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A conta que não fecha: uma outra visão

POR MARIA LUCIA GARCIA

ESPAÇO ABERTO

EM 04/08/2008

6 MIN DE LEITURA

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Comentários sobre as principais proposições quanto à queda do preço do leite e o que poderia mudar nesse cenário do artigo "A conta que não fecha".

A produção de leite cresceu muito no primeiro semestre de 2008, em relação a 2007, respondendo aos estímulos do mercado; porém, também cresceram as unidades de processamento, para consumo interno e exportação, podendo até mesmo ter ocorrido que algumas empresas não tenham ampliado sua capacidade de produção a tempo, principalmente do setor que exporta, o que explicaria a queda maior na região mineira e goiana, onde atuam conhecidas exportadoras.

Se a queda tendesse a ampliar-se para outras regiões, já estariam sendo colocadas as questões da necessidade de financiamento de estoques e/ou ativação e ampliação de programas governamentais, de distribuição de leite, como em outras épocas de "super-produção" e leite excedente.

Aumentaram os custos de produção do leite, dos lácteos e dos alimentos em geral, diminuiu o poder de compra das classes populares - como mostram os cálculos da cesta básica -, deterioraram as relações de custos da matéria-prima e produtos exportados; o mercado interno, no primeiro semestre, foi confrontado com um aumento estimado de 600 milhões de litros, já que 260 milhões escoaram para o mercado externo; aqui é importante saber se o fato dos preços dos lácteos não terem aumentado na proporção do leite in natura se deve somente à queda no poder de compra e à alta dos alimentos, levando à formação de excedente interno expressivo; porém, atentar que aumentaram o salário mínimo, os salários acima do mínimo, a bolsa família, o índice de emprego com carteira assinada e as exportações de lácteos, ou seja, a economia ainda continua aquecida, com previsão de retração moderada no final do ano.

A atividade de exportação não está "tão boa" quanto o aumento de volume sugere; o câmbio segue valorizado, diminuíram as margens de lucro da exportação pelo aumento do custo das matérias-primas; aqui teremos que considerar a vantagem do mecanismo de liquidez das vendas ao exterior que, de alguma forma, sustenta o caixa dos exportadores, tanto que as exportações de lácteos mais do que dobraram no semestre, com expectativa de alcançarem um valor recorde até o fim do ano; de onde conclui-se que a exportação de lácteos ainda não atingiu o ponto de queda ou interrupção; a balança dos lácteos só no primeiro semestre aumentou seu superávit, em relação a 2007, em quase quatro vezes.

O comprometimento da oferta futura de leite, caso continue o despencamento dos preços, pela venda de vacas leiteiras para abate, faltou acrescentar que essa estratégia atingirá mais os produtores de baixa genética e produtividade, cujo valor das matrizes é balizado pelo gado de corte; os produtores com rebanhos produtivos e qualidade de produção, deverão encontrar novos espaços no mercado, já que existem novas empresas e cooperativas dispostas a aproveitar a oportunidade aberta pelo crescimento prolongado da demanda interna e externa ou ainda em projetos de verticalização.

O que pode mudar o cenário. Melhor seria indicar o que poderia ser feito para amenizar o cenário, afastando qualquer fatalismo, pois "os problemas surgem para serem resolvidos e não apenas sofridos":

A redução da oferta de leite in natura não se enquadraria numa proposta de solução de problemas complexos associados a tempos de turbulência e mudanças de paradigmas como estamos atravessando; o problema a ser colocado seria ampliar rapidamente a capacidade de processamento e/ou estocagem das empresas e cooperativas mais na linha das exportações, não descuidando da ampliação do consumo interno, através de linhas de produtos populares mais baratos, programas escolares e sociais, afinal estamos em um país com carência alimentar.

