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A produção de leite e sua relação com a precipitação e a comercialização nas condições de semiárido cearense: qual será o maior limitante para o ano de 2015?

POR RODRIGO GREGÓRIO DA SILVA

ESPAÇO ABERTO

EM 15/12/2014

3 MIN DE LEITURA

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Atualizado em 01/09/2022

Rodrigo Gregório da Silva
Eng. Agrônomo, Doutor em Zootecnia
Professor do IFCE – Campus Limoeiro do Norte, Ceará


Vários problemas estão batendo à porta das fazendas produtoras de leite do estado do Ceará. Estamos vivenciando cinco anos com precipitações reduzidas. O último ano em que houve recarga dos reservatórios de forma significativa foi em 2009. De 2010 até hoje tivemos somente o 2011 com precipitações significativas, que se não fosse este, só Deus sabe como estaríamos. Nos demais anos sempre precipitações reduzidas, com 2012 chegando ao limite inferior para o desenvolvimento das culturas, inclusive as pastagens naturais.

Há muito se sabe da relação entre condições climáticas, tipo de solo e respostas das culturas, sendo o entendimento destas relações a base para a produção animal. E é por compreender estas relações que se afirma a menor vulnerabilidade da produção animal nas condições de risco intrínsecas ao ambiente semiárido brasileiro. Tal condição de menor vulnerabilidade tem como grande fundamentação a possibilidade do equilíbrio da oferta de alimento para os rebanhos via armazenamento, realizado nos anos de maior produção. Mas para que seja possível o equilíbrio entre demanda e oferta apresenta-se de forma fundamental o planejamento forrageiro da propriedade ou a aplicação da técnica da orçamentação forrageira com caráter de longo prazo.

Contrariamente e especificamente nas condições de semiárido cearense, tem sido observada a manutenção do crescimento da produção de leite ao longo destes anos de seca. Esta condição apresenta-se como resultados de várias melhorias realizadas na oferta de água pelo Estado, com maior intensidade nos últimos 10 anos, tendo em sua base o uso da irrigação. Lembramos que a irrigação é um exemplo de armazenamento indireto de comida, no caso, via o armazenamento de água.

Não entender o caráter de variação dos fluxos de água e comida na condição de semiárido predispõe os sistemas a momentos de colapso, como o previsto para o ano de 2015. Há previsibilidade de falhas na oferta de água e alimentos volumosos nos sistemas locais. Todavia, como dito, há previsibilidade, e havendo esta condição saímos da situação de incerteza e chegamos à condição de risco, que tecnicamente possibilita a gestão dos sistemas com menor possibilidade de falhas. Como exemplo há o fato da oferta de água via os barramentos (açudes) terem normalmente garantia por volta de 90%. Isto quer dizer que a cada 10 anos têm-se garantia de que haverá água disponível em nove com falha possível em um ano. Assim, devemos ter alternativas para esta possível falha.

Concomitante a evolução dos sistemas via irrigação tivemos o incremento do potencial produtivo dos rebanhos, graças ao uso significativo de inseminação e aquisição de matrizes de maior potencial produtivo comprovado. Soma-se a isto o incremento no tamanho do rebanho e condições climáticas mais regulares entre os anos de 2000 e 2010. Desta combinação não é difícil encontrar produtores que outrora produziam 30 a 50 litros ao dia e hoje produzem 300 a 500 litros. Não vamos nem falar dos produtores que hoje produzem volumosos superiores a 10.000 litros ao dia.

Até agora vivenciamos um clima de euforia, similar ao observado nos dias inicias de uma paixão. Neste estado, de apaixonado, costumamos ir pelo coração e esquecemo-nos da razão, resultando vez por outro em lágrimas.

