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Leite derramado

POR XICO GRAZIANO

ESPAÇO ABERTO

EM 06/11/2007

3 MIN DE LEITURA

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Há males que vêm para bem. O recente escândalo da adulteração do leite vai ajudar na modificação do antigo sistema de defesa agropecuária do País. O Brasil merece trabalho melhor.

O modelo atual é sabidamente ineficiente. Vem desde 1934 a sua conformação, com as primeiras instruções para a inspeção de carnes, leite e seus derivados. Em 1950 surge a lei básica do sistema, obrigando à inspeção sanitária o processamento alimentar. Nasce o Sistema de Inspeção Federal (SIF).

A base do sistema é a chamada inspeção permanente, aquela exercida por médico veterinário oficial, cujo escritório funciona dentro dos laticínios e frigoríficos. O pressuposto é que, com a presença física, ali, no pátio da agroindústria, o profissional verifica, ao vivo, todo o processo. Exerce assim, diretamente, seu poder de polícia sanitária.

No começo, funcionou bem. Poucas eram as empresas, muitos os fiscais sanitários. Vivia-se a época do Estado-patrão. Precários os métodos de controle, difícil a comunicação - afinal, nem fax havia, somente os olhos do veterinário resolviam a parada. Bons anos.

Quanto mais se fortalecia o setor agroindustrial, porém, ganhando escala para atender à urbanização brasileira, a defesa agropecuária encolhia sua eficiência. As empresas e o mercado cresciam em tamanho e complexidade. A fiscalização tradicional, aquela do mano a mano, não dava mais conta do recado. Nem inchando a máquina estatal.

Problema semelhante inquietara muitos países. A saída exigiu mudança do paradigma sanitário. Em vez de fiscalizar diretamente na ponta do consumo, dentro da empresa, a legislação repassou aos próprios empresários a tarefa do controle sanitário. E sacramentou ao governo a função dos supervisores, por meio de auditorias aleatórias.

Riscos sanitários em toda a cadeia produtiva, e não apenas na ponta final, passaram a ser investigados. Essa migração configurou novo método de trabalho, intitulado Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC). Coube às empresas adotar o novo sistema. E os governos garantem sua credibilidade.

No Brasil, o corporativismo jamais permitiu tal modernização. Os técnicos preferem manter seu "poder de polícia" a repartir com a iniciativa privada a responsabilidade pela qualidade dos alimentos processados. O discurso atrasado é forte: supondo-se impolutos e onipresentes, argumentam que as parcerias privadas significam uma subversão da estrutura natural do Estado. Parece coisa getulina.

Já surgiu, no governo de Fernando Henrique Cardoso, proposta para criar uma Agência de Defesa Sanitária no País. Não vingou. Continua, com alguns aperfeiçoamentos, dominando o paradigma antigo. Resultado: o sistema acabou precário, por culpa não propriamente dos veterinários, mas do modelo ultrapassado de fiscalização.

A política de empurrar a sujeira para debaixo do tapete engana há tempos. Entram e saem ministros da Agricultura sem que a poderosa corporação sanitária seja enfrentada. Na gestão do então ministro Roberto Rodrigues, desgraçadamente, ressurgiu a febre aftosa, afetando Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo. Percebeu-se, claramente, que o sistema de defesa agropecuária do País estava em frangalhos.

Agora, rolou o leite derramado. Uma vergonha pública. A fraude dos laticínios prova, definitivamente, que o velho sistema está falido. Virou um faz-de-conta. A isenção na fiscalização, imaginada a partir da presença fixa do profissional dentro da empresa, também suscita dúvidas. Afinal, a fraqueza humana não escolhe lugar.

O assunto lembra as auditorias da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) na década de 1970. Projetos de pecuária bovina, espalhados na selva, somente permitiam acesso por via aérea. E os fiscais do governo, a pé, pegavam carona no avião dos empresários para verificar o correto uso do dinheiro público. Os laudos eram, obviamente, favoráveis. Nunca viram a dinheirama desviada.

O tema da fiscalização sanitária é tabu no Brasil. Falta coragem para pôr o dedo na ferida. Tudo se abafa em nome do interesse nacional. Ocorre que, nesta época de árduas negociações internacionais, reconhecer as fraquezas internas pode significar "um tiro no pé". Causam tremedeira, por aqui, as investigações das missões estrangeiras. Seus duros relatórios fomentam a guerra comercial, entremeada com questões sanitárias, como procedem os malandros irlandeses.