Limitação da exportação, apesar da demanda e da manutenção dos preços externos, em decorrência do cambio valorizado; sabemos que essa é uma questão de doutrina econômica ortodoxa que em tempos de crise forte costuma ser abandonada; temos, porém, que ver se isso afeta igualmente as exportações de outras matérias-primas e produtos, já que o foco novo é o de uma crise mundial de alimentos, conjugada a duas outras crises, financeira a energética, com duração estimada de 10 anos, o que abre oportunidade para expansão dos negócios ímpar; o setor de lácteos tenderá a adotar a postura dos outros setores exportadores de maior escala que miram a direção dos mercados, conscientes de que sua volatilidade advém da financeirização da atividade econômica como um todo, que mais dia menos dia será confrontada em seu poder fomentar crises.

Internamente, torna-se urgente uma articulação dos produtores e suas entidades para articular melhor as relações entre produtores e indústria; nenhuma objeção a isso, desde que nossos líderes e representantes coloquem em discussão questões de regulamentação mínima do setor como a reforma das cooperativas, a contratação do leite in natura e a exigência de autorização pública para quem quer produzir leite para o mercado, como que uma autorização ou certificação da unidade de produção leiteira (sitio fazenda, ou outro).

Observação: a idéia da autorização ou certificação da unidade de produção leiteira me veio, considerando a proposição do artigo de que a produção de leite in natura por ser "uma atividade com poucas barreiras de entrada dificilmente será altamente rentável para todos o tempo todo, pois essa condição estimula o aumento da produção e o reequilíbrio da oferta e da procura". Pensei então no quanto está nos custando esse re-equilíbrio grosseiro e oneroso enquanto fonte de atraso e baixa competividade do produtor de leite no país. Também pensei no papel de certas regulamentações que estimulam a modernização econômica, como foi o caso da Instrução Normativa 51.

As sociedades modernas caracterizam-se por atingirem um grau de regulamentação eficaz, no sentido de promover desenvolvimentos econômicos, tecnológicos e sociais necessários. Também pensei na regulamentação que assiste às mais variadas unidades de produção e comércio que se organizam para venda de alimentos ao mercado. Ninguém abre um botequim sem obter um alvará ou uma licença de funcionamento, ficando sujeito aos órgãos ditos vigilância sanitária e saúde.

Da mesma forma, por que o empreendimento (sitio, fazenda ou outro) que produz leite para o mercado não teria que ter seu alvará ou autorização de funcionamento? Ainda mais por ser uma unidade de produção de uma matéria-prima, cujas exigências de qualidade já estão regulamentadas e aplicadas por muitos produtores, mas ainda não devidamente fiscalizadas.

Com esse espírito, imaginei reformular a proposição do Marcelo e da Marlizi para o bem da saúde econômica dos produtores que modernizam seus empreendimentos leiteiros, e da saúde física dos consumidores de leite e lácteos do país, como se segue:

"A unidade de produção leiteira (sitio, fazenda ou outro), sendo uma atividade econômica de produção de alimento perecível e suscetível à contaminação e/ou deterioração indesejáveis à saúde da população, terá que ser autorizada ou certificada pela agência municipal de autoridade estadual de saúde ou saúde animal (no caso de Minas, o IMA), para produzir e vender leite a qualquer associação, cooperativa, empresa comercial ou industrial; estão eximidos desta exigência os produtores que produzem leite para consumo próprio e familiar."

Vantagens outras para a regulamentação da autorização ou certificação para produzir e vender o leite in natura ao mercado:

Tirar de boa parte dos produtores a imagem de eterno camponês (já que grande parte não é mais); considerar a unidade de produção de leite uma empresa ou empreendimento econômico; facilitar a fiscalização do leite impróprio, adulterado, parte do qual é atualmente reunido por associações de fachada (de um dono só) que atuam no mercado spot, sendo que muitas delas além de refrigerar o leite, se dão a conhecidas práticas de "sanitização" e de "multiplicação" do leite recebido.