Se não bastasse o mencionado anteriormente sobre a ausência do planejamento da oferta de alimentos volumosos para o rebanho, crescimento da produção muitas vezes apaixonado e período de limitações climáticas, via menores precipitações observadas ao longo dos últimos cinco anos, temos agora o fantasmas do apagão de compradores. Sem dúvida, caso venha a se concretizar a falha do sistema por falta de compradores, haverá o aparecimento de um novo fator limitante capaz de criar mais instabilidade no setor.

Assim, ficamos a nos perguntar: será que virão todos ao mesmo tempo? Se vierem, qual será o impacto econômico e social para a região? E o que poderemos fazer, visto o pequeno tempo de reação disponível?

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RODRIGO GREGÓRIO DA SILVA

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LUCAS NOBRE

CUMARU DO NORTE - PARÁ - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 24/12/2014

     O principal ponto para sair deste conflito é o associativismo.Infelizmente na cultura nordestina o cooperativismo ainda não é realidade,diferente dos estados do centro-sul.

     Temos(falo isto porque sou nordestino) que implanta nas escolas publicas e privadas

disciplinas voltadas a fomentar o cooperativismo entre os jovens, e incentivando os produtores atraves das instituiçoes governamentais à formação de cooperativas agroindustriais.

       por parte do governo estadual criar politicas de incentivos a pecuaria sustentavel,fortalecendo a assistência tecnica, criando modelos de pecuaria local,implantando a nivel de escola tecnica o curso de tecnico em laticinio, para dar suporte as industrias que venha a ser implantadas e não ter que importar profissionais de minas gerais.

        E antes de tudo pedir chuva a Saõ josé.
FRANCISCO BRITO LIMA

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/12/2014

Profº Gregório sábias palavras , que tenham o efeito desejado , contribuindo para a evolução da cadeia de produção de leite, a qual pertenço.
JAILTON DA SILVA BEZERRA JÚNIOR

MACEIO - ALAGOAS

EM 16/12/2014

Concordo com o amigo José Antônio.  Enquanto não houver um incentivo maior por parte do Governo, essa realidade poderá permanecer por vários e vários anos. Acredito, que medidas como mudar a politica do ICMS, INVESTIR em assistência técnica e pesquisa, a união dos próprios produtores, produção de leite com qualidade e etc. podem alavancar o mercado do leite no Estado. Só precisa ter cuidado com relação ao crescimento rápido, pois poderá não suportar e piorar a situação.
JOSÉ ANTONIO

SALVADOR - BAHIA

EM 16/12/2014

Prezado Rodrigo,



Seus questionamentos refletem minha angustia de anos quando provoco pesquisadores, técnicos e produtores a refletir sobre a produção de leite no Brasil.



Nossa politica para o setor é medíocre, eles (as indústrias) contam com um setor produtivo completamente desorganizado e desprotegido em todos os estados.



Tento responder como produtor suas duvidas:



Será que virão todos ao mesmo tempo?

- certamente não, como são poucos e organizados agem como águias na caça a sua presa, agem um por vez.

Se vierem, qual será o impacto econômico e social para a região?

- inicialmente euforia, crédito para produtores e depois frustrações. É isso que vimos acontecer nestas ultimas 04 (quatro) décadas, quando acaba as negociatas dos benefícios fiscais entre as águias e os governadores, estas pedem falência, fecham fabricas e o produtor que se vire para pagar suas dividas.

E o que poderemos fazer, visto o pequeno tempo de reação disponível?

- 1º, se organizar, apenas produtor e não representantes de indústrias. Existe produtor que é dono de pequena e média indústria, estes devem ser ouvidos e não exercer liderança.

- 2º, pressionar o Governo Estadual a mudar sua politica do ICMS para o setor implantada no século passado, voltada para implantação de empreendimentos nos estados.

- 3º, as águias vão mudar seu comportamento, nós somos o mercado produtor e consumidor, eles são os intermediários.

- 4º, existe outras soluções para não sermos reféns, o cooperativismo industrial é uma destas opções.



Rodrigo, espero que minha reflexão tenha o ajudado.


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