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As chuvas, as consequências e alternativas, nos Sertões do Ceará

POR FRANCISCO ZUZA DE OLIVEIRA

ESPAÇO ABERTO

EM 14/02/2013

3 MIN DE LEITURA

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No sertão cearense, com suas variações de solo e clima, sabe-se por séculos, que o mais regular é ter chuvas irregulares em quantidade e distribuição espacial, com as consequências sociais, econômicas e financeiras negativas para a população, especialmente, do meio rural. Os municípios que tem maior parte de sua economia, infelizmente, baseada na agropecuária de sequeiro (não irrigada), são diretamente afetados por esta irregularidade, dificultando e até inviabilizando o planejamento dos agronegócios, quer seja de base familiar ou empresarial.

Nos últimos 61 anos, no Ceará, conforme dados do IBGE e FUNCEME, ocorreram 21 anos com invernos normais, 19 anos chuvosos (chuvas acima do normal) e 21 anos de seca. Considerou-se nesta série, ano de seca, com chuvas entre 230,2 a 501,8 mm (milímetros); inverno normal com chuvas de 519,4 a 703,4 mm; e ano chuvoso, entre 704 a 1.211,4 mm.

Neste período, as maiores secas seguidas ocorreram entre 79 a 83 (5 anos) e, as de 53 e 54 além de 92 e 93. Os invernos normais ocorreram em três anos seguidos (entre 76 a 78) e depois nos anos: 55-56, 59-60, 99-2000, 2003-2004, e 2006-2007. Bons invernos, por três anos seguidos ocorreram de 63 a 65 e entre 73 a 75.

Em anos normais, como 1999, a renda (Valor Bruto da Produção – VBP) da agropecuária de sequeiro no Ceará foi aproximadamente de R$ 4,0 bilhões e, em 2012 caiu para aproximadamente R$ 400 milhões, levando a economia do sertão ao colapso. Pelos dados climáticos acima, que se repetirão, produzir nesse ambiente, como negócio e até como sobrevivência, é uma loteria com maiores riscos do que ganhos.

Com cinco anos de invernos normais, alguns produtores retiram seus sustentos e acumulam bens (animais, carroça, motos, etc.) que, no primeiro e/ou segundo ano de seca são obrigados a venderem para manutenção da família, levando o PIB agropecuário a uma gangorra, e cada vez menor.

A economia dos municípios de base agropecuária de sequeiro e sem indústrias, subsistem, na maioria, pelo comércio e serviços; mas, principalmente, pela transferência de renda das bolsas sociais, aposentadorias rurais, e da maioria dos salários dos garçons, vigilantes, porteiros, pedreiros e cortadores de cana de açúcar, que sofrem longe das suas famílias, nas grandes cidades e usinas de cana açúcar do Brasil.

Por estas incertezas, previsíveis, os jovens filhos dos agricultores buscam nas escolas técnicas no interior, melhor escolaridade, profissionalizando-se. Aliado à necessidade de mão de obra das indústrias, a sucessão familiar no meio rural gira em torno de 20%, por vontade dos pais e dos filhos, na busca de uma vida melhor.

A irrigação do sertão é uma ótima saída, gerando mais renda e segurança na produção de alimentos. Veja que, em 2009 no Ceará, em um ano de chuva normal, em 2,5 milhões de hectares cultivados em sequeiro gerou uma renda bruta (VBP) de R$ 4,0 bilhões, enquanto que em apenas 87.000 hectares irrigados, a renda bruta (VBP) foi de R$ 1 bilhão. Acontece que, mesmo com todos os esforços dos Governos para acumular e fazer uma boa gestão das águas, inclusive com o abençoado Cinturão das Águas, em início de implantação, o Ceará poderá irrigar, no máximo 250 mil hectares, em torno de 3,5 por cento da área cultivada, com concentração em oito polos irrigáveis, em 70 municípios.

Atualmente, irrigamos em torno de 89 mil hectares, valendo registrar que, entre 99 e 2009, com o aumento de 32 mil hectares irrigados, a renda bruta (VBP) gerada nesses municípios saltou de R$ 135 milhões para 1 bilhão de reais, assegurando emprego, produção de alimentos e circulação de dinheiro, mesmo com 3 anos de seca na década.

Porém, para mais de 70 municípios do Ceará que nunca terão agropecuária competitiva e sustentável, pela irregularidade climática e sem possibilidade de irrigação, deixando a população insegura econômica e socialmente, o Governo do Estado deveria estudar a possibilidade de criar um programa de incentivo fiscal e tributário diferenciado, para atrair indústrias e serviços urbanos, como forma de movimentar a economia. Em um ano de seca como o de 2012, os municípios que têm indústrias têm suas economias mais estáveis.

