ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

Identificando a mastite subclínica na secagem

POR BRUNO BOTARO

E MARCOS VEIGA SANTOS

MARCOS VEIGA DOS SANTOS

EM 21/08/2008

5 MIN DE LEITURA

1
0
O momento da secagem é o mais adequado para a eliminação das infecções subclínicas existentes, pois o tratamento durante a lactação tem taxa de cura mais baixa e há a necessidade de descartar o leite com resíduos de antibióticos. Sendo assim, a função do tratamento da vaca seca é eliminar os casos de mastite subclínica existentes e prevenir a ocorrência de novas infecções nas semanas seguintes à secagem. No entanto, em muitos países, é crescente a preocupação com o uso indiscriminado de antibióticos em animais de produção, o que resulta em grande pressão para a redução e uso mais racionalde antibióticos.

Aliado a isso, observa-se em muitos rebanhos de alguns países que após a implantação de medidas preventivas para o controle de mastite, ocorre redução substancial da CCS, o que pode se configurar como argumento contrário para o uso da terapia da vaca seca para tocas as vacas. Nesses países tem sido proposto o emprego da terapia seletiva de vaca seca, que pode ser entendida como a aplicação do tratamento da vaca seca em apenas algumas vacas ou quartos, baseando-se na cultura microbiológica ou na CCS.
No entanto, o grande desafio para a implantação do uso seletivo da terapia da vaca seca está na dependência de métodos que permitam a correta e eficiente detecção de vacas infectadas. Uma vez que a alta contagem de células somáticas é um indicativo da ocorrência de inflamação intramamária, uma pesquisa foi realizada nos Estados Unidos com o objetivo de avaliar se o histórico de mastite clínica e a CCS individual mensal poderia ser uma ferramenta útil para distinguir uma glândula infectada de uma não-infectada no momento da secagem.
Para isso, foram selecionadas 647 vacas clinicamente sadias (ou seja, que não apresentavam mastite clínica no momento da secagem) de quatro rebanhos de vacas Holandesas. De cada vaca, reuniram a CCS mensal e o histórico de mastite clínica da lactação atual.

Baseados nesses dados, quatro critérios de seleção foram avaliados para classificar os animais como não-infectados: Critério 1 - Vacas com CCS<100.000 céls./mL e sem apresentar nenhum caso de mastite clínica durante a lactação; Critério 2 - Vacas com CCS<200.000 céls./mL e sem apresentar nenhum caso de mastite clínica durante a lactação; Critério 3 - Idem o Critério 2, mas adicionalmente a vaca seria classificada como não-infectada se tivesse um episódio de mastite clínica nos três primeiros meses pós-parto e CCS<100.000 céls./mL durante o resto da lactação; e Critério 4 - Vacas com CCS<300.000 céls./mL e sem apresentar nenhum caso de mastite clínica durante a lactação.

As vacas que não se encaixaram em nenhum desses critérios foram consideradas infectadas. Na última ordenha, a equipe de pesquisadores coletou amostras de leite dos quartos de todos animais para exame microbiológico, que seria o controle do estudo. Ou seja, a partir do resultado da cultura é que determinaram se o animal estava ou não com mastite subclínica. A vaca foi considerada infectada se um dos quartos fosse positivo.
A partir de então, avaliaram estatisticamente a habilidade dos quatro critérios de seleção em identificar corretamente vacas infectadas e não-infectadas.

Confrontando os critérios estabelecidos com os resultados do exame microbiológico de cada animal, os pesquisadores observaram que o percentual de vacas infectadas por Staphylococcus aureus que foram classificadas como não-infectadas foi de 0%, 27,3%, 18,2% e 33, 3%, respectivamente para os Critérios 1, 2, 3 e 4. Em compensação, o Critério 1 foi o que mais erroneamente classificou como infectados os animais que não tinham nenhuma infecção intramamária (80,9%). Os resultados indicaram que o Critério 3 foi o que mais corretamente classificou uma vaca que, de fato, estava com uma infecção subclínica.