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NEREIDE CARVALHO SOUZA

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 15/08/2008

Parabens Lucas Antônio, pela sua carta, se o Brasil tivesse pelo menos 2% de Doutores com o seu pensamento, já estariamos no primeiro mundo.

Creio plenamente que a solução para a produção de leite no Brasil está na união dos produtores, é um trabalho árduo, mas não impossivel, se na nossa região, onde o leite é o mais caro do estado, onde tambem a concentração de laticínio é grande, os produtores controlassem a produção, teriamos garantia de preços compensadores, que daria pelo menos pra cobrir o custo.

Quando o leite estava com o preço baixo, os produtores venderam as matrizes para o açouque, o leite melhorou um pouquinho, as vacas leiteras passaram a valer ouro, os laticinios esperaram os produtores se endividarem com compra de animais de alta produção, aumentarem a oferta de leite, e agora baixarem os preço, que é o que estou acompanhando pela as reportagem dos meios de comunicação que tenho ascesso aqui. E agora, o que o produtor pode fazer? Vender seus animais para o açougue? Não, porque tem uma conta grande para pagar, e depende delas pra produzirem o dinheirinho de cada dia.

Uma pena que no Brasil não existe um orgão contolador de produção agropecuária, que ajudaria muito a oferta do produto interno, controlando para que não tivessem uma produção que atrapalhassem os preços, nem para mais nem para menos, inviabilizando a produção com preços incompativeis com o custo de produção, ou inviabilizando a compra pelos consumidores, que é o mais atingido por esta falta de política, justa e séria, brasileira. Isso sim eu acho que deveria acontecer, mas creio que isso tem um forte loby contra, se referindo ao leite, isto não interessa a industira leiteira.

Os pequenos só se endividam, na ilusão que vão aumentar sua produção uns 50L, e que tudo pode melhorar, mas como 80% são pequenos, e se todos resolveram aumentar sua produção 50L, resultado, estão de novo na mão do laticínio. Uma pena que um pais com o potencial de produção gigantesca como é o Brasil, se perde com falta de uma politica voltada para o campo, para os caipiras, pois quando o nosso Ex Presidente, Fernando Henrique Cardoso, nos chamou de caipiras, muitos se sentiram humilhados, pois eu me senti bem, pois é isso que somos, um povo caipira, porque quando deixamos de ser colônia de Portugal, que foi quando o pau-brasil não existia mais e o ouro já não era tanto, voltaram para a Europa os "urbanos´´, deixando pra traz o povo brasileiro, que tirando os poetas, eram povos do campo, dos garimpos, das lavouras, etc.

(Continua)
LUCAS ANTONIO DO AMARAL SPADANO

GOUVÊA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 14/08/2008

Continuação: Luto com meu povo, os da minha região, procuro ajudá-los, faço papel de orientador ténico, coisa que não sou, sou mero autodidata, mas levo até eles informações, leio para os que não sabem ler e fico feliz quando vejo um pequeno produtor iniciar devagar e com sacrifício um novo curral, uma nova sala de ordenha, tudo cimentado, cochos planejados para o bem estar da vaca, limpo, preparando-se para dar um salto na qualidade de sua produção, buscando dinheiro no BB para comprar tanque e comprar animais melhores, mesmo que isto lhe custo um sacrfício absurdo.

Temos ainda a Emater, com seus técnicos lutadores, procurando ajudar no trabalho do pequeno produtor. O SENAR atuante com seus treinamentos e cursos muito importantes.

Tenho certeza que se aqueles que colocam acima dos demais mortais, com idéias típicas de regimes totalitários, se dispusessem a ajudar os menos favorecidos em estudos, informações e técnicas, com certeza já teríamos outra realidade em andamento, devagar mas já seria um bom começo. Nem em economias muito mais avançadas do que a nossa, o governo teve a audácia de tentar transformar pequenas propriedades em empresas, isto não existe. Ao contrário, o governo incentiva, subsidia a produção de seus micro produtores, fornece assistência técnica e trata deles com carinho, pois sabe que precisa deles.