Outros programas que poderiam ter bons resultados no campo, agora que temos energia em quase todas as residências, seriam as atividades rurais não agrícolas, com diversos ramos de negócios, com pouca dependência direta das chuvas.

Sem esses incentivos especiais, por no mínimo por 15 anos, nenhuma indústria se instalará nesses municípios, com pouca atratividade socioeconômica, ficando suas economias estagnadas, com um peso bem maior para o Estado do que os incentivos que dariam a esses novos negócios. Afinal, zero ou 30 por cento de nada será sempre zero, isto é, se não atrair os novos negócios nunca terá novos impostos, nem os empregos e a renda distribuída, com mais estabilidade.
 

FRANCISCO ZUZA DE OLIVEIRA

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FRANCISCO DE ASSIS PERAZZO

JOÃO PESSOA - PARAIBA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 23/02/2013

Zuza ,



Peço para ver o que escrevi sobre o programa do leite no artigo " LEITE DERRAMADO "! .

Acesse no Milk Point .



Abs.



Perazzo
FRANCISCO DE ASSIS PERAZZO

JOÃO PESSOA - PARAIBA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 23/02/2013

Prezado Chico Zuza ,



Esperei uns dias , desde a sua lúcida e oportuna mensagem, em 14.02.13 , para tomar esta iniciativa em transmitir algumas palavras amparadas na experiência de um agropecuarista e agronomo , vivenciado no semi-árido de Taperoá - Paraíba.

Podemos afirmar , dizem os textos arquivados em Petrópolis-RJ, e na Biblioteca Nacional,que o nosso Imperador D.Pedro II ,após ter a consciência da miséria e da catástrofe em terras nordestinas , afirmou "Venderei até o último brilhante da minha Coroa para acabar com a seca do Nordeste". Desde de D.Pedro I que estava o Império sabedor de que uma região, situada em parte das suas conquistas, era  partícipe de estiagens e de não tão nobres consequências advindas de fenômenos climáticos e humilhantes aos seus, práticamete desconhecidos, nordestinos.

Eu, mesmo , em 1992 , assessor do Governo Ronaldo Cunha Lima ,em uma das reuniões técnicas , sugeri " o desarquivamento"  do projeto da transposição das Várzeas de Souza , elaborado desde 1945 pelo nosso competente DNOCS .

Testemunho dos Secretário Fernando Catão ( Sec.Planejamento) e demais pessoas e técnicos reunidos em um hotel em J.Pessoa.

Na brincadeira, como dizemos no NE , são passados 30 ANOS . Alguns fizeram agluma coisa, e os demais....Será que observaram as técnicas e recomendações de quem está a sofrer os desígnios da Natureza ?

Prezado amigo e técnico , e vc como estudioso competente é sabedor, desde D.João VI que a visualização da transposição do São Francisco "vive" na mente dos " administradores " do Brasil.

A sua nobre e inteligente intenção em mostrar que a pecuária leiteira é uma das únicas alternativas do semi-árido , em áreas possíveis de irrigação, está mais do que consolidada em experiências por vc mesmo relatadas , e que aqui na Paraíba algumas são realidades.

Lhe dou completa razão !

Entretanto caro amigo , estou HOJE a presenciar açudes com capacidade média de 18 a 20 milhões de m3 , quase esvaziados . Outros mais com variações entre 5 a 10 milhões de m3 , totalmente sêcos , consequências da sêca que vêm desde 2010.

Ao finalizar este meu raciocínio , afirmo , sem mêdo de êrros, que o nosso nobre Imperador D.João VI estava pleno de razão. Façam a transposiçao . Unam bacias .

Fiscalizem a regularização das suas águas . Façam a transposição para os pequenos e médios açudes , na "sobra"  - que é enorme -  do que vai para o a Atlântico " , e teremos efetivada a sua sábia consciência de que  Pecuária Leiteira é a única alternativa econômica-financeira para os pequenos e médios agropecuaristas do nosso semi-árido nordestino.

Ao desculpar-me pela minha "intromissão" em tão real assunto , creio que pude participar com os sentimentos advindos de quem está a sofrer , junto com inúmeros "iletrados" e " tímidos " em se pronunciar , o que de fato está a ocorrer na nossas regiões dos Cariris da Paraíba .

Fica aqui a minha resolução em receber críticas ou sugestões , se de fato , estou ou não a falar a VERDADE .


