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Crédito de carbono para setor leiteiro: é prioridade?

POR MARCELLO DE MOURA CAMPOS FILHO

ESPAÇO ABERTO

EM 18/03/2008

4 MIN DE LEITURA

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No dia 06 de março passado, houve reunião da Câmara Setorial de Leite e Derivados de São Paulo, onde foi apresentada, por técnico da Secretaria da Fazenda, as novas medidas tributárias para o setor leiteiro paulista. As medidas foram bem recebidas e sugeridas outras também importantes de forma a assegurar a vitalidade da indústria e da pecuária de leite paulistas e a contribuição desse segmento para a economia e geração de empregos do Estado de São Paulo.

Nessa reunião também foi apresentada uma palestra sobre a possibilidade de crédito de carbono para propriedades leiteiras, aproveitando o dejeto dos animais em biodigestor, que possibilitaria geração de energia elétrica, água para re-uso e a geração de créditos de carbono.

A empresa que apresentou a palestra mostrou que existe essa possibilidade e tecnologia disponível para implementá-la, e que era uma oportunidade para o setor leiteiro, pois a empresa realizaria todo o trabalho e faria o investimento, e o produtor ficaria com o aproveitamento da energia elétrica e água para re-uso e até com uma parte do crédito de carbono. Enfim, o produtor de leite não investiria, só teria benefícios e lucro, o que levou alguns que assistiam a palestra a perguntarem se existiria algo melhor que isso, e o presidente da Câmara Setorial e o Coordenador do Codeagro a colocarem que conversariam com o Governador sobre essa perspectiva.

De fato, como tese, a perspectiva é atrativa, mas evidenciam-se alguns problemas.

O primeiro é que foi colocado pela empresa que um projeto desse tipo seria viável a partir de 1.000 vacas. Ao questionamento de que na prática inviabiliza a participação de um produtor individualmente, a empresa mostrou então que esse número mínimo de vacas é para efeito de viabilizar economicamente a obtenção dos créditos de carbono, e que pode ser obtido com vários produtores, cada um com seu biodigestor na sua propriedade, mas que evidentemente uma pulverização muito grande de produtores leva a biodigestores muito pequenos que podem reduzir muito a rentabilidade do projeto ou mesmo inviabilizá-lo.

O segundo é que o produtor precisaria se comprometer a operar o biodigestor por pelo menos 10 anos. Ora, sabemos que o produtor é o elo mais fraco da cadeia produtiva e as últimas décadas mostram que o produtor foi massacrado com aviltamento dos preços e não teve possibilidade de acesso a tecnologia que lhe permitisse reduzir custos de produção, quer por falta de financiamentos com juros e prazos para pagamento adequados à realidade da pecuária leiteira, quer por dificuldade de obter assessoramento técnico.

Então, como o passado demonstra que não temos instrumento adequado para estabelecimento de política e planejamento do setor leiteiro de forma geral, especialmente para a pecuária leiteira, se essa situação se repetir no futuro, o produtor ficará obrigado a permanecer na atividade amarrado a um contrato de crédito de carbono. E essa obrigação certamente será extensiva a seus sucessores, o que poderá trazer dificuldades para vender a propriedade e para seus herdeiros no caso do seu falecimento. E permanecendo no futuro o aviltamento dos preços ao produtor, amarrado a um contrato de crédito de carbono perde a única arma que tem que hoje tem, que é reduzir a produção ou deixar de produzir, e aí, se o dejeto não for um negócio muito melhor que o leite, o sonho pode virar pesadelo.

Dentro da realidade da nossa pecuária leiteira, a possibilidade de crédito de carbono na utilização de biodigestores em propriedades leiteiras, me parece ainda distante da nossa realidade e principalmente das nossas prioridades, pois temos muitos, graves e urgentes problemas a resolver.

E em matéria de poesia eu particularmente prefiro Vinícius de Moraes. Mas não sou dono da verdade, e outros viram de outra forma, tanto que se propuseram a conversar com o Governador de São Paulo sobre o assunto.

