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Farsesca agrária |
XICO GRAZIANO
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FERNANDO PENTEADO CARDOSOSÃO PAULO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE EM 15/11/2009
Caro Xico:
O sitiante lá de Araras é bem letrado ao falar em "reserva legal surrupiada", "algozes da floresta", "novidade ambiental". Talvez seja amigo de algum dos urbanoides que V. mencionou tempos atrás. Pena que não tenha uma proposta. Só querer que os outros resolvam, não resolve. Um simples neto de italianos, acaboclado, diria nos confins da antiga Ituana: "Olha seu moço. Quando meus avó chegaro d´ Itália, já tava tudo derrubado p´ra plantá café com milho, feijão e arroz nas entrelinha. O milho servia p´ra fubá, p´ros porco e p´ras galinha. Era um despropósito de fartura. Tinha de tudo. A gente plantava nas várzea porque a terra era mais fresca e sofria menos co´a seca. Bem que a várzea protegia a gente. Agora querem que a gente num plante mais p´ra protegê as baixada. Num dá. Nóis entende mais disso doque os mocinho da cidade. Tem que dexá nóis trabalhá p´ra levá comida p´resse povão que mora nas urbe. Mato na beira dos rio era casa dos pernilongo das maleita, por isso a gente limpava tudo. Tinha rio chamado de pardo, de turvo, de vermelho porque as beirada desbarrancava, e inda era tudo mato nas marge qui diz ciliá. Arve é muito bonito, dá sombra e corta o vento. Tirando os mato diminui a geada, isso todo mundo sabe. Agora, dizê que arve muda o calor, o frio e a chuva, tô p´ra vê. Num acredito não. Num sei quen inventaro a tar reserva de 20%. Porque esse número? Podia ser 15, 25 ou quarquer outro. Acho que contaro os dedo que a gente tem. Parece até tabelamento de juro. Ninguém bedece. Mandá plantá arve p´ra imatá as mata antiga, isso é conversa di moço da cidade. Não forma não. Tô p´ra vê. O tal 20% tem que caí fora. É pura invenção dos político ou de gente que não tem mais que fazê. Não diantô nada até hoje e não vai diantá nada daqui p´ra frente. Muita gente pensa qui nem eu mais farta corage p´ra falá, cum medo de lobisome. Essa gente só qué vê o nome d´eles nas letra grande dos jorná. Bom mesmo era os governo comprá toda as mata qui sobrô e conservá elas p´ros bicho vivê e p´ras criançada passeá e conhecê como era a terra deles nos tempo dos índio e da bicharada. Podia até dar uns prêmio p´ra quem conservá uns capão ou intão uma gorgetinha p´ra formá bosque nos sitio e fazenda, um disconto quarquer que animasse a gente p´ra comprá as muda e matá as formiga. Uái, num dão mesada p´ra gente ficá discançando? Outra coisa qui me quisila é esse tar de carbono. Num intendo. Si é o tar de gaz que os holandês sorta nas estufa p´ra ajudá as frô, intão é demais de bão. Os cristemo fica demais de bunito. Si é o gás qui nois sorta pelo nariz, intão num é veneno, vem lá de dentro. Diz que o tar carbono tá mudando o clima. Acho qui é bestera. Será qui o céu manda terremoto e as baita onda qui fais estrago danado?* Num credito. Si chove poco é carbono, si chove demais é carbono. Milagre assim só Deus fais. Tem aqueles baita computadô qui vomita oque vai acontecê p´ra frente. Bobage, só Deus sabe oque vai acontecê, máquina não. Meus avô mi contaro que no 29 choveu p´ra daná. Inundô tudo o varjão do Tietê da Ponti Grande inté a Freguezia. Um marzão qui só vendo. Lá no Gronômico tem medidô di chuva do tempo dum tar di Darfe. Dissero qui as chuva d´agora tem sempre otra iguar otros ano p´atrás. No 29 era tanto d´agua que trapaiô os corretô di café e deu uma crisea qui quase acabô c´os situante e fazendero. Deu uma quebradera dos diabo. Será qui o tar di carbono era curpado? Acho qui num si falava d´ele n´aquele tempo. Agora virô cunversa dessa moçada nova qui qué mostrá sabidoria. No tempo das carpidera puxada com égua, a gente tinha que limpá bem a terra p´ra facilitá o serviço. Aí as água carregava tudo e era uma baita d´erosão. Agora nóis dexa o cisco cobrindo a terra e segura o mato com remédio. Bastante cisco segura as água que corre devagarinho e têm mais tempo de filtrá. Num tem mais enxurrada lavando terra p´ra baixo . Uma beleza esse tar di prantio direto. Dá inté gosto di prantá. Si a gente pudé segurá as enxurrada, fazendo a chuva