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Mestiçagem das vacas e rentabilidade da produção de leite - Novos argumentos

POR SEBASTIÃO TEIXEIRA GOMES

ESPAÇO ABERTO

EM 12/03/2007

2 MIN DE LEITURA

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Começo afirmando que tenho o maior respeito pelo colega Dr. Madalena, por sua trajetória profissional, com contribuições interessantes para a pecuária leiteira nacional. O debate que estamos mantendo, através do MilkPoint, tem como único objetivo aprofundar o tema mestiçagem/rentabilidade, que acredito ser importante para toda a cadeia produtiva do leite.

O Diagnóstico da Pecuária Leiteira do Estado de Minas Gerais, em 2005, cujos dados foram utilizados no artigo anterior, teve como principal justificativa a análise da evolução da pecuária leiteira nos últimos anos. Isto foi feito pela comparação dos Diagnósticos de 2005 e de 1995, ambos de autoria do Sebrae-MG, da Faemg, da Ocemg e do Senar-AR/MG.

A principal conclusão, derivada dessa comparação, foi que a produção de leite, em Minas Gerais, está cada vez mais concentrada nos maiores produtores, que possuem gado especializado para isso. Dados da Itambé indicaram que, em 2005, os produtores de mais de 500 litros/dia responderam por 62% da produção e os de mais de 1000 litros/dia, com 45%. Até pela logística de operação, produtores com esses volumes preferem gado mais especializado na produção de leite.

O crescimento da produção contribuiu para suavizar os efeitos da queda do preço do leite e, por extensão, da margem bruta/litro; perde-se no unitário para recuperar-se no total. O aumento da produção pode ocorrer pelo aumento do número de vacas e/ou, pelo crescimento da produtividade. Restrições de área levam ao crescimento da produtividade, que, geralmente, está associado ao aumento do grau de sangue holandês das vacas.

As significativas transformações que vêm acontecendo na produção de leite, sugerem que verdades de dez anos atrás não têm sustentação nos dias de hoje.

No artigo que escrevi argumentei que, de acordo com os dados apresentados e discutidos, a definição do sistema de produção preferido depende do critério de análise financeira utilizado. Se forem os custos variáveis, é mais atraente o sistema com gado de menor grau de sangue holandês. Todavia, se for custo total, o mais atraente é o sistema de produção com gado de maior grau de sangue holandês.

De fato, como questionou o Dr. Madalena, não fiz teste de causalidade entre o grau de sangue das vacas e a rentabilidade do sistema de produção. O que fiz foi mostrar a existência da associação positiva entre grau de sangue holandês das vacas e a rentabilidade do sistema de produção, medida pelo custo médio. Ainda que outros fatores, com certeza, influenciaram na rentabilidade, não se pode negar que o aumento do grau do sangue holandês foi um deles.

Não dimensionei o quanto influenciou, apenas destaquei a correlação entre eles. A própria evolução da pecuária foi um atestado dessa associação. Para manter o equilíbrio do sistema de produção as melhorias na alimentação, no manejo e nos cuidados sanitários têm que estar associadas à capacidade de resposta do rebanho aos estímulos do mercado.

SEBASTIÃO TEIXEIRA GOMES

Professor Titular da Universidade Federal de Viçosa

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SILVIO ROMERO PUPE SILVA

CAMPOS DOS GOYTACAZES - RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 11/04/2007

Sou produtor de leite em São Francisco do Itabapoana, norte do Estado do Rio de Janeiro. Acho muito difícil produzir com raças mais puras no clima do meu estado, onde as chuvas são concentradas em uma determinada época do ano.

A confecção de silagem é um dispositivo caro em relação ao preço do litro de leite recebido. A mão-de-obra é outro fator limitante na atividade, pois está muito difícil encontrar pessoas comprometidas profissionalmente. Ingressar no MST está muito mais atraente do que se trabalhar como curraleiro, com as facilidades encontradas hoje em dia.
WILSON MOTA DA SILVA

CURITIBA - PARANÁ

EM 04/04/2007

Estou iniciando na peucaria leiteira (interior de Santa Catarina), sempre morei em cidade grande. Pesquisei muito sobre o assunto (literatura, internet e revistas), e o que encontrei foram 2 mundos distintos. Um, na teoria, mostrando que temos no Brasil a mesma coisa que existe no primeiro mundo. O outro na prática, a maioria ainda ordenha manualmente gado não selecionado.