Assim, embora reconheça o aproveitamento de dejetos em biodigestores e contratos de crédito de carbono em propriedades leiteiras possa ser uma possibilidade para o futuro mais distante, tenho também a preocupação de alertar dos riscos que um contrato desse tipo pode oferecer aos produtores de leite, e de governo e lideranças se envolverem com um tema que para a maioria está muito distante da realidade de curto e médio prazo, e que acabaria funcionando como uma manobra diversionista, tirando o nosso foco dos muitos, graves e urgentes problemas que temos que resolver, sobretudo no campo da extensão rural visando aumentar a qualidade, aumentar a produtividade e reduzir custos, cuja solução deve ser prioridade.

E no sentido de ajudar a resolver esses muitos, graves e urgentes problemas, cuja solução deve ser prioritária, ao final essa mesma reunião onde foi apresentada a palestra de crédito de carbono, a Leite São Paulo apresentou proposta solicitando ao presidente da Câmara Setorial de Leite e Derivados de São Paulo agendar uma reunião extraordinária, com o fim de apresentar e discutir uma proposta de implantação dos 10 projetos propostos pelo PENSA/USP na segunda fase do projeto da tomografia, e que tem por objetivo a solução desses problemas e o desenvolvimento do setor leiteiro paulista, sem o que, esse projeto, que envolveu representantes dos vários elos e foi financiado pelo SEBRAE-SP, FAESP e OCESP, e resultará em desperdício dos recursos humanos e financeiros nele investidos.

MARCELLO DE MOURA CAMPOS FILHO

Membro da Aplec (Associação dos Produtores de Leite do Centro Sul Paulista )
Presidente da Associação dos Técnicos e Produtores de Leite do Estado de São Paulo - Leite São Paulo

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ALEXANDRE MARCOS MATIELL

CHAPECÓ - SANTA CATARINA - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 15/04/2008

Gostaria de parabenizar ao Marcelo pelo artigo e dizer que vejo o uso do biodigestor na produção de leite como uma forma de reduzir os gastos com energia elétrica e uma forma de incrementar a renda dos produtores, porém este sistema não se aplica muito bem a pequenas propriedades, pois há a necessidade de se manter uma quantidade de dejetos produzidos diariamente para viabilizar a introdução do biodigestor e a geração de biogás.

Outro fator importante e que necessita de mais estudos aqui é referente ao processo de biodigestão que ocorre dentro do biodigestor, pois os dejetos de bovinos já são pré-fermentados (rúmen) e isto reduz o potencial de produção de metano.

Quanto a geração de créditos de carbono não sei se isto pode ser considerado como válido pois com o modelo econômico vigente não sei até quando os produtores de leite poderão suportar. A entrada neste mercado de carbono, como exposto pelo Marcelo necessita de contrato de no mínimo 10 anos.
VILSON MARCOS TESTA

CHAPECÓ - SANTA CATARINA - PESQUISA/ENSINO

EM 08/04/2008

Gostaria de parabenizar ao Marcelo de Moura Campos Filho por trazer esse debate, aberto, explícito, lembrando que debates abertos, sem tapetes e onde os argumentos e verdadeiros interesses são revelados, fazem muito bem ao país e, via de regra, incomodam aqueles que são expúriamente beneficiados.

Dito isso, não vou entrar no mérito da técnica dos biodigestores e nem diretamente nos aspectos econômicos e de interesses, que já foram bem explorados pelo Marcelo.

Gostaria sim de chamar atenção para uma produção a base de pasto, com pastoreio rotativo, em que os dejetos são retribuídos ao solo (pastos), devolvendo parte da fertilização. Esse sistema não envolve nem terceiros (geralmente picaretas que vivem dos produtores de leite), nem intermediários políticos, nem governos, nem burocracias e ainda é mais competitivo em termos de custos de produção de leite e envolve muito menos investimentos. Biodigestores nesse sistema tendem a ser elementos alienígenas.

Se SP e outras regiões insistirem mais intensivamente em trajetórias pouco competitivas, a agricultura familiar sul brasileira, produtora de leite a base de pastos, agradece. Ou seria por acaso que SP perde espaço na produção de leite?

