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Leite x Concentrado e a importância do gerenciamento

POR BRUNO BARCELOS LUCCHI

ESPAÇO ABERTO

EM 14/04/2008

4 MIN DE LEITURA

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A elevação do preço do leite no último período tem contribuído para maior utilização de tecnologias que conduzem ao aumento da produtividade. Tal informação pode ser corroborada pelo maior uso de hormônios, aumento nas vendas de rações concentradas e investimentos em estruturas e equipamentos.

No entanto, quando se lança mão de altas tecnologias, deve-se levar em consideração, além do retorno econômico, o risco inerente a esses sistemas.

Com o aumento da especialização do rebanho, tem-se o aumento da capacidade de resposta em produtividade. Por outro lado, há uma maior utilização de concentrado. Num cenário como o do ano de 2007, a situação é favorável, pois apesar de o preço médio dos insumos concentrados ter aumentado, o incremento no preço do leite foi compensatório.

Segundo especialistas do setor, tudo indica que 2008 será um ano de preço bom para o leite, porém com menos chance dos elevados picos ocorridos no ano anterior. Em contra partida, o custo com alimentação tende a ser elevar, pois já no início do período constatou-se um aumento significativo nos preços dos adubos e minerais, principalmente os fosfatados. Em relação aos cereais, estes já se encontram 50% mais caros comparados com 2007 em algumas regiões, sobretudo milho e o farelo de soja, principais componentes da ração concentrada, cujos preços iniciaram 2008 com 35% de aumento frente ao ano passado.

Embasado nesse contexto, realizou-se um estudo com um grupo de produtores, os quais são assistidos há mais de sete anos pelo Projeto Educampo na região do Triângulo Mineiro. Foram analisadas as interações entre o preço médio anual do leite e do concentrado ao longo desse período, em função da margem líquida/área (Margem Líquida = Renda Bruta - (Custo operacional efetivo + Depreciações + Pró-Labore do Administrador)).

Foram realizadas 5.000 simulações com as séries históricas das variáveis de entrada (preço do leite e concentrado) em resposta a margem líquida/área, usando como base o custo de produção médio do ano de 2007. Na tabela 1, encontram-se os indicadores técnicos e econômicos dos produtores nesse período.

Tabela 1: Indicadores técnicos e econômicos do grupo de produtores do Projeto Educampo, na região do Triângulo Mineiro, inerente ao período de janeiro a dezembro de 2007, dados corrigidos para o IGP-DI: 12/2007.


Fonte: CPDEducampo.

Dentro das séries históricas, os preços foram corrigidos para o IGP-DI de dezembro de 2007. O valor mínimo anual do preço do leite foi 0,596 e o máximo, 0,803 R$/L. No tocante ao concentrado, esses valores oscilaram entre 0,542 e 0,683 R$/kg. Assim, em conformidade com o comportamento de mercado nos últimos sete anos, e diante do custo médio apresentado, a probabilidade de o empresário ter uma margem líquida negativa é de 14,58%, ou seja, ele pode até continuar produzindo mas corre o risco de descapitalizar ao longo do período (veja dados na tabela 2).

Tabela 2: Probabilidade dos diferentes valores da margem líquida/área de acordo com a simulação dos preços de leite e concentrado.


Fonte: CPDEducampo.

É incontestável que o ano de 2007 foi o divisor de águas na pecuária leiteira. Mesmo que tenhamos um cenário pessimista, não será tão ruim quanto aos que tivemos alguns anos atrás. Os resultados positivos no último período, para os produtores em questão, decorrem da maior média de preço de leite da história e de um valor de concentrado médio próximo do valor mínimo discutido anteriormente.

Por essa razão, a variável de estudo escolhida foi a margem líquida, que é um indicador de médio prazo, que, se positivo, significa que o empresário conseguiu cobrir os desembolsos diretos (custo operacional efetivo), as depreciações de máquinas, benfeitorias e forrageiras, além de remunerar a mão-de-obra familiar. Dessa forma, consoante se observa na tabela 2, a probabilidade dos valores serem próximos dos 587,11 R$/ha do ano passado, fica na casa dos 20,58% (estrato de 400 a 600 e acima de 600).

