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O Leite e a Guerra Cambial

POR MARCELLO DE MOURA CAMPOS FILHO

ESPAÇO ABERTO

EM 30/09/2010

3 MIN DE LEITURA

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Tenho mostrado que com a taxa de R$ 1,75/US$, a sobrevalorização do real com relação ao dólar americano é de 30% (segundo o índice Big Mac) tira a competitividade da pecuária leiteira brasileira para a exportação, pois produzimos em reais, e um preço razoável para a sustentabilidade econômica do produtor de R$ 0,75/litro, com essa taxa corresponderia a US$ 0,429/litro. Se a nossa política cambial tirasse essa sobrevalorização do real, a taxa de câmbio seria de R$ 2,275/US$ e os mesmos R$ 0,75/litro recebido pelo nosso produtor representaria US$ 0,33/litro já bastante competitivo para exportação. Por isso tenho defendido que as entidades representativas dos produtores de leite e da indústria devem pressionar por mudanças na política cambial ou para medidas compensatórias, e que se isso não acontecer corremos o risco de sermos importadores significativos de leite no futuro, como o fomos no período 1977 a 2000.

Tenho ouvido muita gente do setor falar que não dá para mudar a política cambial, que o dólar deve permanecer flutuante de acordo com as condições de mercado, que não há o que fazer. Mas será que não há mesmo o que fazer?

É preciso lembrar que já passamos por experiência de administração da taxa de câmbio. Com a implantação do real em julho de 1994, a taxa de câmbio foi administrada para fazer uma desvalorização gradativa da moeda nacional que estava sobrevalorizada. Depois se deixou flutuar a moeda de forma controlada, dentro de certas faixas, conhecidas como bandas cambiais. Só depois do Armínio Fraga no Banco Central, em 1999, é que se passou para a política de flutuação livre da taxa de câmbio.

Mas essa flutuação teve em determinadas situações uma intervenção do Banco Central para não deixar o dólar despencar com relação ao real.

Atualmente, com sobrevalorização do real em 30% com relação ao dólar americano e ainda com tendência de baixa, a situação está crítica para nossa economia, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles tem declarado que cogita taxar o capital externo para conter a valorização do real com relação a outras moedas e admite usar o IOF contra o Câmbio. O ministro Mantega tem dito que acredita que o mundo em uma guerra cambial e comercial, com países procurando vantagens através da manipulação de suas moedas.

O Estado de São Paulo de 28 de setembro passado apresentou a matéria "Culpar a China não Resolve", de Anatole Kaletsky, economista chefe de uma empresa de consultoria econômica baseada em Hong Kong. Liderada pela China, a Ásia vem adotando a política de administrar agressivamente a taxa de câmbio, com países como Coréia, Cingapura e Taiwan, desvalorizando suas moedas para favorecer suas exportações. E finalmente o Japão passou a desvalorizar sua moeda, mesmo sob pena de irritar os USA. É um sinal dos tempos diz a matéria, não adianta culpar a China, o predomínio do pensamento de livre mercado na economia internacional acabou e o chamado "consenso de Washington" deverá evoluir e aceitar um capitalismo moderno adaptado a um ambiente em que desequilíbrios comerciais e cambiais são administrados conscientemente. O artigo mostra que apesar da relutância em aceitar essa situação, praticaram duas das maiores intervenções monetárias da história: o acordo de Plaza, que desvalorizou o dólar em 1985, e o do Louvre em 1987 que encerrou a desvalorização. As regras do capitalismo mudaram irrevogavelmente desde o colapso do Lehman Brothers há dois anos e se os USA não aceitarem isso a liderança mundial lhe escorrerá entre os dedos.

Esses fatos me levam a crer que realmente existe de fato uma guerra cambial com fins comerciais, e que se não aceitarmos isso e não fizermos logo algo em termos de administrar a nossa taxa de câmbio ou adotarmos medidas compensatórias, o desenvolvimento econômico e social do Brasil poderá ser prejudicado, e que um dos setores mais atingidos será o agronegócio do leite, especialmente a nossa pecuária leiteira. É preciso que as lideranças da nossa indústria de lacticínios e da pecuária leiteira discutam em profundidade e se manifestem com relação a essa questão.

