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Dietas aniônicas para vacas no pré-parto

NOVIDADES DOS PARCEIROS

EM 27/08/2015

8 MIN DE LEITURA

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Por Beatriz Conte Venturelli, Coordenadora Técnica de Ruminantes - Poli-Nutri Nutrição Animal

Com a evolução da genética leiteira e o investimento na estrutura de todo o ciclo produtivo das vacas de leite, o período de transição é o mais delicado a ser trabalhado em uma fazenda. O período de transição compreende 3 semanas pré-parto até 3 semanas pós-parto e define o ciclo produtivo, reprodutivo e de saúde dos animais.

No pré-parto e pós-parto são necessárias estratégias com protocolos bem definidos e funcionários bem treinados para cuidarem desses animais. O conforto e manejo são primordiais para um parto tranquilo, além de estratégias nutricionais para minimizar possíveis distúrbios metabólicos.

A estratégia nutricional mais utilizada é a dieta aniônica no pré-parto. A dieta aniônica consiste no fornecimento de sais aniônicos com base em sulfatos e cloretos para negativar o balanço cátion-aniônico da dieta (DCAD). Dietas com níveis altos de sódio e potássio resultam em alcalose metabólica (Goff et al., 2004), devido a isso, as vacas no pré-parto têm a habilidade de manter a homeostase de cálcio comprometida por reduzir a responsividade do tecido ao paratohormônio (PTH) (Goff and Horst, 1997b). A figura 1 mostra a fisiologia do mecanismo da homeostase do cálcio.

Figura 1. Fisiologia do mecanismo do cálcio. (Sturm, 2011)

Com o comprometimento dos níveis séricos de cálcio, os animais podem apresentar o quadro de hipocalcemia clínica (febre do leite) ou a hipocalcemia “subclínica” em que as vacas não apresentam os sintomas de hipocalcemia, mas com os baixos níveis de cálcio, a capacidade de contração muscular fica reduzida e ocorre uma imunossupressão. Com isso, a motilidade dos tratos digestivo e reprodutivo são menores e as vacas podem apresentar concomitantemente retenção de placenta, metrite, deslocamento de abomaso e mastite.

Lean e colaboradores (2006) fizeram uma meta-análise, da diferença cátion aniônica das dietas e seu efeito sobre a incidência de hipocalcemia em vacas leiteiras. Eles verificaram as diferentes equações citadas na literatura e a equação usada por Block (1984) DCAD = (Na+ + K+) - (Cl- + S2-) mostrou ser efetiva. Mostraram também que apenas o DCAD (equação citada por Block, 1984) não é suficiente para minimizar a incidência de hipocalcemia, outros minerais e o tempo de exposição a dieta aniônica também influenciam na incidência e montaram um modelo de predição da incidência de hipocalcemia, sendo ele:

Hipocalcemia (%) = eLT/(1 + eLT) x 100 onde,

LT = -5.76 + 5.48 (Ca) – 5.05 (Mg) + 1.85 (P) + 0.02 (DCAD) – 2.03 (Ca2) + 0.03 (Dias consumindo a dieta)

A utilização deste modelo na formulação de dietas para vacas no pré-parto, mostra que o cálcio, fósforo e magnésio influenciam na incidência de hipocalcemia. Portanto é necessário o balanceamento correto desses minerais.

Em relação ao tempo de exposição a dieta, Lean e colaboradores (2006) mostraram em sua meta-análise que amentando o tempo de exposição a dieta de 20 para 30 dias, aumenta o risco de hipocalcemia em 42%. Weich e colaboradores (2013) analisaram o tempo de exposição a dieta aniônica de até 42 dias para evitar o manejo excessivo no pré-parto e minimizar os efeitos do estresse em novas socializações com rearranjos dos lotes. Eles verificaram que o efeito na produção pós-parto, balanço energético e homeostase de cálcio das vacas de leite que foram alimentadas durante 42 dias foi semelhante as vacas alimentadas apenas com 21 dias. No estudo, houve o acompanhamento de distúrbios metabólicos e no grupo controle foram relatos 16 vacas com problemas, no grupo que foi alimentado apenas 21 dias com a dieta aniônica foram relados 10 vacas e no grupo alimentado com 42 dias com a dieta aniônica foram relatados 12 vacas.