todinha filtrá na terra, já tá demais de bão. Vai garantí os óio dágua. Si num filtrá que nem nas mata, as nascenti seca tudo, mesmo cum arvoredo em vorta. Ond´é que já se viu as estrada municipar despejá tanta enxurrada com lama, area, terra e tudo nos riberão, entupindo os corgo e os brejo. Isso sim, trapáia o tar di ambienti. Agora tá na moda falá de sustentáver. Num sei bem oque qui é, mas acho que é p´ra sustentá a gente. Isso é demais de bão. Tem que sustentá a gente primero, despois si pudé a gente sustenta os bicho, os peixe, os passarinho. Num dianta essa cunversa fiada si não garantí o sustento de nóis qui trabalha o dia interinho de sol a sol. Porquê atazaná a vida da gente cum tanta cumpricação de papelada, registro, licença p´ra tudo? P´raque tanta meaça?. Vai acabá a gente companhando os sem terra que vive num bem bão e tem cesta básica, presente di mesada, comida di cesta, visita di padre, agrado dos politico pedindo voto e barulhera das TV fazendo eles ficá importante. Será que tenho que fazê compania p´reles? Quem vai intão prantá p´ra mandá comida p´resse povão das cidade?" Perdão pela brincadeira. Abraço do colega admirador Cardoso *OESP-5.11.09, C3, pág.1, 5ª.col. |
JOSIMAR TORRES GOMESNATAL - RIO GRANDE DO NORTE - PESQUISA/ENSINO EM 30/10/2009
Prezado Xico Graziano,
Sou um leitor assíduo dos ótimos artigos aqui publicados e o vosso não poderia deixar de ser diferente com dados que repercutem bastante a realidade da agropecuária brasileira, que seguramente pode sser aplicado a todos os segmentos da atividade. Porém, permita discordar da conotação político-partidária a que foi dada no artigo, quando vossa senhoria atribui o inicio promissor desses resultados ao governo anterior, logo se os índices do crescimento da agricultura familiar estão melhorando é porque existe alguém que vem dando continuidade a essa construção, ou seja, se o Governo anterior criou e o atual vem dando continuidade então para que essa paternidade desenfreada? Apenas para mostrar quem é o pai da criança? e que a mesma é bonita, sadia etc e tal?? Se for assim, então me volto ao dito popular e muito certo, de que pai é quem dá o carinho, alimenta, educa (cria), não quem simplesmente faz. Seria ótimo para todos os políticos brasileiros que fosse abonado de vez esse egocentrismo do eu fiz, eu criei, eu eu eu, porque e o depois como fica??? Precisa responder??? Acho que não, porque a resposta é visível em nosso país, quando se vê o monte de abras inacabadas nas três esferas dos Governos Federal, Estaduais e municipais e ai quem paga a conta dessa irresponsabilidade???, Claro nós contribuintes ou não é?? Porque sempre que esses psudos políticos detentores do conhecimento supremo quando chegam ao "poder" não fazem o que deveria ser feito??, Claro querem sempre colocar a marca do eu, como se o nosso dinheiro fosse deles, onde na verdade deveriam se portarem em ser meros administrados do dinheiro do povo e deixar de praticar tanta irresponsabilidade com o dinheiro público. Prezado, falo e tenho conhecimento de causa por que sou atuante no setor da agropecuária brasileira - no dia a dia com o produtor e não estou aqui a serviço de partidos, até porque exerço sim meu papel de cidadão em votar e cobrar as ações, mas jamais me portarei a serviço de partido, porque entendo que todos são bem parecidos, a única diferença são como os cofres públicos são entregues ao final de cada gestão. Desculpa, mas não agüento mais esses pais de crianças abandonadas. |
JOÃO LUIZ DE CARVALHO LOUREIROPALMAS - TOCANTINS - ESTUDANTE EM 27/10/2009
Em primeiro lugar, ao tornar a questão da propriedade privada uma questão que diz respeito a uma processualidade social e a propriedades genuinamente humanas, Marx desmistificou alguns dogmas dos economistas, evidenciando pressupostos e relações de poder e dominação camuflados por estes dogmas. "De fato, ao falar-se de propriedade privada, há quem pense estar a ocupar-se de algo externo ao homem. Mas, quando se fala de trabalho, havemo-nos imediatamente com o próprio homem" (Marx: 171), ou seja, Marx revelou relações de dominação implícitas nos pressupostos da propriedade privada, trazendo, assim, estas relações para a esfera da sociedade e das decisões humanas e políticas.
