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Exagero Ambiental

POR XICO GRAZIANO

ESPAÇO ABERTO

EM 30/07/2009

4 MIN DE LEITURA

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Como se alimentam as plantas? Básica na ecologia, a pergunta remete a um processo fundamental da vida: a fotossíntese. Esta não funciona, porém, sem água e elementos químicos, absorvidos pela raiz das plantas. Princípio da nutrição vegetal.

Os primeiros relatos da agricultura datam, aproximadamente, de 10 mil anos. Ao produzir seu próprio alimento, a espécie humana supera a dependência animalesca da coleta florestal, da caça e pesca, permitindo o sedentarismo. Passo decisivo da humanidade.

No delta dos grandes rios surgem os cultivos de cereais. Por quê? Acontece que ali, nas várzeas inundadas, o solo se enriquece com sedimentos orgânicos trazidos pelas enchentes anuais. Assim, a civilização nasceu próxima à foz dos Rios Tigres e Eufrates, na antiga Mesopotâmia, ou no vale do Rio Amarelo (Huang He), na China. O Egito de Cleópatra não existiria sem o Rio Nilo.

Primordialmente, a adubação das plantas era natural, quer dizer, dependia da matéria orgânica e dos elementos químicos já depositados no solo. Até hoje tal primitivismo agrícola se pratica alhures. Ao derrubar uma floresta, os agricultores deitam nela a semente para aproveitar a terra "gorda", aquela rica mistura de folhas e galhos secularmente decompostos, chamada serrapilheira. Insetos, animais microscópicos, bactérias e fungos se alimentam da celulose armazenada nos vegetais, excretando húmus. Reino das minhocas.

Com poucos anos de cultivo, todavia, as raízes das plantas sugam da terra a riqueza acumulada. Por isso, fora das várzeas a agricultura original se mostrava itinerante, deixando para trás áreas em pousio. Com a supressão contínua das florestas, surge a necessidade de repor no solo o nutriente retirado nas colheitas. Vinga a técnica da adubação.

Desde a Antiguidade se conhecem vários produtos e resíduos utilizados na nutrição de plantas. Cinzas, restos de peixes, rochas moídas, fezes humanas, tudo se buscava aproveitar naquele tempo de incipiente sobrevivência humana. O progresso na domesticação dos animais revela o melhor de todos os adubos: o esterco bovino. Abundante, rico, o excremento faz do gado importante aliado na produção de alimentos. Fora o leite e a carne.

No século 19, descobertas de sedimentos nas ilhas do Pacífico ficaram conhecidas como adubos de guano. Ricas em nitrogênio e fosfato, camadas com até 30 metros de espessura se formaram em milhares de anos de acúmulo de fezes de pássaros e morcegos. Nova fonte de fertilizantes orgânicos.

Como os Corpos Minerais se Relacionam com os Corpos Vegetais, título da tese de doutorado publicada, em 1822, pelo jovem cientista alemão Justus von Leibig, a descoberta inicia a moderna agronomia. Leibig prova que as plantas crescem em função dos elementos químicos liberados no solo, e não, conforme então se supunha, por "comerem" a matéria orgânica. Começa a era dos fertilizantes artificiais. Vai imperar o NPK.

Os avanços da ciência agronômica permitiram, por fim, chegar à hidroponia, a mais recente fronteira da quimificação agrícola. Nessa forma de produção, apropriada para hortaliças, até a terra se dispensa, substituída pela água fertilizada em bandejas, suspensas nas estufas. Nem Leibig acreditaria.

Curioso é o mundo dos homens. A quimificação da agricultura provocou, desde seu início, reações em defesa da agricultura tradicional, de natureza orgânica. Várias correntes se instalam. Rudolf Steiner formula a biodinâmica em 1924. Em 1935, Mokiti Okada traça a agricultura natural. Renegam a química (incluindo agrotóxicos) e valorizam o húmus do solo, misturando filosofia com agronomia. Dá certo.

No drama contemporâneo do aquecimento global, dois gases se mostram perigosos: o dióxido de carbono (CO2) e o metano, 21 vezes mais poderoso. O primeiro é sequestrado no processo da fotossíntese, liberando, em contrapartida, o oxigênio. Plantar árvores, portanto, ou cultivar qualquer vegetal, imobiliza carbono nas folhas, nos ramos e na madeira. Prosa ambiental positiva no campo.

Sobre o metano, porém, a conversa anda negativa. Originado a partir da fermentação orgânica, seu cheiro pode impregnar-se nas várzeas onde, por exemplo, se irriga arroz. Os rebanhos bovinos, por sua vez, expelem-no nos arrotos que brotam da ruminação. No confinamento animal, ademais, dejetos orgânicos podem-se acumular no solo, liberando o fétido gás. Por essas e outras, há gente achando que, no combate ao efeito estufa, dever-se-ia impedir o arroz irrigado e aniquilar a boiada. Um exagero ambiental.

