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Exclusivo! Rabobank analisa M&A no setor lácteo da América Latina. Porque estamos tão atrasados?

POR VALTER GALAN

ESPAÇO ABERTO

EM 15/12/2014

5 MIN DE LEITURA

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O banco holandês publica hoje um estudo analisando as tendências de M&A (Fusões e Aquisições) no setor lácteo mundial e os motivos pelos quais este processo vem sendo tão lento na América Latina. Em resumo, o estudo indica que a América Latina (e, notadamente, o Brasil) representou, entre 2007 e 2014, apenas 3% dos valores observados em operações de Fusões e Aquisições no mundo, tendo respondido por 22% do aumento de vendas da categoria lácteos do mundo no mesmo período.

Sobre este tema, suas possíveis causas, as consequências e o cenário futuro, o MilkPoint entrevistou com exclusividade Andrés Padilla, analista sênior do Rabobank Brasil e responsável pelo desenvolvimento de estudos e pesquisas nos setores de bebidas e laticínios. O executivo colombiano é responsável por apoiar os bancos locais na execução de projetos de consultoria e Mergers & Acquisitions.

Perguntas:

MKP: Quais as consequências negativas para o desenvolvimento da cadeia este baixo nível de Fusões & Aquisições (M&A) traz?

AP: A principal consequência é a baixa taxa de inovação e de lançamento de novos produtos, pela menor atividade de empresas multinacionais no setor. Isto acontece porque normalmente estas empresas possuem um maior arcabouço de Pesquisa & Desenvolvimento de produtos e aportam inovações e novos lançamentos no mercado.
Ao mesmo tempo, com uma maior consolidação da indústria tende a aumentar o patamar geral de qualidade dos produtos transacionados no mercado (numa indústria menos consolidada, há uma parte de médias e pequenas indústrias atuando num nicho de menor qualidade). Também se reduz o nível de informalidade do mercado.

A América Latina representou 3% das atividades de M&A em lácteos no mundo entre de 2007 a 2014 e 22% do crescimento de vendas da categoria.


MKP: Qual o papel dos governos na América Latina neste baixo nível de M&A?

AP: Mercados fechados ao comércio internacional são menos atrativos para empresas multinacionais de atuação global. Isto porque estas empresas tendem a aproveitar as oportunidades de arbitragem entre os mercados nos quais atuam, importando e exportando em função da competitividade relativa entre eles, e mercados mais fechados dificultam esta arbitragem, que acontece para produtos finais, para parte do portfolio vendido ou mesmo para parte de seus ingredientes.

Ao mesmo tempo, mercados mais abertos ao comércio internacional (como o bloco do Pacífico, com Colômbia, Chile, México e Peru) tendem a ter maior facilidade em estabelecer acordos comerciais para abertura de novos mercados para suas exportações.

Por outro lado, o ambiente de negócios proporcionado pelos governos também é importante fator de atração de investimentos. Novamente, todos os países do Bloco do Pacífico figuram entre os top 50 da publicação do Banco Mundial “Doing Business” (“Fazendo Negócios”), ranking que mede as regulamentações governamentais dos diferentes países para estimular o ambiente de negócios. O Brasil é o número 120 neste ranking.

MKP: A informalidade fiscal e sanitária poderia ser um outro motivo para o baixo nível de M&A? O que pode-se fazer a respeito?

AP: Faz parte do “pacote de coisas” que acabam afastando os investimentos multinacionais; não são fatores determinantes, mas criam “dores de cabeça” para os potenciais investidores.

MKP: Temos percebido alguns investimentos e consultas de grupos multinacionais na produção de leite (na fazenda) no Brasil. O que diferencia o interesse neste elo da produção em relação aos investimentos na área industrial?

AP: As margens no campo são definitivamente mais atrativas do que na indústria. Além disso, a indústria enfrenta um setor de supermercados forte e muito concentrado e uma cadeia logística pouco eficiente. Adicionalmente, as empresas no setor industrial tem tido dificuldade de diferenciar seus produtos, o que permitiria margens maiores.
 
Crescimento de vendas aqui na América Latina só é menor que o da Ásia (por conta da China). Crescimento médio anual de 7,3% no período estudado.


MKP: Provavelmente as (baixas) margens médias de EBITDA do setor lácteo no Brasil são um dos motivos pela baixa ocorrência de M&A por aqui. Porque acha que estas margens são tão baixas?

AP: Falta no Brasil diferenciação de produto – há uma forte concorrência via preço, que normalmente resulta em margens mais baixas (efeito de commoditização de produto e mercado).

Além disso, o setor de supermercados é muito mais consolidado aqui do que em outros mercados, pressionando as margens da indústria.

MKP: Não há economias de escala relevantes na indústria láctea? Isto pode explicar o baixo nível de M&A?

AP: Sim há, mas pode-se dizer que muitas empresas brasileiras, antes consideradas pequenas, atingiram patamares de volume consideráveis, atingindo escalas competitivas e conseguindo atrair o interesse de empresas multinacionais que ainda não atuam no Brasil.

MKP: A recente dissolução da joint venture entre Nestlé e Fonterra (DPA) na América do Sul pode ter tido os mesmos motivos que causam o baixo nível de M&A?

AP: Considero que esta dissolução foi devida mais a uma questão de alinhamento estratégico das duas empresas do que uma questão de ambiente de negócios.

MKP: Na realidade de hoje no Brasil, quais os setores (queijos, UHT, leites em pó, iogurtes) seriam mais atrativos no Brasil para investidores internacionais?

AP: Os setores mais atrativos são aqueles de maior valor agregado (como iogurtes, bebidas lácteas e queijos). No entanto, pelo grande volume envolvido neste mercado, é provável que as novas multinacionais entrantes tenham alguma atuação no segmento de leite líquido UHT.

MKP: Qual o perfil de empresas brasileiras mais atrativo para estes investidores (tamanho, setor, governança, base de suprimento de leite)?

AP: A busca tem sido bastante ampla. Muitas têm crescido rapidamente e viram foco de interesse. A parte da governança é bem importante – empresas com governança mais clara e mais profissional geram mais interesse.

Importante dizer que parece claro que grandes multinacionais apostaram em investir inicialmente em outras regiões (como a Ásia e o Leste Europeu) – mas, a América Latina e o Brasil estão muito bem posicionados em termos de tamanho e crescimento de mercado, o que deve atraí-las mais fortemente a partir de agora.
 
Uma taxa de câmbio desvalorizada estimula investimentos multinacionais.


MKP: O que e quando pode-se esperar pelo início de uma maior consolidação no setor lácteo da América Latina e, principalmente, no Brasil? Qual o cenário futuro do assunto aqui no Brasil e na América Latina?

AP: Estamos no início de uma fase de maior atividade em investimentos no setor, com empresas líderes mais focadas e consolidadas, o que ajudará a crescer mais rápido. A participação das 10 maiores empresas na captação de leite deve começar a aumentar nos próximos anos.

Também deve haver consequências em relação ao padrão de relacionamento entre indústrias e produtores. Empresas de atuação multinacional – muitas delas originadas em empresas cooperativas – consideram que um relacionamento bem estabelecido com produtores (fornecedores de leite) é fundamental. Formas contratuais mais formais e de longo prazo tendem a ser mais comuns.

ARTIGO EXCLUSIVO | Este artigo é de uso exclusivo do MilkPoint, não sendo permitida sua cópia e/ou réplica sem prévia autorização do portal e do(s) autor(es) do artigo.

VALTER GALAN

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