A pecuária leiteira cumpre uma agenda positiva, discutida há dez anos, finalmente estabelecida na Instrução Normativa 51, de 2002. Esta impõe melhorias na cadeia produtiva, desde a ordenha até o resfriamento, agora obrigatório. O bucólico e mal asseado latão de leite na beira da estrada teve seus dias contados. Ainda bem.

Essa evolução tecnológica abriu as portas do mercado internacional. De grande importador - em 1998 foram cerca de US$ 500 milhões -, o Brasil começou a exportar leite e derivados. Em 2006 arrecadou US$ 140 milhões em divisas. Esse bom trabalho levou uma bordoada dos picaretas da soda cáustica.

O SIF está numa encruzilhada. Precisa vencer seu corporativismo e se abrir para as novas tecnologias de controle sanitário. Nesse processo, os serviços estaduais de defesa sanitária, sempre desprezados por Brasília, merecem apoio. E os empresários do setor que arquem com sua responsabilidade. Lição de casa, para todos, a cumprir.

Na sanidade animal, antes tarde que nunca, chegou a hora da verdade.

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ELMO PROCOPIO DE SOUZA

EM 20/11/2007

Concordo e também parabenizo por expôr a verdade, muito boa esta matéria. Porém acho que fiscais competentes existem na ativa, mas não fiscalizam como deveriam, são comprados com míseros reais, como quase todos que tem um cargo de confiança ai no Brasil.

O Brasil está como uma fruta bonita que nos engana, quando cortamos ela esta toda podre por dentro. Estou há 7 anos ralando aqui nos Estados Unidos e quando estou prestes a voltar com o intuito de trabalhar com aquilo que entendo e parecia atualmente, ou melhor, até há poucos dias atrás ser um bom negócio, que é a atividade leiteira, olha só o que aconteceu, meus planos ficaram na frustração, será que posso voltar? Realizar este sonho de trabalhar em minha terra, no meu Brasil? Tenho ainda esperanca que sim e, o mais rápido possível...
ROBERTO TRIGO PIRES DE MESQUITA

ITUPEVA - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE

EM 14/11/2007

Prezado Xico Graziano,

Muito boa a sua matéria, com a única ressalva de que ela não aponta soluções práticas e concentra no tambor de leite os males da qualidade dos lácteos levados ao consumo.

Aliás, a meu ver esse é o maior entrave à funcionalidade da IN 51, que pretende normatizar a matéria prima na fonte de produção, como se isso vá eliminar também todos os riscos de degradação da qualidade, crescentes em proporção geométrica, a partir do transporte até o posto de resfriamento, no transbordo para a unidade de processamento e industrialização, na armazenagem nos tanques do leite spot, na estocagem nos depósitos atacadistas, na distribuição para os varejistas e na exposição nas gôndolas do supermercado.

Tenho quase certeza de que a IN 51 já estaria completamente esquecida se não fosse a cabalística força do 51, e que brevemente virará a "I´sto "N´ão passou de mais uma "Boa Idéia" dos burocratas de plantão.

Por outro lado, defendo a tese de que cabe ao estado monitorar e auditar a qualidade da matéria prima e dos produtos lácteos levados ao consumo, com foco na vigilância sanitária e qualidade nutricional, desde o garrafão da ordenha (ou balde no caso de ordenha manual) até a leitura ótica no PDV do Supermercado, cabendo ao responsável pela marca comercial a competente certificação da qualidade total e garantia de absoluta segurança alimentar.

Abraços,

Roberto

JOSE ANTONIO SAVEGNAGO

SERTÃOZINHO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE

EM 10/11/2007

Gostaria de parabenizar o Xico pelo exposto ao qual concordo plenamente e também parabenizar o sr Mario Carlo Vargas Pareto por relatar a realidade brasileira.
Valendo lembrar que se o nosso Pais está neste atraso total, temos que agradeçer principalmente ao PSDB que na gestão do sr Fernando Henrique apenas viajou e fez discurssos em várias linguas, discursos estes que não levaram a nada, pois não se investiu em nosso país e ainda fragmentou a infra-estrutura brasileira com as privatizações.

Privatizações estas que não se levou a energia ao campo e tão pouco a telefonia, e não se investiu nas extenção rural.

Por isto que os produtores vivem desinformados, mal remunerados e apagados, sem luz, pois temos que lembrar que o país não se resume à região Sul e Sudeste, onde se tem um bom desenvolvimento. O pais é enorme e ainda assim o estado de Minas Gerais(PSDB) é onde se tem a maior custo de energia - de R$ 0,30 por KW, ou seja, o dobro do custo de São Paulo, que é de R$0,18.

