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Aumentar produtividade e ao mesmo tempo diminuir a emissão de gases que contribuem para o efeito estufa: é possível?

POR RAFAELA CARARETO POLYCARPO

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 28/06/2012

6 MIN DE LEITURA

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Recentemente, temos ouvido e discutido muito sobre meio ambiente e produção sustentável de alimentos, principalmente nas últimas semanas devido a Rio +20, Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável. Aproveitando ainda o " clima" do evento e por se tratar de um assunto que ainda vai ser pauta por um longo período, trago aqui um artigo que apresenta algumas estratégias para aumentar a produtividade e ao mesmo tempo contribuir para uma atividade mais sustentável.

A cadeia produtiva de leite contribui segundo alguns pesquisadores do assunto para alterações climáticas, através da emissão de gases que contribuem para o efeito estufa e poluição do ar, água e solo com partículas e compostos orgânicos voláteis como amônia. Por outro lado a população mundial deverá crescer de 7 bilhões de pessoas em 2012 para 9,1 bilhões em 2050 (United Nations, 2009). Sem perspectivas de aumentar significativamente a quantidade de terra agrícola arável, a produção de alimentos deverá sofrer forte intensificação a fim de garantir o abastecimento de alimentos em abundância e com preços acessíveis à população. Portanto, as preocupações ambientais precisam equilibrar as estratégias de mitigação de emissões de gases poluentes com a crescente demanda global por produtos lácteos, juntamente com a viabilidade financeira aos produtores de leite.

Pode-se dizer que um sistema torna-se mais eficiente quando há redução na quantidade dos itens necessários a produção (por exemplo, alimentos, combustíveis fósseis, medicamentos e os próprios animais) e também nos resíduos (por exemplo, amônia e emissão de gases de estufa) sem reduzir a quantidade de leite produzido. E uma das melhores maneira de se avaliar o índice de sustentabilidade de um sistema de produção é calcular a quantidade de gases emitidos por cada kg de leite produzido, ou para cada kg de leite corrigido para 3,5% de gordura.

Veremos então a seguir quatro estratégias, que segundo pesquisadores, aumentam a eficiência do sistema produtivo e ainda contribuem para uma produção de leite mais sustentável:

1) Criação de bezerras e novilhas

Novilhas antes de darem sua primeira cria são "vilãs" do ponto de vista ambiental e econômico, pois necessitam de alimentos, medicamentos, emitem gases de efeito estufa via digestão de alimentos e fezes e ainda não produzem leite. Portanto diminuir a idade do primeiro parto é uma das estratégias para aumentar a eficiência do sistema.

Existem várias maneiras de reduzir a idade do primeiro parto, dentre eleas o manejo correto e a alimentação de bezerras e novilhas. Vários estudos mostram que se forem oferecidos alimentos em quantidade e qualidade adequada, inclusive com administração de colostro de boa qualidade nas primeiras horas de vida do animal, há redução na idade do primeiro parto sem causar redução na produção de leite. Alguns estudos indicam até mesmo aumento de produção de leite logo na primeira lactação.

Diminuir a idade ao primeiro parto e ainda aumentar a produção de leite na primeira lactação contribuem para aumentar a eficiência de produção de leite durante a vida útil do animal e diminuir a quantidade de gases do efeito estufa por cada kg de leite produzido.

2) Saúde do rebanho

A saúde do rebanho também altera a eficiência do sistema e a emissão de gases. Rebanhos com altos índices de mortalidade ou queda na produção de leite por animal tendem a emitir maiores quantidades de gases por cada kg de leite produzido, além de serem menos eficientes.

Atenção especial tem que ser dada ao estresse térmico e social, mastite e aos problemas de casco. Estudos norte americanos mostram prejuízos na cadeia leiteira na ordem de 1 bilhão de dólares por ano causados por estresse térmico, com queda na produção de leite, redução nos índices reprodutivos e aumento na mortalidade dos animais. Com relação ao estresse social, o simples ato de agrupar animais de acordo com tamanho, idade ou período de lactação pode levar ao aumento na ingestão de matéria seca e consequentemente aumento na produtividade. Quando se reduz o índice de mastite do rebanho há redução no poder de aquecimento global, pois há aumento na eficiência de produção devido ao aumento na produção individual de leite e diminuição de resíduos gerados pelo descarte do leite com resíduos de medicamentos. Por fim problemas de casco como lesões ou claudicações são considerados problemas críticos em vários rebanhos. Nos EUA este problema é responsável por aproximadamente 20% da mortalidade e 16% dos descartes de animais adultos nos rebanhos leiteiros. Melhorias na nutrição, instalações, genética e gestão de maneira geral contribuem para diminuir os problemas sanitários e consequentemente melhoram e eficiência do sistema produtivo e diminuem a quantidade de gases emitidos ao se produzir um kg de leite.