FAUSTO RODRIGO COIMBRA

FORTALEZA - CEARÁ - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 21/02/2013

Parabéns meu caro Zuza, como conhecedor da realidade que é, demonstrou no texto a pura realidade do povo Sertanejo.

Abraços
VALFRIDO TOMAZ CURVELO

BOM CONSELHO - PERNAMBUCO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/02/2013

Parabéns pela clareza do raciocínio embasada em dados realistas. Está feito o diagnóstico e apontadas as soluções plausíveis. Resta esperar a decisão política que se arrasta há seculos, com medidas emergenciais (ELEITOREIRAS) e o resto  é só balela.
JULIO ILSON DE LIMA

FORTALEZA - CEARÁ - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 18/02/2013

É inadmissível que cidades grades produtoras de leite como; Quixeramobim, Milhã e Iguatu (as três maiores produtoras de leite do estado respectivamente) ainda estejam no processo de produção de leite tão arcaico. E não vejo muita expectativa de melhoras não, passa governos e governos e é a mesma coisa, um verdadeiro absurdo isso!
JOSÉ CARLOS RODRIGUES DA LUZ

SERRA TALHADA - PERNAMBUCO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 16/02/2013

 Em nosso Estado de Pernambuco, atualmente, o Governo , através do ITEPE, vem articulando  um movimento direcionado a recuperar a rede produtiva da Agropecuária de pequenos animais ruminantes (CAPRINOVINOCULTURA) , Apicultura, feijão irrigado e outras atividades possíveis de  desenvolvimento sustentável  no ambito  de Associativismo  e Agricultura Familiar. Desta vez o governo está sendo mais cuidadoso (inteligente) em reunir os possíveis produtores e saber deles quais  as dificuldades e problemas a serem superados  e de como deveremos superá-los para  poder  atingirmos  os objetivos almejados e manter  escala progressiva na produtividade Estou  envolvido neste processo com bastante empenho participativo e orgulhoso torso para que venha  a ser  próspero e infinitamente duradouro.
ANTONIO VIEIRA FILHO

AFOGADOS DA INGAZEIRA - PERNAMBUCO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 15/02/2013

Isto é a mais pura verdade, as secas são cíclicas e pontuais, as vezes atrasam  ou se antecipam, mas são previsíveis, e nenhum governante faz algo preventivo para minimizar seus efeitos e até mesmo eliminar, já foram divulgados inúmeros trabalhos com diversos artificios para que o povo nordestino enfrente as secas, mas acredito que ainda vamos continuar por muito mais tempo vendo isto, a não ser que grandes empresários tenham interesse em utilizar estas técnicas para fazerem investimentos particulares. Parabéns pelo seu alerta!
JARDEL CASTRO

QUIXERAMOBIM - CEARÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 15/02/2013

Caro Zuza, no meu ponto de vista o que falta para realmente melhorar a condição de vida no semiárido chama-se educação, quantos filhos de agricultores saem de suas casas para trabalhar em fabricas nas cidades sem lhe pagarem nenhum direito trabalhista. Enquanto seus pais trabalham para sobreviver muitas vezes de maneira extrativista.

O município de Quixeramobim é um dos que tem mais aguá no cretão central cearense porem é mal utilizada ou seja muita gente desperdiça aguá, dos pronaf emergência liberados para os pequenos produtores no município 5% usaram os sistemas de irrigação  de forma planejada ou seja fizeram um projeto de irrigação e dos 5% talvez 1% foi bem dimensionado estão funcionando como planejado. sendo assim estamos jogando recurso fora sem ter produção. Eramos a maior bacia leitara do estado porem com o descaso dos órgão públicos tanto na edução quanto nos órgãos de assistência técnica aos produtores rurais.  
MARCELO LEITE

ÁGUAS BELAS - PERNAMBUCO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 15/02/2013

voce falou o que o nordestino sente, parabens
LUIZ PRATA GIRAO

FORTALEZA - CEARÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 14/02/2013

E isso ai meu caro Zuza,nos sabemos disso,informamos isso,denunciamos isso,ja fiz de tudo para entenderem isso,passei quatro anos em Brasília so falando sobre isso.Participei de comissão da desigualdade regional,provamos a razão de tudo.Nao deu em nada,agora por ultimo você acompanhou meu trabalho para o Dnocs liberar áreas ja pronta,e o resultado:Nada foi feito.
JOSE SERGE COUTO FEITOSA

JUAZEIRO DO NORTE - CEARÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 14/02/2013

O caminho para se evitar o êxodo rural passa por esses verdades muito bem esplanada por seu artigo.Quem dera nossos políticos se sensibilizassem!

Parabéns.

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