Apesar do governo do PT estar tentando levar a energia ao campo, a grande mairoria não será atendida antes de 2015, o que ainda torna o nosso país apagado aos que aqui produzem e alimentam o povo. Se o governo do PT parasse com estes empregos aos seus familiares e amigos e comparças, talvez pudesse atender todas as propriedades rurais até 2008.
MARIO CARLO VARGAS PARETO

RIO DE JANEIRO - RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 09/11/2007

Na qualidade de produtor de leite, e por produtor, me refiro aquele grupo de empresários rurais que investiu na compra vacas para ordenhar leite, e não àquele outro grupo de empresários donos de industrias cujos produtos são leite e derivados.

Já estava no negócio quando as normas da produção leitera mudaram, alguns diziam que era para melhor, que o país deveria se preparar para o futuro, mas a verdade é que os pequenos produtores de leite estavam fadados a se tornarem marginais.

Vejam bem, meu conceito de pequenos produtores, são aqueles que contribuiam diariamente com seus latões de leite para encher o caminhão de coleta. Aqueles que pela norma moderna seriam obrigados a comprar um resfriador, ou desistir do leite.
Então o famigerado tanquinho substituiu o bucólico latão, e a queda da produção leiteira neste país foi acompanhada da possibilidade de comprar manteiga produzida na Belgica, importada da Argentina e vendida mais barata que as nacionais nos grandes supermercados da principais capitais do país.

Se todo investimento para o futuro tem um preço, este foi apenas o sinal, pois daí por diante viriam as prestações do tanquinho, as falhas de energia elétrica, os atrasos no apanhe do leite, as quebras do caminhão na buraqueira da estrada.

Enfim, o país mais uma vez dava um passo maior que a perna.
Alguns produtores faliram, outros devolveram o tanquinho e voltaram a colocar sua produção no latão, e transportá-la até o tanquinho do vizinho. O fato é que o latão não acabou, e o caminhão para apanhá-los ainda passa por nossa porta.

Outra coisa que também não acabou é a predisposição dos mais abastados, e com melhor acesso aos meios de comunicação, de colocar a culpa toda nos menos favorecidos. Quando encoragei os interessados no tema da conservação da produção leiteira a acessar a página da FAO - Food and Agriculture Organization of the United Nations, que é o órgão responsavel pela organização da produção de alimentos, da Organização Nações Unidas - ONU, jamais pensei que seria taxado de "produtor atrasado", saudosista talvez, irônico, sarcástico, mordaz, com toda certeza.

Os atrasados de verdade são aqueles que ainda seguem a "Lei de Gerson", que diluem o leite com o soro que sobra de sua produção de laticínios, e que corrigem o pH do leite que azedou no frete com soda cáustica. Quem foi pego fazendo essas práticas atrasadas não foram pequenos produtores rurais, foram membros na ponta da indústria leiteira.

A lactoperoxidase, tal como é recomendada por uma das mais respeitadas organizações mundiais, é uma forma de evitar evitar perdas de alimentos em países tropicais, e poderia ser uma solução mais sensata para o Brasil.
ANDRÉA CÂNDIDA DE SOUZA SOBRINHO

GUARAREMA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 09/11/2007

Parabenizo o autor do artigo!

É muito bom ver essas discurssões com relação à fiscalização ficando cada vez mais clara e informativa. A população brasileira precisa saber o que acontece, e o porquê para poder ter consciência do que fazer.

As nossas universidades (de agrárias) estão aí, com estudantes entrando todos os anos, com profissionais saindo todos os anos... mão-de-obra para fiscalização não falta, o que falta é força de vontade política, já que a quem interessaria que tudo fosse feito corretamente?

Está na hora da população exigir do poder público que contrate os profissionais, ou por concurso, ou por seleção curricular, e que não tenha um QI (quem indica), pois por causa disso é que tantos cargos importantes estão na mão de pessoas sem preparo, e muitas vezes sem caráter. Sei que caráter não significa ter ou não uma faculdade, mas pelo menos se acreditar que se tem um pouco mais de vergonha na cara...
ANTONIO PEROZIN

VALINHOS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 08/11/2007

O comentário do Sr. Mario Vargas, do Rio de Janeiro, mostra como ainda há produtores de leite atrasados, temos que pensar no consumidor final, principalmente nas crianças, cujo organismo em desenvolvimento não suporta injerir estes tais misturas.

