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Intensificar o manejo reprodutivo gera bons resultados

POR PEDRO LEOPOLDO JERÔNIMO MONTEIRO JUNIOR

E ROBERTO SARTORI

ESPAÇO ABERTO

EM 03/07/2014

5 MIN DE LEITURA

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No final da década de 70, nos rebanhos leiteiros americanos, o número de serviços por concepção era de 1,9, a média de dias aberto era de aproximadamente 120, e a média de produção de leite de 22 kg/dia. Contudo, no final da década de 90, o número de serviços por concepção aumentou para 3,0, os dias em aberto foram para quase 170 e a produção de leite aumentou para aproximadamente 28 kg/dia. Com esses dados observa-se que, em duas décadas, existiu uma relação negativa entre o aumento da produção de leite e a fertilidade.  

Reforçando essa relação entre a produção de leite e a fertilidade, foi feita uma análise de como a taxa de prenhez1  se comportou em relação ao aumento da produção de leite ao longo dos anos nos rebanhos leiteiros. A conclusão do estudo foi que aconteceu uma queda gradativa da taxa de prenhez acompanhada pelo aumento, também gradativo, da produção de leite. E qual seria a consequência desse baixo desempenho reprodutivo na produção? Para ser ter ideia das perdas de produção, um grupo de pesquisa da Universidade da Flórida, nos EUA, fez um estudo a respeito das perdas de produção devido à ineficiência reprodutiva, e concluiu que, em rebanhos de média de produção de leite diária de 30 kg, ao diminuir a média de dias em aberto de 161 para 98 dias observa-se um incremento de 1,11 kg de leite/dia/vaca, resultando em aumento mensal de 366 kg/vaca. Diferença essa considerada relevante, e de fato, consequência do manejo reprodutivo adotada pela fazenda.

Haja visto os prejuízos causados pelo baixo desempenho reprodutivo, pode-se perguntar: como é possível contornar o efeito da produção de leite no desempenho reprodutivo dos rebanhos leiteiros? Em parte, com adoção de práticas de manejo reprodutivo, tais como: uso intensivo de protocolo de inseminação artificial em tempo fixo (IATF), utilização de técnicas para observação de estro e para identificar as vacas não gestantes o quanto antes (diagnóstico de gestação precoce). Além disso, a adoção de estratégias de confirmação de prenhez tendo em vista que entre os 30 e os 90 dias de gestação, as perdas gestacionais podem variar entre 10 e 30%.

A IATF é uma ferramenta de fundamental importância para aumentar a fertilidade do rebanho leiteiro. Fazendas que adotaram estratégias de fazer associação de observação de estro e IATF, logo após as vacas serem liberadas do período de espera voluntário, tem alcançado resultados satisfatórios. Pelo que se tem percebido, mesmo sabendo que existe uma variação de acordo com a sazonalidade e entre as fazendas, o rebanho nacional apresenta uma taxa de concepção (prenhez por IA) média em torno de 30,0%. Com baixo investimento, não se tem muitas estratégias que possam ser adotadas para mudar a taxa de concepção, uma vez que as inseminações baseadas na observação de estro ou em tempo fixo apresentam resultados similares. Contudo, o que se pode mudar é o número de vezes que se inseminam as vacas, aumentando assim a probabilidade das mesmas ficarem gestantes. Ou seja, deve-se aumentar do número de serviço. E para isso, a IATF passa ser uma ferramenta de fundamental importância.

Do ponto de vista da produção, as vacas que causam maior prejuízo ao rebanho, são as vacas que apresentam perda embrionária/fetal precoce. Pois as vacas identificadas como não gestantes à primeira palpação pós IA, nos permitem tomada de decisão de acordo com o manejo reprodutivo da fazenda, imediatamente após o resultado, como por exemplo se iniciar um protocolo de IATF. No entanto, as vacas diagnosticadas gestantes, e que posteriormente perdem a gestação, atrasam essa ação, e por isso, do ponto de vista reprodutivo, podem ficar impossibilitadas de serem reinseminadas devido aos dias em lactação avançados. Então, visando minimizar os prejuízos, é importante se identificar, o quanto antes, a perda gestacional.