Afirmar que a chance da margem líquida/área ser negativa é baixa ou ser acima de 400,00 R$/ha é alta é muito relativo, pois vai depender da aversão ao risco de cada produtor. O que se pode concluir é que não poderemos conduzir a atividade do mesmo modo que do ano passado.

Maior ênfase no planejamento e, principalmente, no gerenciamento, serão imprescindíveis para o aumento da rentabilidade. O produtor não pode esquecer que sua unidade produtiva, a vaca, é um animal ruminante, o que lhe proporciona uma enorme flexibilidade na alimentação. Assim, deve estar atento às oportunidades do mercado, visando a realização de compras estratégicas de insumos e a maior utilização de subprodutos.

É nesse ponto que o planejamento faz a diferença, pois caso não se saiba da necessidade de concentrado ao longo do ano, não há como adquirir a quantidade certa; se não se faz uma previsão de fluxo de caixa, não há como comprar grandes quantidade na época de melhor preço; se não faz cotações de insumos, não se ganha na compra, não aproveitando a relação de troca.

Enfim, diante de um cenário de custos mais elevados e preço de leite ainda nebuloso, devem, técnicos e produtores do setor, focar no equilíbrio dos custos de produção e na produtividade condizente com os sistemas vigentes, e para isso, o gerenciamento da empresa rural é uma ferramenta fundamental na condução dos trabalhos.

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BRUNO LUCCHI

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL

EM 06/06/2008

Prezado Moacir,

Muito obrigado pelos comentários, compartilho da mesma opinião que você a respeito da profissionalização do produtor rural e da importância de uma assistência técnica competente, que além de elevar a produtividade da propriedade, sabe principalmente, fazer o produtor ganhar dinheiro!
MOACY GUILHERME BOTELHO COELHO

PINHEIROS - ESPÍRITO SANTO - REVENDA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS

EM 04/06/2008

Parabéns Bruno, são técnicos do seu nível que fazerão o produtor ter a verdadeira noção de empresário no setor, e não tirador de leite, como sempre acontece. Tem alto valor empregado, no caso a terra, e muitas vezes passa por situações muito difíceis, como sabemos, e a maioria nenhum conhecimento ou acompanhamento técnico. Principalmente em nossa região, onde o leite é o sub-produto da fruticultura, agricultura, cana de açucar, eucalipto etc. Estamos carente de mais artigos com este conteúdo e esclarecimentos. Nas uma vez,parabéns!

Moacy Guilherme Botelho Coelho
BRUNO LUCCHI

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL

EM 27/05/2008

Caro Breno Augusto,

Concordo plenamente com sua colocação a respeito da valorização dos animais e preço da terra no último período, assim como o preço do leite ambos também variaram consideravelmente.

No respectivo estudo a receita com venda de animais foi considerada fixa, pois foram isolados somente os itens de maior impacto no custo de produção. No caso da renda, a venda de leite (preço do litro), que representa por volta de 85% e no custos, o concentrado (preço do kg), que apresentou maior participação no custo do leite. Além de serem as variáveis de maior sensibilidade
BRUNO LUCCHI

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL

EM 27/05/2008

Prezado Cleber M. Barreto,

Agradeço pelos comentários e o parabenizo pelo excelente pergunta.

Tal fato é comum ocorrer em empresas em fase inicial de implantação de projetos, onde os investimentos são maiores que os rendimentos, pois o potencial produtivo ainda não foi atingido.

Neste caso, uma das análises que você pode está realizando é o balanço patrimonial, que é a organização sistemática de todos os bens da empresa (ativo) com todos os débitos (passivo) em um determinado período de tempo, no caso do leite um ano.

