As etapas do processo de ensilagem que vão da colheita à vedação são consideradas importantes para que a massa possa se conservar de maneira adequada. Contudo, a abertura do silo é considerada como “um grande estresse” para a silagem, pois a mesma que estava em um ambiente anaeróbio (ausência de oxigênio) e estável, passa a ter contato com o ar. No ar há presença de oxigênio e esta molécula desencadeia a oxidação de compostos que, por definição, é a transformação de um nutriente, principalmente, em água, gás carbônico e calor, processo também conhecido por deterioração aeróbia.
Sabendo que a exposição da silagem ao oxigênio é um problema a ser enfrentado, cabe ao produtor lançar mão de alternativas que possam reduzir o fenômeno da deterioração aeróbia para que seu rebanho receba silagem sem alteração dos nutrientes.
Um manejo simples que pode auxiliar nesse processo é avaliar a taxa de retirada de silagem (avanço do painel). Calcular esta taxa é simples e de fundamental importância na propriedade. Nas condições de clima tropical, recomenda-se que a taxa seja, de no mínimo, 30 cm por dia, o que significa um avanço de 2 metros por semana.
Como a retirada de silagem está relacionada com o número de animais e o consumo (kg) deles, se torna mais ‘palpável’ para o produtor entender a relação entre a quantidade de silagem utilizada diariamente na fazenda com a área frontal do silo para que a taxa mínima de retirada (30 cm) seja garantida.
Com base em um estudo em que visitamos dezenas de fazendas brasileiras, calculando-se avanço do painel, densidade da massa, área dos silos e número de animais na propriedade, chegamos a uma relação de 150 kg de silagem por metro quadrado de painel. Ou seja, o produtor que estiver desabastecendo 150 kg de silagem ou mais por m2 evitará perdas por deterioração durante o fornecimento da silagem. Esta relação pode ser associada ao cálculo do avanço do painel, o qual pode ser determinado da seguinte forma: Durante o consumo de silagem, sinalize onde o painel se encontra hoje. Após sete dias meça o quanto o mesmo avançou. Repita este procedimento por duas a três vezes ao longo do desabastecimento e você terá a taxa média de retirada de silagem.
Produtor, não negligencie o manejo de desabastecimento do silo obedecendo aos critérios técnicos, pois silagem deteriorada leva a perdas econômicas, seja pelo descarte de alimento ou pela redução da produção dos animais.