A Argentina está toda enrolada por tentar taxar os produtores rurais, existem cerca de 4.000 fazendas fechadas, fora o tumulto generalizado que tomou conta do país vizinho. O Brasil, tem como ser o celeiro do mundo, tem como fornecer um volume de alimentos, incluindo leite, que pode minimizar a fome mundial. Não há de ser com idéias desta natureza que iremos chegar lá.

O pequeno produtor é a mola mestra do agronegócio brasileiro, incluindo a produção de leite, não podemos jogar pedra nos grandes, o País precisa muito deles, mas até mesmo o governo entendeu, que, a única forma de aumentar a produção é incentivar o pequeno produtor. Não se esquecendo dos grandes.

Discordo democraticamente da articulista, estou como sempre estive ao lado do Marcelo, estamos produzindo muito leite, a lei da oferta e da procura não perdoa, é o mercado, e, infelizmente o pequeno não sabe ainda como lidar com isto, mas vai aprender, pode levar tempo mas vai.

LUCAS ANTONIO DO AMARAL SPADANO

GOUVÊA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 14/08/2008

Artigo interessante, polêmico. Tem gente que acha que a solução é acabar com os pequenos produtores, pois sim, e o Brasil vai produzir só 20% do que produz hoje? Ou quem sabe sem os pequenos produtores se consiga chegar aos 40%?

Tem gente achando que fazenda tem que virar empresa! É porque não conhece a realidade do campo, da luta pela sobrevivência e para criar a família. daqui a pouco vai aparecer alguém dizendo que pequeno produtor não pode ter filhos, afinal como vai sustentá-los?

Tem gente achando que para gerir fazenda tem que ter ensino superior, principalmente para produzir leite; na minha opinião trata-se de puro elitismo. Tenho dois cursos de gradução, duas pós, um mestrado e alguns cursos de especialização e acho que ainda não sei nada, tenho vizinhos analfabetos que me ensinam muita coisa.

A realidade rural é outra, a mudança é lenta as dificuldades são grandes, o dinheiro é curto, até para montar uma pequena cooperativa de produtores a coisa é difícil, alguém já viu as taxas da OCB e das Federações?

O que se precisa é da união dos produtores de leite, de forma que a atividade tenha sua representatividade, seus representantes, gente disposta a negociar uma coisa simples contrato de fronecimento de leite, de forma que se tenha um procedimento padrão, tanto no fornecimento do leite pelo produtor, quanto no pagamento pela indústria. Contratos que contenham em seu bojo salvaguardas para ambos os contratantes, bilaterais e que possam trazer ao produtor segurança para investir.

Tem gente que não conhece o interior de Minas, não sabe o que é um pequeno produtor de leite dos nossos rincões e porque não de outros estados também. Tem gente que fala muito, mas não sabe o que é acordar às 4/5 horas da manhã, com o frio rachando seus pés e mãos, muitas vezes doente, mas precisa ordenhar suas vacas. Afinal acordar neste horário, para que?

Tem gente achando que se as pequenas fazendas não virarem empresas, o setor não anda, quem não vai andar é o pequeno produtor rural, ou não conhece nada do que seja uma empresa, por menor que seja, ou vive em outra realidade econômica. Na periferia das grandes e médias cidades do Brasil está o retrato do pequeno produtor que lá foi parar e que não tem como voltar; São Paulo é o retrato desta migração.

Transformar pequenas propriedades rurais em empresas é aumentar essa população periférica a níveis explosivos, bem mais do que já estão, é desconhecer a realidade, a idéia só criaria mais uma convulsão social. Em tempo, a minha atividade está lastreada em uma empresa rural, com toda a burocracia reinante, não tenho receios como alentados alhures.

