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Análise da rentabilidade de fazendas produtoras de genética em Minas Gerais

POR DANIEL NAVARRO LOBATO

ESPAÇO ABERTO

EM 20/02/2008

4 MIN DE LEITURA

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Todos sabem o quanto que o ano de 2007 foi favorável à pecuária de leite, mesmo com o grande aumento no preço dos insumos no final do ano. Os preços médios recebidos pelo litro de leite ajudaram muitos produtores a saírem do sufoco e recuperar o prejuízo ou aumentar mais ainda sua rentabilidade. Isso não foi diferente com os produtores que de alguma forma tem na genética uma das suas principais fontes de renda.

Para analisar como foi o ano de 2007, foram selecionados, como produtores de genética, aqueles que fazem parte da Associação dos Criadores de Gado Holandês de Minas Gerais e que participam do Projeto Educampo (possuem custo de produção) para esta análise. No total, apenas 8 de um total de 700 propriedades (em Minas Gerais) se enquadraram nesses requisitos.

É sabido que a quantidade de produtores que baseiam sua produção na raça holandesa é muito maior que esse número. No entanto, é importante ressaltar que, mesmo dentro de um grupo tão específico, existem discrepâncias muito grandes com relação à eficiência de produção. Esses produtores foram divididos em dois grupos, de acordo com a taxa de remuneração do capital com terra: um com até 6% a.a. e o outro acima desse valor, como pode ser visto na Tabela 1.


O preço do leite recebido entre os dois grupos diferenciou em 4 centavos por litro, o que seria suficiente para aumentar a margem líquida do grupo menos favorecido de R$ 28.119,54 para R$ 53.308,40 por ano. Valor este, que ainda continuaria muito longe dos R$ 130.480,20 do melhor grupo, pois este é mais eficiente que o primeiro, como pode ser visto na tabela acima. O melhor grupo tem maior número de vacas em lactação por hectare (1,07 contra 0,93) e maior produção por vaca/dia (20,46 contra 18,43). Esses dois fatores resultam numa maior eficiência da mão-de-obra (439,66 contra 312,39 litros/dia-homem) e do uso da terra (7.982,97 contra 6.227,19 litros/ha/ano) maiores.

A diluição dos custos fixos, juntamente com o menor custo variável (COE) por litro garantiu ao segundo grupo uma taxa de remuneração do capital com terra muito superior ao primeiro grupo (11,32 contra 2,20% a.a.). Isso pode parecer contraditório, mas as maiores produtividades com menores custos variáveis por litro são conquistadas através da melhoria na eficiência de utilização dos recursos disponíveis, tais como: melhor organização do trabalho dos funcionários, melhor negociação de compra de concentrado, melhor prevenção de doenças, melhor condução da lavoura de milho para silagem etc.

Todo esse cenário, é extremamente favorável ao grupo de maior rentabilidade, no entanto, é preciso ressaltar que o preço do leite recebido por este grupo em 2007 foi muito superior à média histórica. Esses mesmos produtores receberam R$ 0,59* por litro de leite em 2006 e o custo variável foi de R$ 0,55*, nesse mesmo ano. Já em 2007, o preço médio do melhor grupo foi de R$ 0,81* e o custo variável por litro de R$ 0,57*. Ou seja, em momentos de preços baixos como em 2006, o risco que existe na atividade é muito grande, devido à pequena margem bruta (custo variável alto). Esses valores tornam a atividade muito sensível às oscilações do mercado, pois os momentos de crise podem deixar a empresa com margem bruta tão pequena, que dificulte a administração do negócio.

O grande problema existente é que para manter os altos índices de produtividade, as empresas aumentam muito o gasto com insumos (concentrado, adubo...). Mesmo trabalhando com animais de raça pura, seja ela holandesa, gir ou girolando, as altas produtividades são sempre salutares para diluir custo fixo. No entanto, os sistemas precisam ter maior flexibilidade, como a utilização de alimentos mais baratos (subprodutos, cana-de-açúcar, pastagem...) para as categorias menos exigentes. Tornar os sistemas de produção muito "engessados", no curto prazo, é muito pior do que não ter produtividade suficiente para diluir os custos fixos.

Além disso, a venda de animais (componente importante da renda bruta) deve ser revista pelos pecuaristas de leite em geral, porque é um dos gargalos da atividade também. Por exemplo, cada um destes oito produtores venderam 7 vacas de leite (em lactação e seca), no ano de 2007, a um preço médio de R$ 1.064,00, dentre descartes voluntários e involuntários. No entanto, a grande maioria dos animais foi comercializada como descarte involuntário e os demais foram vendidos por preços comuns de mercado, para animais com média de 20 litros/dia.