Hoje (eu que sou iniciante) tenho a opnião que se trabalhe não apenas com uma raça, e se aproveite o que todas tem de bom, é claro que todas não trarão apenas as vantagens, elas vem completas. Mas criando as vacas com cruzamentos apenas "dentro" da própria raça, misturando no tanque o mesmo leite.

No momento eu tenho 2 bezerras Jersey, 3 holandesas preto e branco. Na época de inseminação, as holandesas receberão o sêmem holandês e as Jersey o sêmem jersey.
MOYSES BOSSI LIMA

CARLOS CHAGAS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 28/03/2007

Pelo tamanho do Brasil com inúmeros ecossistemas, preços praticados ao produtor, preços de concentrado, não vejo como esta polêmica possa dar em alguma conclusão prática.

Em alguns locais do Brasil, deve-se levar em consideração a possibilidade de se produzir leite de Gir e Guzerá. Tenho acompanhado alguns leiloes pela TV e ainda não vi liquidação de plantel de gado zebu leiteiteiro.
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/03/2007

Prezado Professor Sebastião

Não resta dúvidas que o Gado Holandês, quando criado de forma profissional, tem uma resposta excelente em termos de produtividade, que nenhuma outra raça ou miscigenação pode alcançar. Tanto é que não se concebe gado leiteiro de comprovada viabilidade quanto a volume, sem a presença de algum grau de holandês. Só verifico, nas falas de ambos os professores: o Senhor e o Dr. Madalena, apenas e tão somente, uma falha em comum: a de não explicar que o ideal seja a criação das raças puras e ressalvar a necessidade maior de investimentos como limitante.

E, não, simplesmente, fazer apologia das mestiçagens, como se estas fossem o único e viável caminho, derrubando anos de seleção de grandes criadores. Tudo bem que a maioria tenha gado mestiço, sem capacidade produtiva definida mas, não se pode esquecer que os grandes produtores de leite do Brasil utilizam raças puras (noventa por cento, holandês).

Sou selecionador de gado holandês, utilizo o confinamento total e não tenho do que reclamar. Entrei, agora, na seleção de gado Jersey, para aumentar o teor de sólidos e proteínas do leite, atendendo à exigências do mercado, mas, não misturo as raças, para não perder na qualidade dos rebanhos.

Nos Países desenvolvidos em pecuária leiteira, a apuração da raça é cada vez mais difundida e, não sem motivo. Quando vamos deixar de ser amadores e tratar nossos criatórios como empresas, ao invés de vestirmos a roupagem de coitados e subdesenvolvidos, que hodiernamente nos é ofertada, até mesmo pelos pesquisadores? Se continuarmos a incentivar a mestiçagem, temo que nunca.

Um abraço e, novamente, parabéns pelas lições.

GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
ADILSON DA MATTA ANDRADE

MURIAÉ - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 15/03/2007

Sou Veterinário e acompanho Fazendas na região da Zona da Mata de MG, sul do ES e norte fluminense, trabalho 95% com nutrição, reprodução e custo de rebanho leiteiros, não atendo emergências e cirurgias, tenho dados das fazendas em um total de mais de 5000 vacas mestiças, grande maioria Girolandas de 1/4 a 7/8, os dados do meu trabalho batem com a planilha mostrada pelo Prof. Sebastião.

O que acontece com o gado com mais de 60% de sangue europeu na maioria das fazendas da região, é o total descaso com conforto animal, como por exemplo a maioria dos currais com sala de espera descoberta.

Como nas fazendas que acompanhamos já tem um certo nivel de concientização das necessidades (conforto e nutrição) do animal mais Holandeizado e sua maior produtividade, os resultados com eles são tanto mais produtivos como mais lucrativos.

Tambem é certo que certas propriedades, pela sua topografia, tamanho e nível da mão-de-obra, não recomendamos que passem de 3/4 de sangue holandês, mas na maioria dos casos o ciclo genético de 1/2 a 7/8 é o mais recomendado. Até que tenhamos touros 5/8 com maior confiabilidade, que no meu ver seria ótimo).

