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Fatores nutricionais e não nutricionais que refletem o nitrogênio uréico no leite

NOVIDADES DOS PARCEIROS

EM 01/10/2015

8 MIN DE LEITURA

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Por Alexandre Valise Siqueira - equipe Polinutri

Quando se avalia o custo de dietas para ruminantes um dos itens mais caros é a proteína. Contudo, a proteína é essencial para que se obtenha um bom desempenho produtivo.

Os animais ruminantes podem utilizar diferentes fontes de nitrogênio pois eles possuem a habilidade de sintetizar aminoácidos e proteínas com nitrogênio não proteico.

Atualmente, os níveis de proteína da dieta de vacas em lactação variam entre 14% e 18% da dieta total e a tendência da nutrição moderna é trabalhar com aminoácidos essenciais e fontes de proteínas não degradáveis no rúmen (PNDR) para baixar cada vez mais a proteína total dietética, reduzindo a perda de N2 pela urina e leite, com o objetivo de maximizar a utilização de aminoácidos e produção, visando lucro máximo.

O nitrogênio uréico no leite (NUL) é a parte do nitrogênio dosado no leite em forma de uréia que não foi aproveitado na composição da proteína do leite e é uma forma fácil, não invasiva, direta e de baixo custo para avaliação proteica de dietas em rebanhos leiteiros.

No Brasil as fontes proteicas existentes são, boa parte, degradadas no rúmen, dificultando a formulação de dietas equilibradas entre proteína degradável no rúmen (PDR), PNDR e carboidratos fermentáveis.

Referências norte-americanas sugerem valores entre 10-14 mg/dL (Broderick, 2006). No Brasil há dificuldade em utilizar diferentes fontes proteicas, pelo alto custo e pela escassez de fontes de alto valor proteico de origem vegetal, nos limitando basicamente ao farelo de soja.

O NUL origina-se do excesso de N disponível no rúmen que é transformado em amônia pelos microrganismos, que em desproporção com carboidratos disponível no rúmen, é absorvida pela parede ruminal na forma não ionizada chegando ao sistema porta atingindo o fígado, onde é transformada em uréia junto com aminoácidos deaminados que foram reabsorvidos pelo trato digestivo. Posteriormente a uréia migra aos tecidos, tendo como rota final a reciclagem para o rúmen via saliva ou excretada via urina e leite.

Há tempos, preconizava-se valores altos de PB na dieta para obtenção de produções de leite elevada, mas segundo NRC 2001 a resposta em ganho com o aumento da PB é positiva, mas não linear, existindo o ponto ótimo entre teor de proteína e produção de leite (figura 1), sendo que o excesso fornecido pode causar NUL elevado, queda na produção, problemas reprodutivos dentre outros distúrbios metabólicos.



Figura 1 – Resposta animal com diferentes níveis de PB para uma vaca com CMS = 20,2 kg/d. Fonte: NRC 2001.

Atualmente, a nutrição proteica de vacas de alta produção, visa suprir as necessidades do rúmen com a proteína degradável, podendo variar entre 10 e 11% da MS, proteína não degradável com valores maiores que 5% da MS, a avaliação do requerimento em gramas dos aminoácidos essenciais, lisina e metionina, e posteriormente a relação entre estes aminoácidos próximo de 3/1.

Estes novos conceitos em nutrição, fazem com que o teor de PB da dieta reduza, melhorando o aproveitamento dos aminoácidos e o NUL diminua.

Para a máxima eficiência da utilização da proteína fornecida é necessário sincronismo adequado entre carboidratos e amônia no rúmen.

Em dietas TMR (total mixed rations) os nutrientes são fornecidos uniformemente e isso faz com que ocorra degradação no rúmen de proteína e carboidratos em tempos diferentes, ocorrendo primeiro o pool de N que é perdido em forma de amônia e posteriormente o excesso da fermentação de carboidratos que resulta em menor síntese de proteína microbiana por queda de pH. O excesso de amônia perdida nessa desproporção pode aumentar a uréia circulante e consequentemente poderá aumentar o NUL. No entanto a TMR evita grandes variações de nitrogênio uréico no plasma (NUP) pelo consumo ser em pequenas refeições ao longo do dia (Roseler et al., 1993).