Em segundo lugar, fica evidente que o simples aumento de salários ou uma distribuição mais eqüitativa dos produtos do trabalho apenas afeta a forma mais superficial do processo de alienação e em nada altera as condições de possibilidade e de reprodução da propriedade privada, uma vez que não é a desigualdade de renda que gera a alienação e a escravidão do homem. Neste sentido, é válida a afirmação de Marx, segundo a qual "um aumento de salários forçado [...] não passaria de uma melhor remuneração dos escravos e não restituiria o significado e o valor humanos nem ao trabalhador, nem ao trabalho" (Idem: 170). Desta forma, Marx aponta para a ilusão na qual incorrem teorias que pregam uma igualdade de salários, como forma de superação da propriedade privada, e nos desafia a buscar a superação das raízes sociais e humanas desta condição. Da mesma forma, fica evidente a esterilidade de propostas emancipatórias que não impliquem simultaneamente transformações nas relações dos seres humanos com a natureza, entre si e do processo produtivo. Em terceiro lugar, ao demonstrar que é no próprio processo de alienação que se efetivam as condições de possibilidade da propriedade privada, Marx abre um leque incrível para as ações emancipatórias, pois, se o processo de alienação é, ao mesmo tempo, um processo de perda do ser humano de si, dos outros e da natureza, o processo inverso só pode ser um processo de re-apropriação e de potencialização destas propriedades perdidas. Como esta alienação encontra sua expressão mais radical na relação dos seres humanos entre si e com a natureza, sua superação implica, prioritariamente, a superação do isolamento social em que nos encontramos na sociedade capitalista e a construção de uma outra relação com a natureza interna e externa do ser humano. O processo de emancipação, portanto, é uma tarefa que pode ser empreendida em diversos níveis e esferas sociais, humanas e naturais, sem que seja preciso esperar por um momento ou sujeito redentor ou messiânico que o faça. Emancipação humana torna-se, assim, práxis social engajada, que vai muito além da estreita e grosseira concepção de política, pela qual muitas vezes somos encurralados e paralisados na atualidade. Por: Rosalvo Schütz |
FRANCISCO ANTÔNIO ROSANOVA RUSSAS - CEARÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS EM 27/10/2009
Dr. Xico Graziano,
Gostei de sua reportagem e pretendo divulgá-la em meus Cursos de Capacitação. Sou Facilitador do Programa Empreendedor Rural (PER2009). Recebi capacitação de um Instrutor do Paraná (Célio - Engenheiro Agrônomo) que fala muito de seus tarbalhos. Francisco Antônio Rosa Engenheiro Agrônomo <b>Resposta do autor</b> Prezado Francisco Antônio Rosa, Utilize-o à vontade, com gosto. Grato. Abs, Xico Graziano |
JOSÉ BRÍGIDO PEREIRA PEDRAS JÚNIORBELO HORIZONTE - MINAS GERAIS EM 24/10/2009
O Brasil está muito bem por contar com pesoas esclarecidas como grande articulista XICO GRAZIANO, graças a Deus. Esperamos que este artigo "Farsesca Agrária" receba a mais ampla divilgação possível. Espero que tal artigo, dada a sua realidade, represente a opinião deste importante site.
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