Fiz recentemente um levantamento comparativo com 1987 e tive a triste constatação de que a nossa mão-de-obra (retireiro capacitado ganhando R$ 500,00/mês + encargos) subiu perto de 700% nestes 20 anos, o óleo diese 300% e a Kw 534% em relação ao leite e @ de boi.

Com estes dados quem não tiver no caminho de melhor e maior produtividade por animal por área, e por homem com certeza ficará para trás.

Parabéns aos professores e leitores pelo interessante debate.
HILDEBRANDO DE CAMPOS BICUDO

ARCEBURGO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 14/03/2007

De fato, esta reflexão sobre o rumo a dar na nossa criação para leite, faço constantemente. A vaca F1 tem todas as vantagens da heterose, e produz um bom bezerro de corte quando voltada com zebuíno. Entretanto, à medida que se avança no sangue europeu, perde-se rusticidade, mas se ganha em produção.

Como alega o professor Teixeira Gomes, de fato os tempos mudaram, temos que ganhar cada vez menos sobre mais, e ter escala para não sair do mercado.
O mestre Octavio Machado dizia que "sem holandês não tenho leite, e sem zebu não tenho bezerros". Hoje temos antibióticos e outras técnicas para ter bezerro de europeu, mas também não podemos mudar o clima, daí precisarmos de uma combinação de genes produtivos no nosso meio. Com o sêmem sexado, "ainda caro", não teremos mais o ônus do macho na criação leiteira. Então, optamos para o girolando, para ter as vantagens das duas raças.

É claro que ainda temos um longo caminho a percorrer, mas ao menos já estamos na estrada.

m abraço,
Hildebrando
CLEBER MEDEIROS BARRETO

UMIRIM - CEARÁ

EM 13/03/2007

Prezado Prof. Sebastião,

Estamos produzindo leite de vaca há exatos quatro anos num pequeno sítio em Limoeiro do Norte (CE). Utilizamos até o ano passado uma área "restrita" (1 ha) de pastagem nitrogenada irrigada, sendo o capim utilizado o tanzânia com uma lotação média anual de 12 UA. Acompanhamos milimetricamente todos os dados produtivos e econômicos. O rebanho utilizado é composto por vacas holandesas (PC).

Temos limitações de estrutura física, para se ter uma idéia, nossos cochos para o fornecimento de concentrado ainda são pequenas tinas de pneus, adquiridas em 2003, quando da compra de nossas seis garrotas (base do rebanho). Para encurtar a história, produzimos o ano passado algo próximo de 44.000 litros nesse hectarezinho.

Pois bem, não dependemos "ainda" financeiramente da produção leiteira, mas nesses quatro anos deu para se ter uma boa noção (pois administramos o negócio) do que é produzir leite hoje.

Os resultados têm sinalizado que estamos trilhando um bom caminho no modelo de produção escolhido, as dificuldades claro, são muitas, ao mesmo tempo prazerosas pelos desafios que nos impõem a cada dia. Os números mostram que de outra forma não haveria possibilidade de se manter pelo menos até agora o pagamento de um colaborador, sendo agora dois.

Quando lemos o interessante trabalho do EDUCAMPO - LEVANTAMENTO DA PRODUÇÃO DE LEITE MINEIRA 2005, vimos muitos dados parecidos com a nossa realidade nordestina (baixos índices...), e mais recentemente observando os dados do Agripoint (Os 100 maiores produtores 2007) vemos claramente a tendência da especialização da atividade, onde entendemos que num futuro próximo haverá um grande encurtamento no número de produtores, concomitante a uma produção equilibrada baseada nos mercados.

Algo parecido ocorreu na nossa região com o algodão "extinto" no sertão e guardadas as devidas proporções com a cana-de-açúcar na zona da mata nordestina.

Parabéns e nosso muito obrigado pelas sempre preciosas informações que nos servem para as mais variadas reflexões que vão muito além de uma mera discussão sobre mestiçagem.

Atenciosamente,
Cleber Medeiros Barreto
REGINALDO PEREIRA DE OLIVEIRA

PATOS DE MINAS - MINAS GERAIS

EM 13/03/2007

Bom dia a todos,

Professor Sebastião, gostaria de parabenizá-lo pelo artigo. Sou estudante de agronomia, e a pecuária desperta bastante o meu interesse, por isso leio bastante os artigos sobre pecuária leiteira, publicados no site da MilkPoint.