Isso pode ter acontecido porque os empresários não quiseram vender seus animais num momento em que o preço do leite estava bom, porque estão comercializando mal seus animais, porque as vacas não possuem uma longevidade adequada ou porque o mau manejo desses animais está resultando em problemas sérios, como mastite, problemas de casco, entre outros. E como produtores que investem em genética, erros que comprometem a comercialização de animais se tornam cruciais, mesmo com a produção de leite sendo muito eficiente.

Este grupo de produtores precisa aumentar o número de descartes voluntários, em relação ao total de descartes e agregar mais valor ao próprio produto, que são as vacas vendidas acima da média que o mercado paga. Ou seja, investimento em genética por si só não garante uma boa remuneração, é preciso também conhecer um pouco mais da comercialização de animais, além de trabalhar com sistemas menos "engessados" financeiramente.

* Preços corrigidos pelo IGP-DI de Dezembro de 2007.

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DANIEL NAVARRO LOBATO

BARBACENA - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 12/03/2008

Prezado Sr. Richard James Walter Robertson,

Sua primeira frase - "A venda de animais geneticamente superiores deve vir como CONSEQUÊNCIA de uma propriedade rentável..." diz tudo! Acredito que só desta maneira conseguiremos animais longevos que atendam os maiores clientes de animais geneticamente superior, produtores de leite que visam LUCRO.

Muito obrigado pelos comentários!
Um grande abraço!

Daniel Navarro Lobato
RICHARD JAMES WALTER ROBERTSON

RIO VERDE DE MATO GROSSO - MATO GROSSO DO SUL

EM 10/03/2008

Prezado Daniel,
Seu excelente artigo me desperta para uma reflexão antiga: A venda de animais geneticamente superiores deve vir como CONSEQUÊNCIA de uma propriedade rentável e não deve ser o foco principal da propriedade.
Tenho visto alguns produtores focarem na venda de genética, dando menos importância à atividade produtiva de leite como um todo.
Felizmente, estes últimos não são maioria e, graças à este foco equivocado, não permanecem por muito tempo na atividade.
Artigos como este servem para quebrar o preconceito de alguns em relação à boa genética. A capacidade de resposta destes animais às variações no preço do leite/valores de insumos vai realmente definir quem permanece ou não na atividade, permitindo esta "diluição" de custos fixos mencionada. Além disso, seu artigo lembra também que: produtores que "arrumam a casa" acabam ganhando mais, não só por uma maior remuneração de seu leite, como também por melhorias em índices zootécnicos da propriedade.
Felizes são os produtores que apostam em assistência técnica e seguem suas orientações. Estes serão os grandes vencedores em épocas de "crise".
CRISTOVAM EDSON LOBATO CAMPOS

BARBACENA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 28/02/2008

Daniel, muito bom o artigo. Sucinto e de fácil dedução: que a produtividade conseguida com melhor genética dilui os custos e aumenta a renda do produtor.

Muito pertinente por ser estudado em fazendas de criadores de Gado Holandês, o que demonstra a viabilidade do negócio com gado puro e com aptidão
específica para produção de leite. Parabéns.
DANIEL NAVARRO LOBATO

BARBACENA - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 28/02/2008

Prezado Sr. Rodrigo Junqueira Pereira,

Muito obrigado pelo comentário! Seu comentário é importante porque os "pré-conceitos" na nossa atividade são constantes e muitas vezes infundados (não baseado em números), até porque, quantas fazendas no Brasil possuem custo de produção, não é?

Este problema de acasalamento também é fundamental, pois o direcionamento equivocado pode causar grandes problemas de descarte involuntário. No caso da caracterização leiteira e seus efeitos negativos na reprodução nos remete aquele velho conceito de economia, de que o ótimo produtivo não coincide com o ótimo econômico.

Ou seja, não adianta termos animais extremamente leiteiros (caracterização leiteira exagerada) com problemas sanitários e reprodutivos muito grandes. A genética nos ensina muitas coisas no gerenciamento também...

Um grande abraço!

Daniel Navarro Lobato
DANIEL NAVARRO LOBATO

BARBACENA - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 28/02/2008

Prezado Sr. Roberto Antonio Pinto de Melo Carvalho, muito obrigado pelos comentários! Concordo com tudo que o Sr. falou... É o profissionalismo na "produção de genética" que deve reinar.

Um abraço!

Daniel Navarro Lobato
DANIEL NAVARRO LOBATO

BARBACENA - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 28/02/2008

Prezado Sr. Fernando Antonio de Azevedo Reis,

Primeiramente, muito obrigado pelos comentários!
Com relação à baixa lotação, eu concordo em parte, pois recomendamos sempre que este indicador (vacas em lactação/ha) fique acima de 1 e para sistemas confinados que ultrapasse a barreira de 2. Estranhar este indicador é normal, pois é comum acharmos dados na mídia acima de 20 vacas por ha.