É certo que na flatulência se expele metano. O fenômeno, aliás, não é exclusivo do gado, atingindo também os humanos. Fazer o quê, proibir? O fenômeno depende da alimentação. Na bovinocultura tropical o pastoreio livre ameniza o problema dos gases gerados no rúmen. Trata-se de uma vantagem do gado nacional, mais ecológico que a boiada estrangeira, estabulada no cocho. Ponto para o Nelore.

Soam esquisitos alguns cálculos que os ideólogos urbanos apresentam, punindo o campo. Parecem querer rasgar a História da Civilização. Ultimamente alardeiam que se gastam 15 mil litros de água para cada quilo de carne produzida. Puro engodo. Para ser verdade a conta supõe que o gado nunca urine. E na natureza, ensinava Lavoisier, "nada se cria, nada se perde, tudo se transforma". Inclusive o xixi, reciclado.

Contra mudanças climáticas, sobra lição de casa para todos. A agricultura não escapará dessa tarefa. Soa estranho, porém, querer torná-la vilã do problema ambiental. Excluindo o horror do desmatamento e o calor das queimadas, a crise ecológica se gera na cidade. Agricultura, não, nela se produz comida. Bem adubada.

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MARRIBE

MIRASSOL D'OESTE - MATO GROSSO - DISTRIBUIÇÃO DE ALIMENTOS (CARNES, LÁCTEOS, CAFÉ)

EM 28/08/2009

Devo em primeiro lugar parabenizar as palavras do Senhor Xico..Creio que se a maioria dos responsáveis por algum órgão importante também colocasse seu ponto de vista sem tomar partido por nenhum lado mudaria também muito à maneira de pensar de muita gente desinformada ou mesmo sem opinião própria. Acredito que cabem a certas autoridades tomarem iniciativa de esclarecimento como matérias e debates como este.

Fico pensando como será o mundo de nossos filhos e netos e também como será o pensamento da humanidade daqui a alguns anos.
Finalizando, ressalto que não só os bovinos são responsáveis pelos gases. Então o que fazer? Proibir a flatulência como nos questionou o Xico ?

Abraços e parabéns mais uma vez!
PAULO LUÍS GONÇALVES CAMPELO

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 04/08/2009

Os gases emitidos pelo rebanho bovino, durante os seus processos metabólicos, foram produzidos pela digestão dos alimentos por eles ingeridos, esses alimentos antes eram plantas, as quais, em seus processos metabólicos, captaram da atmosfera esses mesmos gases. Na minha opinião, é um ciclo que se fecha.

Por outro lado, ao rastrearmos os gases emitidos pela queima de combustíveis fósseis, não podemos afirmar o mesmo. Mais pessoas precisam refletir sobre isso.
LUIZ SIMONI

UMUARAMA - PARANÁ - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 31/07/2009

A Resolução 315/2002 do Conama determinava que a partir de 1º de janeiro de 2009 passava a ser obrigatória a utilização do diesel S50 - com 50 partes por milhão de enxofre.

Em setembro (2008), o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, afirmou que o prazo sobre o uso do diesel mais limpo seria mantido: só carros com motores adaptados para o combustível S50 poderiam se licenciar.

A Anfavea e a Petrobrás numa queda de braços com o Ministério do Meio Ambiente conseguiram que somente nas frotas cativas de ônibus urbanos dos municípios de São Paulo e Rio de Janeiro, e não em todos os veículos diesel de todo o País, como previa resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) de 2002, o S50 fosse utilizado.

Já o diesel usado nas demais frotas nacionais poderá ter até 1.800 ppm de enxofre, ante os 2.000 ppm atuais.

A capital paulista tem 20 vezes mais carbono negro em suspensão na sua atmosfera do que a Amazônia, com todas as suas queimadas.
MAURÍCIO CARVALHO DE OLIVEIRA

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL

EM 31/07/2009

Precisamos que posições claras e coerentes com a realidade como as do colega Xico, sejam divulgadas em outros meios de comunicação. Precisamos comunicar mais com os urbanos, precisamos criar em nossa sociedade o valor espiritual para o alimento nosso de cada dia e, por consequencia, valorizar aquele profissional que assegura a nossa alimentação farta e segura: o agricultor.

Temos nossos desafios em produzir com sustentabilidade - ainda enfrentamos a erosão do solo, a poluição por defensivos, entre outros. Mas os produtores rurais brasileiros são os verdadeiros heróis e cidadãos dessa nação. Premido por um mercado cada vez mais competitivo, investindo seus recursos sem um seguro agrícola condizende, suportando um custo Brasil de Norte a Sul deste País, sobrevive.

Sobrevive mesmo sem uma assistência técnica oficial de qualidade e sem uma política fiscal que retribua um mínimo do que é gerado pelo campo. O campo hoje planta direto, o campo hoje recolhe seu lixo e recicla, o campo gera riqueza e empregos nas cidades.

