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Agricultura "fashion" (I) |
CARLOS ARTHUR ORTENBLAD
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RICARDO TUCUNDUVA NARDONPASSOS - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS EM 09/07/2007
Texto realmente bem escrito e ponderado. Só sugiro um esclarecimento: quando cita o estudo Universidade de Edinburgh que diz que "o uso de energia por tonelada de produto é maior na agricultura orgânica que na tradicional, por causa de sua menor produtividade, e a necessidade de constantes arações ou gradeações para controle de pragas", verifique qual o tipo de energia utilizada em cada produção.
Com certeza a agricultura orgânica utiliza mais energia, mas a maior parte dela é renovável, o que não acontece com a tradicional. Obrigado <b>Resposta do autor:</b> Prezado sr. Nardon, Infelizmente, não. Ou, pelo menos, ainda não. Eu também gostaria que fosse energia renovável, pois aí haveria um certo equilíbrio de trocas (detesto ter de usar anglicismo, mas o termo exato seria <i>trade-off</i>). Mas estamos falando de energia "convencional" (hidrocarbonetos, carvão, e energia atômica), até porque nos países onde o levantamento foi feito, a existência de energia renovável ainda é - na melhor das hipóteses - incipiente. Mas certamente, com determinação, pode-se chegar ao que o senhor deseja. Países como Brasil, Argentina, Estados Unidos e Austrália (entre outros), têm condições de oferecer este tipo de compensação benéfica. No caso do Brasil, saímos na dianteira com o álcool e biodiesel, mas não devemos ficar "deitados em berço esplêndido", pois outros países estão investindo pesado em pesquisa. Neste aspecto, preocupa-me muito a evasão de cérebros que está em pleno curso na Embrapa. Atenciosamente, Carlos Arthur Ortenblad |
ORLANDO MONTEIRO DE CARVALHO FILHOARACAJU - SERGIPE EM 16/05/2007
Talvez sem o charme do anglicismo "fashion", em nosso vernáculo, o vocábulo moda expressa muito bem a conotação jocosamente emprestada, pelo hábil articulista, à agricultura orgânica. De fato, há que se reconhecer a qualidade e o ecletismo de seus escritos, porém, neste particular artigo, o conteúdo carece de fundamentação mais circunstanciada, para que seus fieis leitores possam melhor refletir sobre o tema.
Entre outros juízos de valor, a rotulagem de "Dons Quixotes modernos", para pessoas conscientes das externalidades negativas geradas pela revolução verde, resvala para uma simplificação exagerada e irônica. Como considerar o fato de instituições como a EMBRAPA, além de respeitáveis universidades brasileiras, para não falar das européias e americanas, já estarem pesquisando sobre o tema; e organismos internacionais como a FAO, OCDE, UNCTAD e outras que o tratam com seriedade? Estariam elas, tais quais exércitos de Brancaleone, custeadas com recursos públicos, em busca de causas perdidas ou de objetivos aventureiros? Parece óbvio que a suspensão imediata do excessivo uso de insumos externos, (aos agroecossistemas e ao País) - cuja alta dependência imposta pela revolução verde, responde em grande medida pelo endividamento do elo mais débil do nosso assimétrico agronegócio - poderia trazer perdas de produtividade, mas, certamente, traria prejuízos maiores para quem se apropriou da maior fatia da renda por ele gerada, e que já devem estar começando a sentir calafrios com a perspectiva da entrada dos chineses, no atraente mercado brasileiro, com seus agrotóxicos baratos. Serão mais eficientes? Ou serão usados mais perdulariamente, porque mais baratos? A alegada e hipotética crise de segurança alimentar gerada por uma eventual e súbita substituição de paradigmas de produção, não poderia ser atribuída à falta de, mas ao pouco acesso aos alimentos, além do exagerado uso de grãos para alimentação animal, sem contar com o sobre-consumo de "alguns humanos", em detrimento de outros menos aquinhoados. Não devemos nos esquecer, de novo, de que pesquisas científicas, quatro décadas concentradas na revolução verde, apenas engatinham na produção orgânica, em nosso País. Portanto, é prematuro cobrar altos índices de produtividade dos sistemas orgânicos de produção, até porque há limites para o crescimento da produtividade que devem ser respeitados em prol da