3) Produção de alimentos e aimentação

A nutrição é um dos principais pontos que podem ser estrategicamente manipulados para diminuir as emissões de gases do efeito estufa produzidos pela digestão dos alimentos pelos animais ruminantes e pela fermentação de seus dejetos, reduzindo, por exemplo, a quantidade de metano e a excreção de amônia. A modificação de alguns microorganismos ruminais através do uso de aditivos alimentares, lipídios e o uso de volumoso de boa qualidade podem levar a redução na produção de metano entérico nos animais ruminantes.

Para a produção de alimentos há de maneira geral entrada de combustíveis fósseis, via combustível ou adubos, por exemplo. Portanto, maximizar a produção destes alimentos, realizar a colheita no momento correto e ao mesmo tempo diminuir as perdas no transporte, armazenamento e durante o fornecimento aos animais irá contribuir para a redução na quantidade de gases gerados para se produzir cada kg de leite.

Por fim, vale ressaltar que uma dieta bem balanceada, suprindo as exigências dos animais, além de contribuir financeiramente para o produtor ainda ajudará o meio ambiente diminuindo a quantidade de nutrientes em excesso que são excretados diariamente pelos animais como a amônia. Para isto torna-se necessário uma gestão de qualidade, utilizando programas de formulação eficientes e controlando constantemente os ingredientes com análises de matéria seca e sua composição química.

4) Reprodução

O desempenho reprodutivo afeta muito a quantidade de gases emitidos por cada kg de leite produzido. Vacas que tem intervalos entre partos aumentados devido a falhas na concepção passam mais tempo como animais improdutivos (vacas secas) ou fora do pico de lactação, cuja a conversão de alimentos em leite é mais eficiente. A vida útil de uma vaca leiteira é fortemente influenciada pela reprodução e uma comprovação disso é que 26% dos descartes seletivos nos EUA são devido a problemas reprodutivos. O sucesso no desempenho reprodutivo é influenciado pela nutrição, genética, saúde do rebanho (principalmente no período de transição), gestão da propriedade e meio ambiente.

Com relação ao uso de sêmen sexado, esta estratégia poderá diminuir ou aumentar as emissões de gases do efeito estufa por cada kg de leite produzido. Pode contribuir positivamente ao meio ambiente se pensarmos na maior rapidez do progresso genético onde características que contribuem para maior produção de leite podem ser selecionadas e transmitidas em menor intervalo de tempo. Outra vantagem está no fato de que geralmente novilhas têm menores pesos ao nascer do que machos, logo há tendência em reduzir a o número de partos distócicos e consequentemente melhorar a criação de bezerras e novilhas, com redução na mortalidade e problemas de saúde. No entanto se todos utilizarem sêmen sexado, a população de animais de reposição aumentará consideravelmente, podendo levar a um aumento na taxa de descarte voluntário e abate de vacas. Este cenário pode ser interprado como negativo, pois poderá haver aumento na quantidade de gases emitidos por cada kg de leite produzido devido ao aumento no número de novilhas de reposição e devido a redução no tempo de vida útil do animal provocado pelo aumento da taxa abate de vacas de descarte.

Conclusão

Sistemas de produção de leite contribuem para poluição do ar, solo, ar e para mudanças climáticas devido às emissões de gases do efeito estufa, mas também servem como fornecedoras de alimentos importantes e nutritivos. Como vários trabalhos mostraram melhorar a eficiência produtiva, através de um modelo de gestão holística da atividade, é um método eficaz para reduzir as emissões de gases por cada unidade de leite produzido e ao mesmo tempo aumentar a rentabilidade de fazendas leiteiras.

Referência

S.E. Place e F.M. Mitloehner. Review of the dairy industry´s role in climate change and air quality and the potential of mitigation through improved efficiency, Journal of Dairy Science 93:3407-3416, 2010.

RAFAELA CARARETO POLYCARPO

Profa. Dra. Universidade de Brasília - UnB

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SUELI CASTIL SABARÁ

JI-PARANÁ - RONDÔNIA - ESTUDANTE

EM 23/09/2012

Parabéns ótimo trabalho.
SUELI CASTIL SABARÁ

JI-PARANÁ - RONDÔNIA - ESTUDANTE

EM 23/09/2012

Muito bom!!
ILLANNA DE SOUZA LIMA BRANDÃO

GARANHUNS - PERNAMBUCO - ESTUDANTE

EM 01/08/2012

Professora, eu adoro seus artigos. A Sra. os escreve numa linguagem extremamente simples e de fácil entendimento. Cada vez que termino de ler um acabo lendo outros tantos. Parabéns

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