Temos que partir para a qualidade, e sermos pagos por isso.

Retroceder jamais!

Antonio Perozin
Também produtor de leite.
EDNEIA GABRIEL MIYAMOTO

SANTANA DO ITARARÉ - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 08/11/2007

A IN 51 está aí, para quem quiser ver... Mas e na prática? Qualidade não é exigência da indústria, é dever do produtor. Mas ela deve permanecer intacta até o consumidor.

Leite é alimento fundamental, portanto, os órgãos competentes devem olhar por um novo prisma sobre a questão. Talvez a partir de agora haja um "aperto" na fiscalização.
JANAINA BENATO

CURITIBA - PARANÁ - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 07/11/2007

Sr. Graziano, parabenizo sua iniciativa de expor toda esta verdade, pois há tempo já estamos demonstrando que nosso país está com atuação precária, estamos pagando caro por falta de profissionais competentes, foi a carne com aftosa, o mel e possíveis resíduos de antibiótico e agora o leite fraudado.

Tudo isso tem norma a ser seguida, os dizeres são bonitos, pena que não tem gente suficiente para colocar em prática e de maneira correta para os dias de hoje. O complicado é que só quem é da área tem idéia da importância de pessoas competentes neste setor, afinal, estamos cuidando do nosso próprio alimento, exportando ou não.

Mas se não tem funcionários suficientes para atender a demanda de frigoríficos, pescados e laticínios dentre outros setores, como é que podemos cobrar qualidade? As indústrias querem ganhar dinheiro umas mais que as outras. Tem tanto profissional desempregado e desesperado para trabalhar, capacitado, mas sem oportunidade de mostrar seu conhecimento.

É hora do consumidor ir procurar seus direitos e se informar sobre o que deve cobrar das indústrias, pois só o consumidor cobrando é que eles irão realmente investir e fazer a coisa andar corretamente. Apóio plenamente que as leis estão ultrapassadas, mas quem e quando irão tomar providências? A IN 51 está aí e as fraudes continuam, cadê os fiscais para trabalharem e colocarem para funcionar?

Sou Janaína Benato, médica veterinária pós graduada, desempregada.
JOSE EDUARDO JUNQUEIRA FERRAZ

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 07/11/2007

Parabéns pelo esclarecimento. Porém, quem tem a maior culpa ainda é o produtor de leite, visto que é representado pelos diretores de cooperativa; mas quem dita as normas são os produtores, por meio de um estatuto que tem que ser obedecido pelos diretores.

O sistema de fiscalização é inoperante, mas com a ajuda do consumidor, do produtor, da seriedade que o produtor merece das indústrias, a IN 52 terá que ser cumprida.

JOSE EDUARDO JUNQUEOIRA FERRAZ
ROBERTO MEDEIROS DE CARVALHO

SÃO JOSÉ DO RIO PRETO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 07/11/2007

Sempre achei uma pouca vergonha os sistemas de fiscalização em nosso país, porque basta o fiscalizado ter um pouco de contatos e amizades a fiscalização já se tranforma em pizza. Tomara que com esse escândalo tomem posturas profissionais com a cadeia leiteira.
MYKEL STEFANNI PEREIRA

CRUZEIRO DO OESTE - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 07/11/2007

É muito importante este tipo de discussão envolvendo o modelo de fiscalização dos produtos agropecuários. Porém, como fica a esperança de solução em um país, onde a incapacidade de resolver problema é tamanha, que há mais de um ano não se conseguiram amenizar o caos aéreo?

Será que vai sobrar tempo pra resolver um problema tão importante, de saúde pública, porém menos urgente que o da aviação?
JORGE ANTONIO LOEBENS

VERA CRUZ - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 07/11/2007

Xico!

Concordo com as tuas colocações e acho, realmente, que está na hora de fazer o tema de casa. Discordo, porém, da tua colocação de que o bucólico e mal asseado latão de beira de estrada teve os seus dias contados. Ainda não progredimos tanto. Bastou o leite ter remuneração um pouco melhor que os baldes na beira de estrada, expostos a todos os contratempos e intempéries, começaram a reaparecer em toda parte.

Aí não tem sistema APPCC que resolva. E aí fica a pergunta: onde está a IN 51? De quem é a responsabilidade? Como é possível a indústria, sempre tão preocupada com contagem bacteriana e CCS receber este tipo de leite?

2006 foi um ano perdido para os produtores de leite, falo dos que efetivamente produzem, dos que procuram se profissionalizar, investem no sitema de produção, pela remuneração que receberam. Neste período, a contagem bacteriana e CCS foi argumento para piorar a remuneração já estenuante.