MARCELLO DE MOURA CAMPOS FILHO

Membro da Aplec (Associação dos Produtores de Leite do Centro Sul Paulista )
Presidente da Associação dos Técnicos e Produtores de Leite do Estado de São Paulo - Leite São Paulo

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WALTER JARK FLHO

SANTO ANTÔNIO DA PLATINA - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 12/11/2010

Prezado Marcello !
Já faz algum tempo que li sua carta. Em função do intenso noticiário sobre o assunto , a questão cambial , fiz minhas reflexões e resolvi dar uma de Advogado do Diabo para esquentar o debate . Se analizarmos a questão sobre a ótica de exportador não há nada a acrescentar. A defazagem cambial prejudica muito a exportação brasileira de qualquer natureza. Vou fazer um esforço para ver algo de positivo nesta defazagem . Como não sou economista corro o risco de falar besteira e por isso , já peço desculpas antecipadas . (Neste site tem uns caras da pesada que não perdoam ). Como produtor de leite , meus maiores custos estão nos insumos como fertilizantes , ração e medicamentos . Todos estes insumos dependem da cotação do Dolar. Qual seria o impacto sobre nosso custo de produção se ocorresse desvalorização de 42% do Real ? Este foi o último indice que li (É o Big- Mac que alem de prejudicar nossa saúde biológica , prejudica tambem a financeira ). Será que um aumento (e é esta a minha dúvida ) de 42% nos preços de insumos não seria mais prejudicial ? Hoje recebo em torno de R$ 0,80 por litro e não faz mal se isto significa US$ 0,40 ou 0,33 . Agora, se o fertilizante ,ração , remédios aumentar 40% meu lucro vai diminuir sensivelmente. Novamente quero me blindar dizendo que não entendo de economia . Mas acho que vale a pena , que pessoal que entende de economia faça um debate sobre o impacto da desejada desvalorização sobre o aumento do custo de produção.
Walter

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Walter Jark Filho

Agradeço os comentários e esclareço que também não sou economista.

De fato trabalhamos em reais, o real sobrevalorizado com relação ao dolar facilita a importação de leiter e lácteos, provoca excesso de oferta com relação à demanda o que leva a derrubar o preço ao produtor em reais, por isso a nossa preocupação com a taxa de câmbio e a sobrevalorização do real com relação à moeda norte americana. Veja o recente aumento da exportações dos USA, que se não me falha a memória foi de 51%.

Com relação aos insumos que importamos, na prática o que temos visto é que quando o dolar sobe os insumos sobem e quando baixa muitas vezes não baixam, pelo menos na mesma proporção da queda da moeda dos USA.

No meu modo de ver o que precisamos é que a taxa de câmbio seja justa, que não seja usada para guerra cambial e/ou comercial, bem como que o setor de lacteos não seja usada como moeda de troca na relação comercial do Brasil, pois só assim o sucesso e a sustentabilidade da atividade leiteira dependerá da nossa competência técnica, comercial e gerencial.

Abraço

Marcello de Moura Campos Filho
MARCELLO DE MOURA CAMPOS FILHO

CAMPINAS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 26/10/2010

Prezado Sávio Santiago

Agradeço seus comentários.

Seria muito bom que todas as lideranças da indústria tivessem a sua visão sobre os problema da pecuária leiteira nacional, e externassem suas preocupações.

Acredito que o ideal num mundo perfeito seria a livre flutuação da taxa de câmbio, como praticamos atualmente no Brasil, mas o mundo perfeito hoje é ficção, e alguma coisa tem que ser feita para nos defender da guerra cambial e comercial que é realidae no mundo de hoje. Como contribuição para o debate dessa questão, apesar dos meus também limitados conhecimentos sobre macroeconomia, manifestei minha opinião de que a taxa de cambio deveria continuar flutuante, mas estabelecido um limite minimo, estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional, reajustado periódicamente em função de analise conjuntural, nos moldes do que é feitoicom a taxa de juros SELIC.

