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Análise das elasticidades renda e de consumo de leite no Brasil

POR THIAGO BERNARDINO DE CARVALHO

ESPAÇO ABERTO

EM 14/07/2011

6 MIN DE LEITURA

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Apesar de ser considerado um país em desenvolvimento, o consumo de proteína animal no Brasil, apresenta distinções quando comparado com outros países. Para a proteína carne, o consumo situa-se nos patamares observados nas nações mais ricas, superando a cifra de 80 quilos por habitante por ano (Carvalho, 2007).

Em contrapartida, para o leite, o consumo nacional está muito abaixo se comparado mundialmente, e até mesmo se encontra abaixo do determinado pelo Ministério da Saúde brasileiro. O "Guia Alimentar para a População Brasileira" do Ministério da Saúde recomenda que sejam consumidas 360 kcal por dia em leite e derivados, o que equivaleria a uma quantidade de 223 litros de leite (integral) por habitante ao ano, já que dados do próprio Ministério mostram que um copo de leite integral (200 ml) tem 118 kcal.

O Brasil possui um grande mercado interno potencial no que diz respeito ao consumo de proteína animal. Toma-se como exemplo a carne suína, que comparada aos outros dois tipos de carne é a menos consumida em nível nacional, tendo assim mercado a ser conquistado e expandido. Em países desenvolvidos, o consumo de carne suína é aproximadamente de 70 quilos/habitante/ano.

Na última década, principalmente depois do plano real, houve o crescimento no consumo interno de alimentos, com o aumento da população e aumento da renda, propiciando um incremento substancial na produção nacional dos três tipos de carnes, o que resultou em quedas nos seus preços.

A renda tem sido considerada uma das principais variáveis condicionantes do consumo de proteína animal, existindo, no entanto, evidências de que as decisões de consumo alimentar também são influenciadas por outras variáveis de caráter econômico e sóciocultural (BERTASSO, 2000). Entre essas, os preços dos alimentos, a comodidade para a aquisição e preparo e até mesmo o status que alguns alimentos proporcionam aos seus consumidores.

Martins (1998) reitera que o consumo de alimentos, bem como o de outros bens, é determinado por fatores econômicos, sociais, culturais e, também, pelas suas inter-relações, sendo que nos fatores econômicos estão incluídos os preços dos próprios bens e dos complementares e substitutos e o nível de renda da população.

Desde o Plano Real até 2005, os preços dos alimentos caíram 40% em média, levando a um aumento no consumo. Nesse período, o agronegócio deixou de ganhar quase um trilhão de reais, sendo essa renda transferida para o consumidor (TRANSFERÊNCIA..., 2006). Pinazza e Araújo (1993) destacam que o aumento da renda faz com que a participação de cereais nas dietas diminua e o consumo de produtos com maior teor protéico, como as carnes e leite, aumente.

O aumento da demanda por carnes traz benefícios para toda a cadeia dos produtos relacionados à proteína animal. Toma-se como exemplo o leite. O valor bruto da produção em 2010 mostra a importância que o setor de laticínios tem para a economia nacional. Em 2011, o leite gerou um valor bruto da produção da ordem de R$ 22,07 milhões. No total o setor de proteína animal (boi, suínos, frango, ovos e leite) juntos geram R$ 106,422 milhões para a economia brasileira (CONFEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO BRASIL - CNA, 2011).

O conhecimento do impacto das variações da renda sobre a demanda por leite, expresso pelas elasticidades, é de suma importância para a formulação de estratégias de oferta dos produtos a médio e longo prazos, e também para o planejamento de políticas sociais voltadas a suprir carências nutricionais, sempre necessárias em países com grande contingente de pobres na população (BERTASSO, 2000).

Em estudo realizado com base nos dados do IBGE (POF 2008/09) para estimar as elasticidades-renda e de consumo de leite nas cinco grandes regiões brasileiras, procurou-se entender o como o consumidor brasileiro aumenta seus gastos/consumo com uma alteração na renda dele. A análise dos dados da POF 2008/2009 mostra que conforme a renda cresce, aumenta o consumo de produtos de laticínios no país. O gráfico abaixo apresenta o consumo, em kg/per capita de laticínios no Brasil (leite, queijo, iogurte, manteiga, etc) nas diferentes classes de recebimento de renda.