Ainda, a economia informal representa 65% ou mais do PIB, que tal acabar com ela também, assim quebramos o País de vez. Sra. Nereide, gostei muito de sua carta, concordo com ela e discordo de certos burocratas de plantão, pseudo empresários, que parecem estar muito além da nossa realidade. (continua)
JOSÉ CARLOS DE AZEVEDO

CAMPOS DOS GOYTACAZES - RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 12/08/2008

Bem, estou aqui para fazer coro com todos os produtores, em pequena - o meu caso - ou grande produção. Em verdade, não temos uma entidade governamental em nível municipal, estadual ou federal para nos assistir "de fato", através da consistência diária aplicada à produção sofrida de nossas propriedades. O que temos, sem sombra de dúvidas, são verdadeiros burocratas. Queiram me desculpar aqueles que aceitarem a carapuça. Estou falando de entidades que atendem em seus "escritórios/consultórios".

Quantas e quantas vezes necessitamos de uma ajuda, uma orientação, e nada. Não sei como até hoje não se buscou formar núcleos, pelo menos de assistência veterinária e agrícola, a tantas propriedades aparentemente improdutivas que, se tratada em nível de assistência do homem dedicado a sua missão, permitiria aos produtores uma destacada condição monetária no seu trecho, até pequeno, em muitas situações.

Recentemente, plantei uma área de capim e adoeci no período; estive ausente de minha propriedade por 03 meses; antes havia deixado uma determinação para o plantio de feijão e em separado o milho e o capim simultaneamente. Para minha surpresa a qualidade da semente do referido capim era muito superior aos plantios que fizera anteriormente e perdi a plantação de feijão. Uma pena. Quanto valeria, naquele momento, se houvesse a orientação de um profissional da área agrícola, enquanto eu estive ausente? Infelizmente, até quando estarão ausentes, recebendo na condição de burocratas com conhecimentos teórios?

José Carlos Azevedo, pequeno agricultor, não assistido há mais de 25 anos.
BARCELO ANTÔNIO MAIA

LUMINÁRIAS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 12/08/2008

"A vaca de leite de ouro está agonizando? Não tem problema, importamos leite da suíça para nos abastecer e continuar como está."

Pois é, estas manifestações já são um começo. A N51 está aí, mas falta direcionamento das autoridades, órgãos de extensão já existem, o Banco do Brasil que está lotado de dinheiro que o governo anuncia com prazo de 10 anos e juros ínfimos também existe e que o pequeno produtor tem dificuldade de obter. Onde fica a coragem e determinação de colocar em prática esses ingredientes e fazer o bolo?

Os pequenos produtores são desunidos e só conseguem contestar entre si, as indústrias igualmente cada uma com seu tanto, lamentando seu pranto no seu canto. Nas gôndolas dos supermercados o leitinho do pequeno produtor é vendido a R$2,85, para que o seu suor desde a madrugada não ficar com 25% deste valor, é justo? A própria indústria justifica que a margem maior não é deles, por isso é mais fácil baixar no produtor, pois eles são fracos e dispersos.

Lógico, precisamos ver os resultados das grandes redes de supermercados acabarem de apresentar os seus resultados astronômicos em detrimento do homem do campo. Infelizmente somos de muito gogó e pouca ação. "Acorda Brasil, vamos dar as mãos e ser mais iguais, no mundo falta alimento e nós somos a fonte, deixemos de ser dispersos e egoístas e vamos usufruir deste bonde da história".
CLEBER MEDEIROS BARRETO

UMIRIM - CEARÁ

EM 11/08/2008

Sobre as palavras da Sra Nereide Carvalho, gostaria de expressar algumas considerações sobre o que pensamos sobre a terminologia "pequeno produtor".

A questão não está em se produzir pequenos volumes de leite, como mostram as estatísticas em que 80% da produção brasileira é obtida de estabelecimentos com produção média abaixo de 100 litros/dia. Aos nossos olhos, o problema reside em que grande parte desse efetivo de propriedades sejam tocadas por produtores de "mente pequena". Basta fazermos uma expedição às várias regiões do país para encontrarmos paradoxos, tais como grandes propriedades com baixíssimas produtividades e o contrário, pequeníssimas propriedades com resultados surpreendentes.

