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Em busca do produtor ideal

POR MARCELLO DE MOURA CAMPOS FILHO

ESPAÇO ABERTO

EM 08/10/2009

4 MIN DE LEITURA

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A pecuária leiteira brasileira é muito heterogênea em termos de vacas e de produtores, e predominam vacas de baixa produção e produtores de baixa capacitação, com pouca assistência técnica.

Na busca do produtor ideal, vou partir da estimativa de que temos 1,3 milhões de produtores que, com cerca de 20 milhões de vacas, produzem algo próximo de 30 bilhões de litros por ano, o que representa uma produção média por vaca de 1.500 litros por lactação.

Vou usar de um exercício que fiz no meu artigo "Sistemas de produção: uma outra visão", para chegar a fazer uma colocação que acho importante para o futuro de nossa pecuária leiteira.

Imaginemos por um momento que hoje todos esses produtores trabalhassem em sistema de confinamento, mantendo 20 milhões de vacas de média de 40 litros. A nossa produção seria de 240 bilhões de litros e, considerando o mercado nacional e internacional, todos os produtores brasileiros estariam quebrados, pois com essa oferta o leite não valeria nada. Naturalmente que esse exercício de imaginação é uma utopia, mas serve para evidenciar que, se no futuro vamos tender para sistemas de confinamento, com vacas de altíssima produção, teremos que ter uma drástica redução no número de produtores e no número de vacas, o que exige como contrapartida um drástico aumento na produtividade das vacas e na capacitação dos produtores para poderem assegurar as condições de produção e a sanidade desses animais.

Imaginemos agora que no futuro próximo, com o crescimento do consumo interno do País, a demanda interna chegue a 60 bilhões de litros de leite, e que os nossos produtores trabalhassem predominantemente com pasto para fornecer o volumoso necessário para vacas com média de 1.500 litros por lactação. Precisaríamos de 40 milhões de vacas, ou seja, dobrar o rebanho leiteiro e as áreas de pastagens ocupadas pela pecuária leiteira. Evidentemente que esse exercício de imaginação também é uma utopia, pois é um absurdo em termos ambientais, mas serve para mostrar que, se no futuro, mesmo que continuemos trabalhando predominantemente com pasto para fornecer volumoso às vacas leiteiras, mesmo mantendo os 1,3 milhões de produtores, teremos que ter uma significativa redução do número de vacas leiteiras, do aumento da produtividade desses animais e da capacitação dos produtores.

Esses exercícios mostram com clareza que para o futuro teremos que ter uma redução do número de vacas leiteiras e aumento da produtividade desses animais, o que exige naturalmente aumento da capacitação dos produtores, bem como é razoável supor que será necessária uma redução do número de produtores.

Artigos recentemente publicados no Milkpoint ensejaram uma discussão sobre sistemas de produção e sobre a vaca ideal. Do ponto de vista do produtor a vaca ideal é a que ele pode ter e o sistema de produção ideal é o que lhe permite produzir mais por menos, dentro da sua capacitação técnica e realidade econômico-financeira.

Sobre a ótica da pecuária leiteira, produtor ideal é o que trabalha com vacas leiteiras e sistema de produção compatíveis com sua capacitação técnica e realidade econômica-financeira, que lhe permitam fazer da produção de leite uma atividade sustentável.

Mas como seria o produtor de leite ideal sob a ótica do governo ou da indústria?

Penso que sob a ótica do governo o perfil do produtor ideal seria delineado em função de aspectos como assegurar o abastecimento para atender ao consumo interno e a segurança alimentar, de possibilitar sobras exportáveis, da geração de postos de trabalho e renda. Acredito que sob a ótica da indústria, no delineamento do perfil do produtor ideal, os aspectos mais importantes seriam o atendimento quantitativo/qualitativo das necessidades de produção e de logística de captação, assegurando um custo competitivo à indústria.

São fundamentais definições do governo sobre extensão rural para capacitação dos produtores e sobre disponibilidade, valores, prazos e juros dos financiamentos para investimento e custeio, bem como da indústria, explicitando o que deseja em termos de volume, qualidade e localização de seus fornecedores.

Por isso, na busca do produtor ideal, é importante a participação da indústria, dos produtores, dos técnicos e de entidades do governo, para que possamos aprofundar a discussão sobre a questão do número de produtores de leite e do tamanho e a produtividade do rebanho leiteiro nacional, bem como dos sistemas de produção de leite e do uso de pastagens e de confinamento, e que essa discussão possa se traduzir na política e planejamento do setor leiteiro, em definições importantes para o desenvolvimento e sustentabilidade econômica e social da pecuária nacional.

