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Gado de Leite gera 13% das emissões da agropecuária

POR MATHEUS HENRIQUE S. P. DE ALMEIDA

ESPAÇO ABERTO

EM 09/06/2008

4 MIN DE LEITURA

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A pecuária bovina tem grande participação nas emissões antropogênicas de gases efeito estufa (GEE), tanto de corte quanto de leite. A baixa produtividade da produção de leite no Brasil coloca a mesma dentre aquelas que possuem o maior potencial poluidor. Entretanto esse mesmo fator é uma grande oportunidade de redução das emissões.

De acordo com o relato da FAO (2006) a produção animal contribui com 14% das emissões antropogênicas de GEE globais, sendo que só a pecuária bovina representa 11% do total. Em relação às emissões geradas pela agricultura a pecuária bovina representa 61% e as demais criações animais contribuem com 19%.

Os gases emitidos pelos animais ruminantes que contribuem para o aquecimento global são principalmente três: metano (CH4), óxido nitroso (N2O) e gás carbônico (CO2). A emissão de metano proveniente do seu processo digestivo atinge cerca de 86 milhões de toneladas anuais, representando 80% de toda a emissão de metano pela agricultura e 35-40% do total de emissões antrópicas de metano (FAO, 2006).

No Brasil, segundo o relatório do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT, 2004), cerca de 92% das emissões totais de metano do setor agropecuário são decorrentes da fermentação entérica. O restante resulta do manejo de dejetos dos animais, da cultura do arroz irrigado e da queima de resíduos agrícolas.

Pode-se perceber na Tabela 1, no entanto, que a participação do gado de leite no total das emissões da agropecuária é de 13% se somadas as emissões da fermentação entérica e do manejo dos dejetos. Esse fato se deve principalmente à diferença do tamanho do rebanho entre as atividades leiteira - 13% do rebanho segundo o Censo de 1996 - e de corte - 87%.

Comparativamente à Nova Zelândia, levando em consideração apenas as emissões de metano, o potencial poluidor da produção brasileira é de 15 a 70% superior. Enquanto naquele país a emissão é de 6,2 kg CO2 eq./SL, no Brasil esta fica entre 6,9 (gado holandês) e 10,1 kg CO2 eq/SL (gado mestiço) - Tabela 2.

No que diz respeito as emissões de N2O, estas também são predominantemente advindas do setor agropecuário, que respondeu por quase 92% das emissões totais deste gás em 1994. Dentro deste setor, a decomposição do esterco dos animais em pastagem é a maior responsável pelas emissões (quase 40%).

No ranking brasileiro das atividades que mais contribuem para o aquecimento global, excluindo as emissões provenientes da mudança de uso do solo (inclusive as queimadas), a pecuária leiteira ocupa a quinta posição, com pouco mais de 40 mil Gigagramas de carbono equivalente. Esse valor é muito próximo aos de setores considerados tradicionalmente poluidores, como o de transporte e o de siderurgia; entretanto, muito distante da pecuária bovina de corte (primeira no ranking), como se pode ver na tabela 3. A de se considerar que a mudança de uso do solo é responsável por mais da metade das emissões brasileiras. Assim sendo, no total o gado de leite contribui com cerca de 3%.

Pouco é tratado na literatura a respeito das emissões de CO2 da pecuária. Isso porque se considera que o seqüestro do pasto é equivale ao emitido de CO2 pelo gado. No entanto, atualmente tem se feito um grande esforço para se calcular o balanço liquido das emissões. Ou seja, definidas as metodologias de calculo das emissões, os pesquisadores têm se voltado para possíveis sumidouros de carbono no sistema, como a fixação de carbono no solo promovido pela pastagem. Alguns estudos indicam que, quando a pastagem for bem manejada, pode-se fixar no solo 780 kg CO2 eq./ha na MOS (matéria orgânica do solo), número muito próximo ao emitido por hectare no setor leiteiro, algo em torno de 771 kg CO2 eq./ha, na média.

Sabe-se que no Brasil a pastagem recebe pouco investimento, encontrando-se muitas vezes degradada. Aí está a grande oportunidade do setor reduzir o seu potencial poluidor. A melhora deste fator fundamental na pecuária leiteira pode reduzir as emissões do setor por unidade de produção, gerando mais litros de leite por vaca ou maior teor de sólidos no leite, além de promover o aumento da captura de carbono pelo solo.


