Os queijos ralados movimentaram no período estudado a quantia de US$ 1,3 bilhão, correspondendo a 1,9% dos US$ 70 bilhões do mercado internacional de lácteos (MDIC: 2005). Não há uma definição do tipo de queijo que se enquadra nesta nomenclatura, o que importa é a forma física de sua apresentação, podendo ser ralado ou em pó.
O domínio deste mercado é Europeu (66,68% das importações mundiais). Quatro desses países, Alemanha, Bélgica, França e Reino Unido são responsáveis por mais da metade das importações mundiais, sendo a Alemanha responsável por quase um quarto. Seus principais fornecedores são França, Itália e Paises Baixos.
O Japão e a Coréia do sul formam o grupo de países do leste/sudeste asiático entre os mais importantes importadores. Eles foram responsáveis por mais de 8% do mercado mundial de queijos ralados, no período considerado. Seus principais fornecedores são os Estados Unidos, a Dinamarca, e os Países Baixos, no caso do Japão, e Dinamarca, EUA e Itália, no caso da Coréia.
Na América, os principais importadores foram os Estados Unidos e o México, que juntos somam 5,56%. Somando ainda as compras do Canadá, que não se encontra entre os dez maiores, chega-se a 6,91% do mercado importador deste tipo de queijo. Seus principais fornecedores são, no caso mexicano, os EUA, que detêm 97,13%, e o Canadá. Esse domínio do mercado mexicano de queijos ralados pode ser explicado pelo Nafta (Acordo de Livre Comércio da América do Norte). Contudo, para os Estados Unidos exportam Países Baixos, que detêm 40%, além da Dinamarca e Canadá.
Tabela 1: Importações de queijos ralados ou em pó (2001 a 2003)
Os queijos ralados tiveram crescimento sistemático de suas importações, alcançando US$ 42 milhões/ano, no período considerado. O queijo ralado ou em pó movimentou em três anos US$ 1,3 bilhão e projeta, para o ano de 2005, um mercado da ordem de US$ 567 milhões.
Figura 1. Importação mundial de queijos ralados (2001 a 2003 e projeções para 2005)
Os preços praticados no mercado de queijo ralado podem ser vistos na Figura 2. Nota-se uma grande dispersão, sendo o preço mais baixo de US$ 3.303/tonelada (México em 2001), e o mais alto foi US$ 7.600/t (Japão em 2002). Esse último preço pode ser considerado como outlier nesse mercado, pois é muito dispare do conjunto de preços pagos no período analisado. Todavia, fica evidente a convergência dos preços em um patamar mais elevado, mostrando que, além do aumento do volume comercializado, os preços estão em ascensão, e a dispersão se mantendo se não forem considerados os preços pagos pelo Japão.
A média de preços dos dez principais importadores foi de US$ 4.476/tonelada em 2001, a de 2002 foi de US$ 4.605/tonelada e a de 2003 foi de US$ 5.081/tonelada. A média no período foi de US$4.721/tonelada e os preços tiveram um aumento de mais de 13,50%.
Figura 2. Preços praticados no mercado de queijo ralado
As tarifas da União Européia (considerando Alemanha, Bélgica, França e Itália) para esse mercado variam, conforme o tipo de queijo. Queijos ralados feitos com leite desnatado e com ervas possui uma tarifa de 7,7% para as nações chamadas mais favorecidas e zero para as demais. Para outros tipos de queijos ralados, a alíquota é de 188,2 ?/100 kg/net (US$225,84)3, para as nações denominadas mais favorecidas, e zero, para as demais, incluindo o sistema geral de preferência (em inglês Generalized System of Preferences - GSP) para países considerados menos desenvolvidos e países com acordos de preferência.
O mercado norte-americano de queijos ralado possui tarifas de 2% (dois por cento) para os países considerados mais favorecidos e 35% (trinta e cinco por cento) para os considerados menos favorecidos. Para o Nafta, para alguns acordos bilaterais e para o sistema geral de preferência (GSP), a alíquota é reduzida a zero. Dependendo do tipo de queijo, essas alíquotas podem variar de US$ 105,5/100 kg a US$ 226,9/100 kg para os favorecidos e US$ 177,5/100 kg a US$ 267,00/100kg para os demais países.
O mercado japonês possui somente duas tarifas e considera a condição de país pertencente ou não à Organização Mundial de Comércio (OMC). Para os países pertencentes à organização, a tarifa é de 26,3% e para os demais 40% (quarenta por cento).
Comentários finais
Este trabalho apresenta alguns números do mercado internacional de queijos ralados no período 2001 a 2003. São mostrados os valores monetários transacionados, os principais players, os preços praticados e as tarifas da UE, Estados Unidos e Japão, considerando o Sistema Harmonizado.
O volume monetário movimentado nesse mercado foi de US$ 1,3 bilhão. Os principais players desse mercado são os países europeus que se destacam como grandes importadores e grandes exportadores. Quatro países europeus detêm mais de 50% do mercado. Destacam-se ainda o Japão, México e Coréia, respectivamente, sexto, sétimo e oitavo maior importador deste tipo de queijo.
Os preços praticados têm grande dispersão, havendo tendência de redução da dispersão ao longo do período estudado e de concentração em patamares mais elevados. O mercado de lácteos é um dos mais bem protegidos do mundo. Destaque se faz para a UE, onde um sistema de proteção garante aos membros do bloco livre comércio e domínio absoluto em seus territórios e elevada inserção no mercado mundial.
4. Bibliografia
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). https://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/inicial/index.php. Acessado em outubro 2005.
Food and Agriculture Organization of The United Nations. https://www.fao.org/. Acessado em novembro 2005.
1 Pesquisador em Economia Aplicada - Embrapa Gado de Leite
2 Estagiário em Economia Aplicada - Embrapa Gado de Leite
3 EUR = 1.2 US$