sustentabilidade dos agroecossistemas. O que parece ser verdade é a sua difícil operacionalização na grande escala, já que não se trata de simples substituição de insumos. Para além do fato de que, assim como não são muitos os produtores que observam rigorosamente normas de aplicação e prazos de carência de pesticidas, herbicidas, antibióticos, etc., ou que simplesmente lêem bulas, é igualmente óbvio que muitos de nós - Homo destructus, subespécie corruptus, de larga ocorrência no território pátrio, com altíssima densidade no planalto central - somos pós-doutores em toda sorte de fraudes, oportunismos e picaretagens, e é justamente nessa nossa expertise, que reside a grande ameaça à conquista de mercados, não só para os orgânicos, como para produtos convencionais como a exemplo da carne para a Comunidade Econômica Européia, como citado no artigo. Esta sim é que, ao lado de outros equívocos, como a apropriação político-idelógica do discurso agroecológico, por vezes em detrimento da eficiência e da sustentabilidade que devem caracterizar os sistemas orgânicos de produção, pode desacreditá-los junto a produtores e consumidores. Mas, afinal de contas, para que tanta preocupação e argumentação, se o que se trata é de apenas mais um modismo, ou, na melhor das hipóteses, de um nicho de mercado? Por que tanto tempo desperdiçado, se o tema estará "démodé" daqui a algum tempo, não é mesmo? Menos maniqueísmo e mais pragmatismo é de que precisamos e, conforme palavras de um de seus leitores "Há espaços para todos, mas com compromisso com o que se faz." <b>Resposta do autor:</b> Uma bela, elegante e fundamentada carta, esta sua. Concordamos em divergir, o que é ótimo, pois a troca de idéias enriquece o debate. Eu só me ressinto da conotação negativa entendida à menção a D. Quixote, cujos objetivos, de resgatar a pura virgem, eram nobres e corajosas, embora mal sucedidas. Como estou no Rio Grande do Sul, e por alguns dias sem acesso ao meu laptop, não poderei reproduzir exatamente meu texto, mas lembro-me de ter mencionado que galantes iniciativas não deveriam ser tratadas com chacotas. Quanto aos aspectos mais técnicos de ´revolução verde´ vs. agricultura orgânica, continuo entendendo que aquela é apenas um nicho de produção/mercado, e não pode, nem deve, ser generalizada. Quanto a outros aspectos de sua carta, convergimos inteiramente. Durante anos, fui citricultor em SP. Ao comprar insumos muito caros, como acaricidas, eu acessava o site do ´Florida Citrus Mutual´ (cooperativa americana de citricultores). Os preços de produtos com o mesmo princípio ativo custavam muito mais barato em dólar lá, do que aqui. Por vezes, menos da metade. Atenciosamente, Carlos Arthur Ortenblad |
JOSÉ JAIRO BORGESNOVA RESENDE - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS EM 15/05/2007
Agricultura orgânica é um negócio como qualquer outro. Tem que haver demanda. E esta há. Pertenço a uma cooperativa que produz café orgânico. Fornecemos para uma que consumo produtos orgânicos. Há um ditado que diz que "tatú cheira tatú", o que quer dizer que os semelhantes se agrupam.
Então aqueles que não que não vêem problema em consumir produtos com resíduos de agrotóxicos que os consmomem. Aqueles que preferem consumir produtos orgânicos que o façam procurando onde encontrá-los. É por isso que a vida é boa. Há a livre opção. Não se trata de se desfazer de uma ou de outra, chamando a agricultura orgância de pré-histórica! O ato sexual, por exemplo, é pré-histórico e nem por isso está em desuso! Quem gosta de aplicar veneno que vá fazê-lo, principalmente aqueles que provocam dor de cabeça! Os hospitais de câncer estão se multiplicando a cada dia. Qual o motivo da proliferação da doença? Fazer campanha para construção desses tipos de hospitais, acho muito válido e homano, como também acho válido e humano indagar das cuasas da doença. Tenho certeza que a agricultura não é a causa! |
WILSON MOTA DA SILVACURITIBA - PARANÁ EM 14/05/2007
Este artigo fortalece a minha posição, de que variáveis produtivas quando oferecem uma renda adicional ao agricultor são válidas, como é o caso da agricultura orgânica. Todavia eu NÃO concordo com posturas radicais do tipo "a agricultura orgânica é a única opção ética na produção de alimentos".