O estresse de nova socialização também compromete o manejo e o conforto dos animais, mas os benefícios encontrados fazendo um lote pré-parto consumindo a dieta aniônica com uma média de consumo de lote de 20 dias é adequado para evitar os distúrbios metabólicos.

Com relação aos níveis de cálcio na dieta, Goff e Horst (1997) propuseram que reduzir em aproximadamente 50 g/dia o cálcio da dieta haveria a prevenção de hipocalcemia mas seria combinado com a redução de potássio que teria um efeito estimulatório na homeostase do cálcio em dietas de baixo cálcio. Essa pesquisa também relata que para estimular a homeostase de cálcio como prevenção da hipocalcemia a dieta teria que ter a restrição abaixo de 20 g/dia de cálcio. Lean e colaboradores (2006) verificaram resultados diferentes e um efeito quadrático em relação a concentração de cálcio na dieta e a incidência de hipocalcemia. Ao aumentar de 0,5 a 0,6% a concentração de cálcio na dieta, estima-se aumentar em 37% o risco de hipocalcemia (Figura 2). Eles relatam não estar claro o mecanismo de prevenção de hipocalcemia ao utilizar dietas com alta concentração de cálcio, mas sugerem que seria por um processo de absorção passiva do cálcio em combinação com dietas de baixo DCAD.

Figura 2. Incidência de Hipocalcemia em relação a variação da concentração de cálcio na dieta predito pelo modelo de Lean et al., 2006

Em uma observação de campo realizada na Fazenda Recanto Grão Mogol, Carmo do Rio Claro (MG), com 24 vacas no pré-parto no período de 17 de novembro a 27 de dezembro de 2012. As vacas receberam dieta aniônica com base de forragem, silagem de milho e 3kg/vaca/dia de ração constituída por milho moído, farelo de soja e núcleo Poli-Leite Pré-Parto 500 AN. Foram coletadas amostras de sangue no dia do parto e 24 horas após o parto para verificar a concentração de cálcio sérico dos animais.

O teor de Ca sanguíneo no dia do parto foi 8,16±0,77 mg/dL e 24 horas após o parto foi 7,85±0,83 mg/dL. O menor valor observado ao parto foi 6,89 mg/dL e o mais alto foi 9,59 mg/dL. No dia posterior ao parto os valores mínimo e máximo foram 6,65 e 9,97 mg/dL, respectivamente. A proporção de animais com teor de Ca igual ou superior a 8 mg/dL foi de 54,2% no dia do parto e 29,2% no dia posterior ao parto, mas valores extremamente baixos (<5,5 mg/dL) não foram observados. Nenhum caso de hipocalcemia clínica foi observado.

Esse resultado observado na data do parto foi semelhante aos resultados encontrados por DeGroot e colaboradores (2010). Eles observaram que as vacas que foram alimentadas com a dieta controle não-aniônica tiveram queda do cálcio sérico a partir do 5º dia pré-parto diferente das vacas alimentadas com dietas aniônicas que tiveram a queda do cálcio esperada no dia do parto com valores de 7,5 a 8 mg/dL.

A hipomagnesemia influência na homeostase de cálcio em dois aspectos: 1) por reduzir a secreção de PTH e 2) por reduzir a responsividade do tecido ao PTH. Sua influência é independente da alcalose metabólica, então baixos valores séricos de magnésio comprometem a absorção do cálcio. (Goff, 2008).

Portanto, devemos analisar os níveis de minerais, nos ingredientes da dieta, que podem favorecer a ocorrência de distúrbios metabólicos, principalmente o cálcio e potássio que se encontram em maior quantidade em forragens e co-produtos utilizados nas dietas brasileiras.

Para formular uma dieta aniônica muitos fatores devem ser levados em consideração. O consumo de matéria seca das vacas no pré-parto tende a diminuir com a aproximação do parto, com isso fazer as vacas consumirem o núcleo aniônico é fundamental para a eficiência da dieta.

