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A pergunta que não se cala: Minha fazenda esta indo bem ? Parte 2

POR PAULO FERNANDO MACHADO

E JÚLIO MEIRELLES

CLÍNICA DO LEITE/AGRO+LEAN

EM 23/12/2014

8 MIN DE LEITURA

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Atualizado em 06/10/2023

Júlio Meirelles e Prof. Dr. Paulo Machado

 
Como já discutimos anteriormente em outros artigos, a definição de metas é parte essencial da gestão por resultados, que é o conceito central do Sistema MDA de Gestão de Explorações Leiteiras da Clínica do Leite. As metas ajudam a definir o caminho que temos que seguir para atingir nosso objetivo. Se seguirmos sem desvios por todo o caminho, ou seja, atingindo todas as metas, chegaremos ao resultado final desejado, portanto teremos sucesso. Por outro lado, se não atingirmos as metas não chegaremos ao resultado esperado.
 
Tendo em vista esse conceito de gestão, podemos afirmar que só temos um problema quando nos desviamos do caminho que planejamos seguir. Em outras palavras, um problema é um resultado fora do esperado. Um problema é uma medida fora da meta.
Vamos analisar os dados históricos da CCS do tanque de uma fazenda:



Figura 1 - Dados históricos da CCS do tanque

Essa fazenda fornece leite para uma indústria que tem um programa de pagamento pela qualidade onde, para que o produtor receba o melhor preço possível, a CCS deve ser menor que 400 mil céls./mL. Como podemos observar essa fazenda nem sempre atinge a meta especificada por seu cliente, no caso o laticínio, portanto está com um problema.

Diagnosticando problemas de mastite

Partindo do princípio de que um problema é um ponto fora da meta, temos a necessidade de monitorar os resultados através dos indicadores e, caso alguma medida fique fora da meta, devemos considerá-la um problema que deve ser gerenciado. O indicador é a ferramenta que transformará a percepção do problema em fato. O indicador transformará a frase “eu acho que tenho muitos casos de mastite, portanto tenho um problema” para “a prevalência de mastite está dois pontos acima do planejado, portanto tenho um problema”. Essa é a diferença fundamental entre fazendas sem gestão por resultados e com gestão por resultados.

Para entender melhor esse conceito, vamos analisar as imagens abaixo:


Figura 2 - Fazenda sem gestão por resultados

Esse indicador, parte do Gerencial Zootécnico da Clínica do Leite, mostra prevalência de mastite no rebanho, ou seja, a porcentagem de vacas em cada mês que estão com CCS acima de 200.000 céls/mL. Se você tivesse que avaliar se essa fazenda tem problemas de mastite ou não, como faria? Olhando os números em si, é provável que você afirme que durante os últimos doze meses essa fazenda teve problemas de mastite, já que a prevalência de vacas infectadas esteve sempre muito acima do recomendado, que é até 15%.

Vamos analisar agora o mesmo indicador com outra perspectiva:



Figura 3 - Fazenda com gestão por resultados

Essa fazenda estava focada em atuar em outras áreas e só iniciou um Plano de Ação para melhorar a taxa de prevalência de mastite em maio. Junto ao plano de ação houve também um ajuste nas metas: foi previsto que a prevalência iria cair gradualmente nos meses seguintes de 33% para 25%, sendo o limite superior e inferior final 27% e 20%, respectivamente.

Ao analisarmos o gráfico podemos observar que o plano de ação funcionou bem em junho e julho, e os resultados desses meses foram dentro do planejado. Isso significa que durante esses meses a fazenda não teve problemas de mastite, pois apesar da prevalência estar acima do recomendado ela estava dentro do previsto. Já no mês de agosto a taxa ficou acima do esperado, o que mostra que nesse mês a fazenda teve um problema com a mastite. Como a taxa de agosto ficou apenas um pouco acima do limite superior da meta, a fazenda optou por apenas continuar as ações previstas no plano de ação elaborado em maio com esperança de que o resultado de setembro estivesse dentro do previsto.

Infelizmente, como podemos notar, em setembro o resultado não só ficou fora do esperado como foi o pior dos últimos doze meses. O resultado fora da meta não deixa dúvidas: o fato é que a taxa de prevalência de mastite está 13 pontos acima do limite superior da meta, portanto essa fazenda tem um problema de mastite.

Definiu o problema, e agora?

Agora que a fazenda já sabe que tem um problema devemos estudá-lo, enfrentá-lo e resolvê-lo de uma forma que ele não volte a acontecer. O método indicado para isso é o OPA - Olhe, Pense e Aja.



Figura 4 - Método OPA

Começando pelo “Olhe” temos que estudar bem o problema em questão com o objetivo de entender qual o seu tamanho e quais são suas principais causas. Para isso vamos utilizar os Relatórios Gerenciais Zootécnicos da Clínica do Leite, começando pelo R401:

Figura 5 - R401

O R401 mostra a média de CCS individual histórica do rebanho, além de outros indicadores chave, como a taxa de prevalência, novas infecções e cura dos animais. Para diminuir a prevalência devemos diminuir a taxa de novas infecções e aumentar a taxa de cura.

A fazenda analisada está com a taxa de novas infecções acima do indicado (17% em média, sendo recomendado até 10%), e também está com a taxa de cura abaixo do indicado (23% de média, sendo recomendado pelo menos 50%). Com isso já temos dois fatos: a taxa de novas infecções está 7 pontos acima do indicado e a taxa de cura está 27 pontos abaixo do indicado, o que nos mostra a dimensão do problema.

