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Melhoramento Genético: iniciando no leite

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 17/12/2020

8 MIN DE LEITURA

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Atualizado em 21/12/2020

O melhoramento genético do rebanho é um dos fatores mais determinantes para criação de gado leiteiro. Ela influencia diretamente no sistema de produção adotado, instalações, manejo, nutrição do rebanho, volume e componentes do leite, entre outros. Assim sendo, para se iniciar a produção de leite, um planejamento genético adequado é fundamental.

“A genética é o pilar de tudo. Não adianta o produtor se preparar com as melhores instalações, condições sanitárias, alimentação e mão de obra e não pensar na genética”, enfatizou Fábio Fogaça, da Alta Genetics.

Segundo ele, o melhoramento genético do rebanho é um projeto contínuo e de longo prazo, sendo necessário que o produtor tenha em mente seus objetivos de forma clara e trabalhe neles com constância. “A dose de sêmen utilizada hoje será uma vaca ordenhada daqui a aproximadamente 5 anos, então não podemos trabalhar pensando só no agora”, disse.

O planejamento genético é fundamental para dar um norte para o produtor. “Existe uma infinidade de informações de acordo com a raça dos animais. Na raça Holandesa são praticamente 50 características – divididas em produção, conformação e saúde – que podem ser trabalhadas, nas raças Jersey e Pardo Suíço, um pouco menos, mas ainda assim muitas. No Girolando são 3 principais trabalhadas pelo programa de melhoramento e no Gir Leiteiro cerca de 20 características. Ou seja, não tem uma receita de bolo”, enfatizou o técnico.

Segundo Fogaça, para ser efetivo, o planejamento deve definir algumas características de maior interesse para a propriedade e focar nelas. “Os produtores e consultores não podem esquecer que, quanto maior o número de características com as quais se trabalha, menor a intensidade de seleção. E quando se busca progresso genético, para este ser maior e mais rápido, é necessário aumentar a intensidade de seleção, a acurácia e diminuir intervalo entre gerações”.

É também muito importante levar em consideração o ambiente e o manejo dos animais, para se obter um bom resultado. “O resultado finam observado no animal chamamos de fenótipo e a carga genética de genótipo. Porém, temos aquela fórmula básica: fenótipo é igual a genótipo mais ambiente. Ou seja, o desempenho do genótipo depende de diversos fatores, como época do ano, manejo, alimentação etc. É preciso se preocupar com a genética, mas também permitir que ela possa se expressar por meio do manejo”, finalizou.

Entrevista com Fábio Fogaça, Gerente de Leite Importado da Alta Genetics.

 

Para destrinchar conceitos de melhoramento genético e ajudar aqueles que estão começando na produção de leite, convidamos o Dr. Marcos Vinícius Barbosa da Silva, da Embrapa Gado de Leite, e colaboradores para escrever uma série de textos sobre o assunto. Confira o primeiro deles sobre seleção de animais.

 

Melhoramento Genético de Gado de Leite - Parte 1

Pamela Itajara Otto1
Marcos Vinícius G. Barbosa da Silva2
João Cláudio do Carmo Panetto2

1- Bolsista de Pós-doutorado do CNPq
2- Pesquisador da Embrapa Gado de Leite

 

Ao se observar determinada característica, as diferenças entre populações de uma mesma espécie (raças, variedades, grupos ou rebanhos) podem ser atribuídas às diferenças entre os ambientes em que essas populações se encontram ou às diferenças genéticas entre elas. 

Na busca por maior eficiência na produção animal, dois são os caminhos a serem percorridos. O primeiro deles é efetuar melhorias no manejo geral, alimentação, sanidade, reprodução e instalações, as quais são de resultados imediatos e de grande impacto. O segundo caminho, que de modo algum invalida ou contradiz o anterior, é o melhoramento genético, o qual geralmente é mais lento, mas é de caráter permanente e cumulativo.

O melhoramento genético dos animais domésticos está fundamentado na constante evolução dos animais sujeitos à seleção, de forma que indivíduos geneticamente superiores para determinada característica geralmente são utilizados mais intensamente na reprodução, com o objetivo de criar novas combinações genotípicas superiores e aumentar a frequência das formas alternativas dos genes (chamados alelos) das características economicamente importantes.

Desta forma, o melhoramento genético animal depende basicamente da mudança das frequências alélicas, causadas por processos direcionados pelo homem. Tais processos podem ser divididos em dois grupos:

  • Seleção;
  • Sistemas de Acasalamento, onde estão incluídos os cruzamentos. 

 

Seleção

A primeira decisão que o criador deve tomar é quanto a escolha da raça com a qual se vai trabalhar, o que pode ser chamado de seleção entre populações. Em sistemas intensivos de produção de leite, é importante o criador optar por uma raça especializada, enquanto em sistemas com tecnologia e manejo mais simples, a utilização de raças selecionadas para uso nesses ambientes, como Gir ou Girolando, ou, ainda, de animais mestiços europeu x zebu podem ser viáveis.

A seleção, cujo conceito mais simples é a escolha dos indivíduos que deixarão descendentes na próxima geração, é uma das maiores forças de modificação das frequências alélicas e tem sido utilizada pelo homem há milênios, intuitivamente, por meio do favorecimento de reprodutores e matrizes mais adequados a determinado propósito.

A seleção pode ser natural ou artificial. A seleção natural se faz pela morte, infertilidade ou subfertilidade, diminuição de viabilidade ou do valor adaptativo dos indivíduos de um determinado genótipo em um ambiente específico. A seleção artificial se faz com interferência do homem, que permite que alguns animais se reproduzam mais intensamente que outros, chegando até a impedir a reprodução daqueles sem interesse zootécnico.