Se ocorresse da forma suposta no artigo, uma substituição mágica e imediata da agricultura convencional pela orgânica, o preço dos alimentos, devido à menor produção por área, aumentaria, e também aumentaria o número de pessoas sem acesso aos alimentos. <b>Resposta do autor:</b> Meu prezado Wilson, É exatamente isto. Questão de simples bom senso. Querer tornar exceção em regra é um disparate. Porém, ter agricultura orgânica como um nicho de mercado, e apenas isso, é perfeitamente razoável. Abraço, Carlos Arthur |
GUILHERME AUGUSTO VIEIRASALVADOR - BAHIA - PESQUISA/ENSINO EM 12/05/2007
Sr.Ortenblad, parabéns pelo artigo. Tenho utilizado seus artigos em minhas aulas no curso de agronegócios, destacando aquele que o Sr. escreveu sobre preconceitos contra a agropecuária.
Quanto a este artigo, concordo com o Sr. em todos os aspectos. Veja o Sr. que há 2 anos fui participar como Palestrante de um evento que haveria um ´confronto´ entre a agricultura orgânica e a agricultura tradicional, sendo que fui defender a agricultura tradicional e industrial. Nunca fui tão fuzilado em minha vida e notei o quanto as pessoas são ignorantes (no sentido literal e cognitivo) em relação aos aspectos que o sr. abordou. Fantástico, utilizarei seu artigo nas minhas próximas aulas e o enviarei para alguns ´eco-xatos´ (com X mesmo). Mais uma vez parabéns. Guilherme Vieira , Médico Veterinário,M.Sc. <b>Resposta do autor:</b> Prezado Dr. Vieira, Agradeço suas palavras gentis. Desculpe-me, pois me diverti muito com seu infortúnio. Mas não sem razão. Há alguns anos atrás, fui convidado por uma universidade para participar de um "painel" sobre Reforma Agrária. Burro que sou, aceitei. Quando me sentei" à mesa, vi que a plaquinha com meu nome apresentava, como minha profissão: "LATIFUNDIÁRIO". Pode-se imaginar a vaia que levei da isenta platéia quando abri a boca pela primeira vez. Abraço, Carlos Arthur |
NEI ANTONIO KUKLAUNIÃO DA VITÓRIA - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS EM 10/05/2007
Pois é, Agricultura Orgânica, Alimentos livres de OGM´s, Alimentos Ecológicos e muitos outros alimentos "verdes" viraram discursos de políticos, inclusive, bandeiras de partidos. Você vai à feira comprar estes alimentos, paga mais caro por eles e, tenha certeza, muitas vezes de orgânicos não tâm nada. Falo porque sei, sou da área e já vi casos "in loco".
É preciso mais seriedade para quem está propondo trabalhar nesta área, agricultores e técnicos, e estes últimos que deixem seu lado partidário de lado e atuem com profissionalismo, como juraram ao se formar e conduzam seus trabalhos longe dos palpiteiros... Há espaços para todos, mas com compromisso com o que se faz! Nei Antonio Kukla Técnico em Agropecuária Administrador / Espec. Agronegócios <b>Resposta do autor:</b> Prezado Sr. Nei A. Kukla, É uma pena, mas é isso mesmo. Certamente existem produtores sérios, que realizam à risca aquilo com que se comprometeram. Mas existem também os "picaretas". Esta falta de seriedade e de profissionalismo acaba levando o Brasil para o buraco. Lembra-me, como analogia, a certificação de rastreamento do Sisbov. São tantas as confusões, tamanho o descaso (geral), que ainda vamos acabar perdendo nosso maior, melhor,e mais rentável mercado, que é a Comunidade Econômica Européia. Aí vamos fazer o que: vender dianteiro a preço vil para o Egito? Perfeita sua frase: Há espaços para todos, mas com compromisso com o que se faz! Abraço, Carlos Arthur Ortenblad |
EDSON FELIX COSTAALTINHO - PERNAMBUCO - PRODUÇÃO DE LEITE EM 09/05/2007
Há muito tempo não lia algo tão convincente nessa eterna briga entre o orgânico e o convencional.
