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O Ciclo PDCA na prática

RICARDO FERREIRA GODINHO

EM 31/03/2016

7 MIN DE LEITURA

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No artigo anterior, apresentei a teoria a respeito do Ciclo PDCA e uma sugestão de passos para sua adoção. Como sempre vem a discussão entre teoria e prática, e seria longo colocar um exemplo de aplicação no mesmo artigo, optei por deixar o artigo deste mês apenas com a apresentação de sua aplicação, com números e fatos reais.

Entre os diversos problemas de uma fazenda, é preciso primeiramente dados e fatos para identificá-los, assim como foco para agir de forma a priorizar os mais impactantes, pois não dá para atuar de forma eficaz em todos os problemas ao mesmo tempo, embora na prática, sabemos que isso acaba acontecendo, e então vem aquela sensação de que estamos como bombeiros, "apagando fogo".

A assistência técnica tem papel muito importante neste processo, assim como as pessoas diretamente envolvidas com o problema, os quais poderão subsidiar aspectos técnicos e práticos. O problema escolhido para exemplificar será a Morte de Bezerras/Novilhas acima do desejado.

1° Passo – Conhecimento da situação atual

Fundamentado em dados e fatos, identificado o problema que se deseja atuar, agora é reunir o máximo de informações sobre o mesmo. No ano de 2010, o problema maior de mortalidade era na fase do nascimento até 60 dias (Gráfico 1).


Gráfico 1 - Percentual de mortes por faixa de idade de bezerras em 2010. Fonte: Arquivo do autor.

Os dados evidenciam que no ano de 2010 a maior mortalidade ocorria em bezerras com até 60 dias de vida (68,3%), e avaliando o processo de cria identificou-se que este número elevado era decorrente de falhas na colostragem e vacinação das vacas no período pré-parto. Na ocasião, as causas do problema foram identificados e feito um PDCA, sendo que o resultado pode ser constatado nos anos seguintes (Gráfico 2), no qual observa-se que esta mesma faixa etária representou em torno de 30% das mortes, e em 2015 representou 29,4% das mortes. Porém, a fase acima de 180 dias que em 2010 era 14,64% das mortes, em 2015 representou 36,8% das mortes, ou seja, antes o problema estava na fase de aleitamento/casinhas, e agora o problema mudou. Fases de criação diferentes, provavelmente causas diferentes.


Gráfico 2 - Percentual de Mortes e idade de Bezerras em 2013. Fonte: Arquivo do autor.

Na Figura 1 observa-se que as principais causas de mortes, aplicando a Teoria de Pareto (tema abordado em artigo de julho - Controlar para decidir), cinco "causas" representam 79,4% das mortes e entre elas, a tristeza parasitária corresponde a 29,4%. Entretanto, em segundo lugar está a causa "desconhecida", indicando uma falha de diagnóstico da causa da morte (a maioria dos animais são necropsiados), falha no controle ou no lançamento dos dados. Em seguida com 11,8%, estão as mortes suspeitas de clostridiose.

Pelo Diagrama de Pareto, o segundo grupo com 4 causas das mortes, representam 11,8% e as demais 6 causas somam 8,8%. Ou seja, as causas a serem trabalhadas por prioridade são: Tristeza, Clostridiose, Diarreias, Pneumonias e as falhas que levaram ao alto número de causas desconhecidas, sendo que para este último, é necessário uma análise a parte, pois trata-se de um problema com causas distintas das ocorrências de doenças.

Figura 1 - Causas das mortes de animais jovens em 2015. Fonte: Arquivo do autor.

Analisando o controle sobre época, idade e data em que ocorreram estas mortes, observou-se que não houve uma estacionalidade nas ocorrências, e apenas a morte por tristeza parasitária chama atenção pelo maior número de ocorrências nos meses de setembro a dezembro. As mortes por diarreias ocorreram mais na fase até 60 dias de vida.

Os diagnósticos são realizados por meio de observação visual dos animais, medição da temperatura corporal e o uso do hematócrito, e eventualmente, análises laboratoriais. Soma-se a estes dados outras informações de manejo geral, nutrição e alimentação, tipos de protocolos de tratamentos realizados, como é realizado a desmama, como é feito a transição pós desmama, vacinações (tipos e época), controle do carrapato, resultados de análises laboratoriais (órgãos de alguns animais foram enviados para diagnóstico de agentes), tudo com o objetivo de conhecer o máximo sobre o problema que está sendo avaliado.

2° Passo – Identificação e avaliação das causas prováveis

Evite intervir nos processos de forma precipitada, com meras opiniões ou baseado apenas em experiência. Afinal, as decisões devem ser tomadas com base em fatos e dados confiáveis e atualizados. Dando continuidade ao exemplo, as possíveis causas foram:

• Falhas no controle de carrapatos;
• Dificuldade de diagnóstico das doenças;
• Contaminação das caixas d'água e cochos por fezes de garças;
• Resíduos de alimentos nos cochos dos animais;
• Demora para cura de umbigo de bezerras no pré parto;
• Falha da mão de obra ao executar os procedimentos de diagnóstico e tratamento;
• Falha nos controle dos tratamentos;
• Falhas na definição de dosagens e protocolos de tratamentos;
• Provável uso excessivo de medicamentos;
• Superlotação dos piquetes.