Sempre tenho em mente uma viagem que fizemos ao RS, onde na ocasião visitamos algumas bacias leiteiras. Na ocasião vimos pequenas propriedades bem estruturadas com relativos pequenos volumes (200 litros/dia). Foi surpreendente. Porém, em visita a Alagoas, nos foi muito mais chocante ver propriedades relativamente grandes com sistemas de produção equilibrados e viabilizados pela palma forrageira (seca) e pasto cultivado nas águas. Tais sistemas foram implantados na década de 70, com pouca tecnologia a época e consequentemente apresentavam baixíssimos índices produtivos. Entretanto, muitos desses produtores evoluiram (2.000 a 6.000 litros/dia) e hoje possuem negócios de fazer cair o queixo. Do contrário, temos ainda aqui pelo NE, grandes e históricas fazendas que adotaram o modelo citado e permanecem estagnadas com parcos 100, 200 litros/dia. Vemos um imenso e lastimável sentimentalismo, bancado por verbas advindas do meio urbano.

Para finalizar temos um outro exemplo, do que o Rodrigo Alvin classificou de Produtor de Leite de Pequenas Áreas. Conhecemos um produtor de leite que produz 200 litros/dia no município de Morada Nova, CE, semi-analfabeto, que há oito anos atrás teve a visão futurista de adquirir um tanque de resfriamento. Tudo bem, a aquisição de um equipamento não é tudo, mas o que nos chama a atenção é a capacidade que esse cidadão de parcos recursos teve em ousar e buscar novos conhecimentos para a mudança que já chegou. Aos que ainda permanecem no ramo e continuam a pensar pequeno, se for por falta de adeus... Até logo.
NEREIDE CARVALHO SOUZA

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 10/08/2008

Concordo plenamente com o ponto de vista que é presciso fazer algo urgente para melhorar a qualidade do leite produzido no Brasil. Agora quanto a fazer do produtor de leite um empresario, temos que pensar que tem que ser feita uma estatistica de quanto o pequeno produtor participa realmente da produção do país, qual é sua real participação.

E o mais importante é ter um estudo rigoroso do que fazer dos pequenos produtores, pés no chão, aquele que é do campo até as mais remotas gerações,
que tem no leite a sua única fonte de renda, que terão que fazer investimentos em suas propriedades, e não terão condições financeiras, o que fazer com eles? Faze-los migrar para as periferias das grandes cidades, transforma-los em excluídos?

Não adianta pensar que o governo não tem responsabildade sobre isso, que o único responsavel pela péssima qualidade do leite é o governo, que não dá condições do pequeno produtor investir na sua propriedade, sem ter que vender um pedaço de chão ou seus animais, que pelo preço praticado pelos equipamentos de laticinios no Brasil, é um sonho quase impossivel.

Os países, maiores produtores de leite, tem no governo o seu aliado, e não o seu algóz, tem subsidios, assistencia tecnica gratuíta, investe em melhoramento genético, onde seus animais são de alta produção. E aí? O que temos para melhorar nossa produção, ajuda de quem o produtor de leite tem?
Os pequenos no Brasil tem terra, tem vacas, mais não tem leite. Eles procuram sempre animais de carcaça grande, para quando o dinheiro faltar na sua renda principal, vende o animal para o açougue.

Antes de querermos levar a vigilância sanitária nas propriedades rurais, temos que trabalhar com o produtor na sua parte mais dificil, que é mudar a sua cultura em relação a produção de leite. E principalmente, termos uma política voltada para o setor leiteiro, séria, não adianta mais impor nada ao produtor, se o governo não dá a garantia de retorno.
Na minha opinião, o governo tem que ter uma fliscalização rigorosa é nos latícinios, mais muito rigorosa mesmo. Aí sim, o leite será de qualidade. Porque eles estando sempre em contato com o produtor, fliscalizando o produto que quer comprar, eles se sentirão no dever de ajudar os pequenos produtores a melhorar a sua produção, com assistência tecnica e até com financiamento para melhorar a qualidade do leite coletado. Porque para o laticinio, o pequeno produtor, "o lambanceiro", condiz o caro Ailton, é o que dá luco para eles, porque o preço do leite pago a este produtor é uma vergonha, e na hora da venda ao consumidor eles recebem o mesmo tanto do leite de melhor qualidade, que eles pagam mais para o produtor.