Se fossem somente consideradas as vacas infectadas por patógenos maiores (por exemplo, Staphylococcus aureus), a sensibilidade dos quatro critérios aumentou e a especificidade diminuiu. Relembrando que, conceitualmente, sensibilidade é a habilidade de o critério classificar como positivo os animais realmente doentes, e especificidade é a habilidade desse critério corretamente classificar com não-infectado um animal sadio. Para o caso dos patógenos maiores, o Critério 1 foi o que apresentou a maior sensibilidade (88,4%), porém a menor especificidade (38,6%). Novamente, o Critério 3 apresentou a melhor relação entre sensibilidade (79,1%) e especificidade (56,9%) sobre os demais critérios.
Em seguida, os pesquisadores também buscaram determinar quantos resultados mensais de CCS individual até o momento da secagem seriam suficientes para definir a condição de saúde da glândula, agora associado ao critério que melhor classificou as vacas como infectadas e não-infectadas (o Critério 3), e verificaram que a análise da CCS dos três últimos meses antes da secagem com o ponto de corte de até 200.000 céls./mL, juntamente com a não ocorrência de mastite clínica, mais corretamente classificaram os animais. Se fosse definido um ponto de corte com CCS>200.000 céls./mL, a equipe verificou que animais infectados com Staphylococcus aureus foram erroneamente classificados como não-infectados.
Segundo os resultados do exame microbiológico, a prevalência de mastite subclínica, considerando todos os patógenos isolados, foi de 34,3%, e a probabilidade de uma vaca não-infectada ter sido corretamente classificada como tal, variou entre 76,2% e 80,9%, dependendo do critério de seleção adotado.
Ou seja, uma vez que as prevalências de mastite subclínica diferem entre as propriedades, a utilidade e o sucesso de qualquer critério de seleção usado para estabelecer o uso seletivo da terapia da vaca seca dependerá das características próprias de cada rebanho, além do manejo adotado em cada propriedade e da possibilidade de resgatar as informação inerentes à saúde da glândula mamária dos animais.

Critérios de seleção com maior grau de sensibilidade possibilitam um número menor de animais falso-negativos, o que garante que animais infectados recebam o tratamento de vaca seca. Contudo uma maior especificidade gerará animais falso-positivos.

Sendo assim, segundo os pesquisadores, é necessário que o produtor considere o custo de uma classificação errônea e o tipo de patógeno prevalente em sua propriedade, fato especialmente importante quando se trata de um animal subclinicamente infectado por um patógeno contagioso que possa ter sido classificado com negativo. Ainda, segundo os autores, há que se considerar que na ausência da terapia da vaca seca ocorre maior número de casos de mastite clínica e de novas infecções no momento do parto, o que demonstra o efeito preventivo dessa medida.

Considerando os benefícios da terapia da vaca seca em termos de prevenção e eliminação da mastite na secagem, a seleção de animais para a terapia da vaca seca é uma alternativa de manejo que somente poderia ser recomendada em situações específicas e tem como principal limitação a identificação das infecções subclínicas ao fim da lactação.

Fontes: Torres et al. Journal of Dairy Research, 2008. Santos & Fonseca. Estratégias para o controle de mastite e melhoria da qualidade do leite, 2006.

MARCOS VEIGA SANTOS

Professor Associado da FMVZ-USP

Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP 13635-900
19 3565 4260

1

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

EDUARDO GUINESI PÍCOLI

CONCEIÇÃO DAS ALAGOAS - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 30/08/2008

Tudo bem professor? Tenho uma conduta profissional de sempre descartar todo o leite (os 4 tetos) do animal que recebe, exclusivamente, tratamento intramamário em apenas um teto. Porém, alguns colegas têm indicado apenas o descarte do teto tratado, aproveitando normalmente o leite dos outros 3 tetos.

Sabemos das exigências, cada vez maiores, por parte do MAPA e das indústrias, em relação a presença de resíduos no leite. Portanto, gostaria de saber qual é a sua conduta e o que dizem os pesquizadores em casos de animais tratados com antibióticos intramamários, em apenas um teto e sem a associação com antibióticos parenterais, no que diz respeito ao descarte de leite.

Prezado Eduardo Guinesi Pícoli

A minha recomendação também é de que todo o leite da vaca deve ser descartado durante o tratamento e durante a carência (dos quatro quartos), quando se faz um tratamento intramamário em apenas um quarto. A razão disso é que parte do medicamento que é aplicado em um quarto pode ser absorvido pela corrente sanguinea e posteriormente ser transferido para os demais quartos não tratados.

Obviamente que o teor de resíduos é menor nos quartos não tratados, mas quem faz o descarte somente do quarto tratado corre risco de aparecer resíduo e em termos de segurança temos que correr o mínimo possível de riscos. Essa decisão de correr esse risco, eu acredito que não compensa, em face aos problemas que isso pode acarretar ao produtor.

Atenciosamente, Marcos Veiga

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do MilkPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

MilkPoint Logo MilkPoint Ventures