Outro fator é o conhecimento das matrizes nutricionais dos ingredientes utilizados na dieta aniônica. Para a formulação é importante conhecer o manejo da propriedade para saber se as vacas terão acesso a pastagens ricas em potássio ou utilizarão co-produtos como polpa cítrica rica em cálcio assim, nutricionalmente, a dieta pode ficar equilibrada mas o DCAD ficar comprometido e o risco de incidência de hipocalcemia ficar alto. Segue abaixo alguns valores de minerais de algumas matérias-primas bastante utilizadas na formulação de dietas pré-parto.



O monitoramento da dieta aniônica pode ser feito por meio do pH urinário e deve ser mensurado nas vacas que estão ingerindo a dieta aniônica a pelo menos 5 dias até 3 semanas, após esse período o metabolismo da vaca compensará essa acidificação (Goff, 2008).

A estratégia nutricional de usar dietas aniônicas é uma ferramenta nutricional bastante eficaz. Com a diminuição dos distúrbios metabólicos no rebanho, além do produtor gastar menos com procedimentos veterinários e medicamentos, os animais ficam sadios para um bom ciclo produtivo e reprodutivo. No experimento conduzido por DeGroot e colaboradores (2010), as vacas leiteiras que consumiram dietas aniônicas durante o período de transição pré-parto, no pós-parto obtiveram maior produção de leite e consumo de matéria seca (Figura 3).

Figura 3. Produção de Leite diário de vacas multíparas nos primeiros 21 dias pós-parto. (DeGroot et al., 2010)

Isso mostra que todo investimento feito sobre as vacas de leite são recompensados com bom manejo e alimentação. A genética avançou para tornar as vacas de leite rentáveis basta os pilares do manejo e nutrição colaborarem para o excelente desempenho desses animais.

Levando todas essas premissas em consideração, a Poli-Nutri Nutrição Animal desenvolveu uma linha de núcleos eficientes para as vacas no período de transição. Para mais informações, entre em contato conosco pelo box abaixo ou acesse o site: www.polinutri.com.br.

Referências:

BLOCK, E. Manipulating dietary anions and cations for prepartum dairy cows to reduce incidence of milk fever. J. Dairy Sci.67:2939–2948. 1984.

DeGROOT, M.A.; BLOCK, E.; FRENCH, P.D. Effect of prepartum anionic supplementation on periparturient feed intake, health, and milk production. J.Dairy Sci. 93: 5268-5279, 2010.

GOFF, J.P.; HORST, R.L. Effects of the addition of Potassium or Sodium, but not Calcium, to prepartum rations on milk fever in dairy cows. J. Dairy Sci., 80: 176-186, 1997.

GOFF, J.P.; RUIZ, R., HORST, L. Relative acidifying activity of anionic salts commonly used to prevent milk fever. J. Dairy Sci. 87: 1245-1255. 2004.

GOFF, J.P. The monitoring, prevention, and treatment of milk fever and subclinical hypocalcemia in dairy cows. The Veterinary Journal 176: 50-57, 2008.

LEAN, I.J., DeGARIS, P.J., McNEIL, D.M., BLOCK, E. Hypocalemia in Dairy Cows: Meta-analysis and Dietary Cation Anion Difference Theory Revisited. J.Dairy Sci. 89: 669-684, 2006.

STURM, N. [2011] Calcium Homeostasis/PTH/VitaminD. Chemistry Resource Page. Biochemistry II. Available at: Homeostasis16.htm> Accessed on: April. 08, 2012.

Tabela brasileiras de composição de alimentos para bovinos. Editores: Sebastião de Campos Valadares Filho … [et al.] 3.ed. Viçosa, MG : UFV/DZO, 502f. 2010.

WEICH, W.; BLOCK, E.; LITHERLAND, N.B. Extended negative dietary cation-anion diferrence feeding does not negatively affect postpartum performance of multiparous dairy cows. J.Dairy Cows. 96: 5780-5792, 2013.

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Nota mil para esta materia sobte dietas anionicas para vacas de leite no Pré-Parto e Pós-Parto .
É de inssuma aprendizagem ao Pridutor.

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