Ditar regras é sempre muito facíl, principalmente se estivermos do lado de cá da linha de produção. Mas é muito importante conhecermos as reais capacidade do pequeno produtor, e exigirmos leis que realmente eles possam cumpri-las. Ajuda-los a melhorar, e não querermos elimina-los como sugere o Ailton.
ROBERTO ANTONIO PINTO DE MELO CARVALHO

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 09/08/2008

Meu aplauso para o artigo da Maria Lúcia Garcia!

Indústrias, cooperativas, associações e produtores sérios devem fazer coro à sugestão e trabalhar para que seja implantada, com o cuidado (demonstrado no artigo) de evitar burocracia nefasta.
JOSÉ OTON PRATA DE CASTRO

DIVINO DAS LARANJEIRAS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE OVINOS DE CORTE

EM 09/08/2008

Concordo em gênero, número e grau com os comentaristas. Espero que politicos inescrupulosos, sedentos por recursos e por geração de cabides de empregos, não venham aproveitar a deixa para estorquir ainda mais o pequeno produtor, sem antes lhe conceder maneira de sobreviver na atividade com dignidade. Atenciosamente José Oton Prata de Castro.
CLEBER MEDEIROS BARRETO

UMIRIM - CEARÁ

EM 08/08/2008

Mais uma vez a sra. Maria Lúcia nos brinda com seus pensamentos literatos de forma clara e objetiva. Ao tempo em que todos deveriam parar e refletir sobre as questões em pauta. Aqui pelo Nordeste, é prática rotineira a captação de leite por parte da indústria em estabelecimentos (sítio, fazenda ou outro) de estruturas precárias, para não falar suspeitas. Parece super vantajoso "organizar" um sistema de captação de milhares de litros de leite/dia, de alguns milhares de criadores supra citados, cujos modos de obter leite ou algo parecido com tal, não resistiria a uma avaliação criteriosa sobre saúde pública.

É triste ver tal fomento privado de forma escancarada, sob a chancela de órgãos oficiais de fiscalização. Fomenta-se por aqui o quanto mais desorganizados e sujos melhor. Sinceramente, estamos depositando nossas fichas no longo prazo. Apostamos nos próximos 50 anos, em que finalmente as gerações futuras não colocarão qualquer coisa na boca (comida tanto alimenta, quanto mata). Aí sim, poderemos ver um equilíbrio entre consumo e oferta regulado por consumidores informados e exigentes. E as indústrias sobreviventes, que no presente vêm praticando políticas sérias de captação e pagamento, verão surgir sem muitos esforços o desejado leite de qualidade.
JOSÉ MARIA SOLIS

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 08/08/2008

Não há dúvidas de que a atividade leiteira é para profissionais. A administração de uma fazenda chega a ser mais complicada que a de muitas médias e pequenas empresas. O leite é um dos produtos mais contamináveis da natureza. Assim, a primeira grande decisão do produtor de leite tem que ser pela qualidade.

Não é consitente ficarmos mirando os valores da tonelada de leite na Europa, sem fazermos a lição de casa. Acho que a fiscalização, pelas autoridades, deve ser uma rotina. Vale lembrar que além de terras, temos mão de obra. Basta treiná-la. Seguramente a Embraer quando foi por os seus produtos nos paises avançados, lidou seriamente com o problema da qualidade e venceu. Na verdade o brasileiro que faz avião (que voa no mundo todo) tem as mesmas origens dos outros, inclusive dos que atuam na atividade leiteira. Então temos os melhores ingredientes.