Com relação à política, penso que a sociedade é organizada em termos de partidos, que defendem ideologia e interesses de grupos, e que democracia é fazer a vontade da maioria respeitado os legitimos direitos das minorias.

Hoje no Brasil, como na maior parte do mundo, vivemos num mundo urbano e a classe produtora rural, que produz a matéria prima para a agroindústria, é minoria. E enquanto o Brasil for uma democracia, os legitimos direitos da classe produtora rural e da agroindústria tem que ser respeitados, quaisquer que sejam os partidos políticos que estejam no poder. Por outro lado sabemos que políticos e governos só agem sob pressão.

Concordo com você que na cadeia produtiva do leite temos que nos organizar, principalmente os produtores e a indústria, somando esforços para agir para na defesa da pecuária leiteira, como você bem diz, já estava em situação dificil e se torna preocupante quanto à sua viabilidade no Brasil.

A pecuária leiteira é de fundamental importância econõmica e social para o País, pelo que representa em termos de produção de alimentos e geração de trabalho e renda.

A nossa organização e ação para estancar os problemas da pecuária leiteira brasileira tem que ser feita de forma permanente e independentemente da ideologia e dos interesses defendidos pelos partidos políticos que esteja no poder. Mas para que isso aconteça é preciso que exista o entendimento da maioria das lideranças da indústria e dos produtores de leite nesse sentido, estabelecendo uma efetiva e forte parceria em defesa da pecuária leiteira.

Grande abraço

Marcello de Moura Campos Filho

SAVIO

BARBACENA - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 23/10/2010

Boa tarde Marcello;

Mais uma vez parabens pelo seu trabalho em prol da classe produtora de leite nacional.

Seu artigo retrata muito bem a situação atual do mercado externo de leite frente a guerra cambial. Mantém a preocupação de que sem uma política cambial voltada à beneficiar o setor produtivo nacional a tendência de voltarmos a ser um grande importador de leite se agrava. Fica ainda mais crítico do que em décadas anteriores já que nossa produção interna naturalmente aumentou nos colocando próximos a autosufuciência ou ao excesso constante. Diante dessa realidade o dano de se importar com produção nacional estocada propõe uma quebradeira nacional no setor.

Ainda sem entrar na questão macroeconômica, respeitando minha limitação nesse quesito, gostaria de debater as intenções políticas.

O momento político nacional expõe uma prioridade ao populismo, à desvalorização dos alimentos e outros itens oriundos da produção nacional de forma irresponsável e eleitoreira objetivando um projeto de poder de um grupo. Prega-se o controle da inflação, a "carne na mesa" e outros tantos chavões mas sem explicitar à que custo.

Não sou contra o acesso de classes mais pobres à alimentos ou bens de consumo, porém acredito que esse processo deve ser sustentável.

Não acredito em um país que para cumprir metas sociais deteriora quem produz e gera divisas. Não acredito em um país que distribui bolsas e mais bolsas sem qualificar os beneficiados à obter um emprego e assim conquistar sua subsistência de forma digna e recompensadora.

Diante desse ranço político que ainda esconde muitas intenções e ideologismos, a situação da pecuária leiteira que já era difícil se torna muito preocupante quanto à sua viabilidade no Brasil. Temos que nos organizar e agir para estancar esse problema no meu ponto de vista político.

Um abraço e mais uma vez parabéns por sua atuação.

Sávio Santiago
JOSE RONALDO BORGES

CUIABÁ - MATO GROSSO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 05/10/2010

Caro Marcello,

Parabens pelo artigo e gostaria de colocar uma questão:

Porque o dolar está sobrevalorizado no Brasil?