Moro na região do Alto Paranaiba - Patos de Minas - e aqui há uma fazenda experimental da EPAMIG. Há um tempo atrás, esta Empresa lançou uma cartilha, sobre aquisição, reprodução de vacas cruzadas F1 HZ, para exploração da produção de leite, a um custo menor, para melhor viabilização do negócio.

Segundo dados da EPAMIG, a produção média de uma vaca é de 3300 a 3400 litros/lactação (média de 300 dias). Ainda, as crias destas, quando são animais machos, possuem características com capacidade para serem aproveitados para recria e engorda para produção de carne.

Nesta cartilha a EPAMIG cita como exemplo de experimento, este modelo de produção, em uma fazenda da Empresa em Felixlândia - Noroeste de MG.
Sendo assim tenho uma pergunta: na sua opinião, vacas oriundas desse tipo de cruzamento, com as características descritas acima, podem ser consideradas animais especializados para produção de leite, sobretudo na região do Alto Paranaíba?

Um abraço a todos,
Obrigado,

Reginaldo Pereira.
CLAUDIO NAPOLIS COSTA

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 12/03/2007

Não tenho acompanhado esta interessante polêmica, pois recupero-me de uma cirurgia, acometido que fui de apendicite aguda. Os professores doutores Madalena e Sebastião, como sempre, trazem à reflexão temas interessantes. Precisamos de maior interação entre pesquisadores/professores/técnicos de áreas afins. Brilhantes, são referências em suas áreas zootecnia e economia, respectivamente.

Como profissional da Zootecnia (produção econômica dos animais domésticos), ex-aluno do prof. Sebastião e da UFV, conhecedor do importante projeto conduzido pelo prof. Madalena, quando ainda consultor da FAO, junto à Embrapa Gado de Leite, vou me permitir algumas considerações. Entendemos que o maior desempenho (combinação racial para maior produção) não coincide necessariamente com o melhor desempenho (combinação racial para maior eficiência).

Nem sempre as condições de produção permitem, ou são adequadas para a expressão do melhor desempenho racial (ótimo, sob o enfoque econômico). Sem entrar no mérito da importância de terra, gestão, mão-de-obra, instalações e do próprio objetivo do sistema de produção, uma equação bem simples com apenas raça e alimentação nos diria que para otimizar o componente raca, necessita-se melhor alimentação.

Por outro lado, se este componente é restrito, deve-se optar por uma combinação racial menos exigente, portanto, mais eficiente para tal condição, de forma que otimiza-se o "sistema". Isto é uma simples ilustração do conhecido fenômeno "interação genótipo animal e o ambiente" de produção. O prof. Sebastião não dispõe de registros contemporâneos entre as composições raciais para as inferências realizadas, assim de baixa precisão, sob o enfoque estritamente experimental. Todavia, são dados observados da realidade e, não obstante o seu "empirismo" tem um profundo valor informativo.

Retratou-se uma tendencia, vis a vis as observações, obtidas em outra década. Registrou-se uma mudança, evolução? As transformações estão ocorrendo, mas a estrutura de produção ainda é muito heterogênea, ineficiente, de baixa produtividade. Temos poucas informações, pois registra-se poucos dados, lamentável viés cultural. Só dispomos de informações em nível macro.

As indústrias estão valorizando escala, qualidade e fidelidade. Os produtores estão aprendendo, com dificuldade, por tentativa e erro. Temos limitações com assistência técnica, disponibilidade, facilidade de acesso e qualidade da informação. Desafios sendo superados muito lentamente.

A desejável aceleração das transformações, passa necessariamente por arranjos formulados pelas lideranças dos vários segmentos da cadeia produtiva. A propósito, como elas tem se interagido? Quais as perspectivas indicadas pelas tendências do mercado interno x externo? A quem caberia tais avaliações e orientação aos produtores? Precisamos de análises elaboradas num contexto mais amplo para alcançar maior eficiência, rentabilidade e competitividade dos sistemas de produção de leite e da atividade no País.

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