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10 Perguntas para Geoffrey Dahl - Estresse calórico no período de transição - impactos negativos e como minimizá-los

NOTÍCIAS MILKPOINT VENTURES

EM 24/03/2015

7 MIN DE LEITURA

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Apesar de consumirem menos matéria seca e, com isso, produzirem menor calor metabólico, as vacas secas também sofrem os efeitos negativos do estresse calórico, comprometendo seu desempenho produtivo e reprodutivo na lactação futura, bem como seu sistema imunológico. Assim, sempre que possível, as vacas secas devem ter acesso ao resfriamento ativo para reduzir a carga de calor durante os períodos mais quentes do ano. Isso significa que sombra e, se possível, aspersores ou outros métodos de resfriamento, devem ser fornecidos às vacas secas, em pasto ou confinadas.

Geoffrey Dahl é professor da University of Florida (EUA), e conduz pesquisas básicas e aplicadas relacionadas à produção e saúde de bovinos leiteiros. O foco de seus estudos é o entendimento dos impactos fisiológicos de intervenções de manejo, especialmente controle do estresse calórico e fotoperíodo, em vários estágios da lactação, com o objetivo de melhorar a saúde e o desempenho das vacas leiteiras.

Convidamos Geoffrey Dahl a responder 10 perguntas sobre o estresse calórico no período de transição. Confira:

1) O que é o estresse calórico?

Quando a temperatura ambiente excede a zona de conforto térmico os animais sofrerão de estresse pelo excesso de calor, uma vez que, na faixa de temperatura chamada zona de termoneutralidade, as vacas não precisam usar mecanismos para dissipar calor, podendo voltar toda a sua "atenção" para a produção de leite.

2) Quais são os fatores ambientais que geram o estresse calórico?

Os fatores ambientais que geram estresse calórico nas vacas são temperatura, umidade e fotoperíodo.

3) A partir de qual temperatura podemos considerer que uma vaca leiteira está em estresse calórico?

O estresse calórico se desenvolve em temperaturas a partir de 22oC, de forma que as vacas podem sofrer resultados negativos durante grande parte do ano em áreas temperadas, como nos Estados Unidos, mesmo nos estados do norte. A diminuição do estresse calórico é ainda mais importante em regiões subtropicais e tropicais como o Brasil.

4) O estresse calórico no período seco afeta a produção de leite subsequente?

Sim. Em nossos estudos observamos uma redução na produção de leite após o estresse calórico no período seco, com as vacas resfriadas produzindo 5 a 7 quilos a mais de leite por dia, comparadas com aquelas em estresse calórico. Essa diferença na produção foi aparente desde o início da lactação e persistiu por, pelo menos, 40 semanas. Essa observação indica que a glândula mamária está programada para produzir mais leite, durante toda a lactação, quando o estresse calórico é evitado no final da gestação.

5) Por que isso ocorre?

Uma série sequencial de biópsias mamárias revelou que a proliferação celular mamária foi maior em vacas secas resfriadas em relação àquelas que sofreram estresse calórico. Dessa forma, a queda na produção em vacas com estresse calórico resulta da redução do crescimento mamário durante o período seco, e as vacas entram em lactação com uma menor capacidade de produzir leite em relação aos animais que são resfriados. Além disso, quando as vacas sofrem estresse calórico no período seco, reduzem seu consumo de matéria seca em relação aos animais resfriados, e há uma redução concomitante no ganho de peso corpóreo e escore de condição corporal. O exame da função do fígado, via expressão gênica envolvida na mobilização, e o tráfego de lipídios durante o período seco e começo da lactação, indicam que o resfriamento melhora o metabolismo lipídico hepático, de tal modo que maiores produções podem ser suportadas com relação às vacas que sofreram estresse calórico, mesmo quando todas são resfriadas durante a lactação.

6) O estresse calórico aumenta a incidência de doenças em vacas leiteiras no período de transição?

Sim. Uma questão particular das vacas em período de transição é uma queda no status imunológico, aumentando a incidência de doenças, geralmente, entre o período seco e as 6 primeiras semanas de lactação. Indicadores in vitro de um melhor status imunológico são observados nas vacas secas resfriadas, e se traduzem em uma resposta imunológica mais robusta à medida que elas entraram em lactação.

7) O que ocorre, especificamente, com o sistema imunológico?