No meu entendimento, há quatro razões para o dolar sobrevalorizar.

1) Diferencial de taxa de juros praticada o Brasil e nos demais paíes.
O Brasil pratica uma das maiores taxas de juros (selic) e é extremamemente compensador fazer emprestimo no exterior e aplicar no Brasil. Ontem o Ministro Mantega anunciou o aumento do IOF para esta aplicação, mas segundo especialistas, ainda é insuficiente para conter a desvalorização;

2) Investimento direto estrangeiro.
Este capital é benvindo ao Brasil, pois gera emprego e renda e em um ambiente economico otimista é dificil conter (e não recomendável) a entrada de dolares;

3) Aumento das Exportações.
O Brasil aumentou consideravelmente as exportações nos ultimos anos, porem a propria sobrevalorização do dolar está contendo o impeto exportador;

4) Aplicação em Bolsa de Valores
Uma grande parte dos dolares que entram para aplicar na bolsa é especulativo e o governo deveria taxar a aplicaçào especulativa e presevar as aplicaçòes destinadas a aumento de capital das empresas.

Soluções técnicas para conter a sobrevalorização do dolar existem e basta vontade política para implementar as medidas, ou esperar que o proprio mercado o faça, como fez em 1999. Mas esperar o meracdo, levará vários setores economincos nacionais a falencia, inclusive o setor leiteiro.

Falando do setor leiteiro, me surpreende em muito a visão de curto prazo dos laticinios que se contentam em ganhar no curto prazo com importação maciça de leite. A longo prazo, todos estarão falidos, produtores e laticínios.

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado José Ronaldo Borges

Agradeço os comentários.

As 4 razões que você citou contribuem para a valorização do Real com relação ao dolar. Mas o posicionamento dos paises asiaticos de taxa de câmbio administrada, sub-valorizando suas moedas visando aumento das exportações e a grande emissão de moeda npos USA para enfrentar a crise econômica tem também uma contribuição de peso.

De fato existem soluções técnicas para conter a sobre-valorização do Real com relação ao dolar, mas não são soluções triviais e por isso, como você bem coloca, é preciso vontade política para que isso ocorra.

Se a visão da maior parte dos lacticínios for, como você diz, a de ganhar no curto prazo com importações maciças de leite, então realmente teremos grandes problemas no longo prazo e por isso as lideranças da pecuária leiteira devem estar atenta com relação a essa questão.

Abraço

Marcello de Moura Campois Filho
MÁRCIO F. TEIXEIRA

ITAPURANGA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 30/09/2010

Prezado Marcelo, muito bom seu artigo !!!

Acredito que o caminho seja exatamente esse, o de pensar na atividade e de como protegê-la e valorizá-la. Acrescento os ganhos internos que a competitividade da cadeia leiteira tem a oferecer, empregos e produção de alimentos. Além disso, na minha opinião, a cadeia leiteira é diferenciada, pelo nível de dedicação e de conhecimento exigidos, e por fazer parte de mais de 80% dos estabelecimentos rurais, em especial nos pequenos e médios produtores.

No Brasil não existe uma política agrícola coerente com a necessidade dos produtores. Não há uma consciência de geração de renda do setor rural, e sim, uma avaliaçao financeira se para o país é mais interessante ou não importar alimentos. É um verdadeiro absurdo o Brasil importar arroz, feijão, leite, trigo, por exemplo.

Infelizmete não acredito nos que dizem ser líderes dos produtores. Se isso fosse verdade, não estaríamos discutindo os problemas cambiais para o setor agropecuário, em especial, a pecuária leiteira.

Abraço e mais uma vez Parabéns pelo artigo.

Márcio


<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Márcio Teixeira

Agradeço os comentários.

De fato é uma vergonha um país como o Brasil importar produtos agrícolas que podem ser produzidos de forma competitiva aqui.

No caso do leite, de 1980 a 2009 importamos o equivalente a 29,4 bilhões de litros, uma média nesses 29 anos de 1 bilhão de litros por ano, com um pico em 1995 de 3,2 bilhões de litros.