3° Passo – Geração e avaliação de alternativas de solução

Na avaliação de alternativas de solução, devem-se definir as soluções mais viáveis sob o ponto de vista técnico, econômico, levando em conta ainda a aplicabilidade de acordo com a realidade da fazenda, dos funcionários/produtor, e que estejam em sintonia com os objetivos da fazenda. Continuando com o exemplo:

1) Realizar treinamento de diagnóstico e tratamentos das doenças;
2) Adotar sistematicamente o uso de hematócrito para diagnóstico e monitoramento do tratamento da tristeza parasitária;
3) Realizar diagnóstico diferencial da babesiose e piroplasmose;
4) Eliminar a contaminação pelas garças;
5) Aumentar a frequência de limpeza das caixas d'água;
6) Limpar os cochos com mais frequência e eficiência;
7) Apertar calendário de vacinação contra clostridiose;
8) Melhorar /Agilizar a cura de umbigo;
9) Fazer treinamento sobre controle dos tratamentos.

Observe que as alternativas 3 e 4, estão em grifo porque apresentam obstáculos para sua implantação: a 3 pela inviabilidade atual de realizar o diagnóstico na fazenda, custo e distância de um laboratório, embora algumas amostras possam ser enviadas; e a 4, por ser animais silvestres, não há o que fazer com as garças, mas há como limpar e desinfetar melhor as caixas (alternativa 5), acrescentando a melhora na desinfecção das mesmas.

4° Passo – Planejamento das ações

Agora é preciso elaborar um plano de ação, isto é, o que deve ser feito, quem fará, como e onde fazê-lo, estabelecendo um cronograma das atividades e dimensionando quanto será necessário para que a ação seja efetivada, com o uso do 4Q1POC ou 5W2H. Voltando ao exemplo:

PLANO DE AÇÕES

Data elaboração: 26/01/16 Responsável Geral: Sandra
Objetivo: Reduzir a mortalidade de novilhas
Meta: Reduzir em 30% o número de animais mortos em 2016 em relação ao ano de 2015.

(clique para ampliar*)

Observe que cada item "O que fazer" da planilha 4Q1POC corresponde às ações identificadas e selecionadas no 3° Passo. Outra opção para este momento de planejamento é priorizar as ações mais impactantes e viáveis.

Etapa II do PDCA: D (Do = desenvolver, fazer, executar)

5° Passo - Implementação da Ação

Agora é mão na massa! Implantar as ações, fazer ajustes de datas e procedimentos se necessário. Planejar só no papel e deixar este planejamento na gaveta ou em um quadro a mostra não garante sua implantação. Agora é agir.

Etapa III do PDCA: C (Check = "checar", verificar)

6° Passo - Verificação

No exemplo em questão: o problema era a mortalidade de bezerras, principalmente pelas doenças selecionadas como as principais. Uma forma de verificar o resultado neste caso é verificar se as ações planejadas foram e estão sendo executadas a contento. Além disso, levantar os diagnósticos realizados, como as pessoas estão agindo, se as mudanças que foram realizadas no início, continuam sendo executadas, se foram incorporadas no dia a dia.

O monitoramento pode e deve ser feito durante todo o período e/ou processo. Estamos em março, e constata-se que em janeiro houve mortes de animais no período anterior a implantação do plano, mas em fevereiro após o treinamento sobre diagnóstico, nota-se uma pequena melhoria nos diagnósticos, as amostras estão sendo coletadas e enviadas ao laboratório, etc.

Etapa IV do PDCA: A (Action = agir)

No exemplo sobre a mortalidade de novilhas, no 6° Passo (verificação), constatou-se que nos meses de janeiro e fevereiro de 2016, ocorreram mortes de animais na faixa etária que se deseja atuar, as melhoras começam a ser percebidas, e ações como melhoria no diagnóstico e tratamentos já geraram resultados satisfatórios, o que evidencia que a avaliação das causas, busca e seleção de soluções e o plano de ação, foram feitos de forma satisfatória.

7° Passo - Padronização

No exemplo utilizado, se o processo como está sendo executado, está gerando resultados, ele pode ser padronizado, ou seja, as pessoas envolvidas devem continuar realizando as tarefas como foram planejadas. Assim, devem-se manter os protocolos de diagnóstico e de tratamentos das doenças, os cuidados de limpeza, enfim, todas as ações que foram planejadas.



RICARDO FERREIRA GODINHO

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MARISTELA BUENO CORREIA

BELA VISTA DE GOIÁS - GOIÁS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 04/04/2016

Parabéns, ficou show de bola a aplicação do método adaptado a sua realidade.



Agora é Melhoria Contínua!



Abraços!
RITA DE CÁSSIA RIBEIRO CARVALHO

LAVRAS - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 01/04/2016

Prof. Ricardo, suas informações de forma simples e prática nos conduz a um entendimento, que realmente o planejamento criterioso é nossa saída em qualquer uma das atividades que atuamos. Um exemplo simples e bem aplicado sob ótica de um líder, empreendedor e conhecedor do que  faz.É um exemplo para todos nós profissionais. Parabéns mais uma vez. Que bom que temos a oportunidade de conhecer e aprender um pouco mais com você. Sucesso sempre!
AIRTON BATISTA DE ANDRADE

GOIÂNIA - GOIÁS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 01/04/2016

Excelente artigo. Parabéns ao autor!

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