Eu até que era dado a frequentar umas feirinhas de produtos "fashion" que ocorrem na minha cidade e acabava comendo umas folhas de alface furadas, umas cenourinhas pequenas e fibrosas e uns tomatinhos que não despertavam a atenção na mesa, para desespero da minha mulher e horror das minhas filhas, que só querem uma desculpa para não comerem saladas. Os meus argumentos de que estaríamos contribuindo para uma maior permanência da raça humana na terra nunca foram suficientes para convencer por inteiro a minha mulher de que a feiura da salada nossa de cada dia era por uma boa causa. Agora estou num dilema, mostro o artigo para minha mulher e aturo a gozação ou simplesmente deixo de ir à tal feirinha fashion, dando uma de desentendido? Eu bem que desconfiava que essa história de orgânicos estava mais para moda de "intelectuais" do que para fundamentação científica. Somente agora com o artigo acima encontro um ponto de apoio para questionar essa onda de agricultura fashion. Parabés ao Carlos. <b>Resposta do autor:</b> Prezado sr. Edson, Inicialmente, rolei de rir com seu dilema. Desculpe-me, mas sua carta é muito engraçada. Se o senhor me permite meter o bedelho em assuntos familiares, eu se fosse o senhor, não mostraria o artigo à sua esposa. Simplesmente iria "esquecendo" de comparecer à tal feirinha. A memória feminina é longa, e a vingança também. Forte abraço, Carlos Arthur Ortenblad |
TENAX PRE MOLDADOSMINEIROS - GOIÁS - REVENDA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS EM 09/05/2007
Já que é difícil diminuir a população mundial poderia trocar o uso de grãos na alimentação e todo mundo passar a comer batata.
<b>Resposta do autor:</b> Prezado sr. Marchió, Eu pessoalmente adoro. Mas engorda muito. Abraço, Carlos Arthur |
OCTÁVIO ROSSI DE MORAISSOBRAL - CEARÁ - PESQUISA/ENSINO EM 09/05/2007
Se os fiéis leitores "são poucos" eu não sei, mas que os que lêem seus artigos se deliciam com eles, disso não há dúvida: muita seriedade, consciência e consistência, com ótimo humor.
Bom spa! <b>Resposta do autor:</b> Prezado Dr. Otávio, Uau !!! Muito obrigado. Nada como começar o dia com um elogio destes. Abraço, Carlos Arthur |
SEBASTIÃO FEITOSA LIMAGOIÂNIA - GOIÁS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS EM 09/05/2007
A realidade é a tônica, e o paradoxo agricultura comercial x agricultura orgânica é meramente sofismo, não se produz em escala utilizando métodos pré-históricos.
<b>Resposta do autor:</b> Prezado Dr. Sebastião, Concordo. O mal não é a agricultura orgânica em si. E sim tentar transformar exceção em regra, e não ver que se trata apenas um nicho de mercado. Atenciosamente, Carlos Arthur Ortenblad |
JOSÉ EDUARDO DO VALRIBEIRÃO PRETO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO EM 08/05/2007
Artigo muito bom concordo plenamente com quase tudo exceto com o décimo primeiro parágrafo, onde se comenta que o plantio direto está associado a agricultura orgânica. Isso não é verdade pois no plantio direto ocorre uso maciço de agrotóxicos e isso é muito conhecido e divulgado no meio técnico.
O que não desmerece o conteúdo do artigo, que salvo essa falha, foi muito bem desenvolvido. Precisamos argumentar e esclarecer pessoas que dizem o que querem sem nenhuma responsabilidade, conhecimento e experiência de como se pratica agricultura que alimenta o povo. Parabéns <b>Resposta do autor:</b> Prezado Dr. José Eduardo, Realmente é estranho o conceito com o qual o senhor discorda (i.e. plantio direto ser "ligado" a agricultura orgânica), tanto que fiz uma espécie de ressalva quanto a isso em meu artigo. Ressalva esta, possivelmente pouco clara ou pouco contundente. Contudo, os textos que li - de diversos autores - induziam a isso, de forma que reproduzi o conceito, o qual o senhor vem a esclarecer como inverídico. Obrigado por haver enriquecido o meu texto. Atenciosamente, Carlos Arthur Ortenblad |
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