Em quaisquer dos casos citados acima, o efeito da seleção é mudar a frequência dos alelos e a dos gametas (óvulos e espermatozóides) que carregam certas combinações. Para que esta mudança ocorra no sentido de se melhorar uma ou mais características, por meio da seleção artificial, o primeiro passo é identificar o mérito genético de cada animal para estas características.

Este mérito pode ser expresso como valor genético, que é uma estimativa do mérito do complemento de genes totais do animal, ou como habilidade de transmissão, uma estimativa do mérito da metade deste complemento. Assim, a habilidade de transmissão é igual a metade do valor genético.

Para melhor compreender o significado deste termo, considere-se que o mérito genético é transmitido de pai para filho através dos gametas (espermatozóides nos machos e óvulos nas fêmeas). Cada animal carrega nos cromossomos de suas células todo o material genético necessário à expressão fenotípica de determinada característica.

Entretanto, durante a formação dos gametas, apenas 50% deste material genético é amostrado aleatoriamente. Desta forma, diferentes gametas de um mesmo animal carregam diferentes combinações de material genético, o que pode explicar porque irmãos completos, isto é, filhos de mesmos pais, podem ser diferentes.

O valor genético é definido separadamente para cada característica. Por exemplo, o valor genético de uma vaca para produção de leite pode ser muito alto, mas ao mesmo tempo, seu valor genético para percentagem de gordura pode ser muito menor, porque apesar deste animal transmitir genes para alta produção de leite, ele também transmite genes para baixa percentagem de gordura. Assim, torna-se extremamente importante a definição de quais características serão selecionadas.

 

Objetivos e critérios de seleção

Antes de se iniciar o processo de seleção, alguns pontos devem ser abordados. É de extrema importância primeiramente o criador avaliar a atual situação do rebanho para então iniciar o processo de seleção dos animais. É necessário saber qual o ponto de partida da propriedade, para então, definir da melhor forma possível os objetivos de seleção e avaliar o progresso genético esperado no futuro.

Para tanto, diversos fatores devem ser avaliados, como o sistema de produção, a pasto ou em confinamento; a infraestrutura disponível na fazenda, incluindo o nível de tecnificação e de conforto proporcionado aos animais; manejos alimentar, sanitário e reprodutivo; médias atuais de produção e índices reprodutivos, entre outros.

Investimentos futuros também podem ser considerados, pois melhorias na estrutura das propriedades podem resultar em maior conforto e bem-estar para os animais, possibilitando a criação de animais mais exigentes, como aqueles da raça Holandesa, por exemplo.

Neste mesmo cenário, a análise mercadológica também deve ser realizada, tanto por meio das informações dos clientes, quanto pela indústria de lácteos ou pela sociedade como um todo, representada pelos consumidores. Esta avaliação inicial é um importante passo que deve estar em consonância com os objetivos de seleção, de forma a permitir que os animais expressem eficientemente o seu potencial genético para produzir leite com qualidade e que atenda as exigências do consumidor.

Os objetivos de seleção definem de forma ampla quais seriam os focos da seleção, e assim as características e desempenhos desejáveis para os animais da próxima geração. Os objetivos na produção de bovinos leiteiros podem ser exemplificados pela obtenção de animais com melhor desempenho produtivo, seja para uma característica específica, como a produção de leite, ou considerando a produção geral, onde são incluídas as produções para os constituintes do leite (por ex., gordura, proteína); melhoria dos índices reprodutivos, buscando animais com menores idades ao primeiro parto ou intervalo de parto.

De forma geral, os objetivos de seleção em bovinos leiteiros podem ser reunidos nos seguintes grupos: produção, saúde e conformação. O criador deve ponderar os objetivos de modo a dar maior peso para o de maior interesse.

Posteriormente à identificação dos objetivos de seleção, o próximo passo é definir os critérios de seleção, ou seja, eleger as características a partir das quais os indivíduos serão avaliados e selecionados, a fim de alcançar os objetivos de seleção.

É importante lembrar que a maioria das características de interesse econômico são quantitativas, como a produção de leite, idade ao primeiro parto e idade entre partos, e, portanto, são controladas por grande número de genes e sofrem efeitos acentuados do ambiente.

O critério de seleção pode ser constituído por uma única característica ou por uma combinação ponderada de características (índices de seleção). Entre as características associadas à produção, o criador pode selecionar para a produção de leite, de gordura e proteína, e persistência da lactação; para a saúde do rebanho, pode-se selecionar resistência à mastite bovina ou baixa CCS; e para características de conformação, podemos citar as características lineares do sistema mamário.

Os índices de seleção agregam grande quantidade de informação de várias características e ponderadores para cada uma delas, para a produção de um valor único. Dois tipos de ponderadores podem ser utilizados: valores econômicos ou ponderadores percentuais (ou empíricos). Dentre os índices de seleção para bovinos leiteiros, podem ser  citados o NVI (Holanda), TPI (Estados Unidos) e LPI (Canadá), expressos em pontos. O uso deste tipo de critério de seleção permite a escolha de animais que atendem a diversos aspectos simultaneamente.

Com base nos critérios de seleção definidos e características a serem melhoradas, o próximo passo é a escolha do melhor touro. Esta escolha pode ser realizada individualmente para cada fêmea, como no caso dos acasalamentos dirigidos, ou para o rebanho como um todo. Para um rebanho de 100 fêmeas, recomenda-se a seleção de 2 a 4 reprodutores. Esta etapa é finalizada com a cobertura das fêmeas e confirmação da gestação.

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ROELOF HERMANNES RABBERS

CASTRO - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 20/12/2020

A dose de sêmen utilizada hoje será uma vaca ordenhada daqui a aproximadamente 5 anos.
Com este tempo já pode ter uma lactação e meia.

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