Dentro dos ativos, há três classificações:
1) Ativo Circulante, como exemplo a venda de leite devido elevada liquidez;
2) Ativo Intermediário: animais e máquinas, são intermediários em vida útil e em liquidez;
3) Ativo Permanente: benfeitorias e terra, possuem baixa liquidez e sua venda afeta a continuidade do negócio.

Em sua análise, sugiro que de posse dos dados do último período verifique a variação patrimonial dos ativos intermediários e permanentes oriundos apenas dos recursos adquiridos com a atividade leiteira, sem o capital externo. O valor encontrado deverá ser adicionado na renda bruta da atividade, daí realizar todas as análises econômicas (margens e taxa de retorno do capital), este estudo será útil no curto prazo para identificar "um provável" ganho da empresa.

No médio e longo prazo, uma análise interessante seria do taxa interna de retorno (TIR), a qual representa a taxa de retorno sobre o saldo do capital empatado no projeto até sua estabilização, enquanto o capital inicial está sendo recuperado. Ao se obter a TIR do projeto, você pode comparar com a taxa de juros de mercado, ou a do valor do FNE, devendo esta ser maior em ambos os casos para o projeto ser viável.

Espero ter contribuído, desejo sucesso na atividade.
BRENO AUGUSTO DE OLIVEIRA

ALTO ARAGUAIA - MATO GROSSO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 19/05/2008

Parabéns pelo estudo caro Bruno.

Dentro da margem líquida das suas milhares de simulações, como foi trabalhada a movimentação de rebanhos (vendas de animais), foi computada esta receita ou despesa em determinadas situações!
O mercado não apenas valorizou o leite, animais e terras também!
CLEBER MEDEIROS BARRETO

UMIRIM - CEARÁ

EM 16/05/2008

Prezado Bruno, antecipo nossos sinceros agradecimentos, ao tempo em que parabenizamos a você e toda equipe do EDUCAMPO pelo importante trabalho que vêm exercendo. Faço o acompanhamento econômico de um pequeno módulo de produção de leite de nossa propriedade há exatos cinco anos. Iniciamos em 2003 com apenas seis garrotas que foram recriadas até entrarem em produção por volta de novembro de 2004. De lá para cá, temos efetuado a retenção de todas as fêmeas, sem exceção para formação do plantel, o que leva a um custo operacional elevado na atividade como um todo. Dessa forma, ocorre um constante desembolso "externo" (investimento) para manutenção do sistema. Entretanto, saímos de um patrimônio bruto total (sem terra) estimado de R$ 11.500,00, para hoje estarmos próximos dos R$ 150.000,00. Ressaltamos que desse montante, R$ 60.000,00, foi utilizado (2006/2007) como investimento (animais e expansão da área) através de recursos de terceiros (FNE) para serem honrados até 2014. Hoje contamos com um plantel de 42 fêmeas distribuídas nas diversas categorias.

Gostaria de saber se possível, qual o grau de associação que essa variável (variação patrimonial positiva) teria com os custos operacionais e total, como demonstrativo financeiro-econômico, e como melhor analisar tal situação.

Certos de sua colaboração, agradecemos antecipadamente.
Saudações zootécnicas.
Cleber Medeiros Barreto.
FELIPE COUTO UCHOA

JATI - CEARÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 05/05/2008

Tudo bem Bruno, valiosas informações reforçam mais ainda a necessidade de organização, a essencialidade da gestão dos números e avaliação dos mesmos. Como foi dito no artigo acima que o planejamento faz a diferença, temos oportunidade de utilizar os tradicionais planos de custeio ofertados por programas de financiamento com taxas que não superam os 5,1% de juros ao ano (em regiões semi-áridas). Programas que se bem utilizados podem ser ferramentas valiosas para adquirir alimentos com um custo de oportunidade compatível com a atividade leiteira. Neste caso uma ferramenta capaz de reduzir o custo médio anual do concentrado, principalmente se os produtos estrategicamente adquiridos forem sub-produtos.

Parabéns pelas preciosas informações.