E agora? Em 2007 isto tudo foi esquecido. Quando o setor leiteiro estava a vislumbrar uma luz no fundo do túnel, com um mercado interno e externo extremamente favorável, estamos envoltos em uma nova crise, com prejuizos incomensuráveis ao setor, em que o maior prejudicado é novamente o produtor profissional, que realmente faz a atividade e sem nenhuma parcela de culpa pela situação atual.

Esta crise é fruto da ganância e frouxidão de caráter de determinados dirigentes de empresas, de um sistema lerdo e ineficiente de inspeção e um setor que carece de identidade. Precisamos abandonar este discurso ideológico de defesa dos pequenos, pois prejudica até os pequenos. Pequeno é o nosso modo de pensar a atividade.

Jorge Antonio Loebens.
ESTÊVÃO DOMINGOS DE OLIVEIRA

CAÇU - GOIÁS

EM 07/11/2007

Parabéns...

É muito bom ver que há pessoas nesse país que, além de se indignarem com o que está acontecendo, têm coragem de expor publicamente seus pontos de vista.

É uma vergonha que isto esteja acontecendo. Esperamos agora que a fiscalização atue de forma mais eficiente em Todos os elos da cadeia, não somente no elo mais fraco, que são os produtores...
AMANDO MADUREIRA E SOUZA JR

TRÊS LAGOAS - MATO GROSSO DO SUL - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 06/11/2007

O sistema de fiscalização e autorização para funcionamento de lacticínios é uma vergonha, temos três esferas de autorização, Federal (Sif), Estadual (Sie) e Municipal (Sim); enquanto os lacticínios sifados sofrem toda sorte de exigências no tocante à higiegenização, controles e análises obrigatórias dos seus produtos, os Estaduais e municípais, ficam longe dessas exgências.

Há verdadeiros chiqueiros que se dizem lacticinios, além das centenas de clandestinos que proliferam em todo país, e cadê a fiscalização para coibir tais abusos e práticas nocivas?

Temos que dar um basta nessa bagunça, as autoridades devem ser mais exigentes, tratando-se de alimentos, deveria ter somente a autorização federal (Sif), eliminando a politicagem de governadores e prefeitos.
DILMA ONO

SANTA RITA D'OESTE - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 06/11/2007

Como pode o Ministério da Agricultura exigir qualidade no leite para os produtores, os laticínios controlarem o preço exigindo qualidade e, depois acabar com a qualidade do leite adicionando produtos químicos tornando o produto impróprio para o consumo humano? Além de cobrar um preço alto aos consumidores... Parabéns! Quem vai pagar a conta: consumidor e o produtor! Isto é Brasil!
ADALBERTO VUOLO JUNIOR

ESPÍRITO SANTO DO PINHAL - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/11/2007

Graziano! Parabéns pela sua explanação e colocação quanto ao serviço de inspeção do leite brasileiro, mostrando pleno conhecimento de causa e sabe do que é necessário para regulamentar o setor, basta apenas fiscalizar o produto final, pois na era moderna é ridiculo e insensato argumentar que um órgão como a Anvisa não está tomando conta da saúde da população brasileira. Ocorre-nos um sentimento de impotência e indignação, precisamos de homens no governo superior como você, com conhecimento e poder de decisão para que não presenciemos fatos como este, onde se vê o mal superar o bem.

Parabens, Sr. Xico. Homem de bem.

JOSÉ LUIS SERAPIÃO

LIMEIRA DO OESTE - MINAS GERAIS - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 06/11/2007

Fica realmente difícil pra um fiscal que quer trabalhar sério, saber se está sendo adulterado o leite se ele não tem conhecimento de recepção de leite dentro de um laticínio.

Qualquer funcionário de plataforma faz a adulteração sem que ele mesmo perceba o que está acontecendo, ou seja, o leite chega "ruim", mas quando cai no balão, já está "bom". Isso é o grande problema dos concursos do país, só entra quem realmente sabe bem a teoria, mas desconhece a prática.

Atenciosamente
MARIO CARLO VARGAS PARETO

RIO DE JANEIRO - RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/11/2007

Alguém já ouviu falar de lactoperoxidase? Então, por favor visitem a página que é mantida pela FAO - Food and Agriculture Organization of the United Nations, a qual recomenda o uso de peróxido de hidrogênio (água oxigenada) para retardar o processo de fermentação do leite em países sub-desenvolvidos ou em desenvolvimento, mas que aqui em no Brasil é proibido.