A partir dessas definições é que na nossa pecuária leiteira, em busca do produtor ideal, serão caracterizados as vacas e sistemas de produção que predominarão no futuro, e que definirão a evolução do número de produtores e das vacas leiteiras no País.

MARCELLO DE MOURA CAMPOS FILHO

Membro da Aplec (Associação dos Produtores de Leite do Centro Sul Paulista )
Presidente da Associação dos Técnicos e Produtores de Leite do Estado de São Paulo - Leite São Paulo

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RÉGIS ALVES MOREIRA

UBERABA - MINAS GERAIS - MÉDICO VETERINÁRIO

EM 13/10/2009

Parabéns pelo artigo.
Além da vaca ideal, acho que é mais importante o produtor ideal, pois a vaca devolve aquilo que recebe.
Outro ponto a ser comentado é que primeiramente o produtor tem que querer aumentar sua produtividade, pois vejo que alguns querem continuar com seu retiro extrativista lembrando a canção de Dorival Caymmi que dizia: "Eu nasci assim, eu cresci assim. Eu sou mesmo assim. Vou ser sempre assim".

Não adianta extensão rural, incentivo por qualidade, crédito rural, subsídio de governo, se esse tipo de produtor é acomodado e não quer ter mais trabalho, pois acham muito difícil e trabalhoso, o que discordo pois são pequenas e diárias ações que se consegue uma eficiência na produção, poupando tempo e esforços.

Abraços

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Régis Alves Moreira

Agradeço os comentários.

O desanimo em crescer e aumentar sua produtividade que vejo em muitos produtores é consequência da falta de assistência técnica, falta de crédito adequado em termos de juros e prazo para investimento e custeio, desinteresse dos bancos em financiar o produtor rural, falta de incentivos reais para volule e qualidade por parte da indústria (muitos programas não dão bonus pela qualidade mas penalizam a falta de qualidade), demonstração do governo que está se lixando para os produtores de leite (veja a diferença de postura dos governos nos USA e União Européia com o nosso por exemplo).

Se ao produtor for de fato disponibilizado assistência técnica, crédito, incentivo por volume e qualidade pelas indústrias e incentivos/subsidios do governo, e mesmo assim ele não quer crescer e aumentar sua produtividade, algo está errado, e com certeza a falha está em quem está apresentando isso ao produtor ( seja por parte do governo, da indústria, das cooperatrivas, dos técnicos) e não no produtor. Um produto ruim é dificil de vender, mesmo por que o próprio vendedor acaba não acreditando no produto e essa falta de convicção no produto pelo vendedor inviabiliza a venda. Agora, se temos um bom produto e não vende, a falha não é do comprador mas sim do vendedor. É verdade que o produtor de leite tem apanhado tanto e de todos os lados, que ele é meio descrente quando lhe acenam que se ele mudar se dará bem com a pecuária leiteira. Mas o bom vendedor, se tiver um bom produto, saberá vencer essas resistências.

A pergunta que deixo é: será que temos de fato um bom produto para vender, redondo e confiável em termos de governo/indústria, que se bem trabalhado vencerá a resistência dos produtores de leite a crescer e aumentar sua produtividade? A resposta a essa pergunta deveria envolver uma discussão aprofundada entre o governo e toda a cadeia produtiva e explicitada em termos de uma política e planejamento do setor laiteiro.

Abraço

Marcello de Moura Campos Filho
GILSON ALCÂNTARA BORGES

JANAÚBA - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 10/10/2009

É importante prever cenários futuros de qualquer cadeia produtiva, mas quando nos referimos a cadeia produtiva do leite devemos prestar a atenção para o fato de que esse não é um sistema tão simples assim, são inúmeras as variáveis que controlam o consumo e a produção, seja por área ou por animal; também sabemos que como cidadãos integrantes de uma sociedade não podemos excluir parte dos produtores que tem menor eficiência produtiva, e sim propor alternativas para integrá-los ainda mais a cadeia produtiva do leite.

O consumo irá aumentar, isso é inevitável, o número de produtores também deverá ser aumentado ou pelo menos mantido; trabalharemos para aumentar a eficiência produtiva de todos eles, e isso não é uma utopia, mas sim um objetivo.

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Gilson Alcântara Borges

Concordo que a cadeia produtiva do leite não é simples, acho mesmo que é bastante complexa, e o elo da pecuária de leite, como disse no artigo é bastante heterogênea em termos de produtores e vacas leiteiras.