O fato é que nós contabilizamos a lotação média de vacas em lactação durante o ano (não somente no período chuvoso) e contabilizamos toda a área de produção de volumosos (milho grão, silagem, canavial...), além da área de benfeitorias (estábulo, aguadas, estradas...).

Com relação ao valor de mão-de-obra (MDO), esses valores são encontrados em propriedades que classificamos como eficientes na utilização da MDO, como pode ser constatado pela "produção por dia-homem" (quanto maior, menor é a representatividade desse gasto na renda do leite. ´Neste caso, estão contabilizados todos os funcionários para a atividade leiteira (ordenha, trato, MDO familiar...).

O seu comentário a respeito da valorização do rebanho foi muito oportuno e tem muita razão, pois é uma observação importantíssima ao se analisar o custo de produção. Só que nós utilizamos uma ferramenta chamada de "Variação do Inventário Animal", que nada mais é que um ajuste de correção deste patrimônio que foi acumulado no período. Por isso, ressaltei na conclusão que o problema pode estar na comercialização dos animais, já que foram muito mal negociados durante este ano (descartes voluntários e involuntários).

Fico muito satisfeito pelo nível do questionamento! Espero ter esclarecido as dúvidas... Muito Obrigado!

Daniel Navarro Lobato
RODRIGO JUNQUEIRA PEREIRA

VIÇOSA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 27/02/2008

Prezado Daniel,

Parabéns pelo excelente artigo! É um tema interessante, pois muitos acreditam, e diversas vezes realmente ocorre, que fazendas que produzem genética possuem um alto custo e uma rentabilidade muitas vezes aquém do desejado. O artigo mostra que pelo contrário, desde que o trabalho e sobretudo o gerenciamento da propriedade seja bem feito, pode-se sim obter uma boa rentabilidade nestas propriedades.

Com relação ao descarte involuntário alto, isso pode ser reflexo de escolha de sêmen de reprodutores, por parte de alguns selecionadores, ponderando mais a alta Angulosidade ou Forma Leiteira, em detrimento de outras características de tipo funcional. Existem estudos científicos provando que tal característica é correlacionada negativamente com características reprodutivas, que por sua vez possuem um alto peso na rentabilidade dos sistemas de produção, mostrando que os critérios de seleção de reprodutores devam ser remodelados.

Parabéns novamente e um forte abraço.

Rodrigo Junqueira Pereira
Mestrando em Genética e Melhoramento Animal - UFV
Fazenda São Bento - Seleção de Gir Leiteiro
Três Corações - Sul de Minas Gerais
ROBERTO ANTONIO PINTO DE MELO CARVALHO

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 23/02/2008

Achei muito bom o seu artigo; sucinto, objetivo e, sobretudo, abordando aspecto crucial da atividade: a produção de genética, combinada com a produção de leite.

Concordo em que devem andar juntas, com maior peso em uma das duas, dependendo do porte: maior porte sugere que o leite deve pesar mais, em princípio. Com trabalho bem feito, marketing e comercialização adequados, a venda de genética tende a ser mais lucrativa. Para ter consistência, essa atividade deve ser apoiada em dados factuais do próprio produtor, pois nem sempre a boa genética "teórica" implica bons animais na prática (pai e mãe bons podem não gerar boa descendência).

Roberto Melo Carvalho
FERNANDO ANTONIO DE AZEVEDO REIS

ITAJUBÁ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 23/02/2008

Muito bom e interessante o estudo, alguns dados me chamaram atenção: a baixa lotação cab/hectare, o baixo custo de mão de obra (não deve estar toda mão de obra da atividade leiteira?), a pouca renda com venda de animais e a baixa margem do grupo até 6%aa, visto que são criadores de uma raça especializada com registro na associação e teoricamente difusores de genética.

Acho que talvez tenha faltado um dado importante, o aumento do rebanho, o que poderia refletir na opção do produtor em aumentar a escala de seu negócio e não a renda imediata com a venda de matrizes. Daí a rentabilidade baixa, pois o aumento de plantel tem um custo e o aumento do patrimônio não estaria computado?! Seria isto?

Se estes dados pudessem ser melhor esclarecidos, gostaria da atenção do Sr. Daniel.
ELIZA BENGTSON

VIÇOSA - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 21/02/2008

Prezado Daniel,

Muito interessante o artigo, muito bem escrito, claro e com um excelente conteúdo, parabéns!

Este artigo nos faz refletir o quanto que a pecuária leiteira ainda tem que mudar e o quanto nosso papel de técnico é importante nessa mudança.

Um abraço,

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