BRUNO LUCCHI

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL

EM 04/05/2008

Prezado André Luiz,

Sugiro que analise se o valor da venda das crias representa mais que 6% ao ano do valor investido nas vacas. Pois, esta é a taxa de juros da poupança descontada a inflação, sendo assim se estiver remunerando mais que 6% ao ano, significa que pelo menos o investimento é melhor que a poupança.
ANDRE LUIZ BORGES DA SILVA

CACHOEIRA PAULISTA - SÃO PAULO - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 29/04/2008

Tenho um amigo que detém o arrendamento de uma terra onde possui um pouco de gado mestiço de leite que manda para a cooperativa local. O mesmo está satisfeito pois me disse que o leite paga o arrendamento, os empregados e apesar de sobrar pouco disse que lucra com as crias. Ele me propôs comprar umas vacas em lactação e deixar na sua propriedade, sendo que ele dá o trato mas fica com o leite e eu com as crias. Coloquei dez vacas mestiças com média de 10l para fazer um teste. Gostaria que vocês ou algum leitor especialista no assunto fizessem os cálculos para saber se este tipo de investimento vale a pena.

Muito grato e parabéns pelo conteúdo das informações contidas neste site.
BRUNO LUCCHI

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL

EM 21/04/2008

Prezado Rodrigo G. da Silva,

O Projeto Educampo foi criado pelo Sebrae-MG no intuito de promover a educação do homem do campo, por meio de consultoria gerencial e técnica, promovendo dessa forma o crescimento econômico de seu negócio.

O que tenho observado em palestras e reuniões com produtores participantes do Educampo, é que ao conhecerem os números de suas propriedades, na maioria das vezes há uma grande surpresa, pois o resultado não condiz com o que eles julgavam ser.

Sendo assim, há um despertar para ferramentas de gestão que antes não eram utilizadas. Evidentemente que alguns produtores não absorvem de imediato essas idéias, principalmente pelo modelo de administração que foi herdada ou mais utilizada na região.

O impacto na cultura é muito grande. Porém, de uma forma mais lenta e gradual esses produtores vão percebendo os benefícios da utilização dos números na tomada de decisão, deixando de ser simplesmente tiradores de leite, para se tornarem empresários rurais.
VALDIR TAMBOSETTI

GUARAPUAVA - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 20/04/2008

Bom Dia!

Fico feliz em poder ter informações tão valiosas dentro da atividade leite. Isto me inriqueçe meus conhecimentos. Espero continuar recebenddo estas informações.

Obrigado.
Valdir.
BRUNO LUCCHI

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL

EM 17/04/2008

Prezado Sergio R. Texeira,

Com certeza a análise de adubação seria muito interessante, porém não temos discriminado qual o tipo de adubo utilizado, dessa maneira não há como fazer a simulação, pois não temos a série histórica dos preços.
RODRIGO GREGÓRIO DA SILVA

LIMOEIRO DO NORTE - CEARÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 16/04/2008

Prezado Bruno, ao ler seu artigo passamos a entender que o aspecto técnico-gerencial vem sendo obsevado por alguns técnicos envolvidos na produção de leite. De certa maneira isso nos alegra. Mas ao mesmo tempo ficamos nos perguntando até quando o amadorismo prevalecerá na atividade. Temos ingressado nessa área de estudo e a cada dia elevamos nosso grau de preocupação, tendo em vista as simulações realizadas e/ou observadas por colegas. Perguntamos sobre um aspecto: quem tem feitos essas avaliações ainda permanece disposto a continuar? Ou somente os desavisados é que vão ficar nesse barco?
SERGIO RUSTICHELLI TEXEIRA

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 15/04/2008

Bruno

Gostei de ver a visão de administração/simulação/planejamento baseada em custo de produção. Você tem os registros de propriedades que investiram em adubo (e como) e outras não investiram em adubo para poder comparar os diferentes retornos em produção e margem líquida? É claro que o retorno do investimento em adubo não ocorre só no primeiro ano mas dá um bom indicativo.

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