Concordo que a cadeia produtiva de leite tem um papel social importante, mas ela tem também tem um papel ecônomico, e a sustentabilidade social está condicionada à sustentabilidade econômica. A exclusão de parte dos produtores, se ocorrer, será por imposição do realidade econômica, influenciada por fatores do mercado interno e externo.

Particularmente penso que o número de produtores de leite irá diminuir em contrapartida ao melhoramento da capacitação dos produtores e das vacas leiteriras, até mesmo por que se isso não ocorrer, em virtude da oferta se tornará tão maior do a demanda, levará a um aviltamento dos preços ao produtor que forçará os menos competentes a deixar a atividade. Mas a velocidade com que isso irá ocorrer dependerá de muitos fatores. O fato do número de produtores de leite diminuir não significa que produtores os que deixaram de produzir leite foram alijados da pecuária de leite. Muitos poderão continuar se especializando em recria de animais ou produção de alimentos par o gado leiteiro.

Penso que as transformações virão no futuro independentemente da vontade das pessoas, e os impactos econõmicos e sociais dessas transformações serão tanto menores quanto maior for essa questão discutida pelo Governo com a Cadeia Produtiva de forma que a política e o planejamento do setor leiteiro possa equacionar bem essa questão.

Abraço

Marcello de Moura Campos Filho
GEORGE PASTOR RAMOS

JAGUAQUARA - BAHIA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 10/10/2009

Prezados Senhores,

Como sempre, não me furto a prestar minha singela contribuição nestas "eternas discussões" sobre sistemas de produção. Numa indústria de processameto Químico há as matérias primas, o processo e os produtos. Ou seja, armazena-se a matéria prima nas respecitvas instalações, processa-as também, nos respectivos equipamentos e, por último, armazena-se o produto, de onde saem para a comercialização. Na indústria de processamento químico a problemática reside, principalmente, no processo das matérias primas. E na vaca?

Na vaca? É mais complicado! Porque temos que providenciar as matérias primas, temos que conhecer profundamente o processo, a vaca, e temos que escapar do governo e dos atravessadores! Não é fácil!

Para produzir alimentos é necessário muito conhecimento agronômico e climatico, além das clássicas condições financeirass. Não é fácil, porque o clima é errático. Para cada 4 anos de ciclo, temos 1 que é considerado bom e os outros falham ou por excesso ou por falta de chuvas. Logo não é fácil ter-se o volumoso bom e barato, silagens, grãos, etc. Porque se cairmos na ilusão de comprarmos só o concentrado não viabilizamos nunca a atividade, porque sempre seremos vítimas dos oportunistas de Plantão, de todos os lados! Não é a realidade? A maior parte da problemática da produção leiteira reside aqui, na alimentação!

Se não se conceber um sistema de produção alimentar compatível com as condições técnicas, econômicas e financeiras( e administrativas) do empresário , o empreendimento não se sustenta, cai! E tudo começa com o profundo conhecimento do Clima, de modo a que se possa conceber e implantar um sistema de produção de alimentos de baixo custo. Dizem que na região produtora do Paraná, Cambereí e outros Municipios, o ponto alto é o Clima, com estações bem definida, inclusive podendo-se utilizar muito as Pastagens.

Claro que há, ainda, diversos outros aspectos importantes, mas sem comida boa e barata e disponível o tempo todo, nada funciona!

Abraços,

George Pastor

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado George Pastor

Agradeço os comentários.

De fato, grande parte da problemática da pecuária leiteira está na alimentação.

Penso que o produtor ideal é o que sabe escolher o sistema de alimentação mais adequado à sua realidade e às condições da sua região, principalmente quanto ao uso de volumoso, fazendo a opção entre o uso de pastagem ou colocar o volumoso no cocho de forma a minimizar seu custo de produção.

Abraço

Marcello de Moura Campos Filho
OSMAR U. CARVALHO

TEÓFILO OTONI - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 09/10/2009

Ótimo artigo.
Retratou o imaginário com clareza.
Retratou a realidade.
O recado para os produtores é o seguinte: Façam a parte que lhes cabe produtores.
DALVA DE OLIVEIRA LIMA

ARAXÁ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 09/10/2009

Interessante!
EDUARDO HADDAD FILHO

AMPARO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 08/10/2009

Marcello

Excelente o artigo! Muito oportuno, sensato e verdadeiro.

Saudações leiteiras! Haddad

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Eduardo Haddad Filho

Agradeço seu comentário.

Abraço

Marcello de Moura Campos Filho

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