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O BRIC e o binômio da sustentabilidade

POR JOÃO SAMPAIO

ESPAÇO ABERTO

EM 05/08/2009

3 MIN DE LEITURA

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Considerando que a busca de alternativas para aumentar a sua influência nas decisões sobre a economia mundial é uma prioridade do BRIC (Brasil, Rússia, China e Índia), foi absolutamente lógico o destaque conferido à segurança alimentar e à oferta energética na pauta da primeira reunião de cúpula desse bloco de emergentes, na cidade russa de Ecaterimburgo, em 16 de junho. Afinal, não há dúvida quanto ao peso político e diplomático crescente das nações capazes de atender às demandas internacionais de comida e combustíveis limpos, advindos de fontes renováveis.

Na verdade, o Brasil é o país com as melhores condições de assumir a liderança na produção e exportação de produtos agropecuários, incluindo as commodities e os biocombustíveis. Tal circunstância se comprova no fato de que acabamos de receber referendo da mais alta credibilidade: o estudo do Banco Mundial (BIRD) "Desenvolvimento com Menos Carbono - Respostas Latino-americanas ao Desafio das Mudanças Climáticas".

A pesquisa ratifica que o Brasil possui uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo (mais de 80% da energia que produz são provenientes de fontes renováveis, como a hidroeletricidade e os biocombustíveis líquidos). Sugere, ainda, que o País pode compartilhar suas experiências bem-sucedidas de manejo ambiental com outras nações emergentes e em desenvolvimento, especialmente no desenvolvimento de energias renováveis, a produção de etanol de cana-de-açúcar, a administração sustentável das matas tropicais e a gestão de resíduos sólidos. Embora o relatório não tenha incluído nessa lista de diferenciais as tecnologias de aplicação do etanol, como os automóveis flex, evidencia o reconhecimento da comunidade internacional não só à nossa capacidade de produzir, mas também de inteligência e know how.

Muito relevante, também esse mesmo estudo considerar que o etanol brasileiro de cana-de-açúcar reduz de 70% a 90% as emissões de gases do efeito estufa, em comparação à gasolina. Os biocombustíveis, ainda segundo os dados do BIRD, representam cerca de 6% da energia consumida no setor de transporte da América Latina, com destaque para a produção e consumo de etanol do Brasil. Fundamental é o reconhecimento, no documento, de que, "ao contrário da produção do etanol de milho em outros países, o produto brasileiro de cana-de-açúcar não contribuiu, em razão do desvio de terras destinadas à produção agrícola, para o aumento do preço das matérias-primas alimentares ocorrido em 2007/2008".

Todas as condições são favoráveis. Cabe ao Brasil, porém, duas grandes e urgentes lições de casa para que esse imenso potencial possa apresentar resultados práticos imediatos na sua economia e no crescimento de seu PIB. A primeira delas depende, exclusivamente, dos próprios brasileiros: conter de modo radical o desmatamento, em especial na Amazônia, pois esse problema, além de imensos danos ecológicos para o próprio País e o mundo, acaba comprometendo nossa credibilidade como guardiões da sustentabilidade.

A segunda missão, um tanto mais árdua no plano político, é relativa às negociações para diminuir ou extinguir as tarifas de importação de etanol nos Estados Unidos e outras nações do bloco dos desenvolvidos. O Governo Federal e a diplomacia estão muito passivos nesse embate. Não adianta esperar a ressurreição de Doha. É preciso partir para acordos bilaterais. O estudo do BIRD é muito claro nessa questão: "Reduzir ou eliminar as elevadas tarifas comerciais e os enormes subsídios proporcionados por muitos países, produziria benefícios econômicos para o Brasil e para os seus parceiros, além de diminuir as emissões de gases do efeito estufa".

Seria fundamental que, a partir de sua primeira reunião de cúpula na Rússia, as nações do BRIC pudessem atuar diplomaticamente de maneira mais coesa e sinérgica, avançando nas negociações, com norte-americanos e europeus, dos subsídios agrícolas e taxas de importação do etanol. Ao agirem assim, não estariam beneficiando apenas o Brasil, mas todo o bloco, à medida que a contribuição recíproca poderia implicar a contrapartida brasileira no fornecimento e também na transferência de tecnologia, o que é muito importante.

Assim, nas gestões diplomáticas referentes ao binômio da sustentabilidade - alimentos/combustíveis limpos - poderia viabilizar-se o grande objetivo dos quatro grandes emergentes, de constituição de uma nova ordem mundial mais justa e democrática.

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PAULO LUÍS GONÇALVES CAMPELO

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 06/08/2009

Enquanto as autoridades não compreenderem que apenas os gases emitidos a partir da queima de combustíveis fósseis contribuem efetivamente para o aumento dos níveis desses gases na atmosfera, não iremos a lugar nenhum no que se refere à redução de emissões de gases de efeito estufa.
Não consigo enxergar outra forma de brecar o aumento do nível desses gases na atmosfera a não ser com a suspenção imediata da utilização de combustíveis fósseis.
Não consigo engolir, por exemplo, quando dizem que os gases emitidos pelos processos metabólicos do boi estão contribuindo para o aquecimento global. Esse gás vem de onde ? da fermentaçao do alimento que o boi consumiu, esse alimento é à base de que ? de plantas, que para se desenvolverem lá no campo retiraram o Carbono da atmosfera, o qual passou a constituir os tecidos dessas plantas, e agora, durante os processos de digestão desses alimentos, parte desse carbono é lançado para a atmosfera em forma de gases, que novamente serão utilizados pelas plantas, é um ciclo.
De nada adianta reduzir desmatamento, de nada adianta parar de comer carne para que os pecuaristas deixem de existir, de nada adianta produzir biogás para vender créditos de Carbono, pois, as emissões desses gases sempre irão existir, o que não pode acontecer é a emissão de gases a partir da queima de combustíveis fósseis, pois esses são os únicos que estão efetivamente contribuindo com o acréscimo do nível desses gases na Atmosfera do nosso Planeta. Só que isso nunca acontecerá, e as consequências serão inevitáveis.
JOSÉ ROBERTO PUOLI

CAMPO GRANDE - MATO GROSSO DO SUL - PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE

EM 05/08/2009

Concordo plenamente com você que esta tarifa sobre o nosso álcool é perversa e deveria cair sim o mais rápido possível.

Como todo outro tipo de subsídio, ela somente beneficia o menos eficiente, e/ou muitas vezes, o ineficiente.

Acredito muito que temos que combater estes US$360 bilhões de subsídios mundial e acesso a mercados. É incrível o estrago que isso faz, principalmente, a curto prazo, nos países emergentes.

Veja que ironia do destino. Os países ricos seguem subsidiando sua agricultura e restringindo acesso ao seus mercados. Se esta situação fosse revertida, os emergentes teriam um ingresso extra de aproximadamente US$50 bilhões.

Digo que é uma enorme ironia, pois, de maneira bem simplista, a rodada de Doha foi pro vinagre, por conta destes US$50 bilhões e, eles, os países ricos e desenvolvidos, perderam US$3 trilhões fazendo alavancagem em cima de patrimonios supervalorizados.

Enfim, esta observação é só para dizer que, acredito que temos que continuar a briga contra subsídios agrícolas e acesso a mercados. Isto fará uma enorme diferença para o agronegócio do mundo todo e não só do Brasil. E, acredito que você, como secretário da agricultura do estado mais rico do país, tem força para participar deste embate.

Abração
limão

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