3 vezes maior. Toda a produção é direcionada para suas próprias fábricas de beneficiamento e um dos principais produtos que eles produzem é formula infantil em pó, para a alimentação de bebês. Essa é uma tendência dos grandes grupos chineses, verticalizar toda a produção, estando presente desde as fazendas até o processamento e distribuição a população.

O governo chinês também está financiando empresas chinesas para que possam comprar, ou se associar a grupos lácteos internacionais, já tradicionais na produção e distribuição de produtos derivados do leite. Os chineses acreditam que essa forma de incentivo lhes permitirá aumentar sua produção e produtividade leiteira, que hoje é em torno de 5,44 mil kg/vaca /ano, não ficando assim tão dependente das importações.
Ao facilitar a aquisição e entrada de empresas estrangeiras no mercado chinês, o governo da China tenta associar uma imagem de qualidade e segurança alimentar ao leite e seus derivados produzidos dentro da China, pois para a população, já desconfiada dos produtos chineses, estes serão supervisionados e controladas por empresas estrangeiras, detentoras de qualidade e com tradição de respeito ao consumidor.



De olho nesse mercado consumidor gigante e aliado ao fato do consumidor chinês querer o produto importado e pagar por ele preços mais caros do que a média mundial, seja para leite fresco ou em pó, empresas como Nestlé, Danone e vários outros grupos internacionais, estão comprando participações em empresas chinesas, desde processadoras como também em fazendas leiteiras, para garantir seu market share nesse promissor mercado, pois nenhum dos grandes players mundiais quer ficar de fora dessa onda de consumo de leite e derivados na China, que veio para ficar.

E o Brasil, onde se encaixa nisso? Embora não sejamos um país grande exportador de leite, há sim bastantes oportunidades na China para os produtores e indústrias brasileiras da cadeia de leite. Se não somos competitivos para exportar leite em pó ou fresco, por que não tentar vender nossos derivados lácteos como queijos, requeijões e iogurtes? Os chineses estão ávidos por importados que eles não têm costume de consumir, criando oportunidades para países com histórico e tradição de agricultura e pecuária de qualidade, o que é o caso do Brasil! Mas para isso nossos laticínios tem que ir a China, participar de feiras de negócios, para expor seus produto e ganhar mercado.

E depois tem que se preparar para a inspeção chinesa, pois sem ela eles não permitem o embarque para a China. Devido aos recentes escândalos e problemas com segurança alimentar, os chineses são bem rigorosos com a qualidade dos produtos que eles estão importando, instituindo assim um rigoroso esquema de certificação e monitoramento das plantas produtoras que exportam para a China. Uma vez passado essa etapa, as portas para o maior mercado consumidor mundial de alimentos estão abertas!

Outro potencial mercado que deveria ser melhor explorado e aproveitado por empresas e profissionais brasileiros é o de serviços, que esta começando a se abrir na China, e tem muita carência de profissionais e empresas qualificadas, principalmente nas áreas de produção e sanidade animal.

Leo Loewenstein é veterinário e proprietário da Coletiva Trading, empresa de consultoria e assessoria internacional, criada para ajudar empresários e empresas brasileiras a fazerem negócios com a China.

www.coletivatrading.com
coletivatrading@gmail.com

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JULIO

SANTA HELENA - TOCANTINS - PESQUISA/ENSINO

EM 17/04/2015

Para isso acontecer vamos colocar como exemplo os segmentos complexo carne (aves, suínos, bovinos) a cadeia do leite tem muito para melhorar, principalmente em sanidade animal, gestão, qualidade e no minimo conhecer pelo menos uma das ferramentas de controle de qualidade.
ALEXANDRE DUARTE

SANTO ANASTÁCIO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 16/04/2015

AS PORTAS ESTAO ABERTAS PARA NOS PRODUTORES DE LEITE ,SO NOS FALTA NOS ORGANIZARMOS. PROCURAR UMA EMPRESA COMO ESTA ESPECIALIZADA EM MERCADO CHINES E IRMOS EM FRENTE. PRODUTORES DE LEITE SE UNAO SE ORGANIZEM EM ASSOCIAÇOES OU COOPERATIVAS DE SEUS MUNICIPIOS ISSO E UM COMEÇO.

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