Gráfico 1 - Aquisição familiar anual com laticínios - Brasil (kg per capita)
Fonte: IBGE (2011)

Elasticidade-renda dispêndio

Na Tabela 1 estão os resultados obtidos para o ajustamento das elasticidades-renda de demanda com leite. A tabela apresenta as seguintes informações: esquema de agrupamento, de acordo com as sete classes, coeficiente de determinação (R2), elasticidades por estrato e elasticidade média.

Ao analisar a elasticidade média para o país, observa-se que o leite supera em valor a carne bovina de segunda e a carne de frango. Nota-se que no Nordeste do Brasil, uma variação positiva de 10% na renda da população levaria a um incremento positivo na despesa com leite de ordem 5,59%, se mostrando maior que nas demais regiões. A menor elasticidade se encontra no Sul, onde a ordem da variação na despesa seria de 4,11%.

Tabela 1 - Coeficientes de elasticidade-renda da despesa per capita com leite, obtidos com base no ajustamento da poligonal log-log, de acordo com os dados da POF 2008/09.



Elasticidade-renda consumo

Na Tabela 2 estão os resultados obtidos para o ajustamento das elasticidades-renda de consumo com leite. A tabela apresenta as seguintes informações: esquema de agrupamento, de acordo com as seis classes (para o dispêndio, na Tabela 1, eram sete classes), coeficiente de determinação (R2), elasticidades por estrato e elasticidade média.

Ao analisar a elasticidade média de consumo de leite para o país, observa-se que os valores são menores em relação ao dispêndio. Nota-se que no Nordeste do Brasil, uma variação positiva de 1% na renda da população levaria a um incremento positivo na despesa com leite de ordem 0,359%, se mostrando maior que nas demais regiões. A menor elasticidade se encontra no Sudeste, onde a ordem da variação na despesa seria de 0,141%.

Tabela 2 - Coeficientes de elasticidade-renda do consumo per capita com leite, obtidos com base no ajustamento da poligonal log-log, de acordo com os dados da POF 2008/09.



Procurou-se, neste estudo, analisar as diferenças nos padrões de consumo e despesa com leite nas diferentes regiões do Brasil, com o intuito de fornecer informações à sociedade sobre o comportamento da demanda por este tipo de alimento, no país, as quais podem subsidiar decisões governamentais e privadas.

Quando analisadas as elasticidades-renda médias com dados da POF 2008/09 para a proteína leite, notou-se que o coeficiente de elasticidade-renda dispêndio em termos de Brasil é alto, mas inferior quando comparado aos de proteína animal, bovina de primeira e carne suína. Em termos de estrato, os coeficientes eles são decrescentes do primeiro em relação ao último, mostrando que um aumento na renda impacta em diminuição do consumo deste alimento.

Pode-se inferir, tendo-se redistribuição de renda poderia levar a um aumento significativo do consumo de leite.

Este estudo pode fundamentar as estratégicas de mercado de empresas do setor de carnes, tanto industrial como varejistas. Verifica-se expansão na produção e exportação nos três mercados estudados e as elasticidades estimadas servem de base para análises prospectivas sobre o consumo doméstico.

Referências

BERTASSO, B.F. O consumo alimentar em regiões metropolitanas brasileiras: análise da pesquisa de orçamentos familiares/IBGE 1995/96. 2000. 109 p. Dissertação (Mestrado em Economia Aplicada) - Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2000.
CARVALHO, T. B. de. Estudo da elasticidade-renda da demanda de carne bovina, suína e de frango no Brasil. 2007. ESALQ/USP. 88p. (dissertação de mestrado).
CONFEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO BRASIL. Publicações: indicadores rurais. Brasília, n. 72, nov./dez. 2006. Disponível em: . Acesso em: 25 mar. 2011.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa de orçamentos familiares 2008-2009. Disponível em: . Acesso em: 25 mar. 2011.
MARTINS, E. Variações no consumo de alimentos no Brasil de 1974/75 a 1987/88. 1998. 117 p. Dissertação (Mestrado em Economia Aplicada) - Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", Universidade de São Paulo, Piracicaba, 1998.
PINAZZA, L.A.; ARAÚJO, N.B. Agricultura na virada do século XX: visão agribusiness. São Paulo: Globo S.A., 1993. 166 p.
TRANSFERÊNCIA de renda: quase 1 trilhão de reais. Panorama Rural, São Paulo, v. 8, n. 95, p. 26-27, dez. 2006.

THIAGO BERNARDINO DE CARVALHO

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EDER DE CARVALHO

SEROPEDICA - RIO DE JANEIRO - ESTUDANTE

EM 04/02/2013

Excelente  artigo

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