Pronto, agora acabei por colocar uma terceira via no debate.....mas o Marcelo está no caminho correto.

Saudações a todos
LEONARDO CHEIB

GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 02/04/2008

Sou produtor de leite tipo A em Goiás e gostaria de fazer contato com o produtor Joseph Crescenzi , que escreveu um comentário, para trocar informações sobre construção e uso do biodigestor.
CECILIA BERNARDI

TUCUNDUVA - RIO GRANDE DO SUL - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 26/03/2008

Penso que os biodigestores tem propósitos interessantes como geração de gás para aquecimento. Vejo que em um futuro próximo poderemos estar gerando energia elétrica.

Mas também concordo que os créditos de carbono não foram pensados para incluir os produtores de leite, mas sim para gerar mais lucro para empresas que intermediam esta questão. Também sugiro matérias sobre biodogestores e seus usos e também sobre proteção de fontes, pois o tema da água, este sim é central para a pecuária leiteira.

EDUARDO CONDINHO FILGUEIRAS

MINEIROS - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 24/03/2008

Boa noite, atualmente estou tirando 1.500 litros por dia, gostaria muito de saber mais sobre biodigestores
AGOSTINHO S. PEDROSA

GOIÂNIA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 24/03/2008

Gostaria de parabenizar pela materia e se possivel obter contato com esta empresa, que está propondo estes créditos de carbono, afim de verificar a possibilidade de implantação deste projeto em Goias onde sou produtor de leita A .

VICENTE ROMULO CARVALHO

LAVRAS - MINAS GERAIS - TRADER

EM 24/03/2008

Sou produtor de leite e, até lancei o seguinte slogan relativo a questão da energia elétrica, qual seja: "quanto mais eu protejo as nascentes da propriedade e, constato a água aumentar, o mesmo acontece com a minha conta de enegia, embora os kwh continuam na média, os mesmos".

Assim, como cada vez mais a água das nascentes está aumentando, porque cerquei todas as nascentes e boa parte do curso d´agua próximo as mesmas, preciso urgentemente, partir para outra fonte de energia, porque um dia, não sei se a receita da propriedade, pagará a conta de energia, mantidas as mesmas proporcões (o aumento da agua das nascentes e o preço do kwh).

Nossos sinceros agradecimentos.
DALVA DE OLIVEIRA LIMA

ARAXÁ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 23/03/2008

Forneço leite para Nestlê e participo do PAS - Programa de Alimentos Seguros, estando na fase prata. Uma das exigências para alcançar a fase ouro é o correto destino dos dejetos da atividade leiteira. O biodigestor seria a solução para a minha propriedade. Manifesto aqui meu interesse por este projeto.

Obrigada, Dalva
JOSE ANGELO GOULART

BARUERI - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 23/03/2008

A carta do leitor Sr. Joseph Crescenzi é de uma avalia sem prescendente, pois como produtor de leite de vaca, como pequeno produtor em torno de 45.000 mil litros mês tenho interesse não so pela transformação parea adquirir os créditos de caborno mas também para diminuir nosso impacto ambiental, gostaria de saber com como conhecer a propriedade deste nosso leitor e se poderia conhecer o mecanismo de execução do biodigestor.

Aguardo, Zezo Goulart.
MARCILIO PEREIRA DA SILVA

DOM AQUINO - MATO GROSSO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 22/03/2008

É mais uma alternativa para os produtores de leite do nosso estado, MT. Teria que divulgar através dos orgãos de comunicaçao do nosso estado, das cooperativas de leite, empaer, etc. para que essas informações cheguem aos produtores.

Parabéns marcello pelo artigo escrito.
WILSON ASHIDANI

MADRE DE DEUS DE MINAS - MINAS GERAIS

EM 21/03/2008

Sempre gostei dos biodigestores. Aqui na região, um produtor de leite, há mais de 30 anos atrás, tentou manter um, mas não foi muito bem sucedido. Parece que o biodigestor não funciona bem em regiões frias, ou com fortes variações de temperaturas. No inverno, o chorume frio desandava a fermentação.