E se observarmos os indices da produtividade da nossa pecuária leiteira nos últimos 40, como leite/hectare/ano, produção média por vaca em lactação, etc, com tristeza veremos que praticamente nada mudou

Se os produtores não acreditam nos seu lideres, precisam agir para que esses lideres mudem sua postura e se tornem confiáveis, ou mudar de lideres, para que possam ser discutidos os reais problemas da nossa pecuária leiteira e sair da estagnação em que nos encontramos.

Abraço

Marcello de Moura Campois Filho
CLEMENTE DA SILVA

CAMPINAS - SÃO PAULO

EM 30/09/2010

Bom dia, meu amigo Marcelo. Você tem toda a razão e expôs muito bem a posição do leite e do produtor brasileiro nesse cenário de gangsters. Outro dia numa de minhas cartas ao editorial "O Mito da mão de obra batrata", eu coloquei exatamente esta situação. Existem vários caminhos a serem seguidos para que a nossa agropecuária saia dessa situação de pedinte. O obvio, inteligente e honesto, seria o governo fazer um estágio no campo para ver realmente o quanto custa produzir e, em seguida baixar a carga tributária em todos os produtos e equipamentos destinados a produção e manutenção de uma propriedade rural, seja ela grande ou pequena. Um exemplo: porquê, um trator que serve unica e exclusivamente para trabalhar na produção agrícola tem que custar o mesmo que uma BMW e até mais? Só aqui, acontece isso e não falamos nada, muito pelo contrário, dá prazer falar que compramos um trator que custou R$300.000,00.
Uma ordenhadeira é outro exemplo: uma pequena máquina com qutro conjuntos tipo balde ao pé, daquelas bem simples que tiram o leite nos latões de 50 lts, conforme a marca, variam de R$25.000,00 a R$ 50.000,00 . Se formos falar de um sistema automatizado do tipo espinha de peixe, tandem, ou "side by side" (lado a lado), para ordenhar vinte vacas simultâneamente, chegam a custar mais de um milhão de reais, e sabemos que quase 50% desses preços, são representados por impostos em cascata que vem embutido tanto no trator quanto nas ordenhadeiras. Depois do prazer de comprar equipamnetos de alta tecnologia, o produtor "feliz", começa a sentir o peso ainda maior, quando da manutenção. Não sei em relação a um trator, ou uma colheitadeira, mas, nas ordenhadeiras, há uma das maiores cargas tributárias sobre peças como insufladores, mangueiras e borrachas que compõe um sistema de extração de leite, 38 a 45%. Se, o setor se organizar e pressionar, o governo será obrigado a rever os tributos sobre produtos de uso exclusivo na produção de alimentos. Isso, já daria uma certa competitividade, sem afetar em nada as receitas do estado. Outra saida e acho que a mais lógica seria a desvalorização do real, em mais ou menos 50%, oque traria boa competitividade nas exportações e brecaría um pouco as gastanças com coisas supérfluas no exterior, mas , eu não creio numa atitude dessas por parte desse governo. Onde ficaria o nosso status de grandeza? A nossa imagem de país emergente Número um no BRIC? Nº 1, porque é a 1ª letra da sigla. Quanto ao risco de o Brasil voltar a ser importador, meu amigo, não tenha dúvidas de que esse dia está muito próximo, e já existem até especuladores abrindo "Joint venture" com empresas uruguaias e argentinas, para colocarem novamente, produtos importados aqui, atraves do famigerado mercosul.
A industria está de um modo geral, torcendo em forte expectativa por esse dia, já que para a industria, o leite importado é muito mais lucrativo e menos trabalhoso, ou, menos custoso. Parabéns pela iniciativa, Marcelo.
Abraços, Clemente


<b>Resposta do autor:</b>

Caro amigo Clemente da Silva

Agradeço os comentários.