O passo seguinte é avaliar se a alta prevalência segue algum padrão. O relatório R402 nos permite analisar se as infecções são predominantes em algum determinado número ou estágio da lactação. Vamos analisá-lo:


Figura 6 - R402

No histograma podemos ver que existe um maior número de casos entre vacas de primeira lactação, mas como o número de primíparas também é maior (como podemos ver na tabela), essa informação não é muito relevante. Já na tabela podemos ver que com exceção das vacas de NL 3, a tendência é que os animais apresentem um escore linear de infecção (E.L.) maior no terço final da lactação, o que indica que a contaminação está ocorrendo ao longo da lactação dos animais e de maneira homogênea em todo o rebanho. Isso é uma pista de que o principal agente de contaminação é contagioso. Outra informação interessante é que a prevalência é maior entre vacas multíparas.

Vamos analisar agora como está sendo a infecção durante a secagem e durante a lactação dos animais analisando o R405:


Figura 7 - R405

Na primeira tabela podemos analisar que a porcentagem de vacas que são secam sadias está 6 pontos abaixo do indicado, enquanto a porcentagem de vacas que são curadas durante a secagem está 3 pontos melhor do que o mínimo indicado. Podemos ainda notar que a porcentagem de vacas crônicas está 3 pontos abaixo do mínimo indicado e a porcentagem de novas infecções contraídas durante a secagem está 6 pontos acima do indicado. As conclusões são: as vacas não estão chegando ao fim da lactação tão sadias quanto esperado, estão se contaminando mais do que deveriam durante a secagem, porém o tratamento feito durante esse período está apresentando bons resultados, o que leva a um número baixo de vacas crônicas. De maneira geral, a secagem não está sendo uma causa muito relevante.

Na segunda tabela podemos analisar que a porcentagem de vacas sadias durante a lactação está 6 pontos abaixo do recomendado, enquanto a porcentagem de vacas que apresentam novas infecções durante a lactação está 6 pontos acima do indicado. Podemos analisar ainda que a porcentagem de vacas curadas está 28 pontos abaixo do indicado, enquanto a porcentagem de vacas crônicas está 28 pontos acima do indicado. As conclusões são que durante a lactação as vacas estão se contaminando mais do que o recomendado e não estão se curando. Isso mostra que o gargalo está justamente no controle da mastite entre as vacas em lactação.

Finalmente, vamos analisar o R406, onde podemos ver quanto cada vaca está contribuindo com a CCS do tanque:


Figura 8 - R406

O R406 usa os dados de produção e CCS de cada vaca para calcular quanto cada uma contribui com a CCS do tanque. Ele mostra ainda quanto ficaria a CCS do tanque caso o leite dos animais que mais contribuem fosse descartado. Como podemos observar, se o leite dos cinco animais que mais estão contribuindo fosse descartado, a CCS do tanque cairia para menos de 350 mil céls./mL.

Finalmente, com essas informações em mãos é necessário fazer a cultura dos animais infectados para descobrir qual o principal agente de contaminação do rebanho. No caso dessa fazenda, os principais agentes eram S. aureus e S. Agalactiae, confirmando a suspeita de que a contaminação era principalmente por agentes contagiosos.

Agora que temos todas as informações, precisamos “Pensar” sobre o que “Olhamos” e “Agir” sobre a causa raiz do problema. Uma das maneiras de organizar as informações é construir um Diagrama de Causa e Efeito com as principais causas do problema:



Figura 9 - Diagrama de Causa e Efeito

Com esse diagnóstico a fazenda pode discutir as questões técnicas e construir um Plano de Ação com as medidas mais adequadas para o seu caso. É importante que os resultados continuem sendo monitorados através dos indicadores para verificar se as ações estão fazendo efeito. Ao tratarmos os problemas dessa forma estamos profissionalizando a gestão da fazenda de uma forma simples e eficiente, e principalmente estaremos nos mantendo fiéis às metas estabelecidas, o que trará resultados satisfatórios para o negócio.

 

JÚLIO MEIRELLES

Setor de Relacionamento Clínica do Leite

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RENATO MARIANI

PITANGA - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 10/09/2015

Bom dia Dr. Paulo

E quanto ao uso de minerais quelatados, principalmente o selênio. O senhor adota esta tecnologia para o aumento de imunidade da glândula mamária?

Obrigado
PAULO FERNANDO MACHADO

PIRACICABA - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 10/09/2015

Olá Maurilio,

O uso de vacinas e de medicamentos homeopáticos para o controle da mastite deve ser analisado pelo seu Médico Veterinário quando da elaboração de um Plano de Controle da Mastite para sua propriedade. Todo e qualquer produto somente deve ser utilizado se o mesmo foi testado científicamente. Pergunte ao representante da empresa se existem trabalhos científicos comprovando a eficácia do produto. Se não houver, não use.

Abraço,
Paulo
MAURILIO REIS ARVELOS

SÃO JOÃO DEL REI - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 01/09/2015

Excelente artigo. Queria fazer uma pergunta pra vocês, o uso da vacina pra mastite ajuda em alguma coisa? E o uso de medicamentos homeopáticos pra mastite dado junto com a ração?
Obrigado desde já.
SERGIO CHAVEZ

INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 12/01/2015

Excelente articulo.
PAULO FERNANDO MACHADO

PIRACICABA - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 29/12/2014

Obrigado, Paulo César. 2015 nos traz grandes desafios o que é muito bom e por isso temos na pecuária de leite nossa grande vocação.

Feliz 2015,
Paulo
PAULO CESAR DIAS THOMAZELLA

SOROCABA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 27/12/2014

Excelente artigo.Parabéns e sucesso a todos da Clínica do Leite.

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