Descobri recentemente que uma fermentação eficiente baseiava-se em temperaturas mais elevadas e que mais de 4 graus centígrados de variação do meio de fermentação ( 2 pra mais ou 2 pra menos ), eram suficientes pra afetar a eficiencia do processo.

Outro problema que vislumbro, é que, se o leite a pasto é o que está dando mais certo entre os sistemas de produção, como conciliar isso com os biodigestores, os quais imagino, necessitem dos animais confinados em piso impermeabilizado para coleta e encaminhamento dos efluentes para o mesmo?
EDSON FREIRE DA SILVA

CERES - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 21/03/2008

Bom dia!

Gostei muito da materia, gostaria de saber como iniciar o desenvolvimento de um biodigestor.

Edson Freire
JOSE ENOCK CASTROVIEJO VILELA

GOIÂNIA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 20/03/2008

Sou produtor de leite em Goias, e gostaria de manter contato com empresas produtoras e revendedoras de Biodigestor, para melhores informaçoes tecnicas e sua viabilidade para medio produtor.
ALBERTO MAGNO DE ASSIS

GOVERNADOR VALADARES - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 20/03/2008

Concordo com Ivon Correa, é interessante disponibilizar mais subídios sobre o tema.
MOZART DE FIGUEIREDO GALVÃO

RIO DE JANEIRO - RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 20/03/2008

Muito boa a idéia de biodigestor para fazendas de leite. Agora que o país procura fontes alternativas de energia, o biodigestor pode ser uma alternativa para os produtores. Também o fertilizante (subproduto) só vai melhorar a produção de alimentos para o gado, além de cuidar do meio ambiente.

Se possível, sugiro uma matéria mais completa no site com "pré-projetos", tamanhos, idéia de investimentos, endereços de empresas capacitadas a execução, assistência técnica, etc.

Parabens pela idéia.

Mozart Galvão
ANTÔNIO CARLOS DE SOUZA LIMA JR.

GOIÂNIA - GOIÁS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 20/03/2008

Prezado Marcello de Moura,

Li uma nota, salvo engano, no Milkpoint, que os produtores de leite da N. Zelândia estão vendendo créditos de carbono por algum mecanismo de manejo do solo. Não tenho os detalhes.
Creio que apesar das dificuldades os negócios ambientais por você descritos e outros, relacionados com a bovinocultura de leite, deveriam sim, ser melhor pesquisados, apesar das dificuldade burocráticas, pois na minha opinião, prometem.
A. Carlos de Souza Lima Júnior
VANDERLEI CARLOS ZENI

ÁGUAS DE CHAPECÓ - SANTA CATARINA - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 20/03/2008

Na realidade vemos que todos querem levar uma casquinha, e quem paga é o produtor novamente. Se é bom, o gorverno que crie mecanismos de implantação para os produtores. Até hoje, sobre créditos de carbono, só vi empresas contando vantagens, e se tem ONGs no meio pior ainda, só sobra para quem trabalha.

Tem um monte de gente querendo ganhar dinheiro nas nossas costas. Estes projetos que voçe não gasta nada para implantar e é obrigado a ficar na atividade preso por um contrato, só serve para produzirmos comida barata para os europeus, japoneses e americanos com custo baixo para eles.

Se for bom, primeiro é para os oportunistas, depois para quem pega no pesado.
IVON CORREA

ANÁPOLIS - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 19/03/2008

Interssante o conteúdo em tela, seria interessante disponibizar mais subsidios sobre o tema.
VALDOCIR LUIZ ROMAN

ÁGUA SANTA - RIO GRANDE DO SUL - REVENDA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS

EM 19/03/2008

Prezado Joseph,

Tens toda a razão sobre a burocracia, mas devemos enfrentá-la. Gostaria, se possível, que me enviasse com qual instituição que estas tratando, eu estou iniciando este processo e gostaria de trocar algumas idéias.

Obrigado Eng. Roman
DJAIR BOSCATTI

OUTRO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 19/03/2008

Parabens pelo comentario do artigo

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