Faz tempo que não nos encontramos. Mande seu telefone para meu e-mail leitesaopaulo@mpc.com.br

Sua indignação procede, pois muitos são os absurdos a que são submetidos os produtores, como a questão dos impostos sobre a os produtos utilizados na propriedade rural e que oneram o custo de produção como você muito bem colocou. E ainda agravado pela tributação dos alimentos que contribui para pressionar os preços ao produtor para baixo.

Mas falando da política cambial, que no meu ver levará o Brasil a ser novamente significativo importador de leite, parece que o Governo e a indústria se esquecem que a auto-suficiência para abastecer o mercado interno e pequenos excedentes para a exportação só ocorreram num período muito curto, se não me falha a memória de 2004 a 2008, e creio que a somatória das exportações nesse período não tenha passado muito de 2 bilhões de litros. Mas nos últimos 29 anos, no periodo de 1980 a 2009, importamos o equivalente a 29,4 bilhões de litros, o que representa uma média de 1 bilhão de litros por ano, e com um pico em 1995, quando se importou 3,2 bilhões de litros, representando 19,4% da produção e 16,2% do consumo daquele ano. Em 1995 o consumo per capta foi de 126,3 litros/habitante. Se tivessemos um consumo como preconizado pelas organizações de saúde, de 180 litros/habitante, para atender o consumo com o desistimulo reinante na pecuária nacional talvez tivessemos que importar naquele ano 28 bilhões de litros, ou seja, quase o que importamos no período de 29 anos. Como diria um conhecido âncora de telejornal, isso é uma vergonha.

Se existem especuladores abrindo "Joint venture" com empresas uruguaias e argentinas, para colocarem novamente, produtos importados aqui, atraves do Mercosul, e se a industria está de um modo geral, torcendo em forte expectativa por esse dia, imaginaqndo que o leite importado é muito mais lucrativo e menos trabalhoso, ou, menos custoso, cabe às entidades representativas dos produtores mostrarem ao Governo os prejuízos econômicos e sociais que isso trazem ao País e trabalhar para que isso não aconteça.

Mas na Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Leite e Derivados houve um posicionamento da cadeia produtiva de que a integração dos setores lácteos do Brasil e da Argentina deveria ser para exportação para terceiros paises e não para o comércio entre os dois paises, e os argentinos concordaram com essa posição em reunião realizada em setembro passado em Porto Alegre. Vi na revista Infortambo de agosto declaração de lideranças argentinas que é preciso acordos no mercosul visando a exportação para paises fora do mercosul se a indústria pretende ter uma participação importante oportunidade que o mercado internacional deve abrir nos próximos 20 anos para suprimento da demanda mundial.

Esses fatos me dão a esperança que a indústria não só do Brasil, mas do Mercosul, está com uma visão diferente, priorizará o atendimento de parte dessa demanda mundial, e que para isso sabe que não poderá massacrar os produtores para ter produção sustentável, confiável, com qualidade e que o preço ao produtor competitivo terá que vir de uma melhor capacitação dos produtores, através de trabalho de desenvolvimento de seu fornecedores de matéria prima. através de parceria da indústria, do Governo e dos próprios produtores e suas associações.

O que não se pode esperar que o produtor nacional , só e com seus recurso escassoa, consiga aumentar sua produtividade e minimizando custos de produção para corrigir sua baixa competitividade atual e ainda compensar uma sobrevalorização do real com relação ao dolar que parece ser de 30%.

A intensão com o artigo foi chamar a atenção da necessidade das lideranças da indústria e da pecuária leiteira discutirem com o Governo as possiveis mudanças na política cambial para eliminar a sobrevalorização do real com relação ao dolar, ou, se não forem possíveis mudanças, medidas para compensar os efeitos prejudiciais dessa política à nossa indústria e pecuária leiteira, uma das quais talvez poderia ser com relação a eliminação ou redução de impostos relativos à produção de leite nas propriedades rurais.

Grande abraço

Marcello de Moura Campos Filho

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