A falta de diretivas na produção de leite também é um complicador. Parece que a visão do agronegócio como sendo apenas soja, milho, trigo e mais alguma coisa, é muito consubstanciada. Proporcionalmente, quase não vemos falar em leite e o equacionamento de seus problemas.
AILTON CÉSAR BARBOSA

SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 08/08/2008

Não há como dizer que tem autenticidade, o dizer que o produtor de leite é um "empresário rural" se sua propriedade não tem regulamentação que ateste e comprove a sua idoneidade e especialmente a qualidade do leite que produz. Circula, no meio rural uma mentalidade, de que qualidade é consequência do recebimento de um preço "justo" pelo produto ofertado.

De fato, investimentos que tenham por objetivo reengenhar uma estrutura que se dedica a produção de um produto nobre como o leite requer a segurança de que tais investimentos, serão recuperados, de forma a garantir a continuidade da atividade como negócio. Transformar uma unidade de produção de leite em um negócio idôneo, requer por parte de quem assumiu - ou assumir - tal responsabilidade, conhecimeneto de nível superior, vocação e bom gosto pela atividade e acima de tudo muita seriedade, além dos recursos financeiros necessários para custear tais mudanças.

Não se se trata de submeter a propriedade rural leiteira ao arsenal burocrático, que são submetido as empresas comerciais e industriais. Entretanto, é preciso mudar a forma de se produzir leite no Brasil, assegurando a gama de consumidores de que o produto que eles apreciam e estão dispostos a pagar por ele, possui alta qualidade, por prover de uma estrutura administrada por pessoal qualificado e de nível superior e sob a regulamentação e fiscalização por órgãos competentes.

Quando se transforma em obrigação legal que tais mudanças sejam implementadas, muitos rumores pessimistas e negativos surgem, especialmente por parte daqueles que se dedicam a manutenção do atraso da atividade leiteira. Porém, se quisermos transformar a produção de leite brasileira em um negócio sério e consequentemente rentável, é preciso disciplinar os lambanceiros ou então, com todo respeito, eliminá-los de vez da atividade.
VICENTE ROMULO CARVALHO

LAVRAS - MINAS GERAIS - TRADER

EM 05/08/2008

Esta matéria parece até uma previsão, que mais cedo ou mais tarde, por questões naturais, irá acontecer, notadamente porque abrirá caminho para cobranças de taxas por parte das autoridades constituídas. Todavia, vou mais além, este negócio do comprador (laticínio) pegar seu leite, sem sequer conhecer suas instalações, (você tem 100 litros ele recebe, passa a ter 500/600/1000 ele recebe, você volta para 100 ele recebe) e pagar o que quer, sem qualquer prévio aviso, alterando o preço para mais ou para menos, tem que acabar.

O laticínio tem quer ir na propriedade, fazer algumas exigências, notadamente quanto à qualidade. Esta então é grave, o motorista do caminhão, sequer sabe coletar uma amostra. Ora, se a amostra já não obedece a critérios mínimos, qual será o resultado? Verdadeiro não será. Eu particularmente tive que proteger a saída do tanque, porque motoristas estavam usando a mesma, isto é, pisando na mesma para alcançar o leite na coleta da amostra e/ou medir o leite, veja o tamanho da gravidade.

Após este parêntese, voltamos ao assunto. Então dentro disto, após o laticínio ir a sua propriedade e fazer suas exigências, partiremos para um quantitativo/mês que o produtor se compromete a fornecer, podendo variar entre 10% a 20%, para mais ou para menos. Em seguida, há o acerto referente ao preço, o qual somente poderá ser alterado, para mais ou para menos, com um comunicado antes da remessa daquele produto, que será pago com a alteração. Ora, precisamos ter um compromissão mínimo entre as partes, porque o modelo atual está mais do que falido.

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