Baseado nesses prejuízos, o diagnóstico de gestação precoce e as confirmações após o primeiro diagnóstico devem fazer parte da rotina da fazenda. Por meio de palpação transretal, o diagnóstico de gestação é realizado a partir de 35-40 dias pós IA. Entretanto, com o advento de equipamentos de ultrassonografia, hoje com custos acessíveis, ganha-se de uma a duas semanas na precocidade do diagnóstico e assim, imediatamente, pode-se redirecionar as fêmeas para outra estratégia de reinseminação. Adicionalmente, há técnicas laboratoriais que permitem o diagnóstico de gestação, sem necessidade de palpação retal ou exame ultrassonográfico. Nesse cenário, diferentes grupos de pesquisa tem trabalhado para identificar, no sangue, no leite, ou até mesmo na urina, moléculas apresentadas apenas quando as vacas estão gestantes. O resultado desses esforços foi a descoberta da chamada glicoproteína associada à prenhez (GAP). Estudos, analisando a presença da GAP na corrente sanguínea, mostraram uma sensibilidade de 98,7% e uma especificidade de 88,1% para diagnóstico de gestação, a partir de 31 dias após a IA com o uso desta técnica. Essa técnica de diagnóstico de gestação já está disponível em todo o mundo, tendo em vista que alguns laboratórios tem oferecido o serviço através da análise do leite. Diversos países, tem lançado mão desta técnica, principalmente para confirmação de gestação.

Em conclusão, a adoção de técnicas para melhorias do manejo reprodutivo deve ser implementada nos rebanhos leiteiros, visando não apenas a produção de animais para reposição, mas, principalmente, o aumento na produção de leite. Para isso, estratégias no manejo reprodutivo como uso de protocolos de IATF associados a boas técnicas de detecção de cio e diagnósticos de gestação precoce, assim como a confirmação da mesma são fundamentalmente importantes.

1 Taxa de prenhez é o produto da taxa de serviço2 com a taxa de concepção3;
2 Taxa de serviço é definida dividindo o número de vacas inseminadas pelo número de vacas aptas a serem inseminadas a cada 21 dias;
3 Taxa de concepção é definida como o número de vacas prenhas divido pelo total de vacas inseminadas.


Bibliografias consultadas:

Ribeiro, E. S., K. N. Galvão, W. W. Thatcher, and J. E. P. Santos. 2012. Economics aspects of applying reproductive technologies to dairy herds. Animal Reproduction 9:370-387.

Sinedino, L. D., F. S. Lima, R. L. A. Cerri, R. S. Bisinotto, G. C. Gomes, L. F. Greco, N. Martinez, W. W. Thatcher, and J. E. P. Santos. 2013. Effect of early or late resynchronization on reproductive performance of dairy cows observed for estrus. Animal Reproduction 10:465-465.

Washburn, S. P., W. J. Silvia, C. H. Brown, B. T. McDaniel, and A. J. McAllister. 2002. Trends in reproductive performance in Southeastern Holstein and Jersey DHI herds. Journal of Dairy Science 85:244-251.


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PEDRO LEOPOLDO JERÔNIMO MONTEIRO JUNIOR

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RIVALDO L GONZAGA

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS

EM 29/05/2015

Profa-ricarda parabens pelo artigo muito bom ler um artigo com esse
PEDRO L. J. MONTEIRO JR

GARANHUNS - PERNAMBUCO - PESQUISA/ENSINO

EM 07/07/2014

Prezado Sidney,

Diagnóstico de gestação através de teste laboratorial já uma realidade no Brasil hoje. Já tem laboratório oferecendo o serviço.
FLAVIO SUGUIMOTO

GOIÂNIA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/07/2014

Sidney,



Esse teste já esta sendo feito pela Clinica do Leite da ESALQ. Vamos brigar para traze-lo também ao LQL da UFG!
GUILHERME ANICETO VERAS

GARANHUNS - PERNAMBUCO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 04/07/2014

Caro Pedro parabéns pelo artigo, tema muito importante e que muitos produtores negligenciam. A GAP será uma excelente ferramenta na rotina das fazendas, porém concordo com você que o acompanhamento do Médico Veterinário especialista em reprodução a cada 15 dias facilitará a tomada de decisão e consequentemente melhorias nos índices reprodutivos.

Um Abraço.
SIDNEY

GOIÂNIA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 03/07/2014

Esse artigo tocou em um ponto que sempre questionei. Existe diagnóstico laboratorial de prenhez para vacas? Não conhecia esse GAP e temos que divulgar mais esse diagnóstico.

Parabens pelo assunto.

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