E as nossas cidades? No que tange aos aspectos ambientais. O que geram? Ainda há tempo de pensar e tempo de agir: a sociedade e o meio ambiente urbano agradecem.
PAULO LUÍS GONÇALVES CAMPELO

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 31/07/2009

É com muita preocupação que tenho visto diariamente as investidas das Autoridades Governamentais, da mídia desinformada e da sociedade mais desinformada ainda, contra os pecuaristas e agricultores atirando-lhes, de forma arbitrária e extremamente equivocada, a culpa pelo aumento dos níveis dos gases de efeito estufa na atmosfera, essa camada de gases permite a passagem da luz solar que chega à terra (ondas curtas) e impede ou dificulta o retorno da parcela refletida pela superfície da terra, o que é chamado de efeito estufa, o qual provoca o aumento da temperatura do nosso planeta.

Leis Ambientais deveriam ser elaboradas partindo-se de comprovações científicas, por exemplo, vou citar uma questão que eu tenho certeza de que quase ninguém nunca parou pra pensar sobre ela, pouca gente sabe que árvores também respiram, isso mesmo, à noite as plantas consomem Oxigênio e liberam Dióxido de Carbono para a atmosfera, durante o dia as plantas realizam a fotossíntese consumindo o Dióxido de Carbono e liberando o Oxigênio para a atmosfera. Durante o período de crescimento das plantas, elas armazenam parte do Carbono absorvido da Atmosfera em forma de Celulose, que é constituinte de madeira, de folhas, de sementes, etc.. Isso é uma forma de retirar da atmosfera o tão temido Dióxido de Carbono. Porém, essa árvore não cresce indefinidamente, vai atingir um estágio de desenvolvimento em que seu crescimento fica estabilizado e essa contribuição diminui muito, e o Oxigênio liberado durante o dia durante o processo da fotossíntese é consumido a noite no processo de respiração. Deveria haver estudos quantificando isso, pra saber se realmente a Floresta Amazônica pode ser considerada o pulmão do mundo.

Sob o meu ponto de vista, a única forma de diminuir o aumento do Dióxido de Carbono na atmosfera é a paralização da exploração de combustíveis fósseis, esses sim, emitem para a atmosfera moléculas de Dióxido de Carbono que antes não estavam presentes na Atmosfera, diferentemente dos Agrocombustíveis.
Ao utilizarmos Agrocombustíveis, estamos emitindo para a atmosfera o Dióxido de Carbono que o canavial ou a palmeira da macaúba, etc. vão absorver durante o seu processo de fotossíntese, armazendando-o em forma de sacarose, álcool, óleo, etc. Já o consumo de óleo diesel e gasolina emite para a atmosfera o Carbono que estava quietinho nas profundezas da terra, incluindo o pré-sal, esses sim estão contribuindo para o incremento na atmosfera. Mas vocês conseguem imaginar o Governo sem a Petrobrás?

Um abraço a todos, vamos continuar a discutir essas questões, elas são de extrema importância, e não menos polêmica.
MARCOS TADEU COSMO

SALES - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 30/07/2009

Caro Xico,

Obrigado por esse texto, antes de tudo educativo.
O ser humano é um animal muito estranho; se não come carne decide odiar tudo que a ela se ligue, se não bebe pinga, chama os que bebem de pinguços e por eles tem asco. Falta na sociedade respeito ao diferente, simplesmente porque se não compreendemos o outro e suas razões, o consideramos menos, reles vivente com quem não queremos partilhar nada. A humanidade convive com esses antagonismos desde sempre e nada vai mudar porque essa é a nossa natureza. Mokiti Okada citado por você, preve o paraíso terrestre como possível, e muitos certamente farão parte dele. Outros preferirão enfrentar as tempestades.

Vivemos num eterno conflito de interesses, quando não entendemos os outros pontos de vista. Assim nós do campo vamos ter de buscar mecanismos de defesa das nossa vidas e das nossas crenças, para que nosso espaço e respeito sejam mantidos, caso contrario seremos massacrados pelos urbanoides de plantão que crescem a cada decada que passa.

A nossa natureza não nos permitirá abandonar nossas roças, vacas e bois deixando o povo urbano a morrer de fome. A natureza humana é afinal a grande aliada para que as sociedades se equilibrem, mas se nada fizermos, corremos o risco de acabar escravizados e parias.

Um forte abraço,
Marcos Tadeu Cosmo

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Marcos Tadeu Cosmo,
Muito bom seu comentário.
Grato.
Abs
LUIZ SIMONI

UMUARAMA - PARANÁ - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 30/07/2009

1. O Brasil ocupa 1,67% da área do globo terrestre. A amazônia ocupa aprox. 50% da área do brasil, consequentemente 0,83% da área do globo. Ainda, somente 25% da área total da amazônia foi desmatada (0,21% da área do globo). Isto não provoca todo o aquecimento alardeado pelos ambientalistas.

2. Em recentes pesquisas sobre sequestro de carbono na Floresta Amazônica, em grande parte, o ganho é negativo, ou seja, o dano causado pelo gás metano gerado na decomposição das folhas é maior que o benefício que gera o sequestro do carbono. As águas negras dos rios amazonicos são consequência da grande carga orgânica. Decomposição de matéria vegetal gera gases, dentro do boi, na floresta, em aterros sanitários e em qualquer outro lugar onde exista matéria orgânica.

Isso ainda deve dar muita conversa...

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