Tabela 1 - Emissões de CH4 da agropecuária em 1994.
 


Fonte: Baseado em MCT, 2004.

Clique na imagem para ampliá-la.

Tabela 2 - Emissão de GEE na atividade leiteira no Brasil e em alguns países selecionados por sólidos no leite.

 


Fonte: Brasil - elaborado com dados de Primavesi et. al. (2004); NZ e RU - extraído de Saunders & Barber (2007).

Tabela 3 - Matriz de emissões de CO2 por setor de atividade da Matriz Insumo Produto (MIP) de 1996 (em Gg de CO2 equivalente)

 


Fonte: FERREIRA e ROCHA,T (2004).

Clique na imagem para ampliá-la.

(Este artigo foi publicado originalmente no Boletim do Leite de maio de 2008).

 

 

Conheça mais sobre esse tema no evento AgriPoint Gestão Leite 2008, que será realizado entre os dias 31 de julho e 02 de agosto, em Uberlândia, MG.

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MATHEUS HENRIQUE S. P. DE ALMEIDA

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MATHEUS ALMEIDA

RIO CLARO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 24/07/2008

Prezado Sr. Fernando Enrique Madalena,

Muito bem apontado. Utilizei esse estudo do Primavessi et al. pois os dados utillizados para comparação, da Nova Zelândia e do Reino Unido, também provém de experimentos especí­ficos que podem ou não representar o mais comum dos países de origem.

Quanto à sua pergunta, atualmente estamos calculando a emissão de toda a rede de produção, considerando também os GEE da produção e transporte dos insumos e de N2O na pastagem.

Com relação à  fixação de carbono, o assunto é delicado. A Embrapa tem feito importantes trabalhos, e resultados positivos começaram a aparecer, principalmente no que tange o uso da Braquiaria. Espero que a comunidade cientí­fica brasileira possa, em breve, responder essa e outras questões sobre esse assunto.

Muito Obrigado.
Matheus Almeida
FERNANDO ENRIQUE MADALENA

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 24/07/2008

Prezado Dr. Matheus Almeida,

Parabéns pelo artigo, precisamos muito de informações seguras neste assunto tão importante. Entretanto, gostaria de notar que os dados para o Brasil, na sua Tabela 2, comparam as emissões de animais da raça Holandesa e mestiços, e não "na atividade leiteira", como diz o título da Tabela. No trabalho de Primavessi et al referenciado, a (única) vaca Holandesa de 22,7 litros de leite, que emitia menos metano, comia 6,5 kg de concentrado, enquanto que a (única) mestiça de 13,3 litros comia 3,4 kg de concentrado.

Mas, quais são as emissões decorrentes da produção e transporte desse concentrado e qual a fixação de carbono pelas respectivas áreas de pastagem em cada sistema? Para se comparar sistemas de produção deveriam ser consideradas todas as fontes de emissão e seqüestro de carbono envolvidas.

Atenciosamente,
Fernando E. Madalena
MARCELLO DE MOURA CAMPOS FILHO

CAMPINAS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 08/07/2008

Prezado Matheus

No Brasil o confinamento de gado de leite é relativamente pouco utilizado. Na maioria dos casos o gado de leite fica nos pastos, onde fica parte dos seus dejetos, sendo recolhido apenas para ordenha e suplementação no cocho.

Você diz que com um manejo adequado de pastagem pode-se fixar até 780 kg de CO2 eq./ha na matéria organica do solo.

Gostaria de saber quais suas recomendaçôes para esse manejo adequado.

Marcello de Moura Campos Filho
Produtor de leite - Botucatu

<b>Resposta do autor</b>

Prezado Sr. Marcello

Estive discutindo essa sua questão com meus colegas de trabalho. Chegamos a conclusão que este é um assunto um pouco complicado. Sendo assim resolvi reportar o que a literatura consultada diz a respeito.

O estudo, no qual foram baseadas estas informações, faz refêrencia ao cultivo mais comum de pastagens na região Amazônica. Ou seja, região de alta fertilidade do solo, em que o produtor não precisa investir muito para conseguir alta produção.

Quanto as recomendações, isso varia muito de região para região. Mas em resumo seriam as já conhecidas: evitar o superlotação do pasto, fazer análise de solo para realizar a adubação mais adequada, evitar revolver o solo no seu manejo.


Espero ter respondido sua pergunta.

Obrigado

Matheus Almeida

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