Ferguson (1997) relatou que maiores concentrações de NUL foram observadas quando forragem e concentrado eram fornecidos separadamente quando comparados com dieta completa.

Se observarmos a figura 2, seria importante trabalhar com degradações diferentes de carboidratos para suprir os níveis de amônia disponível no rúmen ao longo do dia, ou fornecer alimentos em horários diferentes com isso poderíamos minimizar a perda de amônia e não elevar o NUL.



Figura 2 – Concentração de amônia no rúmen de vacas leiteiras ao longo do dia. Fonte: Pereira e Armentano, (2000).

Com o aumento de preços dos co-produtos e em busca de redução de custos, muitos nutricionistas utilizam boa parte da proteína das dietas vindas de uréia e pastagem.

A uréia por sua vez, tem restrições no fornecimento e na formulação por toxidez. Com o objetivo de baixar custo a troca de farelo de soja por uréia tem impacto nas proporções de PNDR, PDR, que muitas vezes não são reajustadas ocorrendo excesso de NNP no rúmen, que consequentemente aumentará o NUL.

O pasto, quando não é fornecido como parte da dieta total, é baseado em estimativas de consumo, que dificulta saber quanto realmente à vaca ingeriu. Por falta de analises, erros na composição da dieta consumida são inevitáveis. A mudança de piquete, o ponto de maturação da planta, e o tipo de solo também interferem na composição bromatológica das forragens. Essas variações de PB de fácil degradabilidade oriundas de forragens podem ocasionar aumento considerável de amônia no rúmen, o que nem sempre é desejável.

Contudo, para avaliar os níveis de NUL corretamente, é necessário fazer amostragem representativa do rebanho ou lote e considerar diversos fatores que podem influenciar os resultados, além de fatores nutricionais. Alguns exemplos de fatores não nutricionais são: produção de leite, idade da vaca, estágio da lactação, ordem de lactação, peso vivo, concentrações de proteína, gordura do leite e também variações sazonais pelo período de pastejo.

A produção de leite e o aumento do NUL estão ligados por vários fatores, dentre eles os principais são: o aumento das exigências nutricionais de proteína e energia.
Estudos mostram que a cada litro a mais na produção de leite, há um aumento de 0,05 mg/dL na concentração de NUL, em que a média de NUL foi de 11,17 mg/dL.



3 – A Relação entre produção de leite e kg/dia e NUL mg/dL. Fonte: Meyer et al., (2003).

Deste modo, comparando a figura 4 com a curva de lactação observa-se grande semelhança, porém o pico de NUL está em torno de 90 a 120 dias. Carlsson et al., (1995) conclui que o auge do CMS das vacas lactantes acontece somente no 4o mês, com estes fatores pode-se pressupor que no início da lactação a vaca não consegue atingir o consumo necessário para a produção de leite, isto pode estar relacionado com o baixo NUL, no entanto, quando ela atingiu o máximo de consumo os níveis de NUL também aumentam.



Figura – 4 Concentração de NUL em relação aos meses em lactação de vacas leiteiras. Fonte: Silva et al,. (2010)

No final da lactação a dieta possui menores teores de proteína e energia devido a menor produção de leite e consequentemente ocorre a queda do NUL.

Considerações finais

As tendências dos programas atuais de exigências nutricionais para vacas leiteiras estimam teores menores de PB na dieta quando comparados com programas anteriores. O fornecimento de aminoácidos limitantes para a produção de leite pode ser o caminho para melhorar a conversão alimentar e diminuir perda de N.

O balanceamento com aminoácidos tende a reduzir a quantidade de PB das dietas e melhorar a eficiência dos rebanhos brasileiros trazendo benefícios como aumento de produção, aumento de sólidos no leite, melhora na saúde e na reprodução dos rebanhos.

Conclui-se que o NUL é uma importante ferramenta na fazenda e pode auxiliar zootecnistas e médicos veterinários em decisões de manejo dentro das propriedades leiteiras. Avaliações periódicas ajudam a diagnosticar erros de manejo nutricional.

Baseando-se nos valores de NUL, as decisões a serem tomadas tendem a acarretar benefícios, dentre eles: baixar custo da dieta, melhorar manejo nutricional, atuar positivamente nos índices reprodutivos e trabalhar com a máxima eficiência.

Para saber mais entre em contato pelo box abaixo.

Referências Bibliográficas

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