Em nossos estudos, as células brancas do sangue de vacas resfriadas tiveram maior capacidade de proliferação com relação àquelas com estresse calórico, um indicativo de resposta imunológica mais forte. Além disso, os animais resfriados exibiram melhoras nos padrões de expressão de uma série de genes envolvidos na função de leucócitos, particularmente naqueles associados com respostas imunes inatas. Os neutrófilos de vacas resfriadas tiveram maior atividade no início da lactação com relação àqueles de animais que passaram por estresse calórico no período seco. Isso é uma evidência de que o resfriamento tem efeitos residuais no status imunológico após o parto. Durante o período seco, as vacas que foram resfriadas tinham maior resposta de IgG a um antígeno não específico, ovalbumina de galinha, que indica que o estresse calórico reduz a resposta à imunização. Assim, o estresse calórico impacta negativamente a função imunológica adquirida e inata em vacas, apesar de ocorrer em diferentes momentos no período de transição.

8) Que doenças poderiam ter sua ocorrência aumentada em função do estresse calórico no período de transição?

Nós, recentemente, revisamos registros de mais de 2.600 vacas multíparas que pariram durante um período de três anos na mesma fazenda comercial na Flórida. Os animais foram separados por mês do parto em dois grupos: 1) COOL (frio, em inglês - que pariram em dezembro, janeiro ou fevereiro) e 2) HOT (quente, em inglês - que pariram em junho, julho e agosto), e uma série de resultados de desempenho foram avaliados durante a lactação subsequente. É importante enfatizar que as condições de manejo, incluindo alimentação, protocolos de ordenha e reprodutivo, e instalações, foram similares na fazenda durante o período de estudo, de forma que as interpretações relacionadas à estação do parto são apropriadas e relevantes para condições de campo. As vacas COOL produziram 550 kg a mais de leite e tiveram melhor desempenho reprodutivo do que as vacas HOT. Houve diferenças entre os grupos nos organismos responsáveis por causar mastite, mas as vacas COOL tiveram menos casos de mastite, no geral, durante os 80 primeiros dias em lactação. Além disso, tiveram menos casos de retenção de placenta e problemas respiratórios gerais do que o grupo HOT.

9) Como o estresse calórico pode impactar o desenvolvimento das bezerras?

O estresse calórico gestacional impacta de forma adversa as bezerras, antes e depois do nascimento. Bezerras nascidas de vacas com estresse calórico são menores ao nascimento e não conseguem recuperar esse peso perdido até um ano de idade. Além das diferenças de peso, as bezerras que passaram por estresse calórico no útero têm o metabolismo de energia alterado em relação às que não foram submetidas ao excesso de calor. Usando desafios de insulina e glicose, observamos que essas bezerras desviam energia para os tecidos periféricos de uma maneira consistente com maior acúmulo de gordura. Nós também notamos um aumento no cortisol circulante em bezerras em aleitamento, filhas de vacas resfriadas com relação àquelas de vacas com estresse calórico. Isso é mais um indicativo de que, no útero, o estresse calórico altera o metabolismo de energia durante o período pós-natal. As bezerras nascidas de vacas que foram resfriadas também tiveram maiores concentrações circulantes de IgG com relação àquelas que nasceram de vacas com estresse calórico, e maior eficiência aparente de absorção de IgG. Dessa forma, o estresse calórico no útero parece alterar a capacidade da bezerra de absorver os anticorpos. Com relação às bezerras resfriadas no útero, aquelas nascidas de vacas com estresse calórico deixaram o rebanho com maior frequência antes da puberdade, requereram mais serviços para conceber e produziram 5 kg/dia a menos de leite na primeira lactação. Assim, parece que a vaca é afetada de forma aguda pelo estresse calórico no final da gestação, enquanto o desenvolvimento da bezerra no útero se torna programado para ser menos produtivo para a vida.

10) Como implementar um sistema de manejo para evitar o estresse calórico no período seco?

Com relação à implementação de manejo para estresse calórico no período seco, as abordagens são as mesmas usadas com vacas em lactação. Sempre que possível, as vacas devem ter acesso ao resfriamento ativo para reduzir a carga de calor durante os períodos mais quentes do ano. Isso significa que sombra e, se possível, aspersores ou outros métodos de resfriamento, devem ser fornecidos às vacas secas, em pasto ou confinadas. Baseado nos resultados de vários estudos, parece que o resfriamento por todo o período seco produz uma resposta melhor.


Geoffrey Dahl será um dos palestrantes do V Simpósio Internacional Leite Integral, que acontecerá nos dias 8 e 9 de abril, em Curitiba/PR. Sua palestra terá como tema o "Estresse calórico no período de transição - impactos negativos e como minimizá-los”.

Ficou interessado? Acesse www.simposioleiteintegral.com.br e faça já a sua inscrição!



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