Decisão esta muito acertada, pois vivemos num país riquíssimo, onde nunca ocorre um apagão de energia elétrica, e mesmo nos mais longínquos sertões, todos os produtores de leite têm condição de comprar um tanque resfriador.

Cabe ainda ressaltar que todos os equipamentos usados no manuseio do leite têm de ser lavados com uma solução de soda cáustica aquecida (seja qual for o nome industrial, todo saponáceo tem soda cáustica em algum teor), assim como o bucólico e mal asseado latão de leite na beira da estrada, que injustamente teve seus dias contados.

Claro que a soda cáustica utilizada para limpeza deste equipamentos é específica para uso em indústrias de alimentos, por conter menos metais pesados, mas é a mesma que utilizam para equilibrar o pH do leite fermentado, devido à falta de uma política mais sensata de conservação do leite para os pequenos produtores rurais.

Quem tiver um mínimo de curiosidade em acessar a tal página, terá acesso a vários links sobre o assunto, inclusive um manual editado pela FAO, que ensina, mesmo para quem não é químico formado, como conservar o leite pela lactoperoxidase. Também tem uma monografia sobre o uso da lactoperoxidase em Cuba, país que tanto inspira nossos Bolivaristas de Resultado.

Não sei se no Brasil tem um lobby dos fabricantes de tanques resfriadores, mas esta geringonça não impede a fermentação do leite, nem é um método sensato para nossa realidade rural. Por outro lado, facilita muito o manuseio do produto para os laticínios.

Quanto à inspeção de alimentos, deveria ser feita na prateleira dos supermercados. Coleta-se uma amostra dos produtos, e faz-se o teste na ponta final da cadeia de comercialização. Se o produto for reprovado, recolhe-se todo o lote de produção, para novos testes de amostragem, antes da autuação definitiva. Além da autuação, o fabricante passaria por uma sindicância completa, e a indústria passaria por um período probatório em co-gestão.
JULIANO SIMIONI

CHAPECÓ - SANTA CATARINA - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 06/11/2007

O escândalo da adulteração do leite pode estar abrindo uma discussão muito interessante sobre a inspeção sanitária. Este sistema está ulttrapassado e foi formulado sob uma concepção coorporativista. Ter o fiscal lotado dentro da indústria é porque a concepção de indústria é algo de grande porte.

Além disso, a divisão em 3 serviços: Federal, Estadual e Municipal caracterizam nada mais que "restrição de mercado" para pequenos e médios estabelecimentos industriais (com serviço de inspeção Municiapl e/ou Estadual), pois os preceitos da legislação sanitária são os mesmos.

De acordo com nosso entendimento, quem deve regular e fiscalizar a qualidade dos produtos oferecidos ao consumidor é o Estado, como entidade desvinculada de interesses políticos e financeiros. Para isto, é preciso, nas palavras do Presidente da República, "aparelhar" o Estado para que possa prestar os serviços à sociedade. Só que este serviço precisa ser descentralizado/integrado entre as instâncias da Federação, compensando-as para isso. Ao MAPA caberia regulamentar e supervisionar esse processo.

Nesse sentido foi regulamentado o SUASA - Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária através do Decreto 5741/2006. Esta foi uma longa batalha que deve ser creditada aos setores organizados de produtores e que ganhou apoio junto alguns setores do Governo Federal.

No entanto, é sabido que este novo sistema nao é consenso e nem a solução definitiva para a inspeção sanitária dos produtos agropecuários, mas foi um golpe a este sistema atrasado de Inspeção, que limitava o desenvolvimento de pequenos e médios estabelecimentos industriais. Agora o SUASA precisa ser implementado.
VALDIR GOERGEN

AUGUSTO PESTANA - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/11/2007

Olá Xico,

Quero parabenizar o Sr. pelo programa que apresenta no domingo.

Sobre o assunto exposto acima, eu fico imaginando como o técnico vai exigir qualidade de nós produtores, se a indústria acaba fazendo o que fez. Pobre de nós produtores que vamos pagar novamente o pato.

Xico, fico imaginando um presidente de uma cooperativa da mesma que sempre falam que não são donos, aceitar uma coisa dessas, sendo que ali está representando milhares de sócios e familiares, ou será que fez uma reunião com os associados para ver se estavam de acordo, como fazem quando precisam para receber produto ou um aval dos sócios?

Sou totalmente a favor da IN 51

Um abraço
Continue lutando pelas causas da agricultura.

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